EPISÓDIO #005 – O MITO DA ÁGUA ALCALINA, CÁLCULOS RENAIS E MAIS

Bem vindo(a) hoje ao QUINTO episódio do podcast oficial da Tribo Forte!

Os podcasts são 100% gratuitos e episódios novos saem todas as terças-feiras.

Certifique-se de colocar seu email aqui em cima do site para ser avisado das novidades e de futuros podcasts.

Novidade

O podcast da Tribo Forte foi recém lançado mas já foi destaque geral no iTunes e já é um dos podcasts de saúde mais ouvidos do país inteiro! Obrigado a todos! 🙂

iTunes

Por favor, dê sua avaliação do podcast direto no iTunes! Vai ajudar a gente a se consolidar cada vez mais como o podcast de saúde mais respeitado do país!

Clique AQUI para ver o podcast no iTunes e dar sua avaliação.

No Episódio De Hoje:

  • Cálculos renais: Será que uma “dieta alta em proteínas” irá danificar meus rins e criar cálculos renais? O que de fato causa cálculos e o que pode ajudar a evitá-los?
  • PH, equilíbrio ácido alcalino do corpo, água alcalina, câncer. O que faz sentindo no meio de tudo que se diz por ai? Você pode se surpreender.
  • Bônus para os membros VIP: Um exemplo de cardápio diário meu (Rodrigo) para te inspirar a deixar seu dia mais saboroso, prático e, claro, saudável.
Se você ainda não é membro VIP, se junte a família agora mesmo, clicando AQUI!

Ouça o Episódio De Hoje:

Quer se juntar ao grande movimento e fazer parte da familia de membros VIP da Tribo Forte e ganhar acesso à informação privilegiada e ao fórum exclusivo? Clique AQUI.

Tribo Forte - Se Torne Membro copy

Você quer um programa completo de EMAGRECIMENTO?

Logo-Banner-quadrado1Faça parte do Código Emagrecer De Vez, o novo programa de emagrecimento de 3 fases que é o mais poderoso da atualidade para se emagrecer de vez e montar um estilo de vida alimentar sensacional para a vida inteira.

Este programa é 100% baseado na melhor ciência nutricional disponível hoje no mundo.

Se quer colocar um sorriso novamente no seu rosto com um corpo e saúde que te dê orgulho, CLIQUE AQUI.

Referências do episódio

Ótimo artigo do Dr. Souto sobre PH da alimentação

Estudo mostrando que o consumo de proteína não tem impacto algum na perda de cálcio dos ossos.

Transcrição Completa Do Episódio

Rodrigo Polesso: Esse é o som do meu caldo de ossos saindo quentinho do micro-ondas. Se você também tem em posse sua bebida relaxante favorita, seja muito bem-vindo ao episódio número 5 do podcast oficial da Tribo Forte. Você está ouvindo o podcast oficial da Tribo Forte, com o Rodrigo Polesso e o Dr. Carlos Souto. Assuntos como emagrecimento, saúde, alimentação e estilo de vida são tratados de forma imparcial doa a quem doer. Para se tornar um membro da Tribo Forte, entre em TriboForte.com.br. Eu e o Dr. Souto estamos bastante surpresos com a repercussão de tudo isso. Estávamos falando a respeito disso antes de começar. Só foram cinco episódios lançados até agora, acabamos de lançar o projeto. Com cada um deles, batemos o recorde de audiência do episódio anterior. Isso é sensacional. Para nós isso é um sinal evidente de que o tipo de informação que a gente compartilha aqui está sendo muito bem recebida e será útil para muita gente. Obrigado a todo mundo pelo apoio e por fazer parte dessa família saudável e desse grande movimento que só está crescendo. Parabéns também por querer se dedicar a aprender mais sobre saúde, boa forma, alimentação e estilo de vida. Afinal, saúde é o que temos de mais importante nas nossas vidas. Saúde é a base de tudo. Os principais tópicos de hoje serão os seguintes: cálculos renais. Será que uma dieta de alta proteína irá danificar os meus rins e criar cálculos renais? Falaremos mais sobre isso; espero que fique bem claro para todo mundo. Temos aqui um expert nesse assunto – e em vários outros assuntos. Falaremos também de pH, o equilíbrio ácido alcalino do corpo. Também falaremos sobre a água alcalina e que tipo de relação isso tem com o câncer. O que faz sentido no meio de tantas coisas que são faladas sobre isso? Você pode se surpreender com o que a gente vai contar aqui. Se você é membro da Tribo Forte, você tem um bônus exclusivo nesse episódio também. No episódio passado você teve um exemplo de cardápio diário do Dr. Souto; nesse episódio, você terá um exemplo de cardápio meu com três refeições típicas do meu dia a dia. Se você não é um membro VIP da Tribo Forte, vá em TriboForte.com.br ou clique no banner que você vê na página no podcast e veja com os próprios olhos o que você ganha com isso. Aliás, essa questão do cardápio me fez lembrar que eu fui comprar leite de coco no mercado. Foi uma tarefa bastante heroica, já que é difícil de achar. Assim como é difícil achar iogurte integral, é difícil achar leite de coco normal. Você acha muitos que são light, diet, com baixa gordura e etc. Por curiosidade, eu li os ingredientes do leite de coco e tinha extrato de coco e água. Eu estava tentando achar o que tinha a maior quantidade de massa de coco dentro. Eu achei um que era 70% massa de coco e 30% água. Vou olhar o light – que realmente tem menos gordura – e ele tem 70% água e 30% massa de coco. Estamos comprando água no mercado e eles chamam isso de “light”. Se brincar, você ainda paga mais caro por isso; é uma pura sacanagem. Bem-vindo a esse episódio Dr. Souto. Você já enfrentou esse tipo de problema?

Dr. Souto: Boa noite. Um abraço a você, Rodrigo. E um abraço a todos ouvintes. Vamos começar.

Rodrigo Polesso: Você já enfrentou esse tipo de problema de tentar achar alimentos verdadeiros em meio desses lights, diets e variações esquisitas?

Dr. Souto: Eu acho que isso é pior na América do Norte do que no Brasil.

Rodrigo Polesso: Eu acho que sim.

Dr. Souto: Na última vez que fui aos EUA, me chamou atenção que em lojas de conveniência, é impossível encontrar um iogurte que não seja desnatado. Para encontrar isso tem que ser um supermercado muito grande, mas mesmo assim vai estrar escondido num canto. É tudo desnatado, diet e light. Eventualmente numa Whole Foods, talvez. Esses são supermercados de produtos naturais. Mas em mercados comuns, é extremamente difícil. Aos poucos, estamos vendo isso chegar aqui. Mas não é tão forte quanto na América do Norte. Aqui, o que nós vemos é o seguinte: o espaço ocupado pelo diet e light nas prateleiras é muito maior. E como você disse, ainda por cima é mais caro.

Rodrigo Polesso: Pois é. É incrível ver que as variações estão se tornando a opção principal e a opção principal está se tornando uma variação. Então, conseguimos achar várias opções, mas a opção verdadeira – integral – não se acha mais. O caso do leite de coco é cômico, porque quanto menos gordura você tem no leite de coco, é porque você tem menos coco. Eu comprei uma lata de 70% coco e 30% água. A light, que é mais fancy, você tem 30% coco e o resto de água. Ou seja, você estaria pagando por água enlatada e isso é um absurdo – isso era só um parênteses que eu queria abrir aqui. Os episódios desse podcast que você está ouvindo aqui são 100% gratuitos e continuarão sendo gratuitos. Se você se tornar um membro VIP da Tribo Forte, além de nos ajudar a fazer episódios novos todas as semanas às terças-feiras, você terá um portal inteiro de informações privilegiadas, com fórum, ferramentas de medição, acompanhamento do seu corpo, documentários, receitas, bônus exclusivos nos episódios de podcast (como no de hoje) e muito mais que ainda está por vir. Você pode fazer parte dessa família. Antes de começar diretamente nos dois pontos principais desse episódio, vou responder uma pergunta que o pessoal fez para gente. A pergunta de hoje foi feita no blog do Dr. Souto. Vou passar a palavra para o Dr. Souto para ele responder. O leitor do blog dele disse que ele comida de 60 a 70 gramas de carboidrato por dia. Então, ele devia estar tentando seguir uma dieta de baixo carboidrato. Essa pessoa disse que achou no supermercado um chocolate 70%, e que barra tinha 58 gramas de carboidrato (açúcar). Então, a pessoa está perguntando se poderia comer essa barra inteira porque ainda assim ficaria abaixo de 60 ou 70 gramas por dia, sem furar sua filosofia low-carb (baixo carboidrato). Dr. Souto, o que você tem a dizer sobre isso?

Dr. Souto: Eu achei essa pergunta muito importante para a gente comentar aqui, porque a gente tem que resistir a essa tendência de “matematicalizar” tudo. Obviamente, quando se fala de uma dieta de 60 ou 70 gramas de carboidrato, a ideia é que dentro dos alimentos que são saudáveis, que individualmente têm baixas quantidades de carboidrato, que liberam essa glicose de forma lenta e portanto não provocam grandes picos de insulina, temos alimentos que contém carboidratos. Um brócolis contém glicose. Contém pouco, com muita fibra, de digestão lenta, com a glicose liberada aos poucos. Então, se uma pessoa comer uma grande quantidade de vegetais (o que nós recomendamos) ela poderá tranquilamente consumir 50, 60 ou 70 gramas de carboidrato na forma de vegetais de baixo amido ou salada. Isso é completamente diferente de consumir 60 gramas de carboidrato na forma de açúcar refinado numa única sentada apenas porque são 60 gramas. O efeito metabólico de consumir açúcar refinado em uma grande quantidade de uma vez só é completamente diferente do efeito metabólico de consumir a mesma quantidade (em gramas) de carboidratos diluída em alimentos saudáveis de absorção lenta e junto com muita fibra. O importante é tentar não roubar no jogo. “Eu quero comer um chocolate, então nesse dia eu vou comer só carne, só ovo e só queijo. Não vou comer vegetais, frutas, para comer 0 carboidrato. Aí vou pegar meus 60 gramas de carboidrato e vou come-las em uma forma de uma barra inteira de chocolate 70%.” Colocando dessa forma, eu espero que fique claro para quem nos escuta, que não é isso que se propõe. Quando dizemos que é possível fazer uma dieta de baixo carboidrato com 60 ou 70 gramas de carboidrato, é aquela quantidade de carboidrato que vem junto com alimentos altamente saudáveis que nós fazemos questão que façam parte da nossa dieta – embora eles contenham uma certa quantidade de carboidratos. Mas, repito: é muito diferente de um açúcar refinado contido num chocolate. Além disso, existe mais uma diferença. Essa junção de glicose e frutose que faz a sacarose – o açúcar de mesa, o pó branco – é uma forma de carboidrato muito mais deletéria do que aquele amido que está presente em pequena quantidade nos vegetais de baixo amido. A frutose, que é 50% do açúcar, está associada a um risco maior de síndrome metabólica, de gordura no fígado, de triglicerídeos elevados, de resistência à insulina. Então, nosso objetivo é reduzir o açúcar refinado adicionado pela indústria nos alimentos muito mais do que reduzir simplesmente a glicose que vem naturalmente presente num pé de alface ou de couve. Não seu se ficou claro.

Rodrigo Polesso: Acho que ficou bem claro, sim. Mais uma vez se trata daquele paradigma quantitativo versus o paradigma qualitativo. A gente tenta dar mais abrangência a essa filosofia qualitativa porque só ela que faz sentido metabólico no corpo, não a questão quantitativa, do cálculo de gramas. Afinal, o corpo é biológico, não matemático. Outro problema, na minha opinião, é a cultura brasileira do jeitinho. “Como eu posso me dar bem, mesmo com essas regras?” Você pode comer 70 gramas por dia – essa é a regra. Então, a pessoa pensa que pode comer uma barra inteira respeitando a regra. No Fórum do Emagrecer de vez nós temos os alimentos verdes e os alimentos amarelos. Os alimentos verdes aceleram o emagrecimento e os amarelos moderam a velocidade do emagrecimento, principalmente na primeira fase do código. Algumas pessoas me fazem perguntas lá como se eu tivesse que dar permissão para comerem uma cor ou outra. Mas as regras estão claras lá. As pessoas ficam perguntando, “será que não posso pegar alguns da parte amarela?” Você pode fazer o que você quiser! Mas é importante que você entenda como isso vai reagir dentro do seu corpo. Seu metabolismo será afetado de acordo com suas decisões. Temos que aceitar que a responsabilidade é nossa. Uma vez que você entende o impacto das suas ações, você poderá tomar suas decisões sem a aprovação de ninguém para isso. Isso é uma verdade difícil de ser absorvida para muitas pessoas. Mas espero que esse tipo de conhecimento acabe permeando mais pessoas.

Dr. Souto: Eu acrescentaria que o chocolate amargo pode ser consumido dentro de uma dieta low-carb sem problemas. É claro que quanto maior o percentual de cacau, menos açúcar ele terá. Quando eu respondi para essa pessoa no próprio blog, eu disse que talvez seria bom ela tentar um chocolate 85%, para que ela não tenha vontade de comer a barra inteira. E ela respondeu que “o chocolate 85% não é tão gostoso”. Mas o paladar muda. O chocolate 85% para mim hoje é uma sobremesa. O objetivo é atingir o máximo de cacau ainda gostando do sabor, mas que justamente por não ser tão doce não vai desencadear a compulsão que faça com que a pessoa coma a barra inteira. O objetivo é que a pessoa coma um pouco, satisfazendo sua vontade de comer uma coisa gostosa. O chocolate tem características na sua composição que são extremamente saudáveis. Há até motivos além do prazer para consumi-lo. O que não dá é comer uma barra inteira de quase 60% de açúcar puro e dizer que isso é low-carb por não ter comido uma salada no resto do dia. Ou seja, a pessoa fez duas coisas erradas.

Rodrigo Polesso: Essa é uma questão complicada. A gente se adapta ao gosto. Nosso paladar está muito com todos os artifícios da indústria para deixar as coisas mais saborosas e condimentadas. Quando retornamos a um alimento que é mais próximo do alimento verdadeiro, a gente acha que ele não tem tanto sabor assim. Mas isso é uma questão adaptativa do paladar. Quando as pessoas começam a colocar em prática essa alimentação saudável, elas começam a recuperar a sensibilidade pelo verdadeiro sabor das coisas. Então, vale aquela máxima: vamos parar se sermos mimados. Temos que pararmos de ser mimados e colocar tudo em nome da saúde. Depois que você implantar, se adaptar e seguir pelo menos por alguns dias, você verá que seu corpo vai te ajudar a seguir em frente simplesmente porque você se sente melhor por aquilo tudo. Eu ia adicionar que o cacau é um dos alimentos mais nutritivos que tem no ranking de quantidade de micronutrientes.

Dr. Souto: Não é o doce sabor cacau, é o cacau.

Rodrigo Polesso: Não é a pasta de açúcar e leite que o pessoal chama de chocolate. É o verdadeiro cacau mesmo. Então vamos lá: cálculos renais e proteínas. Muitas pessoas têm dúvidas sobre isso. Já falamos sobre essa questão de proteínas e rins, mas acho bom falarmos mais precisamente sobre cálculos renais. Será que uma dieta de alta proteína irá danificar meus rins e criar cálculos renais? Antes de eu passar a palavra para o Dr. Souto, quero dizer que já falamos no episódio passado sobre essa questão de dieta de alta proteína. Essa é uma concepção errada que temos da dieta de baixo carboidrato e alta em gordura. Ela não é alta em proteína. A ciência já mostrou que independente da dieta que você siga, a quantidade de proteína tente a se manter mais ou menos constante, porque é muito difícil para o ser humano consumir proteínas demais. Os estudos mostram que a quantidade de proteína ingerida é mais ou menos constante. É uma concepção errada achar que ao baixar os carboidratos (ou retornar a uma quantidade normal de carboidratos) você tem que aumentar a quantidade de proteínas. Isso não é verdade. Você aumenta a quantidade de gordura e as proteínas se auto regulam. Mesmo se o pessoal decidir ingerir um monte de proteína, o Dr. Souto vai comentar que tipo de problema isso pode causar nos rins. Vou passar a palavra para o melhor especialista que conheço desse ramo, Dr. Souto.

Dr. Souto: Obrigado. Vou começar reforçando que uma dieta de baixo carboidrato bem formulada não é uma dieta de alta proteína. Se a pessoa pergunta “comer toda essa carne não vai me trazer problemas?”, minha resposta é “que tanta carne é essa?” Eu não consumo mais carne hoje do que consumia há 5 ou 6 anos atrás. A diferença é que eu não boto um monte de arroz, um monte de macarrão, não como um monte de sobremesa depois. O que mudou mais é o que eu não estou consumindo. Nós já falamos num outro episódio que a proteína não é prejudicial para rins normais. Mas a ênfase da conversa era na função renal. Se uma pessoa tem uma função renal normal, e consumir um pouco mais de proteína, isso não prejudicará a função dos rins. Não existe evidência científica nesse sentido. Eu não me lembro se fiz essa comparação da outra vez. O exercício é uma coisa boa para o coração. Mas se a pessoa está muito doente, quase precisando de um transplante de coração, e resolva subir três lances de escada, talvez ela morra por causa disso. Ela tem um coração doente e esse coração doente não suporta o exercício. Mas isso não significa que o exercício faça mal para um coração sadio. Pelo contrário, faz bem. Então, um rim doente não tolera grandes quantidades de proteína. Isso não significa que um rim sadio vai ter problemas com uma dieta que tem uma quantidade normal – ou suplementar – de proteína. A questão do cálculo renal é um pouco mais complexa. Muitas pessoas perguntam nos fóruns Emagrecer de Vez ou no meu blog. E isso merece uma discussão mais ampla. Existem algumas pessoas que nunca tem cálculo renal na vida. São pessoas que independentemente de beber muito ou pouco líquido, comerem muita ou pouca proteína, não terão cálculo renal. Essas pessoas são a maioria. Mas temos alguns azarados, que são pessoas formadoras crônicas de cálculos; pessoas que têm mais de um episódio de cólica renal por ano. Alguns têm problemas mais graves com cálculos renais a cada mês ou a cada dois meses. Uma análise é necessária para essas pessoas. O médico urologista ou nefrologista vai pedir exames como urina de 24 horas e de sangue para tentar identificar qual é o problema metabólico que a pessoa tem. A primeira recomendação para todas as pessoas que têm problema de cálculo renal, ou que já tiveram e querem evitar o próximo, é beber bastante líquido. Se manter bem hidratado faz diferença, porque nós diluímos nossa urina. Nossa urina deve ser capaz de dissolver uma série de substâncias que são pouco solúveis. Vou citar algumas que comumente causam cálculos renais: cálcio, fosfato, oxalato, ácido úrico; essas são as principais substâncias que são pouco solúveis, mas o corpo tem que botar para fora. Quanto mais água existir para diluir essas substâncias, melhor. Quando eu digo água, quero dizer líquido. Tem gente que não consegue tomar água pura, não tem tanta sede. Não precisa ser água pura. A pessoa pode tomar um chá, um chimarrão, um suco (de preferência não doce, tipo uma limonada, maracujá) para dar gosto nessa água. Pode ser água com gás também. Eu só sugeriria que não fosse refrigerante. Mesmo o refrigerante dietético, porque embora ele não tenha açúcar, ele tem grandes quantidades de ácido fosfórico que não ajuda em nada para quem é formador de cálculo renal. O problema não é o gás. Água com gás não tem problema. O problema é o refrigerante. Então, essa é a primeira regra: quanto mais líquido melhor. Uma forma de aferir se nossa urina está suficientemente diluída é pela cor. Se a urina estiver com cor de água, é uma urina diluída. Essa é uma urina que não forma pedra. Já aquela urina bem concentrada, amarela, escura, de quem está bebendo proporcionalmente pouco líquido, é a urina ideal para formar pedras. Nós não perdemos líquido somente na urina e nas fezes. Nós perdemos líquido no suor, e através do vapor da água na nossa respiração e quando nós falamos. Provavelmente, depois de falar durante uma hora nesse podcast, vou ter perdido uns 500 ml só de vapor d’água. Então, a melhor forma de aferir é através da coloração da urina. Eu falei para vocês que as pessoas formam cálculos por diferentes motivos e de diferentes tipos. Os cálculos compostos de ácido úrico estão relacionados ao pH da urina. Alguém pode nos perguntar, “você não falaram que o pH do sangue não muda de acordo com a dieta?” Já comentamos isso alguma vez, Rodrigo?

Rodrigo Polesso: Não nos podcasts. Podemos focar nessa questão do pH no próximo ponto.

Dr. Souto: Então depois nós vamos voltar nisso. O pH do sangue é muito estável. Ele praticamente não muda com o que a gente come ou deixe de comer. Mas isso acontece por que os rins são poderosos reguladores de pH do sangue. Então, se existe um pouco mais de ácido sendo formado, quem bota esse ácido para fora são os rins. Se existe um exceto de sais alcalinos em circulação, quem bota isso para fora é o rim. Então, o pH da urina varia muito dependendo daquilo que nós comemos. Nas pessoas em que são formadas cálculos de ácido úrico – a única forma de saber isso é mandando a pedra para exame ou fazendo exame de urina de 24 horas – diferente de beber bastante líquido, elas devem deixar a urina o mais alcalina possível. Para se alcalinizar a urina, normalmente é necessário um consumo alto de vegetais. Por sorte, é algo que a gente recomenda e consome bastante no nosso estilo de vida. Então, é verdade que a proteína tende a acidificar a urina – não o sangue ou o corpo. Para quem é formador de cálculo de ácido úrico, suplementar a proteína (na forma de Whey) e ao mesmo tempo consumir pouca salada, é uma fórmula para formar cálculos. Para as pessoas que têm problemas de cálculo de ácido úrico, é importante tentar alcalinizar a urina consumindo bastante vegetais, evitando o excesso de proteína (não suplemente a proteína e não faça sua dieta à base de proteína e sem vegetais).

Rodrigo Polesso: Tenho uma pergunta, Dr. Souto. Em termos de população geral, qual é a porcentagem de pessoas que se encaixam nesse quadro de cálculos renais de ácido úrico?

Dr. Souto: Dentre as pessoas que formam ácido úrico, é uma minoria. Aproximadamente uns 20% dos formadores de cálculo.

Rodrigo Polesso: Qual é a porcentagem de pessoas que formam cálculos mais rotineiramente?

Dr. Souto: Os cálculos mais comuns são os de cálcio. Vamos falar um pouco dos cálculos de cálcio. Antes de eu esquecer: uma das coisas mais úteis para diminuir a formação de cálculo de ácido úrico é limonada. O limão é uma fruta com pouco açúcar e contém uma boa quantidade de ácido cítrico. Depois de reações do organismo, o ácido cítrico acaba produzindo a eliminação de um material alcalino na urina. Apesar de se chamar “ácido” cítrico, as frutas cítricas provocam uma alcalinização da urina. O ácido cítrico na urina inibe diretamente a formação de cálculos. Existem estudos que a limonada é superior à água. Para quem é formador de cálculo de ácido úrico, a limonada é uma boa pedida.

Rodrigo Polesso: Ótima dica.

Dr. Souto: Cálculos de cálcio. Vocês vão ouvir de muitos médicos e nutricionistas que se a pessoa é formadora de cálculo de cálcio ela deve evitar os laticínios, o cálcio na dieta; não pode comer queijo, não pode tomar leite ou iogurte. Isso está errado. Na realidade nós excretamos uma certa quantidade de cálcio por dia, e se consumirmos uma dieta pobre em cálcio nós vamos continuar excretando uma quantidade de cálcio por dia. Só que esse cálcio em vez de vir da dieta, virá de onde nós não queremos: dos ossos. Eu sei que faz muito sentido na nossa cabeça que se a pedra é feita de cálcio, eu não deveria consumir laticínios. Mas os estudos foram feitos. Isso é um dos vários exemplos que costumamos citar aqui no podcast de que antes de assumir que uma coisa é verdade, temos que fazer os estudos para saber. Quando o primeiro estudo foi publicado mostrando que a restrição de cálcio na dieta não tinha influência na formação de pedras de cálcio a maioria dos médicos não quis acreditar. Só que depois disso, vários estudos subsequentes confirmaram a mesma coisa. Eu diria que quem forma cálculos de cálcio não deva exagerar no cálcio. Então, não é bom comer uma grande quantidade de queijo ou usar suplementos de cálcio para evitar uma osteoporose. Mas o consumo normal de laticínios, um queijo no café da manhã, um queijo ralado na salada, um iogurte; são coisas que não devem ser restritas em pacientes formadores de cálculo de cálcio. Como tudo na medicina, existem exceções. Existem pessoas que tem uma doença chamada hipercalciuria absortiva. É um nome feio para dizer que essas pessoas absorvem cálcio demais no seus intestinos. Isso é uma exceção, não sei dizer em números. É um percentual muito pequeno, uma doença rara. Essas pessoas devem restringir o cálcio, mas quem vai determinar isso é o seu nefrologista na investigação de um caso específico. Mas no geral, as pessoas que formam cálculo de cálcio não precisam restringir o cálcio. O consumo aumentado de citrato ajuda a prevenir o acúmulo de cálcio. Beber bastante líquidos também ajuda. Em alguns casos precisamos utilizar medicação. Alguns tipos de diuréticos que ajudam a diminuir a excreção de cálcio. O sódio (sal) aumenta a excreção de cálcio, então, em pessoas nas quais se observa em exames de urina que excretam muito cálcio e muito sódio, diminuir o consumo de sal pode ser uma boa. Esse é um assunto complexo e não há uma regra que sirva para 100% das pessoas. O que serve para 100% das pessoas é beber bastante líquido e o consumo de citrato. Sugerimos a limonada porque é uma forma de consumir citrato sem consumir açúcar. Alcalinizar a urina no caso das pessoas que formam o cálculo de ácido úrico. O consumo excessivo de proteína não é o que estamos propondo no Código Emagrecer de Vez nem no meu blog. Só tem um jeito de ter excesso, que é suplementando. Aquelas pessoas que vão à academia e querem consumir 2, 2,5 ou 3 gramas de proteína por quilo de peso vão ter uma urina muito ácida. Elas vão ter dificuldades em precipitar sais de ácido úrico. Nesses casos recomendamos segurar a proteína um pouco. Não é fazer uma dieta hipoproteica. O fato da dieta ser low-carb não tem nada a ver com essa nossa conversa. O que tem a ver é o pH da urina, especialmente para aqueles que formam cálculo de ácido úrico. Em resumo: uma dieta low-carb não está associada com o aumento da formação de cálculos. E digo mais, Rodrigo: do ponto de visto epidemiológico, o que está associado com um risco maior de cálculos renais é obesidade, diabetes, resistência à insulina, síndrome metabólica. É o mesmo padrão de sempre. Uma coisa que faz você perder peso, reduz a sua insulina e reverte seu diabete não será ruim para seu rim. Se a pessoa perder peso e deixar de ser diabética ela diminuirá qualquer risco de ter qualquer problema renal; seja ele insuficiência renal ou cálculos renais.

Rodrigo Polesso: Eu acho realmente importante esse resumo final que você fez. Muita gente acaba focando em uma coisa sem considerar o contexto. Para uma pessoa normal, sem problemas renais, cálculos renais, com uma dieta normal, low-carb, alta em gordura, baixo carboidrato, com um estilo de vida saudável; isso não vai causar cálculo renal.

Dr. Souto: Correto. Os cuidados maiores são para aquelas pessoas que foram sorteadas na loteria da vida, que são formadores crônicos de cálculo renal. Para essas pessoas, convém não exagerar na proteína, convém beber mais líquido, convém tentar alcalinizar a urina (consumindo uma quantidade maior de vegetais). Quanto mais salada, melhor.

Rodrigo Polesso: Espero que essa mensagem tenha ficado clara. Para as pessoas específicas que têm essa condição, todas essas sugestões valem. Mas para as pessoas normais, não existe motivo algum para se ter medo do consumo de proteína, ou de formação de cálculo renal. Então vamos para o outro assunto principal que é a questão do pH. Isso virou uma indústria, construída em redor da água alcalina e alimentação alcalina. Muitos estudos porcaria surgiram falando mal da carne, falando dessa questão do pH. Vou ler uma pergunta da Aline Codognoto no Emagrecer de Vez: “Oi Rodrigo e Dr. Souto. Eu tenho uma dúvida que acredito que seja interessante para o podcast semanal. Estou realizando todas as mudanças na alimentação propostas pelo Código Emagrecer de vez e estou me sentido muito bem com essas mudanças. No entanto, o que dizer da questão da alcalinização do sangue que fica comprometida com a ingestão de alimentos de origem animal? Segundo muitos médicos, a saúde perfeita do nosso corpo é obtida quando equilibramos pH ácido e alcalino. De acordo com os mesmos, a ingestão de proteína animal em abundância dificultaria este equilíbrio. O que vocês têm a dizer sobre esse tema?” Vamos falar sobre essa questão agora. Para começar, como Dr. Souto já falou, a grande verdade que todos precisam ter em mente quando falamos em pH, é que o que você come no dia a dia não tem impacto no pH do sangue. Só isso já coloca abaixo toda essa indústria marqueteira que diz que a proteína animal causa a acidificação do sangue e toda essa questão da água que você toma e muda o pH do seu sangue. O corpo mantém um controle muito estrito, controlado e minuciosos do pH do sangue. Ele varia muito pouco, de 7.35 a 7.45. O pH do sangue é muito regulado. Qualquer alteração nisso aí fará com que você morra. A integridade estrutural das enzimas do corpo vão se denegrir e você vai entrar num estado muito crítico de saúde. Então, seria um absurdo a gente conseguir alterar tanto assim a questão do pH do nosso sangue simplesmente com o que a gente come. É uma grande falácia acreditar nisso. O Dr. Souto já disse que o pH da urina muda sim. Mas o pH do sangue não muda. As pessoas pegam essas fitas na farmácia para medir o pH da urina e acham que o sangue está ácido ou alcalino. Mas é a urina que está alcalina ou ácida. Ela fica dessa forma porque o corpo faz o que precisa fazer paraHhhasdasdasdasdasd manter o estrito controle do pH do sangue. Então, Dr. Souto, a Aline perguntou sobre o consumo de proteína animal. Muitos médicos por aí acham que a saúde do corpo depende desse equilíbrio do pH / ácido alcalino do sangue. Claro que depende, mas a influência não é nossa. O que você tem a dizer sobre tudo isso?

Dr. Souto: É difícil saber até por onde começar. Você está correto, o pH do sangue oscila muito pouco, em uma faixa muito estreita, porque é uma coisa absolutamente crucial. É difícil ter outro parâmetro no nosso corpo que varie tão pouco. Numa pessoa saudável, o pH varia na segunda casa depois da vírgula. Ele fica entre 7.35 e 7.45. É uma variação de no máximo 0,1 ponto de pH. Nós temos mecanismos altamente sofisticados que ajudam a regular isso. O rim é o nosso grande regulador e a respiração também. O rim regula num intervalo de tempo um pouco maior, e a regulação imediata é feita pela respiração. Quando nós aceleramos nossa respiração, nós botamos mais CO2 para fora; o CO2 diluído em água é ácido carbônico, então quando colocamos ele para fora, nós imediatamente alcalinizamos o sangue. O rim faz esse controle excretando prótons e bicarbonato dependendo da necessidade. Então, nós temos um mecanismo altamente sofisticado. Qualquer bicho – ser humano incluso – durante toda evolução da espécie não fazia a menor ideia do que era pH; talvez a maioria das pessoas nos ouvindo não lembre disso depois de terminar a química no colégio. No entanto, como a gente sobrevive? Nós sobrevivemos comendo o que queremos e o nosso corpo regula isso. É inegável que o que você come ou deixa de comer não altera o pH do seu sangue. Vou usar uma analogia aqui: se a pessoa fabrica pedras no rim feitas de cálcio, faz sentido que a pessoa deve evitar o cálcio na dieta. Sim, faz sentido – só que não é verdade. Como descobrimos se é verdade ou não? Fazendo um experimento; um ensaio clínico. A gente pega pessoas que formam pedras nos rins, divide em dois grupos. Um grupo vai restringir o cálcio na dieta, o outro não vai e vamos ver o que acontece. Isso foi feito repetidas vezes e está provado hoje em dia que restringir o cálcio da dieta não beneficia essas pessoas. Seria lógico que beneficiasse. Mas o fato é que não é assim. Vamos falar agora sobre o pH. As pessoas argumentam que se elas consomem uma dieta que é muito acidificante (alimentos que quando são digeridos e metabolizados deixam um resíduo ácido no organismo), o organismo utilizaria o cálcio dos ossos para tamponar essa acidez. Então, o cálcio e o fósforo dos ossos são substâncias que servem para tamponar e reduzir a acidez do sangue. Isso faz sentido. É possível que seja assim. Só que não é assim. Os estudos foram feitos. Os ensaios clínicos randomizados foram feitos. Depois, Rodrigo, podemos anexar para quem quiser conferir os estudos originais. Olha que incrível: é verdade que as pessoas que consomem uma dieta mais acidificante eliminam mais cálcio na urina. Isso pareceria comprovar a hipótese de que a pessoa está retirando cálcio dos ossos para tamponar a acidez. No entanto, o que os estudos mostram é que uma dieta com mais proteína leva a ossos mais fortes e não mais fracos. Da onde estaria vindo esse cálcio se não está vindo dos ossos? Está vindo da digestão. O que acontece é que uma dieta mais rica em proteínas leva a uma absorção mais eficiente do cálcio da dieta. Se entra mais cálcio pelo intestino, é natural que saia mais cálcio pelo rim. É um exemplo em que se tem uma teoria muito bonita – de que o cálcio estava saindo dos ossos para tamponar a acidez – mas até fazer um ensaio clínico randomizado para provar o que realmente está acontecendo, a gente não sabe, é só uma teoria. Acontece que essa teoria está equivocada. Tem mais de um estudo mostrando que a origem desse cálcio é o intestino e não os ossos. Os estudos de duração mais longa em voluntários fazendo uma dieta low-carb com mais proteína mostra que a densidade mineral óssea – que é o que interessa, já que queremos saber se a pessoa desenvolverá osteoporose – está inalterada depois de um ano de acompanhamento num ensaio clínico randomizado. Então, “o cemitério das ideias está cheio de ideias boas”. Existem teorias que fazem muito sentido. Mas a única coisa capaz de separar a teoria da realidade são os experimentos. Pegamos pessoas (não camundongos) e separa em dois grupos para fazer um tratamento, dieta, intervenção em um grupo e compara com o outro. Essa ideia de que o pH do sangue até se mantem estável, mas é às custas dos ossos simplesmente não é verdade.

Rodrigo Polesso: O perigo é que uma ideia dessas, que é simples de se explicar, de se entender e faz sentido, é mentirosa. O pior é quando esse tipo de informação cai em quem tem poder de alcance em massa. Assim como foi por décadas a ideia de que se você come colesterol, isso gera colesterol no sangue, tranca as artérias e etc. É muito fácil explicar esse tipo de coisa para a população geral: “Eu como gordura, eu engordo”. Assim como: “Eu como alimentos ácidos, meu sangue vai ficar ácido e vou ter problemas com isso”. Apesar de fazer sentido e ser uma ideia simples, isso é mentira.

Dr. Souto: E diga-se de passagem que um dos grandes contribuidores da acidez na dieta são os grãos integrais.

Rodrigo Polesso: Ironicamente.

Dr. Souto: Ironicamente. A carne, sendo vermelha, branca ou de peixe, tendem a acidificar a urina assim como os grãos tendem a acidificar a urina. O que tende a alcalinizar a urina não é nem farinha e nem bife. Eu sei que estou sendo repetitivo, mas o que tende a alcalinizar a urina são os vegetais verdes. Vegetais verdes são as saladas em geral. Eles contém uma série sais como magnésio, cálcio, fósforo. Eles tendem a deixar uma “cinza alcalina”. Vocês vão ver esse termo “cinza alcalina” quando pesquisarem sobre o assunto; significa que se eu pegar um brócolis e colocar fogo nele até não sobrar mais nada, vai sobrar uma cinza. Se eu misturar essa cinza na água, ela vai fazer com que eu alcalinize aquela água. Esse é o motivo pelo qual o brócolis tende a alcalinizar a urina. Se eu pegar um bife e incinerar ele até sobrar só as cinzas, se eu botar essas cinzas na água essa água tende a ficar acidificada. Por sorte, nós temos dois órgãos em formato de feijão que servem para isso. A função deles é se preocuparem com isso, não vocês.

Rodrigo Polesso: Eu ia comentar que vai surgir a dieta do maçarico agora. O pessoal vai começar a pulverizar brócolis para alcalinizar o sangue.

Dr. Souto: Já pensou que loucura a gente ter que ficar pesando, medindo e calculando o pH para dizer “já que vou comer esse pedaço de peixe, eu tenho que comer tantas gramas de brócolis para compensar” – isso é loucura, pessoal! O rim faz isso. Ele serve para isso entre outras coisas.

Rodrigo Polesso: Aproveite os benefícios de ser ser humano. Esse tipo de benefício vem no pacote.

Dr. Souto: O coitado do nefrologista que tem que quebrar a cabeça para fazer essas contas em quem não tem rim para fazer hemodiálise. Nós que temos a sorte de ter rins, temos um órgão fantástico que faz isso num nível de precisão de duas casas depois da vírgula que nenhum ser humano é capaz de fazer.

Rodrigo Polesso: E nós não precisamos nem pensar a respeito disso. Vamos curtir esse benefício e parar com essas balelas. Eu quero focar aqui na questão da água alcalina, Dr. Souto. Muita gente vai olhar torto para a gente, principalmente quem já gastou milhares de reais em filtros de água alcalina, ou em água alcalina. Não importa a quantidade de água alcalina ou ácida que você tome, isso não vai modificar o pH do seu sangue. A verdade nua e crua é que você gastou dinheiro à toa. Talvez você ser um filtro que tire as toxinas da água seja ótimo, mas para alcalinizar a água eu acho que o dinheiro foi pago por nada.

Dr. Souto: Concordo plenamente. O pH da água é 7. Se alguém fez vestibular ou ENEM sem saber disso, errou. O pH da água é sete, neutro. Não existe água alcalina. Não existe água ácida. A água será alcalina se ela for uma solução fraca de sais alcalinos. Por exemplo, se eu pegar magnésio e misturar na água, eu não terei água alcalina, vou ter uma solução diluída alcalina de magnésio. Se eu botar enxofre na água, não terei uma água ácida, terei uma solução ácida diluída de enxofre, de ácido sulfúrico e etc. Então, a quantidade desses sais que está diluída na água para alcalinizar o pH dela é uma quantidade muito pequena. É uma quantidade medida em miligramas ou microgramas. Perto das quantidades que consumimos na comida, é irrelevante. Embora já tenhamos explicado que a comida não mude o pH do sangue (mas que pode alterar o pH da urina), nós temos que pensar que a quantidade de cálcio, magnésio, fósforo e etc., que tem na comida são ordens de magnitude maior do que a quantidade que tem na água – seja ela alcalina ou ácida. A capacidade que uma solução extremamente diluída de magnésio ou cálcio, que é erroneamente chamada de água alcalina vai ter de alterar qualquer coisa no sangue ou na urina é menor do que quanto a comida é capaz de influenciar nesses parâmetros. Então, o que o Rodrigo falou está absolutamente correto. Um bom filtro pode ser bom para tirar o gosto da água, para tirar impurezas. Filtrar significa isso, remover coisas, e não acrescentar.

Rodrigo Polesso: Na verdade esses filtros de alcalinização da água seriam filtros de mineralização de uma água normal?

Dr. Souto: Quero crer que sim.

Rodrigo Polesso: Na melhor das hipóteses.

Dr. Souto: Alguém pode dizer que mude o pH da água por eletrólise. Através da eletrólise o hidrogênio sai na forma de gás, então a água alcaliniza. Estamos falando de quantidades mínimas no ponto de vista molar. Isso não vai ter impacto. É só a pessoa fazer uma regra de três com o volume de plasma circulante no sangue e ver quão pouco esses milimóis vão influenciar no pH geral, sabendo que nós já temos o rim. Vamos dar um exemplo bem simples. Vamos imaginar que uma pessoa pegue um copo de suco de limão puro e beba. Nós sabemos que isso é incapaz de alterar o pH do sangue (caso contrário haveria o suicídio por limonada), então porque a água com uma diluição tão grande desses sais teria um grande efeito? É uma questão de lógica elementar. É química de ensino fundamental.

Rodrigo Polesso: Certo. Para colocar uma pedra em cima desse assunto, então. Toda essa indústria que surgiu de água alcalina é conversa para boi dormir. Não é fundamentado em conhecimento científico. O grande fato que fica soberano acima de tudo isso é que nada que a gente ingira tem o potencial de alterar o nosso pH sanguíneo. Temos que dar graças a Deus que isso acontece, porque caso contrário estaríamos em grande risco de problemas de saúde. Então, se você quiser alcalinizar sua saliva ou sua urina por qualquer motivo, tome uma água com limão, que é muito mais barata do que os milhares de reais que você gastaria num filtro alcalinizador. Para a gente acabar essa questão do pH, tem outra questão que é bastante polêmica também, Dr. Souto. O pessoal assume verdades e vai além. É a relação entre o câncer e o pH. Estão dizendo que o câncer não se desenvolve em um ambiente alcalino; ou que se o sangue está alcalino, é melhor para a prevenção do câncer. É uma prática de assumir uma mentira e acabar concluindo em outra mentira. Antes do Dr. Souto dar a palavra dele sobre isso aqui, eu queria dizer que as células cancerígenas tem as mitocôndrias capengas. Então, o problema metabólico das células cancerígenas é que elas começam a liberar o ácido lático. Localmente no câncer acaba se tornando um ambiente mais ácido. Mas não é aquilo que causa, aquilo é consequência da célula cancerígena que tem esse problema metabólico. O pessoal acaba achando que toda essa questão da água alcalina por que se relaciona duas coisas falsas e se conclui uma terceira coisa mais falsa ainda. Dr. Souto, o que você tem a dizer sobre essa questão do câncer e do pH?

Dr. Souto: Tenho pouco a acrescentar, porque você falou correto. É uma clássica confusão entre causa e efeito. É fato que as células de câncer tendem a consumir uma grande quantidade de glicose de forma anaeróbia e portanto produzem muito ácido lático. Sempre que fazemos o uso anaeróbio da glicose, nós produzimos ácido lático isso acidifica o líquido intersticial que banha essas células. Então, se medimos o pH nas vizinhanças de um tumor, ele tende a ser um pH mais ácido, mais baixo do que o pH do sangue. Mas essa é a consequência e não a causa. Isso já é sabido. É pegar um fato que a pessoa não entendeu, fazer uma teoria que ela não testou e sair afirmando como se aquilo fosse uma verdade. É importante que as pessoas desenvolvam um certo ceticismo. Não acreditem em qualquer pensamento mágico, em qualquer pó de fada. Não existe coisa mágica. Não existe um tratamento que resolva todas as doenças, todos os tipos de câncer. Isso seria maravilhoso, mas é conto de fadas. O trabalho meu e do Rodrigo é baseado em evidências. Existe uma hierarquia de evidências deste o estudo de evidências mais fracas até os ensaios clínicos randomizados dos quais nós tanto falamos aqui (com seres humanos, não com camundongos). E também não um estudo que cita 2 ou 3 pacientes publicado pelo fabricante do filtro de água. Não, estou falando de estudos com centenas, às vezes milhares de pacientes, conduzido por uma universidade séria, publicado numa revista médica de boa reputação. Esse é o tipo de evidência que nós usamos aqui.

Rodrigo Polesso: Exato. “Não pergunte para o cabelereiro se você precisa cortar o cabelo.” É muito bom que você considere suas fontes. Tem que ser uma coisa destendenciosa, independente, imparcial. A gente faz o nosso melhor para prover esse tipo de informação para você. Mas vocês pode ter a autonomia de procurar também. Acredite em ninguém, não confie plenamente em ninguém, seja sempre cético. O que falamos aqui tem muita opinião pessoal e muitos fatos científicos. Mas tenha esse ceticismo, isso é saudável. Afinal, você está tratando da sua saúde, que é o bem mais valioso que você tem. Com isso nós fechamos o assunto principal de hoje. Para o pessoal que é membro VIP da Tribo Forte, vocês terão acesso a um bônus; um cardápio diário típico meu. Estou dando de brinde para o pessoal que é membro da Tribo Forte. O pessoal que é membro, no episódio passado, ganhou um exemplo do que o Dr. Souto come num dia típico de três refeições. Já estamos preparando o próximo episódio. Estamos muito animados com esse movimento. Estamos crescendo cada vez mais. Estamos tentando fazer nosso melhor para trazer mais informações. Eu acho que todo mundo precisa saber a verdade apesar de às vezes ela ser totalmente oposta do que acreditamos. Mas tudo o que fazemos aqui é para o nosso próprio bem. Se você não é membro da Tribo Forte ainda, você tem um banner aqui embaixo. Você também pode entrar em TriboForte.com.br para ver com os seus próprios olhos os tipos de benefícios que você terá por ser um membro. Eu vou ficando por aqui. Vou deixar o Dr. Souto dar um tchau para o pessoal e a gente fecha esse episódio.

Dr. Souto: Tchau, pessoal! Já estou ansioso para nos encontrarmos daqui uma semana com mais novidades. Um grande abraço!

Tribo Forte - Se Torne Membro copy