Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!
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Neste podcast:
- Falaremos sobre má ciência;
- Dietas baseadas em plantas;
- Café da manhã;
Escute e passe adiante!!
Saúde é importante!
OBS: O podcast está disponível no iTunes, no Spotify e também no emagrecerdevez.com e triboforte.com.br
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Ouça o Episódio De Hoje:
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Caso de Sucesso do Dia
Referências
Estudo Sobre a Doença Arterial
Artigo no G1 Falando Que Pular Café da Manhã e Jantar Aumentam Risco de Morte
Estudo Observacional Sobre Pular Café da Manhã e Jantar
Transcrição do Episódio
Rodrigo Polesso: Olá! Tudo bem com você? Bem-vindo a mais um episódio da Tribo Forte. Episódio número 167: Ideologia não combina com ciência. A gente vai ver algumas bizarrices científicas. Eu sou o Rodrigo Polesso e hoje a gente vai falar sobre má ciência mostrando dois exemplos claros disso. Um deles mostrando o benefício de dietas baseadas em plantas… olha só, né? E o outro sobre comer tarde e comer o café da manhã. Sim, parece que pular o café da manhã é uma coisa… é um ímã que atrai a má ciência. Então, mesmo não planejando a gente tende a falar disso toda semana, quer dizer, nas últimas semanas, porque tem acontecido de surgir balelas demais nessa área. Dr. Souto, bem-vindo a mais esse podcast! Tudo bem por aí?
Dr. Souto: Tudo bem. Bom dia, boa tarde, boa tarde aos ouvintes!
Rodrigo Polesso: Isso aí, pessoal. Então vamos começar com essa primeira bizarrice aqui, que é um novo estudo que foi publicado aí, uma dieta baseada em plantas. Ela é associada à menor risco de falha cardíaca, problemas cardíacos. O que aconteceu? Os pesquisadores seguiram… e saiu no Medscape isso aí, tem um artigo. Se vocês quiserem ver nas referências é só entrar no EmagrecerDeVez.com tem todas as referências, inclusive a transcrição, se você prefere ler cada episódio. Então, os pesquisadores seguiram mais de 16 mil adultos com uma idade média de 64 anos, sem nenhum problema cardíaco no começo do estudo. Comparando um grupo daqueles que aderiram a uma dieta baseada em plantas com um outro grupo que seguia uma dieta do sul, segundo eles aqui, que consiste em mais frituras, comidas processadas e bebidas adoçadas. Bom, já com esse parágrafo, que é o primeiro parágrafo do negócio, você pode imaginar o que está vindo pela frente, né? Eles estão comparando gente que come uma dieta baseada em plantas, né? Que tem um bias forte de ser uma pessoa com hábitos geralmente mais saudáveis, com pessoas que comem fritura, comida processada e também bebidas adoçadas. Quem você acha que vai se dar melhor? Não precisa de um gênio para descobrir. Mas eles acharam que essa dieta baseada em planta foi associada com 41% menor risco para incidente cardíaco. E depois o pessoal dá a dieta do sul, essa dos processados, com 71% maior risco dessa incidência cardíaca. E a autora aqui desse belíssimo estudo, a líder, a Kyla Lara, ela fala o seguinte: “A mensagem para levar para casa é que os nossos achados enfatizam a importância dos legumes, da proteína de plantas (como lentilhas, nozes, grão de bico, tofu, feijões, etc.) e a questão de limitar o consumo de carne. Este é o futuro da saúde.” Que mensagem forte, né? Então ela tem um estudo muito bom por trás disso. Pelo que eu fui ver dessa nossa amiga Kyla aqui, ela é vegana. Um conflito de interesses aí, de ideologias, né? E tem mestrado em nutrição! Na minha opinião essas duas coisas deveriam ser mutuamente exclusivas! O que você acha, dr. Souto, dessa questão? É possível ser vegano e estudar nutrição? Eu acho que não. Não tem como fazer uma coisa e a outra ao mesmo tempo. Mas antes da gente discutir…
Dr. Souto: Ou, pelo menos, à medida que a pessoa estuda ela deveria começar a questionar isso.
Rodrigo Polesso: Exato! Ela entra em um conflito interno que tem que ser resolvido, né? Porque a vida fica muito difícil com essas duas coisas em conflito. Mas para vocês entenderem um pouco mais sobre esse assunto e em um podcast passado o dr. Souto já levantou a bola de uma história de peixe é planta, não sei o que… Para vocês entenderem um pouco mais sobre esse estudo, deixa eu passar uma informação. Eles simplesmente usaram os dados de um estudo mais antigo que coletou informação, um estudo chamado Regards, que foi uma cohort nacional nos Estados Unidos, que consistiu de 30 mil pessoas, adultos, brancos e negros que foram recrutados de 2003 a 2007. Então eles pegaram isso aí, filtraram e acabaram com um pouco mais de 16 mil pessoas. Os participantes foram pedidos, foi pedido para eles que eles respondessem um questionário… De novo, os nossos questionários que a gente tanto fala aqui. Um questionário de 150 perguntas baseado em 107 comidas. Meu Deus do céu!
Dr. Souto: Rodrigo, pensa assim: 150 perguntas em um questionário, só ler 150 perguntas… só imaginar isso já é uma coisa que me deixa cansado!
Rodrigo Polesso: Exato!
Dr. Souto: Imagina responder 150 perguntas.
Rodrigo Polesso: E 107 alimentos! Nem sabia que existia tudo isso de alimento!
Dr. Souto: Assim, a melhor cura contra o problema das pessoas que acreditam nesse tipo de estudo é dar para elas responderem um questionário desse.
Rodrigo Polesso: Exatamente! Ver se elas conseguem fazer… se depois de 10 perguntas o cérebro está funcionando ainda, né? Bom, aqui a parte bizarra, dr. Souto, que eu vou falar as cinco categorias de dietas que eles responderam, para a gente avaliar o nível de bizarrice. Então eles pegaram…
Dr. Souto: Olha só, quem ouviu o podcast anterior, eu deixei uma pergunta no ar. Quem ouviu vai lembrar. Eu disse assim: no próximo episódio vocês vão saber porque peixe é um vegetal.
Rodrigo Polesso: Exato! Essa entre outras bizarrices!
Dr. Souto: Agora vocês vão descobrir.
Rodrigo Polesso: Então eles pegaram essas respostas todas desses questionário gigantescos e montaram cinco categorias de dieta para poderem avaliar as bizarrices deles estatisticamente. As cinco categorias que eles montaram são bizarras demais! A primeira categoria chama-se conveniência, são alimentos baseados em carne, macarrão também. O que mais? Comida mexicana, pizza e fast food. Isso tudo na mesma categoria de dieta. Ou seja, as pessoas vão ser avaliadas da mesma forma ao consumirem alimentos baseados em carne, macarrão, comida mexicana e fast food. Vamos dizer que carne não é a mesma coisa que pizza.
Dr. Souto: Exatamente! Por exemplo: ao invés deles pegarem… Isso é muito importante, o que o Rodrigo falou. E ter uma categoria que é simplesmente carne, não. Eles fizeram uma categoria que é carne, massa, comida mexicana, pizza e fast food. Claro que essa categoria vai ser ruim.
Rodrigo Polesso: Claro que a culpa é da carne!
Dr. Souto: Eu posso botar a pessoa mais santa e imaculada junto com cinco bandidos do PCC e o resultado vai ser um grupo ruim.
Rodrigo Polesso: Exato! Na média vai ser um grupo ruim.
Dr. Souto: Mas, vamos adiante, que a parte mais engraçada é o próximo item.
Rodrigo Polesso: Exatamente! O próximo item é o que eles chamaram… que no começo imagino que eles queriam que essa seria a melhor categoria, é chamada de plant-based, ou seja, a dieta que é baseada em plantas. E adivinha o que eles consideraram nisso? Consideraram vegetais, frutas, feijões e peixe! Diga dr. Souto, peixe é planta?
Dr. Souto: Portanto peixe é vegetal.
Rodrigo Polesso: Pois é! A gente não sabia, né?
Dr. Souto: Exato, a gente não sabia. Tem alguns que são verdes, né?
Rodrigo Polesso: Tem!
Dr. Souto: Mas assim… mais uma vez aqui o objetivo foi fazer o contrário. Provavelmente eles fizeram os testes estatísticos e viram que as plantas sozinhas não pareciam dar resultados tão bons no modelo matemático. Mas o peixe dava um resultado muito bom. Então bota o peixe junto com as plantas para que as plantas pareçam boas. Assim como bota a carne junto com o fast food e a pizza para que a carne pareça ruim. Nossa, pessoal, vamos combinar, é muito primitivo. Tem autores que conseguem fazer estudos de natureza ideológica com mais sutileza. Não é o caso desse aqui. E outra, essa categorização louca na qual peixe é considerado planta e carne está junto com pizza, obviamente é uma caracterização feita a posteriori. E por que isso é importante? Quando eu vou fazer um estudo, não adianta eu pegar e começar a cruzar as variáveis das mais variadas formas para tentar achar aquilo que eu quero achar. O correto é: eu levanto uma hipótese prévia, eu testo essa hipótese para ver se ela faz sentido. Então, por exemplo, se eu quero mostrar que uma alimentação plant-based, quer dizer, baseada em plantas é a melhor, então eu vou testar uma baseada em plantas versus uma não baseada em plantas. No momento que eles fizeram isso aqui, colocaram o peixe junto, é óbvio que isso foi feito a posteriori. Eu vou explicar para vocês com uma analogia bem simples porque isso é importante. Uma coisa é eu ter um alvo e aí eu pegar a minha arma e fazer um teste de um tiro ao alvo para ver se eu acerto lá no centro do alvo. Se eu acertar no centro do alvo provavelmente eu sou um bom atirador, especialmente se eu conseguir fazer várias vezes. O que esses autores estão fazendo é atirar contra a parede, ir lá e desenhar o alvo ao redor do tiro. Vocês entenderam, a diferença?
Rodrigo Polesso: Boa! Essa foi uma boa analogia! Bom, ainda tem 3 categorias. A próxima é chamada de doces/gorduras, como se fossem a mesma coisa, né, pessoal? E eles colocam o que? Comida altamente concentrada em açúcar ou altamente concentrada em gordura, como sobremesas, pães, etc., açúcar. De novo, pessoal, eles assumem que gordura faz mal, coloca dentro do mesmo grupo de açúcar e é óbvio que eles nunca vão saber se é uma coisa ou outra. O quarto grupo aqui…
Dr. Souto: Exato! E é bizarro porque neste caso, ainda no 3, está escrito literalmente açúcar/gorduras, mas os exemplos são todos açúcares. Então o grupo onde foram colocadas as gorduras tem como exemplos literalmente (vamos traduzir um por um): sobremesas, pão, comidas de café da manhã doces, chocolate e outros açúcares. Esse é o exemplo que eles dão de gorduras? Então assim: gordura faz mal e os meus exemplos de gordura é sobremesa, chocolate, café da manhã doce e outros açúcares?
Rodrigo Polesso: Bizarro, né?
Dr. Souto: É muito bizarro! É além do bizarro.
Rodrigo Polesso: Daí eles partiram para o quarto grupo e chamaram essa de dieta do sul, que ela é fortemente concentrada em alimentos fritos, carnes processadas, ovos, gorduras adicionadas e bebidas adoçadas (como refrigerantes). Então eles colocaram ovo no mesmo grupo desse e chamaram de dieta do sul. Ou seja, uma péssima dieta, que seria uma dieta típica do americano mais obeso que existe, né?
Dr. Souto: É isso aí.
Rodrigo Polesso: E por último, a quinta categoria aqui se chama… essa é a mais bizarra, porque eu não entendi de onde tirou isso, mas a quinta é chamada de álcool/salada. Que desgraça de combinação é essa? Que coisa bizarra! Eles colocaram uma dieta com bastante vinho, com bastante liquor, que eles falam, que são bebidas mais fortes, destilados, e também cerveja. E aí também folhas verdes e molhos de salada. Que coisa bizarra! Eles não sabiam o que mais juntar, eu acho, nessa quinta categoria, e sobrou esses dois: vamos chamar de álcool/salada. Daí eles pegaram e falaram: vamos comparar o pessoal da plant-based, que é o grupo baseado em legumes, com outro grupo. E claro que eles escolheram um que faz mais sentido, não ia ficar tão feio no papel, lá no artigo colocar algo álcool/salada e chamaram da dieta do sul, que é a pior dieta possível americana.
Dr. Souto: Então, basicamente o que eles compararam é plant-based, que na opinião deles é planta com peixe, versus uma dieta com carne e fritura, que na realidade é com açúcar e sobremesas.
Rodrigo Polesso: E refrigerante também.
Dr. Souto: É aquele exemplo que eu falei: você pega um inocente e mistura com vários culpados e diz assim: o que vocês acham desse grupo como um todo? As pessoas vão dizer: olha, esse grupo é ruim. Então, é uma forma deliberada de fazer com que as plantas pareçam boas, porque eu vou misturá-las com peixe e de fazer com que a carne pareça ruim, porque eu vou misturá-la com doces e refrigerantes. Mas assim, a forma como foi feito aqui foi tão grosseira, tão evidente, tão pouco sutil, né?
Rodrigo Polesso: Muito pouco sutil. Inclusive, até agora foi engraçado de ver o tamanho do esforço que eles fizeram para tentar encaixar a ideologia deles nessa pseudociência. Até agora é engraçado, só que agora começa a dar dó, de tão ruim. Quer ver? Eles começam a concluir, enfim, escrever sobre as conclusões do estudo. Eles falaram: numa análise ajustada houve 41% menor risco para incidência… enfim, cardíacos para as pessoas do plant-based. E teve também 72% maiores riscos nas pessoas do southern, da dieta do sul, como eu já falei. No entanto, eles escrevem, depois de ajustar para potenciais variáveis de influência, que na verdade todo estudo observacional precisa fazer, eles listam como educação, renda, região que a pessoa mora, o total de calorias ingeridas, fumo, atividade física e também a ingesta de sódio. Depois de ajustar por esses potenciais variáveis, que na verdade é obrigatório, digamos assim, a associação entre incidente cardíaco e essa dieta do sul foi atenuada a ponto de não ser mais estatisticamente significante. Como foi possível isso?
Dr. Souto: Agora, pausa, pessoal.
Rodrigo Polesso: Pausa dramática!
Dr. Souto: Como diz o jornalista Reinaldo Azevedo, vamos fazer um silêncio eloquente! O que o Rodrigo acabou de ler para vocês é que o estudo é negativo, ok? O título do estudo… deixa eu puxar aqui para cima… O título da notícia é: Uma dieta baseada em plantas está ligada com menor risco de insuficiência cardíaca. Esse é o título. Mas o que está escrito aqui é que após ajustar para os fatores de confusão, não houve mais diferença estatisticamente significativa. Ou seja, os próprios autores estão confessando que as diferenças eram exclusivamente devido à educação, rena, local de residência, calorias, cigarro, atividade física. É aquilo que a gente sempre diz aqui, mas é que dessa vez é tão grosseiro e não sutil que eles colocam no título que está associado e depois dizem que essa associação é devida exclusivamente aos fatores de confusão. Então por que colocar no título? A manchete deveria ser: parecia-nos que uma dieta rica em plantas protegia contra incidência cardíaca, mas descobrimos que o problema é que quem come essa dieta é quem mora na Califórnia. E o southern diet, essa dieta do sul, é o sul dos Estados Unidos. É a região mais pobre e miserável dos Estados Unidos. O problema, pessoal, é pobreza ali. Esse é o problema. Qualquer um que conheça o sul dos Estados Unidos… é o interior do nosso nordeste. Então, essa southern diet ela na realidade é um marcador de pobreza, de má condição socioeconômica. E sim, aquele pessoal consome um monte de açúcar, os níveis de obesidade deles são os mais elevados de todos os Estados Unidos. Então, não, não é o fato do peixe ser uma planta na opinião desse estudo que faz com que a planta seja saudável. Esse estudo simplesmente não prova nada e os próprios autores estão dizendo isso. Vamos repetir a frase, porque é muito importante: entretanto, após o ajuste para outros confundidores potenciais (educação, renda, local de residência, consumo calórico, fumo, atividade física e sódio) a associação da dieta sulista e a incidência de insuficiência cardíaca não é mais estatisticamente significativa. E o próximo parágrafo diz o seguinte: após ajuste para múltiplas variáveis, os pesquisadores não encontraram associações significativas entre os padrões restantes de dieta.
Rodrigo Polesso: Aqueles cinco que a gente falou, pessoal.
Dr. Souto: Ou seja, isso tudo foi completamente negativo. O estudo foi negativo em todas as esferas. Então, por que isso é uma manchete? Por que isso saiu no Medscape? Por que nós estamos falando disso?
Rodrigo Polesso: A agenda maligna, né?
Dr. Souto: Claro! Qualquer estudo, por mais ridículo que seja, que defenda plant-based em 2019 vira notícia. Qualquer estudo, por mais bem feito, botei recentemente lá no Instagram, deem uma olhada (@jcsouto), uma metanálise grande, séria, utilizando uma metodologia de dose-resposta sobre gorduras na dieta e doença cardiovascular. Essa metanálise não foi notícia em nenhum lugar, sabe por quê? Porque essa metanálise mostrou que gordura na dieta não tem relação com doença cardiovascular. Então, basicamente o padrão para que algo seja notícia ou não é o quanto se alinha ou não ao espírito do tempo, ao zeitgeist, à ideologia vigente. É evidente que é isso aí. Só não vê quem não quer.
Rodrigo Polesso: Triste mesmo, pessoal. Mas está um exemplo aí. Se você ler a manchete, você nunca vai imaginar que tem uma besteira dessas por trás. É difícil acreditar. Mas tem um outro caso ainda de má ciência que a gente vai falar aqui agora. Vale para reforçar também o tipo do problema que esse tipo de ideologia causa quando você mistura ciência com isso. Mas antes, o caso de sucesso do dia que foi enviado para a gente pela Simone Reich. Ela falou: “São 30 dias completos com menos 5,5 kg e menos 27 cm no total e mais disposição, mais energia, mais feliz, mais vontade de continuar.” Ela seguiu o programa Código Emagrecer de Vez e mandou para a gente esse testemunho. Então, parabenizo ela aí! E, de novo, é mais um exemplo real, de pessoas reais do dia-a-dia, de como uma alteração na alteração feita estrategicamente baseada sim em ciência de qualidade pode rapidamente mudar o peso e também como as pessoas se sentem. Peso, saúde e forma, pessoal! Então, se você tem interesse em conhecer mais sobre o programa, você pode entrar. O nome do programa é Código Emagrecer de Vez, CódigoEmagrecerDeVez.com.br e você pode ver o vídeo de apresentação lá se você quer emagrecer de forma comprovada. Ok? All right! Vamos lá! Segundo saiu no G1… Claro que saiu no G1, saiu na CNN também, tá? Que na verdade, acho que eles traduziram isso do G1. A manchete é a seguinte: “Pular café da manhã e jantar tarde aumenta risco de morte, aponta estudo inédito da Unesp.” Então é um estudo brasileiro, tá? Olhei com carinho para ele, porque foi um estudo brasileiro. Então, a manchete diz enfaticamente que pular o café da manhã e jantar tarde aumenta o risco de morte. Não fala que pode, ou deve, ou associado, nada… A pesquisa foi realizada por 11 pesquisadores da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu. Segundo o estudo, pessoas que possuem esses dois tipos de hábitos alimentares aumentam a probabilidade de morte em 4 a 5 vezes. De acordo com o médico e aí é o G1 falando, de acordo com o médico orientador da pesquisa, o Marcos Minicucci, a pesquisa que foi realizada durante 1 ano fez testes com 113 pessoas já infartadas que não tomam café da manhã e jantam próximo da hora de dormir e outras com hábitos alimentares regulares. Esse é um estudo observacional prospectivo e de tamanho minúsculo, tamanho atômico, né, pessoal? 113 pessoas. Eles falam o seguinte, quer dizer, o orientador da pesquisa, o Marcos, ele fala: “Notamos que os pacientes infartados que monitoramos e que tinham hábitos alimentares considerados ruins tinham chances de ter um novo infarto, angina ou ter um desfecho ruim, como morte após 30 dias de alta hospitalar.” Aí, pessoal, eureca, né? Eureca! Se você tem péssimos hábitos, você tende a ficar doente mais seguido, né? Então eles fizeram um estudo para descobrir isso. Agora olha que bizarro! O hábito de não tomar café da manhã foi caracterizado como consumir nada antes do almoço (como é esperado), excluindo bebidas como café e água apenas. Agora, quem toma uma xícara de leite foi considerado como paciente que cumpre com a primeira refeição do dia. Enfim, eles têm a própria definição de café da manhã aqui. Agora, outra coisa que fica mais feia ainda, olha o nível de qualidade dos dados. Eles falam o seguinte… eu fui ver o artigo original publicado. Eles falam que o comportamento de você pular o café da manhã foi observado em 57,5% das pessoas (dessas 113 pessoas) e comer tarde em 51,3%. E as pessoas que tinham esses dois hábitos concomitantes eram 40,7% dos pacientes. Ou seja, a maior parte das 113 pessoas que já tiveram infarto ou não tomavam café da manhã, ou comiam tarde da noite. Eu acho que não sobrou muita gente, se for parar para pensar, que não fazia nenhuma dessas duas coisas para poder comparar e analisar, né? Tamanho o número da amostra aqui. Tem uma observação interessante que eles falaram no artigo: os pacientes que morreram ou já tinham tido um reinfarto, complicações dentro de 30 dias no hospital, foram aqueles que tinham menor o que? LDL! Olha só, pessoal, um assunto completamente diferente. Os que tiveram mais complicações eram aqueles que tinham o menor LDL. Olha que interessante.
Dr. Souto: Bem interessante! Mas isso não é manchete, né?
Rodrigo Polesso: Mas isso não foi manchete porque não é popular. E na tabela que eles colocaram de resultados que mostram todos os dados brutos desse pessoal, a gente vê que somente 26 das 113 pessoas tiveram complicações dentro dos 30 dias depois de saírem do hospital. Ou seja, 26 pessoas! Nem de longe é uma quantidade que garante significância estatística, né, pessoal? E outra, o que é mais bizarro na minha opinião, como podem eles achar que o risco de complicação dentro de 30 dias depois de internação por infarto tem a ver tanto assim com pular o café da manhã ou comer tarde? Isso é muito bizarro na minha opinião, ligar essas duas coisas. E segundo os dados brutos do estudo, 92% dessas 26 pessoas que tiveram complicações, adivinhem! Eram fumantes! Ou seja, todo mundo. E ao contrário de somente 62% de quem não teve complicação. Ironicamente o LDL das pessoas que tiveram problema também como eu falei, era mais baixo das que não tiveram. Enfim…
Dr. Souto: Ou seja, Rodrigo, o que você está dizendo é que não tomar café da manhã está associado com fumar. Certo?
Rodrigo Polesso: Poderia ser. Exatamente! Bem mais associado, né?
Dr. Souto: Provavelmente é a causa real por trás dessa observação. É aquilo que a gente sempre fala aqui. Eu sei, vocês já estão cansados de ouvir, mas a repetição é importante. As pessoas que são… em inglês se usa o termo health-conscious, conscienciosas, preocupadas com a própria saúde, elas tendem a ter um conjunto, um pool de comportamentos. Então essas pessoas seguem tudo aquilo que é considerado correto e saudável. E ao contrário existe um outro padrão de pessoas que não estão nem aí. Então, o que é que está dentro do senso comum? Se eu perguntar, se eu pegar o IBOPE e fizer um levantamento entre as pessoas comuns da rua e perguntar assim: tomar café da manhã é importante? É saudável? Eu estimo que 80% das pessoas vão responder que sim. Isso já está incorporado na cultura. É um meme cultural, não importa se é verdade ou não, mas as pessoas acham que é verdade. Então, quem se preocupa com a saúde tende a tomar café da manhã. Então, a ordem é inversa. É o preocupar-se com a saúde que provoca o café da manhã e não o café da manhã que muda os desfechos de saúde. Ou então, quem sabe façamos uma analogia! Jogar basquete faz as pessoas ficarem altas. É isso?
Rodrigo Polesso: Exato!
Dr. Souto: Não, né, pessoal? As pessoas altas é que jogam basquete. Porque as pessoas altas obviamente têm uma facilidade, porque o raio da cesta é alto. Se eu sou um jogador mais alto eu vou ter vantagem na disputa da bola ao redor do garrafão. Então, jogar basquete não faz ninguém crescer. Agora, sim, jogar basquete está associado com altura. Entenderam? Aí a manchete vem com esse título imbecil: pular café da manhã e jantar tarde aumenta (presente do indicativo) o risco de morte. Não. Para dizer que aumenta eu precisaria ter feito que tipo de estudo, Rodrigo Polesso?
Rodrigo Polesso: O famoso ECT, ensaio clínico randomizado.
Dr. Souto: Ensaio clínico randomizado! Exatamente! Então, eu teria que ter pego esse pessoal que enfartou, sortear um grupo para tomar café da manhã, sortear um grupo que está proibido de tomar café da manhã e vou verificar o desfecho. Na hora que eu deixo as pessoas escolherem, é a mesma coisa. Eu quero provar se basquete faz as pessoas crescerem. Sorteio uma turma para jogar basquete, sorteia outra para não jogar. Porque se eu deixo escolher o esporte, bom, é evidente que o gordinho vai escolher jogar sumô, o alto vai escolher jogar basquete, o cara com braço comprido vai escolher natação, o cara que corre vai escolher correr. Está certo? Então eu não posso deixar escolher se eu quero ver se uma coisa causa a outra. Na hora que eu deixo as pessoas escolherem, todo tipo de viés e todo tipo de variável de confusão entra em ação. Isso é absolutamente básico. Isso é assim: primeiros dias do primeiro curso de estatística de qualquer faculdade. É a parte… é básico, básico, chão. Mas enfim, desde que se alinhe…
Rodrigo Polesso: Exato! Com a ideologia! E eu quero chamar atenção aqui para a vergonha alheia aqui. Então, esses 11 pesquisadores aí infelizmente da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, começaram com a premissa errada, né? Pessoal, se vocês querem falar que pular o café da manhã é uma coisa que é boa ou ruim, que é uma coisa que está quente na mídia, todo mundo fala de café da manhã, vocês escolhem esse outcome esdrúxulo que é medir que tipo de complicação pessoas que já tiveram infarto têm dentro de 30 dias depois de serem internadas. Que tipo de correlação vocês esperam que aconteça? Que tipo de credibilidade esses dados terão? Ainda mais com um grupo atômico de pessoas, 113 pessoas já infartadas. Então, a premissa está errada. Não sei como alguém aprovou isso e seguiu em frente com dinheiro para bancar, com tempo envolvido nisso daqui para depois ser publicado lá em um jornalzinho da Europa, jornal da Sociedade de Cardiologia, não sei o que lá. Então, eu quero chamar atenção para isso. Eu acho que essa mensagem precisa ir adiante. Só porque você tem que publicar certo número de papéis, de artigos por ano, não significa que o teu nível de qualidade tenha que ser abaixo do senso comum do aceitável.
Dr. Souto: Eu até acho, Rodrigo, que isso que você falou por último talvez seja o crucial. Existe dentro do mundo acadêmico, da academia, uma pressão muito grande para publicar. E na realidade é muito mais simples, muito mais barato fazer um estudo observacional do que fazer um ensaio clínico randomizado. Eu até não vou criticar os autores por terem feito um estudo observacional e publicado. Acho que… bom, está bem. Agora, é necessário haver a crítica. É necessário haver a crítica dentro do próprio estudo. O estudo tem que colocar: olha, nós achamos isto, no entanto, muito provavelmente nossos achados refletem variáveis de confusão assim, assim, assado. E a pergunta que não quer calar: por que isso virou manchete em um portal de notícias? Porque isso não tem nenhuma importância. Isso é obviamente um estudo observacional pequeno, cheio de variáveis de confusão. Então, aquele anterior bizarro que nós falamos, era um estudo com milhares de pessoas e com não menos variáveis de confusão. Esse aqui é um estudo pequeno e cheio de variáveis de confusão. E aí, repito: vocês dão uma olhada lá no @jcsouto no Instagram e ali eu boto uma metanálise com uma super característica metodológica, um estudo incrivelmente bem feito. Repito: utilizando características de dose-resposta, vendo a exposição a diferentes quantidades de diferentes tipos de gordura. Um estudo de tirar o chapéu. Não virou manchete em nenhum lugar. Virar manchete ou não depende da qualidade metodológica do estudo. Virar manchete ou não depende se ela se alinha com a ideologia do editor do jornal ou do dono do meio de comunicação. Basicamente o que nós estamos vendo aqui é uma luta ideológica no sentido de mostrar que o espírito do tempo está correto. E para isso vale qualquer estudo, inclusive um estudo de cento e poucas pessoas, observacional.
Rodrigo Polesso: É verdade. Corretíssimo. Concordo plenamente. Infelizmente, né, pessoal? Quer informação de qualidade? Abra o olho. Talvez essas publicações em massa não sejam a melhor fonte de maior credibilidade. Enfim, abra o olho e seja cético sempre. Agora, comida, dr. Souto! Comida, comida! O que você comeu na sua última refeição?
Dr. Souto: Na última refeição eu fui num restaurante de grelhados e comi grelhados até a saciedade. Até ficar assim, com um olhar feliz assim para o horizonte!
Rodrigo Polesso: Eu perguntei no Instagram esses dias… perguntei qual dessas quatro carnes é a sua favorita. Carne de gado, carne de porco, frango e carneiro. E tive mais de várias mil respostas e de longe a carne favorita do pessoal é gado. Interessante, né?
Dr. Souto: Eu me alinho a esses aí. Mas acho que depende também da experiência da gente, né? Talvez eu crescendo no Rio Grande do Sul vá sempre preferir carne de gado porque a gente tem muita abundância, né?
Rodrigo Polesso: Com certeza! Depois em segundo vem a carne de porco, mas bem perto do frango também. O carneiro, cordeiro, ficou em quarto lugar, caiu um pouco em desfavor no gosto das pessoas. Na verdade, teria que ter uma quinta opção que é todas elas, não é, pessoal? Acho que todas elas é melhor, a gente pode experimentar várias. Até porque é difícil escolher entre um bife e uma bela de uma costelinha de porco.
Dr. Souto: Eu faria a pergunta assim: o que vocês preferem, carne de gado, carne bovina ou carne de boi?
Rodrigo Polesso: Essa é uma boa também! Ou churrasco? Ah, rapaz! O meu prato hoje foi um banquete! Eu fiz primeiro um filé de picanha. Eu achei picanha aqui em um mercado, alimentado à grama. Porque aqui não é que nem no Brasil, que quase tudo é alimentado à grama. Na América do Norte você tem que escolher direito. Mas foi um belo bife de picanha, bem legal. E também achei o que? Para o deleite aqui do dr. Souto, fígado de bacalhau em lata, que coisa! Fígado de bacalhau em lata com salsa. Coloquei esse de lado para comer como se fosse um foie gras da vida, cremoso assim… junto com essa picanha, acredite, fica bom! E um queijo e também um bacon, porque eu fiz um bacon para a minha namorada e acabei ficando com um bacon desse para mim. E que maravilha! Quase explodi de tanto nutriente e não só isso, de sabor também! Coisa muito gostosa, hein, dr. Souto. Então, para você ver, tem vários gostos, variedades de fígado que podem ser entretidas por você. Na verdade, olha só, a minha namorada também não gosta muito do gosto de fígado, apesar de ela estar começando a tentar. O que a gente achou no mercado que você pode fazer em casa, não precisa nem comprar no mercado, você que está ouvindo e que não gosta de fígado. A gente achou carne moída em um pacote só, 75% carne de frango moída e 25% fígado de galinha moído tudo junto. Você não vê a diferença.
Dr. Souto: Ahh, Rodrigo, eu vi uma coisa bem parecida lá no PaleoFX. Eles tinham 3 potinhos um do lado do outro com proporções crescentes de fígado. Começava acho que em 25% e ia aumentando. E realmente, essa que tinha a proporção menor dava para comer.
Rodrigo Polesso: Não sente, né? Até eu comi e eu também não senti gosto de fígado, nada que viesse à tona no paladar. E 25% do peso de fígado faz a diferença, pessoal, no perfil nutricional da refeição. Você pode tentar moer tudo junto. Pede para o açougueiro moer frango, carne bovina e uma pequena parcela de fígado, você não vai notar diferença nenhuma e vai incluir todos esses nutrientes no seu dia a dia. É uma boa dica. Beleza. Eu acho que a gente fecha por aqui, dr. Souto. Siga a gente, pessoal, no Instagram. Me siga lá @rodrigopolesso, siga o dr. Souto @jcsouto e também tem a ABLC @ablc.org.br. Você pode seguir, suportar, apoiar e fazer parte desse movimento positivo em nome da boa ciência e das verdades sobre saúde e boa forma. Beleza! É isso aí! A gente fica por aqui, então. Dr. Souto, obrigado! A gente se fala semana que vem no novo episódio. Até mais!Dr. Souto: Obrigado! Até lá!