TRIBO FORTE #125 – SHOW DE INCOMPETÊNCIA

Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!

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Neste Podcast:

  • Quer ver o quão PERIGOSO é ouvir sobre saúde e alimentação por aí?
  • Neste episódio mostramos um show de incompetência que engana as pessoas…

Escute, se proteja e DIVULGUE!!?

OBS: O podcast está disponível no iTunes, no Spotify e também no emagrecerdevez.com e triboforte.com.br

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Ouça o Episódio De Hoje:

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Casos de Sucesso do Dia

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Referências

Estudo Publicado no G1 Falando que Ser Obeso Não Aumenta Risco de Morte

Artigo no Online Library

Artigo no Daily Mail Dizendo que o Consumo de Gordura é a Única Causa do Ganho de Peso

Artigo na Folha de São Paulo Mencionando Caso de Ciência Falsa

 

 

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá! Bem-vindo ao podcast número 125 da Tribo Forte, a sua fonte semanal de saúde, boa forma, estilo de vida saudável. E bem-vindo a mais um podcast quentinho. Podcast que eu espero que seja um pouco divertido também, porque a gente vai tratar de temas que, na verdade, enfim, não foram postados com o intuito de serem comédia, mas muitas coisas acabam sendo engraçadas apesar disso. Mas a gente vai tentar trazer isso à tona para que você não caia nessas armadilhas e não seja enganado sem fazer uma análise crítica, pelo menos. Então, a gente vai falar sobre… A obesidade não tem riscos, sabia? A obesidade não tem risco e não tem problema em ser obeso. Será mesmo? Vamos ver o que estão dizendo alguns estudos aí. Descoberta muito importante: a gordura dos alimentos é a única causa do ganho de gordura. Pronto! Está confirmado! Não existe dúvida nenhuma. É isso que diz um artigo. Será mesmo? Vamos falar sobre esse ponto. Vai ser interessante. E ainda um pouco mais sobre vexame científico. O que aconteceu dessa vez? A gente via te contar aqui. Antes de começar aqui, só um lembrete rápido. Evento Tribo Forte ao vivo 2018: faltam 2 meses par ao evento, que acontecerá nos dias 22 e 23 de setembro e 86% da sala está lotada! E olha que a sala é grande, viu, pessoal! Eu estou falando, estou avisando para vocês para dar tempo de comprar o ingresso lá. Vai ser o acontecimento do ano em estilo de vida saudável. Você precisa estar lá, seja para conhecer os produtos do momento, degustar, absorver todas as palestras. Serão 12 palestras! Vai ter painel, vai ter abraço… vai ter um monte de coisas bacanas. Vai ser ótimo! Para você ver como tudo vai ser, entra aí em TriboForte.com.br/AoVivo. Vai ser legal. Vai ou não vai, dr. Souto? Tudo bem?

Dr. Souto: Tudo bem, Rodrigo! Bom dia, ou boa noite.

Rodrigo Polesso: Opa! Bom dia! É isso aí! Vamos começar com um artigo que saiu no Globo.com que diz o seguinte, a manchete é: Estudo diz que só ser obeso não aumenta risco de morte, especialista comenta. Seguinte, essa é uma revisão (que foi base para esse artigo) de cinco outros estudos parecidos que foi publicada agora em julho no jornal Clinical Obesity. A revisão incluiu um pouco mais de 54 mil homens e mulheres que foram acompanhados por um mínimo de 7 anos até acho que 13 anos. 9% deles vieram a falecer durante esse período de acompanhamento. Com base nisso foram feitas associações. Dentre essas 54 mil pessoas, apenas 6% delas, ou seja, apenas 1 em 17 foi considerada obesa sem outros problemas metabólicos naquele momento. Ou seja, a gente pode ver aqui que estatisticamente falando é bem raro ser obeso e “metabolicamente saudável”. Mas só que metabolicamente saudável dentro dos marcadores de saúde que eles avaliaram. Que foram os seguintes: eles mediram o IMC, o índice de massa corpórea, a gordura abdominal, pressão arterial, glicemia, triglicérides, HDL e LDL. Mas não mediram, por exemplo, hemoglobina glicada e outras coisas que poderiam ser úteis também. Mas mediram uma quantidade de marcadores aqui. E vamos, olha só, dr. Souto, a conclusão… a gente fala em conclusões confusas de vez em quando aqui. Esse é um outro exemplo de conclusão confusa. Na verdade, um sumário confuso desse estudo. Eu vou ler tudo aqui para vocês e depois a gente toma ar e vê o que acha disso. É isso que o estudo diz: “Obesidade geral e obesidade abdominal, na falta de fatores de risco metabólico, não foram associadas com risco de mortalidade comparado à indivíduos magros. Já a diabetes, hipertensão e dislipidemia são independentemente associados com insignificantes riscos de mortalidade. Entretanto, quando se usando métodos tradicionais, obesidade por si só é independentemente associada com risco de mortalidade depois de ajustes estatísticos para outros riscos metabólicos. De forma similar, obesos metabolicamente saudáveis, quando definidos como tendo 0 ou 1 fator de risco, são associados com aumento de risco de mortalidade quando comparado a pessoas magras saudáveis. Obesidade, na falta de anormalidades metabólicas, pode não ser associada a risco mais alto de mortalidade por todas as causas quando comparado a indivíduos saudáveis mais magros. E, por fim, ao contrário, a elevação de apenas um fator de risco metabólico é associada com aumento de risco de mortalidade. Ai meu Deus do céu! Para traduzir tudo o que eles disseram, vou dizer para vocês o seguinte… Eles disseram o seguinte: eles pedem desculpas pela publicação ser inútil. Eles querem dizer que não sabem de nada e que os dados são inconclusivos e que está difícil de achar qualquer valia nesse trabalho. Essa é a minha tradução desse sumário aqui. Então de novo, resumindo, pessoal. A manchete foi a seguinte: Ser obeso sem identificação de um outro marcador de risco na sua saúde não significa que você tem mais risco de mortalidade. No entanto, se a gente ver essa conclusão bizarra e o que eles descobriram, eles viram que ter apenas um fator, pelo menos um fator de risco, se você tiver vai aumentar significativamente a tua chance de morte. E considere que eles avaliaram somente alguns marcadores. E essa associação que não existe risco é muito, mas muito fraca. E é uma associação também. Então, é para você ver que um estudo tão confuso como esse, que nem o próprio sumário do estudo faz sentido, foi base para uma manchete categórica dizendo que obesidade basicamente não tem problema nenhum em pessoas que são “metabolicamente saudáveis”. A gente já falou sobre isso antigamente aqui em dois podcast pelo menos. Dizendo que obesos metabolicamente saudáveis pode ser uma situação temporária, mas que no longo prazo eles tendem a ter mais riscos do que pessoas magras e saudáveis. Então, dr. Souto, é mais uma coisa aí que deve ter chegado nas pessoas e confundido muita gente.

Dr. Souto: Eu ia mesmo dizer. A gente já falou em mais de um episódio sobre outros estudos que mostraram que a obesidade saudável é uma situação temporária. Na realidade, para as pessoas que estão nos ouvindo entenderem, é que depende um pouco do desenho metodológico do estudo. Existem duas formas da gente avaliar estudos em coortes, em grandes populações. Um é um estudo transversal e outro é um estudo longitudinal. Estudo transversal eu avalio as pessoas como elas estão, os fatores de risco que elas têm ou não têm e as doenças que elas têm ou não têm. E o estudo longitudinal eu faço avaliações consecutivas ano após ano, e vou vendo quem vai adoecendo, quem vai desenvolvendo os problemas. Então nos estudos longitudinais a gente vê isso que o Rodrigo falou, que a obesidade metabolicamente saudável é uma situação transitória. A pessoa não fica obesa e saudável para sempre. Ela pode ficar um período, alguns anos onde, a despeito de estar obeso, os exames ainda estão bem. Eu vou fazer uma analogia aqui que acho que vai facilitar. Vamos imaginar que eu defina o tabagismo metabolicamente saudável como sendo aquelas pessoas que fumam, mas cujos exames estão ótimos. Inclusive a função pulmonar. A pessoa faz aquela espirometria e ela tem uma boa capacidade pulmonar. Não está ainda com bronquite crônica, enfisema. Isso não significa que fumar em si não seja um problema. É que leva um tempo de exposição ao cigarro até que o pulmão comece a sofrer, até que as doenças características do tabagismo comecem a surgir. Então, para mim faz o mesmo sentido falar em tabagismo saudável. No sentido de que a pessoa está fumando, mas ainda não adoeceu. É evidente que é uma situação transitória. Por que esse tipo de coisa vira manchete? Esse tipo de coisa vira manchete porque gera cliques. Sabe aquele ditado antigo do jornalismo que o cachorro mordeu o menino não é manchete, mas o menino mordeu o cachorro é manchete. Então se eu dissesse que a obesidade causa problemas no coração e diabetes, isso não é manchete. Mas no momento que eu digo que a obesidade não causa nenhum desses problemas: ahh, é manchete… deixa eu clicar nesse estudo. É uma pena. Na realidade é um estudo que não acrescenta nada de novo. E na verdade já tem outros que foram feitos com uma metodologia longitudinal e que mostram que a obesidade saudável é um mito. Quer dizer, ela é uma situação transitória. Ela é saudável até que deixe de ser saudável. Mas, enfim, nós estamos discutindo aqui mais para vocês verem como… o pensamento crítico. Não caiam na manchete só porque ela diz… isso é um caça cliques.

Rodrigo Polesso: Com certeza. E faz sentido a gente saber que uma pessoa obesa… obviamente alguma coisa de errado deve ter. Enfim, a gente não pode cair no conto do vigário e achar uma desculpa que a gente se sinta feliz com ela. Porque essa desculpa pode ser completamente falsa. Mas esse primeiro aquecimento nem se compara à qualidade do que a gente vai ver agora em seguida. Olha só! Olha a manchete que saiu no jornal The Daily Mail, no Reino Unido. “O consumo de gordura é a única causa do ganho de peso. Dados inequívocos revelam que proteínas e carboidratos não são responsáveis pelo aumento da cintura”. Olha só… A gordura é a única coisa que causa ganho de peso, pessoal. Não tem dúvida. A base desse artigo aqui, que obviamente vai chamar clique, vou um artigo no jornal Cell Metabolism agora em julho, que o título do artigo é “Gordura na dieta, mas não proteína ou carboidrato, regula a ingestão de energia e causa adiposidade em ratos”. Beleza. Essa parte passou desapercebida. Se colocasse “rato” na manchete o pessoal não ia ver porque pouca gente tem rato de pet. Mas enfim, colocaram lá. Humano é quase igual. Bom, alguns podem até ser, mas a maioria não. E olha só… O que o estudo mostrou… Deixa eu ver se não estou pulando… Beleza… Então, novamente… O consumo de gordura é…

Dr. Souto: Inequivocamente.

Rodrigo Polesso: Inequivocamente. Eu fico confundindo. Mas enfim… Ou seja, não há dúvida que o consumo de gordura é a única causa de ganho de peso. Só que no próprio estudo, olha só o que os cientistas falaram, inclusive, e também não conseguiram explicar. Como eles mesmos dizem: “A adiposidade aumentou à medida que aumentamos a porcentagem de gordura até 60% da dieta. Mas quando aumentamos a partir daí, passou a declinar.” Ou seja, quando os ratos tiveram mais que 60% de gordura na dieta, eles começaram a controlar automaticamente bem as suas calorias e prevenir o ganho de peso. Então, obviamente, não é a gordura que causa ganho de peso, porque mais dela causa o efeito oposto. Mas agora, olha só. A combinação dela com os outros… 60% de gordura com os outros 40% de coisas que estavam dando aos ratos, provocava aquele problema. Ou seja, o corolário disso, na minha opinião. Quanto menos porcaria você dá ao rato, menos eles tendem a ganhar peso… E a comer corretamente, não é verdade? E começa a comer corretamente. E eu quero também adicionar aqui que eles estavam também adicionando açúcar líquido na comida dos ratos.

Dr. Souto: Que detalhe.

Rodrigo Polesso: É um pequeno detalhe. A proporção de carboidratos e proteínas nesses vários testes que eles fizeram nos ratos, nunca passou de 30%. Em uma dieta normal humana moderna, a quantidade de carboidrato facilmente ultrapassa 30% a gente sabe. E nós sabemos também que quanto mais parecidas são as proporções de carboidratos e gorduras na dieta, mais se promove o acúmulo de gordura. E a natureza, como eu sempre digo, já sabe disso, porque não existe nada na natureza que tem a mesma proporção de carboidratos e gordura. Outro detalhe interessante é que as rações feitas exclusivamente para engordar ratos e deixa-los obesos contém essas proporções parecidas de gorduras e açúcares. Ou seja, quando você começa a aumentar a ingesta de gordura nos ratos até 60%… Sendo que os outros 40% é açúcar e outras porcarias… Os ratos engordam. Que milagre. Que descoberta incrível. À medida que você aumenta para mais de 60% a ingesta de gordura dos ratos, o que acontece? Você diminui para menos de 40% a quantidade de porcarias e daí os ratos começam a perder peso e a comer corretamente. Eureca! Mas o que saiu no jornal, Dr. Souto, é isso. Está comprovado agora que gordura é a única coisa que engorda.

Dr. Souto: Não sei nem por onde começar. Vamos fazer uma análise da manchete. O consumo de gordura é a única… Vocês não estão vendo. Eu estou vendo a manchete em inglês aqui. O “único” está em letras maiúsculas, para salientar. Então, o consumo de gordura é a ÚNICA causa do ganho de peso, ponto de exclamação. Eu não consigo imaginar praticamente nada em biologia, medicina que tenha uma causa única. Causa única é um negócio que talvez a gente possa falar na matemática pura, na física teórica. Aquele negócio, sabe… Que a gente vê assim… Se eu tiver uma bolha de bilhar parada e uma outra bolar de bilhar da mesma massa vier se deslocando em linha reta, se chocar com a primeira bola, aquela primeira bola vai começar a andar… Sabe… Transferência de momento… A gente pode dizer que o que causou o movimento da bola foi a outra bola que se chocou. Fora desse mundo das ideias abstratas, o mundo real, esse no qual a gente vive, as pessoas engordam e emagrecem, as coisas têm múltiplas causas. A pessoa engorda porque ela está comendo muito carboidrato refinado… Sim, mas também porque ela está nervosa e isso está fazendo ela comer mais quantidade de comida… Mas ela engorda também porque existem substâncias obesogênicas que estão nos plásticos que embalam as coisas e isso aí perturba determinados hormônios do corpo. Além do que ela tem genes que ela herdou dos pais dela, que favorecem o ganho de peso… Em biologia, no mundo real, não existe a única causa. Então, se vocês leem qualquer coisa dizendo que nós encontramos a única causa do ganho de peso, pode tocar fogo, pode fechar. Aquilo ali não tem nenhum valor. Mas eles conseguem continuar na mesma linha, depois do ponto de exclamação, dizendo: dados inequívocos revelam que proteínas e carboidratos não são responsáveis pelo aumento da cintura. Bom… Inequívocos? Inequívoco significa que não resta dúvida. Mas como que não resta dúvida se o Rodrigo acabou de falar para vocês que a partir de uma certa quantidade de gordura os bichos começam a emagrecer?

Rodrigo Polesso: No próprio artigo.

Dr. Souto: Além do que, tem carboidrato na dieta junto. É muito, muito, muito bizarro. Bom, a outra coisa é a seguinte… A manchete não fala que a espécie em questão não é homo sapiens. E aí eu gostaria de perguntar assim, Rodrigo…

Rodrigo Polesso: É o rato sapiens.

Dr. Souto: Você sabia que é possível engordar um bode com capim? Se a gente der um capim fresquinho e der bastante para o bode… O bode vai ficar barrigudinho, vai ficar gordinho. Isso significa que o capim é a única causa do ganho de peso no ser humano? Isso significa que há dados inequívocos de que nem proteína, nem carboidrato e nem gordura são problemas. O problema é o capim, portanto, a celulose. A fibra é o problema. Porque bode engorda comendo capim. Por que eu falei de bodes? Porque bodes são tão relevantes para nós como ratos, na minha opinião, no que diz respeito à dieta. Deixe eu contar para nossos ouvintes que talvez não nos acompanhem há tanto tempo um detalhe muito importante e desconhecido de boa parte, inclusive das pessoas que leem literatura científica. Médicos e nutricionistas. É sabido que roedores tendem a ganhar peso numa dieta de alta gordura. E é sabido que isso não é reprodutível no ser humano. Inclusive, quando eu digo “é sabido”, eu estou dizendo o seguinte. Existem 72 – se não me engano – ensaios clínicos randomizados realizados até a presente data comparando a dieta de baixo carboidrato e alta gordura com dieta de baixa gordura para perda de peso. Nunca houve, em toda essa história de todos esses ensaios clínicos randomizados, um único estudo que tenha mostrado que uma dieta pobre em gordura é mais eficiente para perda de peso do que uma dieta pobre em carboidratos e rica em gordura. Vou repetir para ficar bem claro. Todos os estudos que compararam dieta low carb, de baixo carboidrato, e portanto de alta gordura, com uma dieta de baixa gordura ou o resultado foi igual porque os grupos foram obrigados a manter uma ingesta calórica idêntica, ou então o grupo com mais gordura teve uma maior perda de peso – emagreceu mais. O grupo que comeu mais gordura emagreceu mais. Então, a gente já sabe que essa manchete é falsa em seres humanos. De que forma explicar no jornal que uma outra espécie de animais tem um efeito diferente… De que forma isso pode ser interessante ou útil para qualquer coisa? A única explicação é a que o Rodrigo já deu. No início, quando ele falou assim… Poxa vida, nem tem tanta gente assim criando rato como pet. Se você, que está nos ouvindo, cria camundongos ou ratos como animais de estimação, e você está preocupado que o bicho possa ganhar muito peso, eu sugiro não dar uma gordura tão rica… Desculpa, uma dieta tão rica em gordura para seu camundongo ou para seu rato. Até porque seu camundongo e seu rato, na natureza, comem o quê? Sementes, grãos, oleaginosas. Eles comem grama, eles comem celulose, essas coisas… Porque esses bichos não são pessoas. A única coisa que é semelhante dessas espécies de animais, camundongos, ratos e pessoas é que… Eu acho que eu acho que um rato ou camundongo seria capaz de escrever uma manchete parecida.

Rodrigo Polesso: Eu acho que sim.

Dr. Souto: É incrível. Nós estamos em 2018. Até as pedras sabem que low carb emagrece. Digamos assim… A narrativa já mudou. Hoje em dia as pessoas não vêm mais dizendo assim, “Olha, esse tipo de estratégia não funciona para perder peso.” As pessoas ou querem dizer que não é bom para sua saúde… Tipo perde peso, mas não é bom para a saúde… Ou então elas dizem, “Ah, o problema é que no longo prazo deixa de funcionar.” Aí eu sempre digo, bom, no longo prazo, qualquer coisa que você deixar de fazer vai deixar de funcionar. Não importa o que seja. Mas tipo, em 2018, pessoas racionais e que leem a literatura, e que estudam o mínimo já sabem que uma dieta de baixo carboidrato e, portanto, proporcionalmente com mais gordura, em humanos produz perda de peso. Então, cara, que coisa bizarra isso aqui. Daily Mail. Não esqueçam disso. Quando vocês lerem alguma coisa no Daily Mail sobre qualquer assunto, pensem que do ponto de vista editorial eles são capazes de produzir esta manchete. “O consumo de gordura é a única causa do ganho de peso”, sendo que nos humanos a gente tem uma associação inversa do consumo de gordura com o ganho de peso. E em seguida vem: “Dados inequívocos relevam que proteínas e carboidratos não tem nada a ver com ganho de peso.” Isso aí. Daily Mail. Parabéns para eles. Acho que merecem uma salva de palmas.

Rodrigo Polesso: Merece um trofeuzinho de burrice. Mas olha só… Essa questão de você comer proporções parecidas de gorduras e carboidratos isso engorda o ser humano também. A gente sabe disso. Inclusive, se você digitar no YouTube: os alimentos que mais engordam no mundo. Eu fiz um vídeo há um tempo atrás falando justamente disso. Citei lá 11 alimentos que eu julgo que são os que mais engordam no mundo. Você pode procurar depois lá. Mas a justificativa é justamente essa. São alimentos que tentam juntar artificialmente, porque não existe na natureza em mesma proporção, 50% carboidrato, açúcar, amido, 50% gordura. Isso engorda rato, isso engorda humano, pode ter certeza. À medida que essa proporção vai se distanciando… Seja maior… Mais carboidrato, menos gordura, você começa a ter menos efeito obesogênico também. Então, tomem cuidado com isso aí. Como eu falei, a natureza já sabe. O abacate é rico em gordura, pobre em açúcar. A fruta é rica em açúcar e é pobre em gordura. Não tem exceção na natureza. A natureza já sabe que essa combinação é perigosa. Isso só é possível fazendo ração. Só é possível fazendo alimentos na indústria, batatinha frita, por exemplo, que você come. Esse tipo de coisa… Churros, donuts, esse tipo de coisa… Engorda em tempo recorde. Se esse for seu objetivo, virar um lutador de sumô e morrer 20 anos antes, você pode seguir essa receita.

Dr. Souto: Agora, se você tiver um coala como pet, cuidado. Muito eucalipto pode engordar seu coala. E a manchete seria, “As folhas de eucalipto são a única causa do ganho de peso e dados inequívocos confirmam que todo o resto não engorda. A única coisa que engorda é folha de eucalipto.” É bizarro usar outras espécies, especialmente espécies que comem coisas tão diferentes de nós como exemplos para botar manchetes bizarras. Olha, não tem explicação.

Rodrigo Polesso: É irresponsável, sem dúvida. Mas tem mais um pouco de vexame científico vindo a seguir, depois do break do caso de sucesso do dia. Quem mandou foi o Laércio Mafra. Ele enviou o seguinte: “Terminei o desafio dos 30 dias e perdi 10 quilos. Espero poder continuar perdendo e atingir a minha meta. Abraço a todos.” Ou seja, 4 semaninhas colocando uma alimentação forte e o desafio, primeira fase, é inerentemente mais baixo em carboidratos. Lá tem o que fazer de semana em semana, mas é mais baixo em carboidratos e mais alto em gordura. Mais uma prova empírica de que essa manchete está completamente errada. Perdeu 10 quilos em questão de 4 semanas, pessoal. Está aí. Tem provas em tudo quanto é lugar. Se você quiser seguir também o programa Código Emagrecer de Vez. Pegar esse desafio que é a fase 1 e ver que resultado você tem, entra aí em CodigoEmagrecerdeVez.com.br e veja a apresentação lá. Beleza. Vamos lá, então. Para a gente fechar esse terceiro tópico aqui… No episódio número 123… Faz dois episódios só… A gente falou do escândalo de que um falso estudo científico publicado… E repercutiu no mundo inteiro, dizendo que chocolate poderia ajudar no emagrecimento. Bom, a Folha postou recentemente mencionando outro caso parecido de ciência falsa, que dizia que extrato de própolis seria mais eficaz do que quimioterapia contra o câncer. Isso levanta mais uma vez o enorme e crítico problema que a credibilidade científica enfrenta… Um problema de credibilidade científica nos dias de hoje, onde falsos autores, falsos estudos… E estudos extremamente mal conduzidos e tendenciosos podem conseguir ser publicados em revistas científicas de baixa qualidade, influenciando a mídia e também a opinião das pessoas. Esse é um artigo bem bacana da Folha, na verdade. Eles citam várias coisas, inclusive esse artigo que a gente citou no podcast 123 do chocolate. Outros casos também. Eu vou colocar na referência como sempre, no artigo desse podcast. É só você acessar o EmagrecerDeVez.com. Tem a transcrição completa e também todas as referências. Mas veja essa última parte, Dr. Souto, que eles mencionaram nesse artigo. Achei bastante interessante. Dois parágrafos só. Quando eles vão listando coisas que aconteceram para mostrar quão podre está a situação. Eles dizem: “Recentemente, um grupo de pesquisadores inventou uma falsa acadêmica, a Dra. Anna O. Szust. A palavra ‘Szust’ quer dizer ‘fraudadora’, em polonês. A Dra Szust enviou seu currículo a publicações acadêmicas legítimas e predatórias, solicitando um posto como editora. O currículo incluía publicações e diplomas completamente falsos, assim como eram falsos os nomes das editoras de livros para os quais ela afirmava ter contribuído. As publicações legítimas rejeitaram sua candidatura imediatamente. Mas 48 das 360 publicações predatórias a aceitaram como editora. Quatro delas fizeram de Szust sua editora-chefe. Uma das publicações lhe enviou um email dizendo que ‘é um prazer para nós adicionar seu nome ao expediente da revista como editora chefe, sem quaisquer responsabilidades.’” Meu Deus do céu, cara. Isso mostra, pessoal, que 48 publicações, revistas, periódicos online da área da saúde, ciência nutricional, aceitaram um pedido de editora chefe ou editora que seja, completamente falso em todos os aspectos… 48 das 360. É complicado, hein, Dr. Souto.

Dr. Souto: O que a gente faz quando a gente está citando essas coisas para vocês é chamar a atenção para o fato de que realmente não dá para cair de forma ingênua em qualquer manchete que sai em jornal, qualquer manchete que sai em revista. Aí aquele amigo seu vê e já diz assim, “Viu? Essa dieta aí faz mal!” Ou faz bem. A coisa não é assim. Então, por isso que às vezes a gente enfatiza. A gente diz, olha, pessoal, saiu um novo ensaio clínico randomizado mostrando que é possível produzir remissão de pré-diabetes em 100% dos pacientes que fazem uma abordagem low carb. E a gente fala… Saiu publicado no Lancet. Saiu publicado na revista New England Journal of Medicine.

Rodrigo Polesso: E a gente avalia os métodos.

Dr. Souto: A gente, primeiro, vê que é uma revista legítima, que não é uma publicação predatória. Não é uma revista fake, uma revista científica fake. Segundo, a gente vai lá e avalia os métodos. Vê como que foi feito. Vê se está metodologicamente correto. Claro, dá um certo trabalho. Agora, um jornalista da área científica também deveria fazer a mesma coisa, né? Isso aqui, o que eles fizeram? Eles criaram um estudo falso e inventaram tudo falso e mandaram para uma revista sabidamente predatória. O que é uma revista predatória? Uma revista científica tem o mecanismo da revisão pelos pares. Então, você submete seu trabalho. Pessoas da mesma área, pesquisadores, serão selecionados para avaliar se o trabalho está bem feito e só se o trabalho estiver bem feito ele vai ser publicado. Nessas revistas predatórias ninguém avalia coisa nenhuma. Pagando 600 dólares, eles publicam. Então, olha só. O estudo era fictício. Os dados inventados e os autores afiliados a um instituto de pesquisa imaginário. Também não existiam. No entanto, a publicação foi aceita em menos de 10 dias e publicada no dia 24 de abril. Então, para quem está nos ouvindo e não é da área científica, não é raro que ao invés de 10 dias, leve 10 meses para conseguir publicar um estudo científico numa revista real, numa revista científica verdadeira. Porque é submetido… É enviado para os outros pesquisadores de forma anônima. Eles não sabem quem escreveu e a gente também não sabe quem eles são. Eles vão olhar e fazer críticas. Aí eu vou ver o trabalho, “Olha, não está bom”. “Isso aqui eu tenho uma dúvida.” “Isso aqui tem que ser refeito.” “Esse gráfico aqui está mal feito. Faz melhor.” Vai essa ida e volta até que o artigo seja publicado. Isso é na ciência de verdade. Agora, nessas revistas aí… Basta pagar 600 dólares e em 10 dias está publicado. Qual é o problema, pessoal? O problema é que o PubMed… Aquele banco de dados que a gente usa para pesquisar artigos científicos… Tem revistas predatórias indexadas ali. Então, uma pessoa completamente leiga em ciência diz assim, “Eu vou entrar no tal do PubMed. Vou pesquisar o que tem aqui sobre água alcalina.” É uma picaretagem. Aí a pessoa vai encontrar artigos no PubMed dizendo que aquilo ali é bom, mas aí vai ver e é na revista de Medicina Alternativa do Azerbaijão, que é uma revista predatória. Aceita grana para publicar. Não tem um peer-review de verdade. Então, a gente tem que avaliar a qualidade da publicação, a qualidade dos métodos, ver se não é uma revista predatória. Não é realmente uma coisa fácil para quem que é completamente leigo nisso aí. Daí que a gente tenta ajudar vocês, dando a dica e tal. Tem lá o meu blog, onde eu seleciono os artigos que são interessantes. A gente sempre cita alguns autores que são legais de seguir. Tem Zoë Harcombe no Reino Unido. Tem o Mark Sisson. Tem pessoas que fazem esse trabalho de filtrar o que presta e o que não presta para vocês que não são da área.

Rodrigo Polesso: Sim. Esse aviso eu acho que é bem importante para o pessoal que está ouvindo e trabalha na mídia… Está ciente desses perigos… Das publicações predatórias. Porque muitas vezes as pessoas normais, as pessoas do dia a dia, elas acabam ficando sabendo desses artigos, como a gente está vendo esses absurdos de hoje aqui… Que eles foram repercutidos pela mídia. A mídia não fez a parte dela de ser cética e criticar… E competente na avaliação das fontes usadas nos artigos. Então, se a gente puder instruir esse pessoal da mídia a ser mais crítico e avaliar um pouco mais as fontes dos artigos, a gente pode diminuir pelo menos o impacto na população de informações erradas. Outra coisa que eu estava vendo agora recentemente… Muito cuidado, pessoal. Cuidado com médicos YouTubers. Muito cuidado com médicos YouTubers. Eu estava até falando com minha namorada hoje… Parece que para ser popular no YouTube você precisa ser incompetente na questão médica. Eu fico abismado com isso. Impressionante você ver os maiores canais e você vê a quantidade de besteira que é dita lá. E as pessoas têm mais de um milhão de seguidores. Hoje eu estava vendo… Por engano eu cliquei… Por engano não. Eu cliquei e tinha um milhão e meio de inscritos. É um médico. Não vou citar o nome aqui. É um médico que estava claramente dando dicas e incentivando… Por exemplo, consumo de… Para as mulheres que querem aumentar o tamanho dos seios… Estava dando dica e incentivando o consumo de alimentos fontes de estrogênio. Em particular a soja. Em particular, enfatizando a necessidade do consumo da soja se você quiser aumentar isso. Tem um grande corpo de evidências apontando vários problemas da soja. Você pode ter um seio maior, mas ter um câncer de bônus depois.

Dr. Souto: E será que existe alguma evidência de que comer soja vai aumentar o tamanho do seio? Acho pouco provável, Rodrigo.

Rodrigo Polesso: Esse é outro ponto fraco, na verdade. Outro ponto fraco.

Dr. Souto: Tem um ensaio clínico randomizado? Um grupo come soja, o outro não e vão medir a circunferência torácica?

Rodrigo Polesso: Não que eu saiba. Mas se você assiste o vídeo, você se convence porquê… A falácia da autoridade… A autoridade está falando. O cara é médico. Então, pessoal, não cai nisso. Eu só vi a thumbnail de outro vídeo. Não cliquei. Ele falou… “Deixe o seu organismo alcalino e viva mais.” Você acabou de falar da água alcalina que é picaretagem. Não tem estudos, pessoal. Isso é picaretagem. E se você deixar seu organismo alcalino, você morre instantaneamente. Só uma observação. Ou deixar ácido também. O seu corpo faz todo esforço possível… A sua vida depende do seu corpo manter um pH estável no corpo. Então, não existe essa de você comer um quilo de folha e deixar seu organismo alcalino. Então, se uma pessoa quer vender água alcalina, shakes e o caramba a quatro… E explicando que você precisa deixar o organismo alcalino, cuidado com essa informação, pessoal. Cuidado com médicos YouTubers.

Dr. Souto: Rodrigo, uma outra coisa que precisa cuidar muito é o seguinte. Finalmente… A gente fica feliz por isso… A abordagem de comida de verdade, low carb e tal, está entrando na moda. E à medida que entra na moda, passa a ser explorada por gente sem escrúpulos. Porque o pessoal descobre que se escrever low carb o pessoal vai querer comprar. Low carb emagrece. Eu estou aqui com o WhatsApp aberto e vi uma mensagem da Dra. Janaína Koenen, que é endocrinologista, que segue uma linha low carb lá em BH, Belo Horizonte. Mandou um WhatsApp inacreditável. O nome do produto chama-se “Muffin Sem Culpa”, com gotas de chocolate. Aí está escrito ali. Sem lactose, sem açúcar, low carb e 100% natural. Rodrigo, eu vou ler os ingredientes e eu gostaria da sua análise. Ingredientes… O primeiro ingrediente é farinha de cenoura. Farinha de cenoura.

Rodrigo Polesso: Puro carboidrato.

Dr. Souto: Comer cenoura não chega a ser um problema numa dieta low carb, porque a cenoura é 80% água. Agora, farinha de cenoura… É puro carboidrato. Farinha de quinoa.

Rodrigo Polesso: Puro carboidrato, com um pouco de proteína, mas aí é proteína inútil.

Dr. Souto: Proteína isolada de soja. Você gosta de proteína isolada de soja?

Rodrigo Polesso: Olha a soja…

Dr. Souto: Depois, o próximo ingrediente é extrato de soja.

Rodrigo Polesso: Caramba! O que é isso?

Dr. Souto: O próximo ingrediente é farinha de… Arroz!

Rodrigo Polesso: E não é carboidrato, né, pessoal?

Dr. Souto: Mas a farinha de arroz, Rodrigo, acho que você vai ficar bem mais tranquilo agora. Farinha de arroz integral.

Rodrigo Polesso: Ufa! Então tem antinutrientes de brinde também. Que bom.

Dr. Souto: Próximo ingrediente é fécula de batata.

Rodrigo Polesso: Você está de brincadeira.

Dr. Souto: É sério. O próximo ingrediente é fécula de mandioca. O próximo ingrediente é purê de damasco. Imagina um purê de damasco… A quantidade de açúcar que é isso. Eu não estou falando em comer um damasco, comer uma fruta. Estou falando num purê de damasco. Ou seja, está escrito sem açúcar ali, porque eles estão adoçando com purê de damasco.

Rodrigo Polesso: E eles falaram que era low carb.

Dr. Souto: Seria a mesma coisa que eu botar “sem açúcar”, mas é adoçado com cana esmagada. Aí vem o adoçante natural stevia. Depois ovo, óleo de coco orgânico… Porque claro. Gotas de chocolate 80%. Finalmente chegamos em algo low carb, além do óleo de coco e do ovo. Cacau, goma xantana, gelatina, cúrcuma e bicarbonato de sódio. Bom, pessoal… Veja bem. Está escrito “low carb”. Então, não dá para comprar as coisas sem olhar o rótulo. Nunca! O ideal é que na maior parte do tempo vocês comam alimentos que não têm rótulos, porque aí não tem enganação. Quando a pessoa compra uma batata, a pessoa já sabe que está comprando uma coisa que é rica em carboidratos. Quando ela compra uma posta de peixe, ela já sabe que está comprando uma coisa pobre em carboidrato. Mas quando eu compro um bolinho escrito “Muffin Sem Culpa” e que está escrito “low carb” na frente, cara… Aí os ingredientes são farinha de cenoura, farinha de quinoa, proteína de soja, farinha de arroz… Poucas coisas são tão carboidrato, tão amido quanto uma farinha de arroz. Exceto talvez pela fécula de batata, que vem logo depois, que é amido puro. Fécula, pessoal, é um outro nome para quando a gente purifica o amido de uma raiz. A gente chama amido purificado de raiz de fécula. Por isso que tem fécula de batata. E se não bastasse, tem fécula de mandioca.

Rodrigo Polesso: Pois é, para que os dois?

Dr. Souto: Então, assim… É triste, porque o que acontece… A pessoa quer perder peso… Ouviu falar que low carb é bom. Ou pior, a pessoa é diabética… Precisa consumir alimentos low carb para não elevar sua glicose… Vai lá e compra um absurdo desses.

Rodrigo Polesso: Criminoso isso aí.

Dr. Souto: Uma outra amiga minha mandou uma foto ontem que mostrava uma bebida de coco. Então, olha só. Não era água de coco, porque água de coco tem uma definição. Aquele troço que fura o coco e sai de dentro. Leite de coco também em princípio… Era bebida de coco numa caixinha Tetra Pak. O primeiro ingrediente era água. E o segundo ingrediente era o quê? Açúcar! Não era coco. O segundo ingrediente não era coco. O segundo ingrediente era açúcar. Mas o produto está lá. Ele é sem glúten. Ele é sem lactose. E é sem colesterol.

Rodrigo Polesso: É com problema.

Dr. Souto: Então, assim… Basicamente, as pessoas têm noções muito tênues. A pessoa ouviu falar que sem glúten é bom. A pessoal ouviu falar que sem lactose é bom. A pessoa ouviu falar que sem colesterol é bom. Então, o que a indústria faz? Pega lixo cheio de açúcar como isso aqui que a gente leu para vocês, ou como o troço de coco esse… E coloca todos esses rótulos. São rótulos que imediatamente chamam atenção de uma pessoa bem superficial do que é saudável e do que não é. E a pessoa leva aquilo para casa, coitada, achando que está arrasando, que está abafando. “Comprei uma bebida de coco sem colesterol!”

Rodrigo Polesso: Exatamente. É criminoso isso aí. Só tem um antídoto a isso, e é informação. Por isso que a gente passa 125 podcasts falando, enfatizando esse tipo de coisa para vocês. E falando em alimentação, por que não fechar não fechar com o banquete que você degustou na última refeição?

Dr. Souto: Banquete é meio forte…

Rodrigo Polesso: Só para nível impactante mesmo…

Dr. Souto: Eu comi um picadinho de carne vermelha com colesterol e gordura saturada. Então, picadinho de carne vermelha com molho vermelho, molho de tomate, tomate pelado, cebola, essas coisas gostosas. E cenourinha picada. Mas não era farinha de cenoura, viu, Rodrigo? Não, era cenoura mesmo. Nada muito complicado, mas estava muito gostoso. Repeti. Isso foi 11:30. Agora são 18:45. Faz umas 8 horas e não senti falta de comer nada desde lá.

Rodrigo Polesso: Não. Com certeza. Também comi um baita de um bife aqui com um pouco de fígado de galinha. Tudo sem soja. Um avocado e de sobremesa uma fatia de queijo de cabra, que eu acho uma delícia. Faço duas refeições por dia só, muito tranquilamente. O pessoal às vezes… “Mas como que é possível?” Faz… Come direito e você vai ver que é impossível você querer comer lanche. Você não sente a mínima vontade de fazer lanche. É muito prático. Você só pensa em comida 1 ou 2 vezes por dia se você come bem. É um estilo de vida libertador eu diria.

Dr. Souto: Libertador. Ainda hoje eu ouvi de uma paciente no consultório essa expressão. Ela disse que é libertador não precisar ficar o tempo todo controlando, comer sem fome… É tão bizarro que a gente tenha que explicar para uma pessoa que ela não é obrigada a comer sem fome… A que ponto chegamos?

Rodrigo Polesso: Que absurdo. Mas é isso. Vamos fechando esse podcast aqui. Esse episódio, espero que tenha sido útil para você que está nos acompanhando aqui. Se você quer conhecer mais sobre a Tribo Forte, você pode entrar em TriboForte.com.br. Veja lá o que te espera lá dentro na área de membros. Quer tornar um membro lá? E se você quer ir no evento, encontrar a gente lá, é também no TriboForte.com.br/AoVivo. Beleza, pessoal? Abraço, Dr. Souto. A gente se fala na próxima semana.

Dr. Souto: Abração. Até a próxima.