Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!
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Neste Podcast de perguntas e respostas falamos, entre outras coisas, sobre:
- Aquarius fresh, “água saborizada” da Coca Cola;
- Também sobre o H2OH! da Pepsi…
Escute e passe adiante!!?
Saúde é importante!
OBS: O podcast está disponível no iTunes, no Spotify e também no emagrecerdevez.com e triboforte.com.br
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Ouça o Episódio De Hoje:
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Caso de Sucesso do Dia
Transcrição do Episódio
Rodrigo Polesso: Olá, bem-vindo a mais um podcast da Tribo Forte, mais um episódio especial de perguntas e respostas que o pessoal tanto gosta. A gente tenta fazer de tempos em tempos esse bate bola, respondendo perguntas que a comunidade manda nas diversas mídias sociais. Tem perguntas de todos os tipos. Normalmente esses episódios de perguntas e respostas é um grande mexidão com coisas de várias áreas do estilo de vida saudável, alimentação, estilo de vida… a gente nunca sabe o que vai acontecer. Hoje tem uma seleção de perguntas para a gente começar esse bate bola. Antes da gente começar, deixa eu dar as boas-vindas ao dr. Souto nesse podcast. Tudo bem, dr. Souto? Como vai por aí?
Dr. Souto: Tudo bem, Rodrigo! Boa tarde e boa tarde aos ouvintes!
Rodrigo Polesso: Então vamos lá! Como a gente sempre fala, tem vários tipos de pessoas que escutam a gente. Tem gente que é bem iniciante, gente que caiu de paraquedas aqui num podcast aleatório da Tribo Forte e não tem um conhecimento anterior do que a gente faz ou de um estilo de vida saudável, muito menos em medicina baseada em evidência, em nutrição baseada em evidência. Então, tem perguntas muito simples, tem perguntas um pouco mais delicadas, um pouco mais complexas. É um mix bacana e dinâmico que a gente pode cobrir. A primeira pergunta de hoje vem do Ricardo David, que é uma pergunta dessas que entra na categoria das mais simples, mas realmente levanta um problema muito sério nessa área de emagrecimento. Principalmente essa luta entra a indústria e a verdade, digamos assim. A gente nunca sabe qual dos dois é qual. E olha só, a pergunta do Ricardo David é a seguinte: “Aquarius Fresh e H2OH é uma boa ideia para emagrecer?” Eu até dei uma respirada antes dessa resposta. Aquarius Fresh, acho que todo mundo sabe, é “água saborizada” da Coca-Cola. Na verdade, é um refrigerante de baixa caloria. É isso que ele é. E a H2OH é mesma coisa, só que é da Pepsi. Lembrem-se: Coca-Cola e Pepsi. Os ingredientes de ambas essas “águas saborizadas”, ambos os refrigerantes, são os seguintes… você pode ver que se distanciam um pouco de água. Olha só, ingredientes: água gaseificada, suco de limão 2,5%, aroma natural (seja lá o que é isso), conservador sorbato de potássio e benzoato de sódio, edulcorante aspartame (que é o adoçante, aquele que tem vários estudos mostrando que potencialmente pode causar problemas a longo prazo) tem acesulfame de potássio (essa dupla sempre está aí adoçando a Coca zero e etc.), também tem acidulante (ácido cítrico, um conservante), tem um sequestrante EDTA cálcio dissódico também. Mas a boa notícia é que não contém glúten. Então é isso. Eu não sei você, mas eu hesito um pouco toda vez que uma bebida contém um sequestrante. É meio estranho isso aí! Essas bebidas são a definição, basicamente, do que não é a alimentação forte. A gente sabe disso. O ingrediente bom parou na água, na água gaseificada. Depois todo aquele resto são coisas estranhas. E outra coisa, acho que a gente tem que acabar com essa ilusão popular de que algo sem calorias, de que algo que não tem caloria é automaticamente saudável. Quando a gente fala do veneno de cobra… Veneno de cobra é bem pouco calórico, mas não é saudável. E o problema dessas águas é que elas são de certa forma um veneno, só que um veneno que você não sente a dor na hora. É uma coisa que vai construindo coisas negativas no corpo ao longo das décadas. E tem um gostinho bom, para piorar. Então, se você perguntasse: isso emagrece? É difícil de responder. Agora, mais importante que a resposta sobre emagrecimento, na minha opinião, seria: essas coisas, a longo prazo são coisas que vão te ajudar a ser uma pessoa mais saudável, ou não? Eu coloco essa pergunta de volta como resposta, na verdade. Dr. Souto, talvez você que atende pessoas cara a cara no escritório, deve ter ouvido coisas do gênero, até a respeito da Coca zero, que consegue ser um pouco pior, mas não é tão diferente assim se a gente for analisar os ingredientes. O que você costuma dizer para essas pessoas?
Dr. Souto: Bom, Rodrigo, a primeira coisa é que esses dos produtos são refrigerantes. Eles simplesmente utilizam um marketing um pouco diferente. O título H2O2, se não me engano é esse o título. Bom, primeiro se fosse H2O2 não dava para beber, porque ia ser água oxigenada, ia ser peróxido de hidrogênio.
Rodrigo Polesso: É H2OH.
Dr. Souto: Isso, H2OH! Que também não é… Na realidade o que é isso? Eles colocaram porque todo mundo sabe que H2O é água, então a pessoa lê aquilo e fica com a impressão de que é água. Não, na realidade é um refrigerante. A primeira mensagem para o nosso ouvinte sobre a pergunta sobre H2OH e Aquarius, é que na verdade você está perguntando assim: refrigerante dietético pode ou não pode? Refrigerante dietético ajuda ou não ajuda? Porque não há nenhuma diferença entre esses dois produtos e qualquer outro refrigerante. A diferença é sensorial. Usa um pouquinho menos de adoçante. Esses são para um público que não quer beber algo tão doce. Essa é a única diferença. O que eu penso? Eu acho que depende. Como o Rodrigo disse, eu atendo pessoas e vejo que existem diferentes perfis. Existe aquela pessoa que se você disser que ela não pode beber nenhum refrigerante, ela vai dizer que vai continuar comendo pizza, massa e pão. Quer dizer, é aquele sujeito que está no limiar entre tentar seguir uma mudança de estilo de vida ou largar tudo e engordar mais 30 kg. E você é a única pessoa que está entre ele e esses dois destinos. Nesse momento a gente tem que negociar. E essa negociação muitas vezes significa: entre um refrigerante com açúcar e um refrigerante sem açúcar, escolha a opção sem açúcar. Depois essa pessoa pode estar com o paladar modificado. Daqui a 90 dias a pessoa nem está mais com tanta vontade de tomar refrigerante. Tem tomado água com gás e um limão espremido e aquilo ali está sendo uma delícia. Aí esse é o momento da gente dizer: quem sabe vamos tentar diminuir um pouco… Eu não acho necessariamente que os adoçantes artificiais vão ter grandes problemas metabólicos se eles forem consumidos não o tempo todo, não em grande quantidade, não todos os dias. Agora, o resumo da ópera é assim: depende do caso. Se você puder… Se a pergunta é: o que é melhor? Eu acho que a resposta inequívoca é que o melhor é água, ou uma limonada, ou um suco de maracujá. Estão aí os exemplos de duas frutas que a gente pode fazer suco, porque praticamente não tem açúcar. Maracujá e limão, uma água com gás… isso seria o ideal. Agora, se a pergunta for: o que é melhor, refrigerante dietético ou um refrigerante com açúcar? A minha opinião sem piscar, sem nem pensar é que o dietético é melhor. Porque o açúcar vai ter um impacto muito pior (do ponto de vista metabólico). Com isso, eu não estou dizendo que o impacto do adoçante artificial é nulo. Eu estou dizendo que ele é menor do que o do açúcar.
Rodrigo Polesso: E a longo prazo a gente não sabe muito bem. Esse é o problema. Mas eu concordo plenamente. O impacto metabólico do açúcar é imediato. E para pessoas que estão com problema metabólico isso vai ser sentido já. Do outro lado da moeda, talvez essa outra não seja tanto assim. O problema é que eu até vi em 2009, parece que tinha uma liminar… não lembro de qual órgão do governo que era, tentando colocar abaixo a comercialização desses dois refrigerantes, porque os dois usam essa questão do marketing de apelar como se fosse uma água, uma água saborizada.
Dr. Souto: É, porque veja bem, água saborizada, Rodrigo, é outra coisa. Água saborizada é água na qual foi colocada uma essência, tem um sabor. Por exemplo, o sabor característico da laranja é um determinado ácido carboxílico, que pode ser sintetizado em laboratório. Então respondendo à sua pergunta: é isso o que significa sabor idêntico ao natural. A molécula é a mesma, é literalmente a mesma. Só que ela não foi extraída de uma laranja, ela foi sintetizada. Mas é a mesma molécula. Se a gente botar aquele aroma de laranja em uma água, a gente pode chamar isso de água saborizada que não é um refrigerante, não tem adoçante, não tem conservante, não tem corante, não tem nada. É água com cheiro de uma fruta. Isso é água saborizada. De certa forma é parecido com a diferença entre uma limonada ou a gente pegar uns limões e deixar dentro de uma água, que é aquilo que às vezes tem em eventos. Aquilo é uma água saborizada. Claro, ali foi saborizado naturalmente, pela fruta mesmo. Mas esse H2OH e Aquarius, isso não é água saborizada, isso é refrigerante. Refrigerante tão refrigerante como qualquer Coca-Cola.
Rodrigo Polesso: Exatamente! E realmente estava pegando nessa questão, porque os dois tentam implicar que são água. Um é H2OH, H2O o nome e o outro é Aquárius, aqua. Estão mentindo pra gente, iludindo.
Dr. Souto: Na verdade é muito comum isso. É uma coisa que a gente bate. Quem esteve no Tribo Forte ao vivo, eu falei muito sobre isso, quem não esteve lá e é sócio do Tribo Forte, vai poder assistir as palestras na íntegra. Então vocês vão ver ali que tem muita coisa que está de acordo com a lei, não é ilegal, mas que induz o consumidor ao erro. E esse aí é um grande exemplo. Então, sim, se vocês olharem o rótulo não está escrito que é água. Está escrito que é um refrigerante de limão numa letra bem pequena. Mas o rótulo evidentemente induz o consumidor ao erro. Não há nenhuma dúvida que o objetivo do marketing de quem desenhou aquilo era fazer uma garrafinha que lembra água, escrito com uma linguagem que lembra água.
Rodrigo Polesso: Exatamente! Vamos para a próxima pergunta que vem da Mel Rosa. Ela fala o seguinte: “Oi, tudo bem? Eu acho maravilhoso o estilo de vida saudável, porém eu tenho medo de desanimar e cair nas tentações da madrasta indústria. Eu estou com saúde e peso muito bons. O que você me diz sobre isso?” Quem mandar ver? O medo, o medo, o medo…
Dr. Souto: É, na realidade, se vocês pensarem isso vale para tudo e não só para a alimentação. Eu também posso estar me referindo à questão de que eu deveria estar lendo alguma coisa útil ou estudando, mas eu estou exposto à madrasta televisão aberta… a ver programa dominical na TV de tarde. Então, assim, a gente está sempre exposto a situações…
Rodrigo Polesso: A tentações, não é?
Dr. Souto: Sabe que se a gente for pensar, o que é estar vivo? Estar vivo é lutar contra a entropia. Só lembrando, quem ouviu falar há muito tempo atrás disso, a entropia é o caos. Tudo tende ao caos. Se você deixar as coisas… se você deixar a pia sem tomar conta dela, ela não vai se arrumar sozinha, ela vai se encher de louça suja, certo? Assim como a gente tem que fazer um esforço para que a louça fique limpa e a pia fique organizada, na vida também é assim. Tudo o que a gente não botar energia vai virar o caos. Isso serve para a mente da gente, isso serve para a saúde da gente. Uma célula é uma coisa viva porque ela gasta energia para manter a sua organização interna às custas do aumento do caos ao redor dela. Eu acho que como metáfora isso serve para nós. Se eu quero ter uma vida mais saudável, eu vou ter que colocar um pouco da minha energia pessoal, de investimento, de força de vontade, no sentido de resistir à entropia, de resistir ao caos. Porque a tendência da pessoa é o sofá, é a TV aberta, é a comida lixo. E o que nos mantém vivos, assim como a célula, é lutar contra a entropia.
Rodrigo Polesso: Essa foi uma ótima metáfora!
Dr. Souto: Essa foi a resposta mais filosófica possível para essa pergunta!
Rodrigo Polesso: Exatamente! Mas foi boa e eu acho que passou a mensagem. E outra, não vivamos com medo. Acho que não é uma boa ideia a gente viver sempre com medo do que pode acontecer, mas viver com foco nas coisas boas que estão acontecendo. E uma forma da gente tentar evitar que o medo dessas tentações aconteça é você continuar a construir e a fortalecer esse hábito de estilo de vida saudável que você está fazendo. Porque quanto mais tempo a gente fica no hábito, mais difícil é da gente quebra-lo. Uma forma legal de manter esse hábito é você se rodear de um ambiente que te ajuda, um ambiente sinérgico que te ajude a manter esses hábitos. Se você quer ter um estilo de vida saudável e se você quer fazer parte de um grupo de pessoas que come porcaria o dia inteiro, você está com um conflito de interesses aí. Tem que pensar um pouco em facilitar a sua vida e tentar não focar tanto no medo do que pode acontecer, mas nas coisas de bom que estão acontecendo e que podem vir a acontecer. Dar uma perspectiva mais positiva à sua vida. Próxima pergunta! Essa pergunta não tinha vindo antes ainda. Quem pergunta é a Chela Gonzalez, ela pergunta: “Hipertenso pode tomar água com sal do Himalaia?” Diga lá, dr. Souto!
Dr. Souto: Nossa, tem tantas camadas nessa pergunta.
Rodrigo Polesso: Tem muitas camadas, por isso joguei para o teu colo!
Dr. Souto: Bom, a primeira questão é por que alguém na Terra tomaria água com sal do Himalaia?
Rodrigo Polesso: Isso foi a primeira coisa que eu pensei.
Dr. Souto: Mas tem uma outra camada anterior a essa. Por que o sal do Himalaia?
Rodrigo Polesso: É! Por que do Himalaia? Porque é bonito! É rosa!
Dr. Souto: É rosa! Eu tenho uma postagem sobre isso que eu recomendo a quem quiser dar uma lida. É só colocar no Google: Souto blog, ou Souto dieta + sal gourmet. Veja bem, eu não estou jogando pedra, porque houve um período na minha vida em que eu fui influenciado pela literatura de dieta paleo estrangeira e cheguei a gastar meu rico dinheirinho em sal do Himalaia. Depois, à medida em que a gente vai lendo, vai estudando, a gente é cético, a gente questiona, eu comecei a ver algumas coisas. Primeiro que o sal do Himalaia não vem do Himalaia. Segundo que todo sal, todo o sal vem do mar. Mas você diz assim: não, mas esse aí vem de minas. Sim, essas minas são antigos mares. O sal que tem lá no Paquistão, de onde vem esse sal aí, era um mar que secou e ali fica o sal. Mas ele é sal assim como o sal que tem no mar. E aquele sal ali era mar. Aí o pessoal alega que o sal do Himalaia tem muitos minerais. E esses minerais são importantes para o corpo, ali vamos ter magnésio, fósforo, potássio… não é só cloreto de sódio. Bom, essa é uma afirmação fácil de testar. Vamos ver, vamos avaliar e vamos procurar qual é a composição do sal do Himalaia. Nessa postagem eu fiz isso. E o que acontece é o seguinte, o sal, esse sal normal, sal de mesa, aqui para o Brasil vem todo do Oceano Atlântico e é feito por evaporação. Ele é 99% cloreto de sódio. E o sal do Himalaia? Ele é 98% cloreto de sódio. Então você está pagando uma fortuna, porque esse 1% a mais deve ser muito precioso! Resulta que para a gente conseguir quantidades adequadas de magnésio, por exemplo, consumindo sal do Himalaia, eu não tenho o número de cor, mas se não me engano precisaria comer 2,5 kg de sal do Himalaia para atingir as necessidades diárias de magnésio. Ao invés de comer 2,5 kg de sal do Himalaia, por que você não come uma couve? E aí fui em mineral por mineral. Se vocês olharem, tem páginas na internet que dizem assim: o sal do Himalaia contém 84 minerais importantes. Então fiz uma brincadeira naquela postagem. Eu disse assim: olha, a tabela periódica contém 92 elementos. Desses aí, tem vários que são gases nobres, esses aí não ficam no sal, porque são gases. E não combinam, porque são nobres. Depois tem vários outros que são metais pesados, que eu não quero comer. Assim, eu não faço questão de consumir chumbo ou mercúrio. Aí já tira um monte de elementos. Tem vários outros que são radioativos. Que também não me interessam. Se um dos elementos for plutônio ou urânio, eu prefiro o sal refinado. Então eu quero que vocês pensem. E é assim que a gente faz, é pensamento crítico, raciocínio. É evidente que dizer que o negócio tem quase a tabela periódica inteira lá dentro é uma coisa ruim e não boa. Porque a maioria da tabela periódica é tóxica. Nós, na realidade, só temos uns 20 elementos, mais ou menos, da tabela que estão presentes no nosso corpo. Tem quatro: carbono, nitrogênio, oxigênio e hidrogênio, que compõem 90 e não sei quantos por cento do nosso organismo. E o resto são traços que a gente precisa: sódio, potássio, cloro, etc. Bom, cloreto de sódio é o que mais tem em qualquer sal, e o resto tem pouquíssimo no do Himalaia. Então não gaste o seu dinheiro com isso, não tem necessidade. Agora, por que eu botaria isso na água para beber? Porque eu acho que a grande coisa pra gente fazer com sal é botar na comida para ela ficar gostosa. Eu não sei, mas eu não acho que beber salmoura seja algo agradável.
Rodrigo Polesso: Eu também não!
Dr. Souto: Eu não estou debochando do nosso ouvinte, por favor. É que eu gosto de usar um pouco a ironia para colorir o comentário, senão fica um troço científico seco.
Rodrigo Polesso: E ela não deve estar fazendo isso por gosto, deve estar fazendo isso por alguma recomendação que ela achou.
Dr. Souto: É, porque algum guru na internet disse que isso era uma coisa que tinha que fazer. Por exemplo, se você está no início de uma dieta de restrição de carboidrato e às vezes dá aquela gripe low carb, dor de cabeça, mal-estar, pressão baixa. Realmente, aumentar o consumo de sódio pode ser uma boa. E isso pode ser feito comendo, colocando sal na salada, colocando sal no ovo, comendo algumas coisinhas mais salgadas, tipo azeitonas, alcaparras, algumas nuts com sal. A gente tem tantas formas agradáveis de consumir sal, que realmente botar o sal… Eu acho que na realidade a pessoa foi enganada por alguma coisa que ela viu nas redes sociais, de alguém que disse que sal do Himalaia tem poderes mágicos. A gente já explicou que o sal do Himalaia é 98% cloreto de sódio e o resto são alguns contaminantes. Você sabe por que o sal do Himalaia é rosa? Porque um dos contaminantes é um óxido de ferro. É o mesmo motivo pelo qual a argila, a terra vermelha é vermelha. É o mesmo motivo pelo qual o planeta Marte é vermelho. É o motivo pelo qual o sal do Himalaia é rosa, porque tem um pouco de contaminação de óxido de ferro no meio de 98% de cloreto de sódio. Acho que nós ajudamos ele e ajudamos bastante gente a saber que o sal não precisa ser do Himalaia e pode ir na comida para realçar o sabor.
Rodrigo Polesso: Com certeza. E tem um ângulo, eu acho, para a gente fechar essa pergunta. Se a pessoa, como ela perguntou, é hipertensa em relação ao consumo adicional de sal, que tipo de medo ela precisa ter.
Dr. Souto: Pois então, para as pessoas que não são hipertensas, o consumo de sal deve ser guiado pelo paladar e em dietas que não tenham alimentos processados, está resolvido o problema. O estudo PURE, que a gente cita várias vezes, é mais um dos vários estudos que mostrou que o consumo de sal tende a ficar naturalmente, se guiado pelo paladar, numa faixa que não traz problemas. Onde a gente se engana é o seguinte: 70% do sódio que os brasileiros consomem vêm de alimentos processados, nos quais, às vezes, esse sal é imperceptível, está misturado com açúcar. Então o sal diminui a percepção do gosto doce e o gosto doce diminui a percepção do gosto salgado. No alimento processado é complicado isso. Agora, quem segue uma alimentação forte já está comendo plantas e bichos, comendo coisas que vem do açougue e da feira. E aí o uso do sal de acordo com o paladar resolve. Para os hipertensos, para quem tem hipertensão, existe um subgrupo dos hipertensos (que não é a maioria), se não me engano é em torno de 25% dos hipertensos que são realmente sensíveis ao sal, e que se consumirem mais sal a pressão piora e se consumirem menos sal a pressão melhora. É muito fácil você saber se você está nesse grupo, basta fazer uma semana uma dieta com sal a gosto e uma semana uma dieta restrita em sódio, de acordo com as diretrizes (menos de 2,5 gramas). E aí meça a sua pressão diariamente nas duas semanas e você vai saber se você é um deles ou não. Se a sua pressão não mudar, bote sal a gosto. É simples assim, é extremamente simples e eu não sei porque o povo complica tanto. Quando eu digo povo, eu estou falando dos médicos!
Rodrigo Polesso: Exatamente! Uma resposta bem completa! E vamos dar um brake aqui para dar os parabéns para o nosso caso de sucesso de hoje, que é o da Andréia. Ela mandou uma foto antes e depois. Bem grande a diferença. Ela emagreceu 21,1 kg seguindo o programa Código Emagrecer de Vez. Parabéns para ela! Obrigado por mandar a foto. Ela até editou, colocou antes e depois. A foto fica sempre no artigo onde tem a transcrição de cada episódio lá no EmagrecerDeVez.com. Se você tem interesse em seguir o programa é só você entrar em CodigoEmagrecerDeVez.com.br, que além de aprender o que fazer semana a semana, você vai aprender a base de tudo e se capacitar para seguir em frente com esse estilo de vida saudável pelo resto da vida. Vou passar para você também essa… é bem rápida. Vou passar a pergunta, tem 2 segundos e tem que responder. Quem pergunta é a Elza Reis, ela pergunta: “O que você acha de kefir?” Vai lá, Souto!
Dr. Souto: Azedo! Pronto! Em dois segundos é o que dá pra falar!
Rodrigo Polesso: Essa pergunta tem muito.
Dr. Souto: Muito. Inclusive tem uma postagem no Instagram da ABLC, aproveitando e fazendo uma propagandinha aqui, Associação Brasileira Low Carb. O Instagram é @ablc.org.br. E por favor, pessoal, entrem em @ablc.org.br. E se vocês se interessarem em contribuir com essa causa, tornem-se membros, tornem-se sócios. É bem baratinho e contribui com a causa da promoção do estilo de vida low carb e de novas diretrizes para mudar o Brasil. Mas, voltando ao kefir, no Instagram da ABLC tem uma postagem sobre kefir e o que a gente explica? Explica o seguinte, o kefir é um alimento que lembra um pouco o iogurte na medida em que é um alimento fermentado de leite. Só que o iogurte é uma cultura simples de lactobacilos. Pega o leite, mistura com lactobacilos e daqui algumas horas você vai ter iogurte. O kefir é um conjunto simbiótico de bactérias e fungos que tem entre 50 e 100 espécies diferentes de microrganismos. Então ele é, do ponto de vista microbiano, muito mais complexo. Aqueles famosos grãos de kefir, que passam de uma pessoa para outra, são essas culturas de fungos e bactérias. Isso também vai fermentar o leite e vai produzir o kefir, que costuma ter um sabor mais acentuado, mais azedo. Dependendo do kefir ele tem até um pequeno teor alcoólico, porque algumas dessas leveduras conseguem converter o açúcar do leite em álcool, mas é um teor pequeno. Tem estudos mostrando benefícios do kefir, em termos de resistência a insulina, coisas assim. Eu acho que está em aberto dizer se ele é muito superior ao iogurte ou se ele é outro bom alimento fermentado. Tem gente que gosta muito do gosto. Tem aquele queijinho de kefir, que é aquele kefir com o soro drenado, que fica realmente gostoso para quem gosta de uma coisa mais ácida. O que eu não acho é que ele tenha… assim como a história do sal do Himalaia. Eu não acho que ele tenha poderes mágicos. Eu não acho que kefir emagrece. Eu não acho que kefir cura doenças. Eu acho que o kefir é um alimento fermentado, e é interessante assim como outros alimentos fermentados. Possivelmente seja interessante para fins de manter uma microbiota saudável no seu intestino. Não que você precise sair correndo atrás e consumir kefir. Mas se você consome, eu acho que ele pode trazer benefícios, assim como o consumo de outros alimentos fermentados. As pessoas perguntam muito, então já vou responder. Isso está lá na postagem da ABLC, se o kefir pode entrar em uma dieta low carb, se ele vai elevar a glicemia ou não. É um pouco difícil responder isso, porque não existe uma padronização microbiológica do kefir. Então, o kefir do João da Silva pode ser bem diferente do kefir da Maria da Silva que mora na outra quadra. Porque esses grãos de kefir vão passando de pessoa para pessoa e vão tendo mudanças microbiológicas nesse processo. Então o que eu sugiro é: se você está em uma dieta low carb porque realmente precisa controlar a glicemia, principalmente para os diabéticos, não custa (como com qualquer outro alimento que você está com dúvida) medir a glicemia em jejum, consumir o kefir, ou seja lá o que for, e medir depois em 30, em 60 minutos para ver se teve impacto. Se não teve impacto, você já tem a sua resposta. Então, fica a dica. Acho que é muito difícil eu fazer uma resposta geral sobre uma coisa que varia, porque vai ter diferentes kefirs por aí.
Rodrigo Polesso: Com certeza! Inclusive, tem o de água, o de suco de uva, o de leite, tem gente que faz de todos os tipos.
Dr. Souto: Sim! O original é de leite, mas, na realidade, esses microrganismos vivem de carboidrato, toda bactéria e fungo gosta de açúcar. Então, no leite tem o açúcar do leite, que é a lactose. Claro que para fazer com água, se botar na pura os bichos vão morrer de fome. Então tem que botar açúcar. E aí mais uma vez: aí fica low carb? Depende. Depende inclusive do tempo que durar essa fermentação. Se for uma fermentação que durar dias, provavelmente vai sobrar bem menos açúcar do que se ela durar 12 horas. Mas ao fim, a resposta é sempre a mesma: pega o glicosímetro e testa se você está na dúvida se tem impacto glicêmico ou não.
Rodrigo Polesso: Isso aí! Ótimo! Deixar o negócio mais pragmático e não acreditar em um poder mágico inerente…
Dr. Souto: É, porque lembra quando o nosso ouvinte anterior perguntou se o refrigerante de limão emagrece? A resposta a gente já deu várias vezes aqui no podcast, mas sempre é bom repetir: nada emagrece.
Rodrigo Polesso: Nada que você consome emagrece.
Dr. Souto: Nada que você come emagrece. O máximo que pode acontecer é você beber água. E água não engorda, mas também não emagrece. O que emagrece é o que você deixa de comer. Sim, se você consumir excesso de carboidratos, engorda. Se você deixar de consumir excesso de carboidratos, você emagrece. Por aquilo que você deixou de consumir. Excesso de gordura, inclusive. Excesso de calorias, inclusive. Agora, o kefir, o sal do Himalaia, a Aquarius, que é o refrigerante de limão… seja lá o que for, não existe essa coisa mágica, um alimento que você consome e ao consumir aquele alimento o seu corpo emagrece. É o que você deixa de comer que faz você emagrecer.
Rodrigo Polesso: Isso mesmo! A próxima pergunta aqui vem da Juliana Faria, ela fala: “O meu maior problema é no final da tarde. O que podemos comer para não atacar o pote de bolacha?” Eu tenho duas dicas para ela, a primeira é: não tenha um pote de bolachas.
Dr. Souto: Essa é muito importante!
Rodrigo Polesso: A segunda dica é: coma bem no resto das refeições para que você não tenha vontade de comer no final da tarde e antes da janta. Mas se você se ater na primeira dica, não vai nem precisar se preocupar com a segunda. Como eu falei no meu livro, se você tem um quitute que você gosta muito, uma coisa que não é saudável, mas que você gosta muito, por exemplo um pote de bolacha, se você pegar a tua enxada e for lá e enterrar no quintal, é só você esperar aquela noite que você chegar do trabalho estressado, com fome e bater aquela vontade de comer doce, você vai pegar a enxada de novo, vai abrir o buraco e vai comer. Então é melhor você não ter de forma alguma, facilmente acessível, uma tentação que não está alinhada com o que você quer. E se você tem uma alimentação forte, isso é muito importante, e está adaptado a ela, a uma alimentação forte correta, você não vai sentir esses impulsos malucos todos os dias no final da tarde antes da janta, de comer bolacha ou qualquer coisa que seja nesse sentido, depois de você estar adaptado a uma forma correta de comer como essa. Esse é o meu pitaco. Dr. Souto, o que você manda?
Dr. Souto: Acho que o seu pitaco está muito bom. Outra alternativa é aproveitar que está com fome nessa hora, jantar cedo e encerrar o assunto.
Rodrigo Polesso: Boa!
Dr. Souto: Tem vários estudos sobre a cronobiologia da alimentação, mostrando que antecipar as refeições, comer mais cedo, pode ser interessante até para fins de resistência à insulina e composição corporal e tal. Então, quer dizer, em vez de jantar às 21 horas, ela tem fome às 17:30 h, pega e come dois bifes com ovo, uma salada com azeite de oliva e tal e pronto. Está resolvido o problema. Depois vai tomar o café da manhã no outro dia. É uma alternativa. Agora, evidentemente a resposta poderia ser: coma qualquer coisa que seja low carb nesse horário. E, obviamente, a gente poderia passar umas duas horas aqui elencando as alternativas. Por exemplo: tem gente que nessa hora abre uma latinha de atum e come.
Rodrigo Polesso: Tem gente que faz.
Dr. Souto: Ou a pessoa pode pegar uma ou duas fatias de um queijo fatiado e comer. Ou a pessoa pode pegar um punhadinho de amêndoas e comer. Enfim, o segredo é não ter o pote de biscoitos. No fundo é isso. Se você tem alternativas que são low carb e não fica com a tentação ali por perto, está tudo bem. Eu acho que é que nem a pessoa que era alcoólatra e parou de beber. Não faz sentido ela chegar em casa e ter uma garrafa de whisky em cima da mesa.
Rodrigo Polesso: Exatamente!
Dr. Souto: Então, assim, a primeira coisa é se livrar daquela garrafa, e depois vamos deixar opções de outras coisas que ela possa beber, sua limonada, sua água com gás.
Rodrigo Polesso: É verdade! E às vezes um pequeno gosto, como você falou, uma fatia de queijo, algum alimento de verdade, uma pequena porção, se você precisar estender o período que você não está comendo até a janta, um pouco disso já vai te ajudar bastante a estender essas horas que você precisa. Então, tem muitas formas de fazer. Mas a principal é: não se rodeie de tentações. Não compre o próximo pote de bolacha. Não faça isso. Facilite a sua vida. Hora de falar o que a gente degustou na última refeição. A gente está gravando a tarde esse podcast, então você, provavelmente, deve ter degustado um almoço aí. E se você degustou, compartilha com a gente qual foi a opção.
Dr. Souto: Então, o almoço foi uma espécie de picadinho com vagens e cenourinha. Era um picadinho de carne, vagem, aquela ervilha torta, cenourinha cortada assim em tirinhas compridas e, claro, cebola, essas coisas. Foi um picadinho. E fica muito gostoso isso refogado com um pouquinho de banha. Porque a banha dá um gosto bom.
Rodrigo Polesso: Com certeza!
Dr. Souto: Aí fica uma delícia! Como é o nome daquele tempero indiano? Curry! Eu pego e boto o curry por cima. Não é nem usado na hora de cozinhar, eu deixo na mesa e boto. Picadinho de qualquer coisa com curry… acho que picadinho até de pedra fica bom com curry.
Rodrigo Polesso: Curry é um tempero dos Deuses! É bom demais! Como é bom! Eu fui em uma churrascaria hoje e finalizei as minhas carnes com uma bela fatia daquele abacaxi com canela. É bom demais! Que bela sobremesa!
Dr. Souto: Digestivo.
Rodrigo Polesso: É, digestivo!
Dr. Souto: Alguém vai dizer: ahh, mas é abacaxi, não é low carb!
Rodrigo Polesso: Alguém vai dizer que não é low carb. Mas tudo bem, o mundo não se resume em low carb.
Dr. Souto: Isso! Tudo bem o cara comer de vez em quando. Ele não comeu um abacaxi inteiro, pessoal… foi uma fatia.
Rodrigo Polesso: E outra, mesmo se eu tivesse comido o bendito do abacaxi inteiro, a gente é o que a gente faz na maior parte do tempo. E não nas exceções.
Dr. Souto: Exato! Se tivesse comido 3 quindins também não era… uma vez, de vez em quando não tem problema.
Rodrigo Polesso: Exatamente! É estilo de vida, não é, pessoal? É isso que a gente está tentando passar aqui sempre, sempre, sempre. Quebrar o conceito de dietas e seguir um estilo de vida sustentável a longo prazo. E precisa ser flexível, precisa ser prazeroso. Não é verdade? É isso aí! Beleza, então, dr. Souto fechamos aqui esse show aqui, misto de perguntas e respostas. E semana que vem tem mais um papo aqui no podcast da Tribo Forte. Se você quer saber o que te espera na Tribo Forte, inclusive as palestras gravadas dos eventos, você pode entrar em TriboForte.com.br. Se você quer emagrecer siga aí CodigoEmagrecerDeVez.com.br. Pra me seguir no Instagram é @rodrigopolesso. O dr. Souto é @jcsouto. Então é isso aí! Esse rodeio de coisa boa, energia positiva e vamos que vamos! Dr. Souto, obrigado por mais esse papo. A gente se fala na semana que vem.
Dr. Souto: Obrigado e até a próxima!