Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!
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No Episódio De Hoje:
- Quando comer, quando fazer jejum intermitente, qual a regra?
- Confusão e má informação sobre colesterol. Estaria você correndo risco de saúde sem saber? O medo é justificado?
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#triboforte #alimentacaoforte
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Ouça o Episódio De Hoje:
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Referências
Ensaio Clínico Randomizado Publicado em Julho 2017 no Jama
Revisão de 19 Estudos de Coorte Publicada em 2016 no BMJ
Caso de Sucesso
Transcrição do Episódio
Rodrigo Polesso: Olá, olá! Bem-vindo! Aqui é o episódio número 93 do podcast oficial da Tribo Forte, a sua dose semanal de saúde, estilo de vida saudável, com hábitos baseados em ciência. Eu sou Rodrigo Polesso e nesse episódio nós vamos debater sobre os seguintes temas: quando comer? Quando fazer jejum intermitente? Qual a é regra afinal? Outra coisa, confusão e má informação sobre colesterol, de novo. A gente tenta… a gente promete que não está colocando na pauta para falar sobre colesterol, mas é uma das áreas em que tem mais balelas sendo ditas, então a gente não tem como não cobrir esse assunto. Enfim, estaria você correndo risco de saúde sem saber? Será que esse medo é justificado? Tem uma matéria nova que saiu, a gente vai comentar sobre isso também. Agora, deixa eu dar boa tarde para você, dr. Souto. Tudo bem por aí?
Dr. Souto: Tudo, boa tarde, Rodrigo. Boa tarde aos ouvintes.
Rodrigo Polesso: Olha só, eu comentei com o dr. Souto essa semana, essa semana eu recebi um e-mail… um e-mail da Apple falando… dando os parabéns para a gente, porque a gente é um dos podcasts mais ouvidos do país em 2017. No geral! Não só saúde! Pessoal saúde somos número um, agora, no geral a gente foi um dos podcasts mais ouvidos do país em 2017. Acho que a gente merece uma salva de palmas! Muito bom, hein, dr. Souto?
Dr. Souto: Muito bom!
Rodrigo Polesso: Bom demais! Muito bom mesmo! E outra, mais notícia boa também. Nessa semana eu postei no canal do YouTube, do Emagrecer de Vez, o trailer do evento Tribo Forte ao vivo 2017, acho que é um trailer bastante legal, que passa mais ou menos uma ideia do que foi esses dois dias sensacionais de evento. E para completar… esse trabalho todo que a gente está fazendo no Brasil, está sendo muito bem visto ao redor do mundo também. Nós estamos chamando a atenção ao redor do mundo. Essa semana mesmo eu recebi elogios, por causa do trailer, do trabalho que a gente está fazendo aqui, do dr. Jason Fung, Sam Felton, do Reino Unido, que tem o Public Health Collaboration lá, e também do Ivor Cummins lá da Irlanda, dando parabéns pelo trabalho que está sendo feito no Brasil. E o dr. Souto, inclusive, recebeu um reconhecimento em vídeo do nosso próprio Gary Taubes. Hein, dr. Souto, como é que foi isso?
Dr. Souto: Quase tive um colapso. Nem acreditei. Na realidade foi um evento para profissionais de saúde em São Paulo, promovido pela Lara Nesteruk. Então eu e a Lara passamos dois dias palestrando só para profissionais da saúde e ela resolveu fazer uma homenagem e entrou em contato com o Taubes e o Taubes fez um belo vídeo, agradecendo pelo nosso trabalho aqui. Foi um negócio sensacional! Pessoal, vocês têm que imaginar assim… imagina que, sei lá, a pessoa que você mais admira, sei lá, o Papa Francisco, imagina que o Papa gravou uma mensagem para você. Foi como eu me senti. E eu não sabia daquilo e eles botaram no telão.
Rodrigo Polesso: Imagino!
Dr. Souto: Deixo aqui, mais uma vez, meu agradecimento público à Lara. Olha, depois dessa surpresa, ninguém mais vai conseguir me surpreender desse jeito.
Rodrigo Polesso: Olha só! Sensacional mesmo! O importante é perceber que nós no Brasil, a gente tem essa ideia de que tudo no exterior é melhor. Mas nós estamos fazendo um impacto grande no Brasil e a gente está chamando a atenção do resto do mundo. A gente está sendo pioneiro, talvez, da nossa forma peculiar, nessa mudança, nesse movimento grande que a gente está gerando, movimento de saúde, de ciência boa, etc. Então é bacana a gente ficar confiante, seguir em frente, pegar o reconhecimento, ficar feliz com isso, mas ter em mente que tem muita coisa para fazer ainda pela frente. Bom, antes da gente começar respondendo a pergunta da comunidade, que eu acho que a resposta dessa pergunta pode ser útil para muita gente, deixa eu falar aqui… gravações. As gravações completas do evento Tribo Forte ao vivo 2017, a gente tinha uma equipe de câmeras lá gravando com várias câmeras, editamos tudo certinho e todas as gravações do evento, todas as palestras agora estão disponíveis gratuitamente para todos os membros da Tribo Forte dentro do portal. Todos os membros têm acesso a todas as gravações desse ano e também às gravações do ano passado e com certeza vão ter acesso às gravações desse ano, 2018, que vai vir. Além de todo o resto do conteúdo da Tribo, obviamente, eu sempre falo aqui. Então se você ainda não é membro, está no ar uma nova página de apresentação da Tribo Forte, com novas opções de planos para você se juntar também. Então sugiro que você se torne um membro, pode ser tornar um membro hoje e assistir já as palestras todas desse Tribo Forte 2017, se você não foi no evento ou se você foi e quer rever também é uma ótima oportunidade. Para você entrar é só fazer parte da Tribo no TriboForte.com.br, anota para entrar depois, TriboForte.com.br.
Dr. Souto: E assim, só reforçando, né, Rodrigo. Quem não teve oportunidade de assistir, teve nesse ano a participação das professoras da Univiçosa que foi absolutamente espetacular. Eu que estive lá quero ver de novo. E quem não esteve, é a oportunidade de ver. Acho que foi um dos pontos altos. Então não deixem de ver lá na Tribo Forte.
Rodrigo Polesso: Com certeza, pessoal. Entrem lá: TriboForte.com.br. Bom, pergunta da comunidade. A pergunta de hoje vem do nosso amigo Antônio Neto. Ele diz: “Minha pergunta: tenho muita fome e necessidade de ingerir alimentos pela manhã. Assim, seria possível e válido alterar o horário do jejum intermitente? Tipo, comer entre 7h e 12h da manhã, ficando em jejum até a manhã do dia seguinte? Eu não sinto falta do jantar. Aliás, não tenho muito costume de comer à noite, a não ser uma fruta, por dificuldade de digestão à noite. Fico aguardando, obrigado.” Bom, dr. Souto, de novo aquela questão da tábua do profeta do jejum intermitente. O que está escrito na pedra? Quais são as regras? Se ele pode ao invés de… que a gente fala pular o café da manhã, se ele quer comer o café da manhã e fazer jejum até o dia seguinte, ao invés, ou ficar até a janta sem comer… O que é o certo? O que é o errado? Que hora comer? Que hora não comer?
Dr. Souto: Bom, a primeira coisa é que ninguém é obrigado a fazer jejum. É uma estratégia. É uma estratégia que pode ser utilizada, por exemplo, por questão de praticidade. Tem gente que acha mais prático pular uma determinada refeição por uma questão de tempo. Pode ser utilizada como parte do seu plano de emagrecimento, sim, porque afinal, reduz a insulina, cria um déficit calórico. Mas tem gente que simplesmente diz assim: olha, não gosto de ficar sem comum muito tempo, porque eu prefiro comer três refeições por dia, eu gosto de comer, sinto fome. E não tem problema nenhum, desde que quando você comer, você coma as coisas corretas. Mas a pergunta dele é interessante porque permite a gente abordar um aspecto que é a questão do ritmo circadiano. Então tem uma série de coisas no organismo que são reguladas de acordo com o ritmo circadiano. Ou seja, a hora que a gente acorda, a hora que a gente vai dormir, isso é regulado pela luz do sol, quando tem sol ou quando há escuridão, mas também nós temos relógios internos que sincronizam com esse ritmo de 24 horas, chamado, então, ritmo circadiano. Existe uma série de estudos, uma série de pesquisas que mostram que nós temos diferença na sensibilidade à insulina entre a manhã e à noite. E na realidade, quando se compara estratégias em que a pessoa pula o café da manhã, com estratégias que a pessoa pula a janta, quem pula a janta leva vantagem. Então, vamos dizer assim… com isso eu não estou dizendo que todo mundo tem que sair desesperadamente tomando café da manhã. Eu mesmo sou um que não tenho muito esse hábito. De vez em quando eu como alguma coisa de manhã, o mais comum é não. Mas eu opto por fazer assim porque é uma questão de praticidade na minha vida. Mas, respondendo diretamente o nosso ouvinte, essa opção dele coincidentemente é, talvez, a melhor, na realidade, comer junto com o nascimento do dia, depois almoçar, ou realmente pular a janta ou fazer uma janta pequena. Então, quem tiver interesse nisso aí, dê uma pesquisada, vocês vão ver estudos que comparam grupos de pacientes diabéticos com consumo de calorias idêntico, com a composição da dieta idêntica, só mudando isso aí. E especificamente para essas pessoas que tem resistência à insulina e diabetes, parece que colocar as calorias mais cedo no dia pode ser interessante.
Rodrigo Polesso: Interessante isso. O ritmo circadiano impacta tudo na nossa vida, a gente não tende a pensar muito nele, na verdade. E tende a esculhambar ele com todos os nossos hábitos e artifícios tecnológicos também. Mas eu acho que o interessante dessa pergunta também é para a gente exaltar as diferenças entre as pessoas. Tem gente que jamais conseguiria pensar da mesma forma que o Antônio, porque as pessoas têm que comer almoço e tem que comer a janta, porque na janta estão famintas. Outras pessoas não têm fome no café, como ele sente a necessidade de comer no café. Então, realmente acho que a mensagem é essa que você disse mesmo, a flexibilidade. O importante, a palavra é estilo de vida. Cada um sabe o que prefere, também tem a questão de você adaptar ao seu estilo de vida já que não tem regra oficial generalizada para todo mundo. Só basta você aplicar o bom senso ao seu, à sua realidade particular.
Dr. Souto: É isso aí: flexibilidade e liberdade.
Rodrigo Polesso: Exato! Essas palavras são lindas. A gente sempre fala dessa questão de estilo de vida e liberdade. Olha só, a gente vai começar a falar de colesterol já, já. Deixa eu só mostrar para vocês um caso de sucesso bem bacana aqui que veio do Paulo Sérgio. Ele escreveu: “Sou outra pessoa. O meu humor melhorou absurdamente, a disposição física voltou, eu estou caminhando com a minha esposa, muito mais envolvido com os meus dois filhos.” Ele… em uma semana, em uma semana só do Programa Código Emagrecer de Vez, porque a gente recebe testemunhos do pessoal que segue o programa, então, em uma semana do programa que é a primeira fase, na primeira semana ele mandou embora, acredite, 7,9 kg! Eu não sei se isso é um recorde… eu não tinha visto ainda um testemunho que a pessoa tivesse eliminado, digamos, 8 kg de peso total. Claro, isso inclui água, etc. Mas 7,9 kg em uma semana só! E ele disse também que foram várias medidas embora. Ele fez um post bastante emocionante lá dentro do fórum do pessoal que segue O Código, o fórum da Tribo Forte, é o mesmo fórum lá dentro, contando como foi essa semana aí. E, entre outras coisas, a melhor parte que ele fala é da qualidade de vida. Como a gente sempre diz, vai muito além da questão do peso só superficial, não é, pessoal. Então, um caso de sucesso para se motivar. Sempre lembrando que cada um é diferente, cada um é um, cada um tem o seu processo, cada corpo reage de forma diferente. Então não se compare somente aos casos de sucesso, se compare a você mesmo. Compare o seu processo com o seu processo e use somente os casos de sucesso para se inspirar. O programa par você entrar é CódigoEmagrecerDeVez.com.br.
Dr. Souto: Sensacional!
Rodrigo Polesso: Bom, né? Esse assunto então, colesterol. Como eu falei a gente não se programa para falar sobre isso, só que a realidade não deixa a gente evitar esse assunto. E na verdade um artigo que veio aqui à tona foi no portal Uol. Num subportal do portal UOL chamado Viva Bem, VivaBem.uol.com.br. E o título desse artigo é o seguinte: Vá contra o colesterol. E o mais preocupante na verdade é o subtítulo que diz o seguinte: até quem tem colesterol ruim normal se beneficiaria com taxas ainda menores. Eles não estão fazendo pergunta, eles estão afirmando. Deixa eu ler dois parágrafos aqui para vocês entenderem. Vamos lá! “Agora, pesquisadores de duas renomadas instituições brasileiras, a Universidade de São Paulo e o Hospital Israelita Albert Einstein, ambas na capital paulista, sugerem que qualquer um deveria ficar de olho nessa história e parar d e usar o colesterol normal como desculpa para não se preocupar com o assunto, sentindo-se liberado pelo exame de sangue para encher o prato de fritura ou fazer preguiça em vez de ginástica. O novíssimo conceito entre os médicos, reforçado por esse estudo (que eles estão mencionando) eito pelas duas instituições, é de que todo mundo sairá ganhando se diminuir (ou diminuir ainda mais) os níveis do maldito LDL, o colesterol bandido.” Eu dei muita risada quando eu li isso.
Dr. Souto: Eu fico imaginando assim o negócio com uma máscara, sabe? Em cima de um cavalo, o colesterol bandido.
Rodrigo Polesso: Antes de abrir essa discussão vou colocar entre aspas aqui um comentário: “O LDL aumentado promove uma espécie de envelhecimento precoce de todo o sistema cardiovascular. Diminuir suas taxas é algo que sempre só pode fazer bem.” Quem diz isso, pessoal, não é padeiro da esquina, não é o amigo da tua irmã. Quem diz isso é Marcus Vinícius Bolívar Malachias, ele é cardiologista, mas não só isso. Ele é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Então ele está dizendo aqui que diminuir a taxa de LDL sempre só pode fazer bem. Bom, a gente falou sobre esse assunto várias vezes, dr. Souto. Inclusive, no episódio 69 nós falamos sobre um novo estudo que testou justamente a vantagem de se reduzir o LDL. Ele foi um ensaio clínico randomizado publicado em julho de 2017 no Jama. Foram dois grupos de pessoas com 65 anos ou mais, um grupo tomou estatinas (que é um remédio para diminuir o colesterol) por 6 anos, e o outro só praticou hábitos sem medicamentos para se manter o colesterol em cheque, digamos assim. A conclusão desse ensaio clínico randomizado foi que o LDL do grupo que tomou remédio baixou uma média de 27%, enquanto o outro (que não tomou remédio) somente 13%. Basicamente a metade, não é? No entanto, não houve diferença significativa nenhuma em questão de mortalidade de todas as causas ou eventos cardíacos. Parece que isso começa a balançar um pouquinho essa afirmação categórica, tanto do artigo, quanto do presidente da Associação Brasileira de Cardiologia, não é verdade?
Dr. Souto: Rodrigo, eu não tive paciência, sinceramente, de ler a matéria. Porque, assim… Tem coisas que me irritam. Eles chegaram a dar algum detalhe de que novo estudo é esse?
Rodrigo Polesso: Então, não tem referência. Não tem referência. Uma coisa que eles dizem, apesar de não colocar referência discutindo em detalhes isso… Uma coisa que eles dizem… Inclusive, a mesma pessoa diz que quem discorda disso… Quem discorda que o LDL mais baixo possível é sempre melhor é porque é do contra e não está baseando sua opinião em estudos de boa qualidade.
Dr. Souto: Então vamos ver assim… Primeiro… Primeiro vamos ir por camadas. Vamos primeiro começar com a lógica. Sempre é bom lógica. Existe o colesterol no corpo. Ele não vem só da comida, viu pessoal? Aliás, 85% de todo colesterol do nosso corpo é fabricado pelo nosso próprio corpo. Quando mais colesterol a gente come, menos o corpo fabrica. Quanto menos a gente come, mais o corpo fabrica. Por quê? Porque o colesterol faz parte da membrana de todas as células. Faz parte das membranas das mitocôndrias. Faz parte da bainha de mielina, que é o isolante dos nossos neurônios, dos nossos nervos. Ou seja, é uma substância absolutamente fundamental, além de ser a molécula que é utilizada como base para a síntese de todos os hormônios esteroides, que incluem os esteroides sexuais… Testosterona… Progesterona… Estrógeno. Incluem também o nosso cortisol. Ou seja, é uma molécula absolutamente essencial para a vida de qualquer espécie de animal. Então não é… Em inglês tem uma expressão assim: “It’s not a bug, it’s a feature.” Não é um defeito. É uma característica que foi colocada no sistema. A natureza… Não é um erro esse colesterol. Então, se nós temos isso, a lógica diz que baixar para níveis cada vez mais baixos com o objetivo sendo de preferência chegar a zero é evidentemente uma ideia ruim.
Rodrigo Polesso: Eles estão focando no LDL, bastante nesse artigo…
Dr. Souto: Vamos partir então… Sim, porque o LDL é…
Rodrigo Polesso: Bandido.
Dr. Souto: Lipoproteína… Bandido… É a lipoproteína bandida dentro da qual o colesterol anda no sangue. Agora, para eu reduzir isso a zero, então vou ter que deixar a criatura sem colesterol. E nós temos já evidência dos problemas que começam a acontecer quando o colesterol fica muito baixo. O que aumenta estatisticamente quando o colesterol é muito baixo? No mesmo tipo de estudo observacional que se usa para dizer que quando o colesterol está alto o risco cardiovascular aumenta? O que aumenta quando ele está baixo? Aumenta o risco de câncer, de vários tipos. Aumenta o risco de infecções e a mortalidade pelas infecções de vários tipos. Parece aumentar também o risco de Alzheimer e outros tipos de demências. O que não surpreende, porque o colesterol é uma coisa muito importante no sistema nervoso central.
Rodrigo Polesso: Não é 70% do cérebro que é constituído de colesterol, basicamente?
Dr. Souto: É uma quantidade grande.
Rodrigo Polesso: É grande.
Dr. Souto: É grande. Então, na realidade, é evidente só partindo da lógica que eu baixar loucamente os níveis de colesterol… Mesmo que isso fosse produzir algum benefício cardiovascular, é uma coisa que talvez traga outros malefícios. Com as estatinas está provado que a redução do colesterol provoca aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2. E esse aumento de risco de desenvolver diabete tipo 2 é maior do que o benefício conferido pelas estatinas para as pessoas que estão na categoria de baixo risco, que é justamente que estão falando nesse artigo. Ou seja, pessoas que já tem seu colesterol normal, mesmo assim tinha que ser mais baixo ainda. Qual é o tipo de benefício que vamos trazer? Agora nós vamos para a próxima camada. Essa era a camada da lógica.
Rodrigo Polesso: Estamos “descebolando” o assunto.
Dr. Souto: É. Agora vamos para a camada… Próximo nível da cebola… Que é a camada dos estudos. Quando nós pegamos a maioria dos estudos sobre colesterol, o que nós vemos é o seguinte. Existem… Primeiro vamos falar dos observacionais. Tem países no mundo que têm colesterol alto em média na sua população, e tem risco cardiovascular alto. Tem países no mundo que têm colesterol baixo na sua população, e risco cardiovascular alto. E nós temos, finalmente, países que têm o inverso. Então, tem para tudo que é lado. As correlações são muito não lineares. Não é bem assim como eles falam. Quando nós pegamos as melhores coortes… Vamos pegar a “Hunt 2”, que é uma coorte norueguesa. Cinquenta e poucas mil pessoas acompanhadas por um bom tempo. Lá eles têm um controle super bem feito de quem morre do quê. E o que a gente vê é uma curva em U no colesterol em homens. O que é uma curva em U? Quando o colesterol é bem baixo, as pessoas morrem mais. Deixe eu repetir isso, Rodrigo. Quando ele é bem baixo, mas pessoas morrem mais. Sim, eu não estou falando morrem mais do coração. Estou dizendo “morrem mais”. O que interessa é estar sepultado ou não. E se eu puder escolher eu prefiro dez vezes morrer do coração do que de câncer.
Rodrigo Polesso: Sim. Pois é.
Dr. Souto: O fato é… A mortalidade geral por todas as causas é maior nas pessoas que têm o colesterol mais baixo.
Rodrigo Polesso: Deixe eu ler essa revisão que eu tenho na ponta da língua para complementar o que você está falando. É uma revisão postada em 2016 agora. É uma revisão de 19 estudos de coorte, observacionais também. Publicada no British Medical Journal. Ela analisou justamente a relação entre o LDL e a mortalidade. A conclusão foi que o LDL-C, que é o número de partículas do LDL, é inversamente proporcional com a mortalidade em pessoas com mais de 60 anos de idade. Ele diz o seguinte. “Como as pessoas com alto LDL-C vivem tanto quanto as pessoas com baixo LDL-C, nossos resultados questionam a validade da hipótese do colesterol.” Só vem corroborar o que você estava dizendo.
Dr. Souto: É isso aí. Ainda falando sobre o estudo norueguês… Depois, em homens, à medida que o colesterol vai subindo, começa a novamente aumentar o risco cardiovascular e a mortalidade. No entanto, mesmo naqueles que têm os níveis mais elevados, a mortalidade ainda não é tão grande como naqueles que têm eles bem baixos. Quem quiser, pode botar no Google “Souto dieta sobre”. Vai encontrar uma postagem sobre a importância de conhecer os riscos relativos e absolutos. Nesta postagem eu tenho esse estudo. Aí a pessoa pode ler o original, clicar… Tem o link para ver que não estou mentindo. Depois tem o resultado das mulheres. Nas mulheres é mais incrível, porque nas mulheres é assim… As que têm o colesterol mais baixo, morrem mais. E à medida que ele vai aumentando, elas morrem menos. É literalmente inversamente proporcional.
Rodrigo Polesso: É incrível. Então parece que não dá para categorizar a conclusão dizendo que todo mundo sempre vai se beneficiar de baixar o LDL.
Dr. Souto: Exatamente. Especialmente quem já tem ele normal, teria que baixar mais ainda? Olha, Rodrigo, sinceramente… Eu diria que é o contrário do que está afirmado ali. Quem diz isso é porque não está por dentro da literatura epidemiológica. É diferente da situação de pegar pacientes com alto risco. Então, se nós pegarmos especificamente as pessoas que já enfartaram, que são diabéticas, que são hipertensas, que são fumantes… Neste grupo, quando nós usamos estatinas, há uma diminuição do risco de mortalidade cardiovascular. É uma diminuição pequena. Precisa tratar em torno de 60, 80 pessoas nessa circunstância para beneficiar uma.
Rodrigo Polesso: É questionável.
Dr. Souto: E tem um estudo muito interessante, Rodrigo, que eu mostrei nesse curo lá de São Paulo, esse curso que eu e a Lara demos. Ele é um estudo feito há muitos anos já, com a sinvastatina, com alguns milhares de pacientes. E eles resolveram fazer a seguinte análise. Verificar entre as pessoas que têm síndrome metabólica… Síndrome metabólica é aquele negócio de resistência à insulina, triglicerídeos altos e HDL baixo. Então, as pessoas que tinham síndrome metabólica e usavam a sinvastatina… As pessoas que não tinham síndrome metabólica e usavam sinvastatina… As que tinham síndrome metabólica e usavam placebo… E as que não tinham síndrome metabólica e usavam placebo. Só se beneficiou a estatina… Todos tinham colesterol alto. Só se beneficiou da estatina quem tinha colesterol alto, tinha síndrome metabólica e estava usando a estatina. Agora, quem não tinha síndrome metabólica, tanto faz se estava usando placebo ou estatina. O desfecho era igualmente bom. Então, veja bem. Não foi ter colesterol alto ou não que fez com que a estatina ajudasse um subgrupo de pessoas. As que foram ajudadas foram ajudadas porque tinham um risco cardiovascular elevado. Risco esse que foi conferido não pelo LDL, e sim pela síndrome metabólica. Síndrome metabólica esta, por sua vez, que pode ser consertada facilmente com estilo de vida. E sabe qual estilo de vida é esse, Rodrigo?
Rodrigo Polesso: Pois é, que coisa. O que seria essa mágica?
Dr. Souto: Uma alimentação forte, low carb.
Rodrigo Polesso: É isso. Fácil. É o que a gente fala toda vez aqui. Olha só um prego final nesse caixão… Imagina só. Eu fui procurar, porque não lembrava qual era o estudo. Mas eu achei. Vou deixar as referências todos no artigo do podcast. A gente já mencionou esse estudo antes. É um grande estudo de 2009 que analisou 139 mil pacientes que foram internados no hospital por problemas cardíacos. E mediu o colesterol deles na entrada do hospital…
Dr. Souto: Eles foram internados por eventos coronarianos… O pessoal estava enfartando ou com uma angina instável, quase enfartando.
Rodrigo Polesso: Daí eles pegaram e mediram o colesterol dessa galera toda. 139 mil pacientes que tiveram um evento cardíaco. O estudo mostra que quase metade dos pacientes internados com problemas… Enfartando… Tinham o colesterol LDL abaixo de 100, que é o considerado normal.
Dr. Souto: A interpretação sadia e normal disso que você falou é o seguinte. Significa que o LDL é um preditor ruim de doença cardiovascular. Mesmo quando está baixo, o pessoal enfarta. E sabe qual foi a interpretação que eles deram? Eles disseram que menor que 100 é pouco, devia ser menor que 70. Aí o que acontece? Agora saiu… Esse ano… Ainda em 2007… Nós já comentamos em mais de um podcast… Aquele estudo do Repata… Ou Rapata, não me lembro. É a medicação injetável que custa 1.400 dólares por mês e que baixa o colesterol LDL para níveis nunca antes vistos. Baixa para níveis realmente quase zero. E não houve diferença de mortalidade entre os grupos. Nem mortalidade total, nem mortalidade cardiovascular. Só diminuiu alguns desfechos secundários subjetivos… De modo que… Este estudo botou por terra aquele argumento que dizia assim… “Não, era porque era menor do que 100. Se fosse menor do que 70…” Sabe quanto que deu o colesterol desse Repata? Vinte. E, mesmo assim, a mortalidade entre os grupos não mudou. Mudou só um desfecho composto que mudou em termos absolutos menos de 2%. O que mostra o seguinte… Sim, o LDL participa do processo da formação da placa e etc., mas ele sozinho não faz verão. E diminuí-lo para níveis quase zero como Repata fez também não resolveu o problem.
Rodrigo Polesso: Mas vem cá… Esses estudos todos que a gente está falando aqui… Esse que você está falando… Você achou enterrado numa ilha do caribe ou disponível para todo mundo?
Dr. Souto: Eles estão disponíveis para todo mundo. Pubmed… Especialmente as pessoas que falam isso nesse artigo devem ter acesso. E mais interessante ainda, Rodrigo, é o seguinte… Agora vamos botar a última cerejinha no bolo. A última. As grandes metanálises que levaram em conta todos esses estudos sobre colesterol mostram um pequeno… Muito pequeno… Diminuto benefício de reduzir o colesterol. Mas isso quando levamos em conta todos estudos. Sabe o que acontece quando levamos em conta apenas os estudos particionados por órgãos financiadores públicos, tirando os da indústria farmacêutica? Desaparece completamente o efeito. Olha que interessante, que coincidência, Rodrigo.
Rodrigo Polesso: Coincidência, olha só. O que me preocupa é que essa informação toda que a gente está falando que está disponível para o mundo inteiro… Você pode acessar esse corpo de evidências quando você quiser, do conforto da sua casa. E aí você vê um artigo desse num canal grande de mídia e vem uma pessoa dessa categoricamente falando meio que o oposto do que estamos falando aqui… E me preocupa, porque essa pessoa é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. É uma pessoa que está meio que influencia como a saúde nesse sentido é lidada. Isso me preocupa um pouco.
Dr. Souto: É, fazer o quê. A gente só pode fazer o que a gente já está fazendo. Quem sabe no ano que vem a gente não vai estar entre os 10 maiores podcast da Apple.
Rodrigo Polesso: Tomara que sim, dependendo de todo mundo… Vamos compartilhar.
Dr. Souto: Vamos espalhar a mensagem. Estamos lutando contra uma mídia forte. A gente precisa da ajuda de vocês.
Rodrigo Polesso: Com certeza. Para a gente fechar isso aqui, vamos só falar o seguinte. Existem vários tipos, até LDL. Tem vários tipos de partículas de LDL, as grandes, densas, as pequenas e menos densas, mais densas, enfim… Tem vários tipos. Agora que a gente sabe que uma das coisas que aumenta, digamos assim, o LDL ruim… O tipo de LDL ruim… é uma inflamação tóxica e pró-inflamatória, rica em óleos vegetais, rica em carboidratos refinados, açúcares e etc. E isso sim está associado com síndrome metabólica, claro. Isso sim pode estar associado… Esse tipo ruim desse colesterol que só é fabricado quando está se intoxicando… Esse tipo sim talvez possa ser associado com esses problemas. Mas o problema aqui não é o LDL, novamente. O problema é que esses hábitos alimentares estão errados.
Dr. Souto: É. E aquele artigo que eu citei antes corrobora exatamente o que você falou. Quais foram os únicos que se beneficiaram da estatina lá no estudo da sinvastatina? Foram os que tinham síndrome metabólica – ou seja, que têm partículas de LDL pequenas e densas. E estes se beneficiaram. Ou seja, a sinvastatina está reduzindo partículas de LDL que eram heterogênicas, pequenas e densas porque essas pessoas estavam se alimentando errado. Porque as outras que tinham colesterol tão alto como elas, mas não tinha síndrome metabólica, a sinvastatina naquele estudo não beneficiou. Então, quer dizer, o problema é o nível absoluto do colesterol? Não. É o risco cardiovascular que é posto por outras coisas. E a sinvastatina atua não apenas reduzindo o colesterol. Ela tem um chamado efeito pleiotrópico. Ela diminui a inflamação dos vasos. Ela diminui o estresse oxidativo no endotélio. Ela tem outras ações.
Rodrigo Polesso: É. Com certeza. Mais uma vez, pessoal, vamos ganhar perspectiva. E de novo… Ter a noção de que ninguém mais está interessado por nossa saúde mais do que nós mesmos.
Dr. Souto: De agora em diante vou chamar as partículas de LDL pequenas e densas de bandidas.
Rodrigo Polesso: LDL bandido…
Dr. Souto: Gostei muito disso.
Rodrigo Polesso: Impressionante. Mas beleza. Dr. Souto, para a gente fechar aqui, conte o que o você se deliciou na última refeição além do panetone low carb.
Dr. Souto: Além do panetone low carb… Eu me deliciei com um picadinho de frango… Junto com bacon em cubinhos… Porque o bacon torna o frango muito melhor. Mais um molho de tomate. Mais vagem picadinha. Todo esse picadinho misturado com um arroz… Mas calma. Arroz de couve-flor.
Rodrigo Polesso: Que é low carb, com certeza.
Dr. Souto: Então, ficou muito gostoso. Botando ainda por cima uma pimenta e um pouquinho de páprica… Ficou um negócio espetacular.
Rodrigo Polesso: Bom demais. Fiz aqui um peixe branco na frigideira muito rápido… Com óleo de coco e também um avocado. E também meu sauerkraut… Meu chucrute com amêndoas cortadas por cima para dar uma crocância. A gente fala em variar a refeição bastante… Muita gente fala, “Não aguento mais comer isso. Não aguento mais comer aquilo.” Primeiro: larga de ser mimado como sempre falo. Segundo, quando você come coisa boa… Não é só meu caso… Eu tenho comido a mesma coisa praticamente… Esse avocado e esse sauerkraut basicamente todo dia, variando a proteína. Quando é bom, a gente não se importa em repetir. Eu sei que você repete seu bifinho e seu frango também. Você não está enjoado disso aí.
Dr. Souto: O pessoal não reclama que na low carb não pode comer pão? Então não enjoava do pão?
Rodrigo Polesso: Todo dia…
Dr. Souto: Então, eu concordo com você. Em determinadas horas tem que largar de ser mimado. Comia pão todo dia e nunca enjoou. Por que agora vai enjoar de comer uma coisa low carb todo dia? E se enjoar é bom porque come menos.
Rodrigo Polesso: E tem esse benefício ainda. É isso aí, pessoal. Maravilha. Obrigado por sua audiência. Vamos tornar esse podcast um dos mais ouvidos de novo em 2018, então. Passe a mensagem adiante. Traga mais gente para essa família boa… Para essa energia positiva aqui. A gente vai continuar fazendo nosso trabalho de forma séria semanalmente para você. Um grande abraço a todo mundo. Obrigado, Dr. Souto. A gente se fala na próxima.
Dr. Souto: Obrigado. Até a próxima.