Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!
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Neste Podcast:
- Carboidratos e flutuações de humor;
- Mitos derrubados;
- Respondemos a perguntas da comunidade;
Escute e passe adiante!!
Saúde é importante!
OBS: O podcast está disponível no iTunes, no Spotify e também no emagrecerdevez.com e triboforte.com.br
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Caso de Sucesso do Dia
Referências
Transcrição do Episódio
Rodrigo Polesso: Olá pessoal, bom dia! Bem vindo ao episódio número 188 aqui do podcast da Tribo Forte. Eu sou o Rodrigo Polesso e hoje a gente vai falar sobre carboidratos, flutuações de humor e mitos derrubados. E também responder duas perguntas da comunidade pra gente fechar esse episódio. Então, Dr. Souto, como está por aí, tudo bem?
Dr. Souto: Tudo bem Rodrigo! Bom dia, bom dia aos ouvintes.
Rodrigo Polesso: É isso pessoal, então, a sua dose semanal aqui baseada em evidência, hoje a ente vai colocar a luz um pouco nessa questão do carboidrato. E o que que a ciência tem a dizer a respeito do carboidrato no impacto em humor das pessoas? Será que realmente melhora humor? Piora humor? Como é que funciona isso aí? O que aconteceu foi que uma meta análise e revisão sistemática de 31 ensaios clínicos randomizados, com 1259 participantes, foi publicada em abril, agora de 2019, e revelou que não existe nenhum efeito positivo dos carboidratos em nenhuma aspecto do humor, em nenhum ponto de tempo, seguindo o seu consumo. No entanto, a ingestão de carboidratos foi associada a maiores níveis de fadiga, e menos atenção comparada ao placebo, dentro da primeira hora após a ingestão. Esses achados desafiam a ideia de carboidratos, de que carboidratos podem melhorar o humor. E isso pode ser usado para aumentar a consciência do público de que o sugar rush, que é uma expressão em inglês, é um mito em informar políticas públicas de forma a diminuir o consumo de açúcares e promover alternativas mais saudáveis. Tudo isso que eu li é entre aspas, tá pessoal? Porque tudo isso foi escrito no resumo dessa meta análise, que inclusive, pontuou 3 aspectos pra resumir o estudo inteiro. Falaram o seguinte: “carboidratos não tem nenhum efeito positivo em nenhuma aspecto do humor”. Segundo: “o consumo de carboidratos abaixa a sensação de atenção, de alerta, durante o dia, dentro de 60 minutos após o consumo”. E o terceiro ponto: “carboidratos aumentam a sensação de fadiga dentro de 30 minutos após o consumo”. Então, Dr. Souto, acho que é bem claro, porque eu acho que, enfim… é muito é dito por aí sobre carboidrato, coma carboidrato pra se sentir um pouco melhor, vai se sentir um pouco mais de energia, vai ficar mais alerta. O sugar rush, que aquela expressão em inglês que você tem aquela, como se fosse uma estamina no corpo, quando você come açúcares e bebidas adoçadas, carboidratos puros etc. Então, acho que essa é a maior revisão aí, a mais atual pelo menos, de revisão de ensaios clínicos randomizados, que analisaram essa questão do impacto no humor e outros aspectos do consumo de carboidratos em si. E acabou concluindo que, bom, tudo parece ser um mito aí e não tem nenhum efeito positivo do consumo de carboidratos. Não sei se isso vem como novidade ou não Dr. Souto, o que você acha?
Dr. Souto: Então Rodrigo, eu acho que quem nos escuta não está aí só pra ouvir novidades, mas também pra treinar um pouco o pensamento crítico né? Eu acho que esse estudo aí ele ajuda muito, nesse sentido, porque, vamos pensar pessoal, quanto aí que tão nos ouvindo já escutaram que o problema de uma dieta baixa em carboidratos é que isso vai afetar seu humor, porque os carboidratos são importantes pra serotonina, alguém já ouviu isso? Nossa, essa história corre com frequência. Volta e meia alguém pergunta lá no blog, volta e meia alguém pergunta em consulta. E aí, serotonina não é um desfecho concreto. Lembra que a gente já falou aqui né? Tem desfecho concreto, que é você tá triste ou feliz? Você tá com atenção boa ou sonolento? Serotonina é um químico no cérebro, que inclusive, abrindo um parênteses aqui, existem estudos hoje em dia sugerindo que não é a elevação da serotonina pelos antidepressivos que age. Que é aquela ideia de que a depressão era só um desbalanço de neurotransmissores e se você vai aumentar a serotonina vai melhorar. Então a própria teoria original da história da serotonina já é questionada. E segundo, bom, essa história de carboidratos mexerem ou não na serotonina é mecanismo. E isso é um dos erros fatais dos pensamentos de ciências biológica e na nutrição. Porque mecanismo, quando eu digo assim, comer carboidratos vai ser bom pro seu humor porque carboidratos aumenta a serotonina. Bem, isso e um mecanismo, isso só poderia gerar uma hipótese. A única forma de saber se uma coisa é ou não é, é pelos ensaios clínicos randomizados, onde um grupo come carboidratos, outro grupo não come. Você avalia com ferramentas de medida como que tá o humor das pessoas, como tá a atenção das pessoas…
Rodrigo Polesso: Deixa eu falar um parênteses Dr. Souto, você mencionou a serotonita, porque no estudo eles mencionam um pouco sobre esse mecanismo, falando da questão do triptofano, que acaba ficando em maior quantidade do cérebro. E o triptofano é um ingrediente da fabricação da serotonina. E daí eles mencionam também que essa questão só é válida, esse aumento de triptofano no cérebro só acontece quando a ingestão de carboidrato é exclusiva de carboidrato. Se uma pequena quantidade de proteína for ingerida junto, ou uma pequena quantidade de proteína está presente no estômago, esse efeito do aumento do triptofano e consequente aumento da serotonina já não aconteceria. Então é difícil até de se tornar uma coisa prática de se fazer. E claro, assumindo que isso funciona, aqui no caso é contestável como a gente tá vendo.
Dr. Souto: Agora, se eu tivesse uma moedinha pra cada vez que eu ouvisse essa história da serotonina, inclusive dito por profissionais de saúde, por nutricionistas, na mídia dizendo dos danos, dos problemas duma dieta de baixos carboidratos. Aí vem aquela ladainha de sempre, porque dá tal problema, porque o cérebro não vai ter glicose, etc… E lá pelas tantas vem, além do que a serotonina é muito importante para o humor, e com consumo baixo de carboidratos vai diminuir serotonina. E portanto as pessoas que fazem essa dieta ficam sei lá deprimidas, ou enfim… como você podem ver eu e o Rodrigo temos um humor péssimo.
Rodrigo Polesso: Hehe! Exato.
Dr. Souto: Então, assim, o que eu queria chegar com a história é, eu acho que o estudo é legal pra fazer você pensar, pra não cair na próxima vez que um profissional de saúde alegar um mecanismo pra justificar que algo seja feito, ou pra que algo não seja feito. Mecanismo serve pra levantar hipóteses. Então, bom, pega a hipótese e testa. Acontece que já foi testada, essa é uma meta análise de ensaios clínicos randomizados, e a conclusão como o Rodrigo falou, é que restrição ou aumento de carboidratos não parece ter efeito significativo sobre o humor, mas que o excesso de carboidratos diminui a atenção e aumenta a sonolência e a fadiga depois. O que todo mundo que já comeu arroz no almoço sabe qual é o efeito que tem lá pela uma duas da tarde.
Rodrigo Polesso: É, tem outro ponto importante de mencionar que o estudo também conta, que ele fala o seguinte; ele menciona que outros estudos já verificaram que pessoas com problemas de depressão e outros problemas relacionados, tendem a se automedicar com maior consumo de carboidratos. Olha que eles usam a palavra automedicar como a ingestão de carboidratos nesse caso. Porém, eles falam que outros estudos já mostraram que o consumo crônico de açúcares e carboidratos nesse contexto, a longo prazo acabam piorando esses problemas psicológicos como a depressão.
Dr. Souto: Dá pra substituir a palavra açúcar pela palavra álcool nisso que você falou e teria exatamente o mesmo significado, não é verdade?! Pessoas que se automedicam com álcool pra ansiedade ou pra depressão, mas que no longo prazo o problema é agravado. Me lembra aquele, um médico, eu acho que nós comentamos aqui num podcast, Dr. Robert Cywes, que eu ouvi por sua vez, num podcast do diet doctor, o Cywes é um cirurgião bariátrico que evita de operar as pessoas porque ele tenta usar uma abordagem comportamental e low carb nos pacientes obesos. E o Cywes disse assim: “Olha, nós comemos por dois motivos; quando o corpo precisa de energia e nutrientes, isso aí provoca um aumento efetivo do apetite, no centro do apetite, no hipotálamo. E existe um outro centro no cérebro, que é o centro da recompensa, do prazer. Que é o mesmo que é ativado por drogas de abuso, como cocaína, heroína, álcool… e ali é que é o local ativado pelo consumo do açúcar”. Então ele diz assim: “Quando nós consumimos açúcar a gente consume pela dopamina, que é liberada naquele local. A mesma dopamina que é liberada quando o fumante precisa de um novo cigarro, ou quando o sujeito que usa drogas injetáveis precisa de uma nova dose”. Então eu gostei dessa expressão deles, é uma automedicação, ou um auto drogar-se né? Não significa que todo mundo que come açúcar está se comportando com um drogado, assim como não significa que todo mundo que bebe álcool está se comportando como alcoólatra. Mas aquelas, existe um sub grupo de pessoas que é sensível, que tem uma tendência a adição, “adiction”, se tornar viciado. E pra essas pessoas talvez seja interessante realmente se abster daquilo que elas não conseguem controlar. Da mesma forma que o tabagista que está parando se abstém do cigarro, ele não fica assim fumando um pouquinho…
Rodrigo Polesso: É, exato! Eu achei legal que você tangibilizou a questão do álcool, eu acho que muita gente pode se identificar com esse tipo de coisa. Que você bebe muito numa noite anterior, no dia seguinte você tem uma pequena depressãozinha. E também no açúcar, quando você come um monte no almoço, alguma coisa assim, rodízio de pizza, depois você tem uma pequena depressãozinha na energia que você sente depois. Então, eles falam que o sugar rush, definitivamente é um mito. Agora, o sugar crash, eu acho que esse é uma verdade né?
Dr. Souto: Eu acho que sim! Eu acho que esse artigo que vai ta la nas notas no final do episódio, e esse episódio, por que não, é um pra ser referenciado cada vez que você ouvir, e não serão poucas, a ideia de que ta bem, então a gente já viu que os estudos mostram que low carb emagrece, que low carb melhora o controle glicêmico, melhora os triglicerídeos, melhora o hdl, mas nossa, não dá pra manter isso aí por causa da serotonina, por causa do humor. Então é mito. É mais um mito. Nossa, assim, eu acho que tem… quem gosta de mitologia não devia estudar Grécia antiga, deveria estudar nutrição.
Rodrigo Polesso: Hahaha… exatamente, muito boa! To me sentindo tão bem, ah, mas a serotonina… mas eu to sentindo tão bem, mas ahhh… então o medo sempre tá lá né pessoal?!! E não é só melhoras de humor, mas outras melhoras, como quem conta pra gente aqui é o Jorge. O Jorge fala: “Eu sou bombeiro, e essa é a época onde a gente menos tem tempo, e menos tem como ter uma alimentação adequada. Mesmo assim eu tive um resultado agradável”. Agradável que ele fala – 7,3 quilos em 30 dias somente, tendo uma rotina de bombeiro. Então ele mandou pra gente, bem legal a foto, o antes e depois dele dá pra ver nitidamente a diferença que ele fez principalmente na circunferência abdominal dele. Eu tenho certeza que isso elevou o humor de verdade… esse é o verdadeiro sugar rush. Quando você vê resultados positivos no espelho. Ele seguiu o programa Código Emagrecer De Vez, e os resultados foram dentro da primeira fase do programa, que são 30 dias só. Se você quiser ver como isso pode te ajudar é só entrar codigoemagrecerdevez.com.br . Dr. Souto, pronto pra responder duas perguntinhas da comunidade?
Dr. Souto: Vamo, vamo lá!
Rodrigo Polesso: Vamo lá! Então, primeiro quem pergunta é a Juliana Viera Lima, ela fala o seguinte: “Olá, tudo bem! Por favor responda, há muitos nutricionistas que falam que pipoca emagrece, isso é verdade?”. Olha só, esse tipo de pergunta eu recebo várias vezes, olhando o pessoal questionando sobre a pipoca. Eu nunca tinha visto assim nutricionista dizendo que a pipoca emagrece. Mas se ela disse eu acredito que ela não deve ta mentindo. Então, por que isso é difícil de acontecer? E qual o único jeito que isso pode ser verdade? E por que isso tipicamente é uma péssima ideia?
Dr. Souto: Bom, primeiro pessoal, qual é a cor do amido? Vamos pensar. Eu vou algumas dicas para os nossos ouvintes… farinha, que cor tem? Vamos pensar, outro alimento com amido… tapioca, que cor tem? Mandioca, também tem uma cor parecida. Se você cortar uma batata, ela por dentro, tem aquela cor…
Rodrigo Polesso: Tem todas as cores juntos, pra ser preciso fisicamente…
Dr. Souto: Isso, exato, hehehe!! Aí se você pega um milho de pipoca, bota ela no micro-ondas, quando ela explode ela fica que cor?
Rodrigo Polesso: Que pista é essa né?
Dr. Souto: Então, assim, aquela coisa branca, macia, aquela coisinha, a pipoca, ela é basicamente puro amido. Que aliás é o conteúdo de todos grãos e cereais. O arroz, ele é branco por esse motivo, a farinha de trigo e branca por esse motivo… é o amido. Bom, maisena, aquele negócio que é amido de milho. Amido de milho. Se você pegar uma pipoca e ralar ela até um pó fininho ela vira uma maisena, tá certo? Então, isso é só pra deixar bem bem claro para as pessoas, que tirado aquela casquinha de fora, que é celulose, que não tem como digerir, todo conteúdo, aquela coisa branca, é puro amido. E amido é glicose, eu sei que a gente ta sendo repetitivo, já falamos mil vezes, mas é que tem gente que não tá ouvindo desde o início os nossos podcast. Então, molécula de glicose, todo mundo aprendeu no colégio que que é a glicose. Se eu emendar várias glicoses uma na outra isso muda de nome, se chama amido. Então o amido ele é muito rapidamente digerido em glicose no corpo. Então eu falar que pipoca é low carb, ou eu falar que pipoca emagrece é a mesma coisa que eu falar que xarope de glicose de milho emagrece e é low carb. E aí eu sempre dou exemplo, dou exemplo no consultório também. Existe um negócio chamado Karo, no supermercado, que é um xarope de glicose de milho. A única diferença entre aquilo e pipoca, é que karo é doce porque as moléculas de glicose estão isoladas, enquanto que as moléculas de glicose quando tão uma emendadas na outra se chama amido, elas perdem esse gosto docinho. Mas o efeito no organismo é o mesmo. Então vamos deixar bem bem claro, porque as vezes a resposta parece enrolada, pipoca é glicose altamente digerível com índice glicêmico, extremamente alto próximo de 100. Aí o Rodrigo perguntou assim, tá, eu qual é a única possível explicação pela qual alguém poderia falar um negócio desses? E eu respondo pra vocês, é porque se vocês pegarem um pouquinho de pipoca, um punhadinho de milho e estourar isso ali, enche uma xícara inteira de pipoca. Portanto, a pipoca é aerada. Então, se eu comer uma xícara de pipoca eu to comendo, no fundo, pouco carboidrato em termos absolutos. O volume é grande, a quantidade é pequena. Agora, do ponto de vista nutricional, a densidade nutricional é próxima de zero, quer dizer, é uma coisa que quase não tem nutriente nenhum, basicamente amido puro. Agora, é um amido menos concentrado, do que se você estivesse comendo um bolinho de xícara de farinha de trigo do mesmo tamanho. Porque ali talvez vocês teria 4 ou 5 vezes mais carboidrato. Pelo simples fato de que é isso aí, as pipocas são aeradas, as pipocas são irregulares no formato, quando você tem as pipocas dentro… imagina pipocas dentro de uma xícara, a quantidade de espaço vazio entre elas né? É a única explicação que possa me passar na cabeça, um nutricionista que não está pensando na qualidade dos alimentos, não ta pensando em densidade nutricional, está pensando exclusivamente em calorias, que é o pensamento tradicional. Aí pensa, olha, uma porção de pipocas que não seja grande, é uma porção que caloricamente não é muito grande. É a única explicação que eu vejo.
Rodrigo Polesso: É verdade, e a situação piora quando as pessoas fazem o que? Que é típico de acontecer, colocar um monte de gordura por cima, a manteiga, o óleo, e aí fica pior.
Dr. Souto: Ah, sim! Porque aí deixa de ter esse componente de baixa caloria. Nem isso mais tem. Porque nutricionista tradicional que foca em calorias vai recomendar que você coma uma pipoca sem gordura, sem muito sal… ou seja, basicamente isopor.
Rodrigo Polesso: Basicamente. Então, você pode emagrecer com pipoca, caso você coma pipoca ao invés de um pedaço de brownie, por exemplo. Se você substituir uma coisa pior por uma coisa ruim. Então, pior vai ser sempre pior que o ruim, nesse contexto sim. Mas fisiologicamente falando, como o Dr. Souto falou, é impossível que a pipoca promova a perda de peso. Ah Rodrigo, mas eu fiz a dieta da pipoca e emagreci. Sim, você pode emagrecer com a dieta de qualquer coisa, se você comer só essa coisa em pequena quantidade. Mas a gente não fala só em emagrecimento, a gente fala aqui em saúde, sustentabilidade e estilo de vida. Então são coisas bastante diferentes uma da outra. E eu acho que a explicação ficou bastante clara. A segunda pergunta vem Ana Letícia Maruco. Ela pergunta: “Qual óleo você indica pra ser consumido em saladas e assados?”.
Dr. Souto: Hmmm… Bom, vamos começar por quais a gente não acha muito bom e por que. Então nós temos aí, muito comum hoje em dia, porque é barato e é recomendado pelas diretrizes vigentes. Que as pessoas utilizem óleos vegetais. Óleos vegetais no sentido de óleos extraídos de sementes.
Rodrigo Polesso: Não acha muito bom você quis dizer fique bem longe né?!! hehehe
Dr. Souto: Hehehehe… soja, milho, girassol, canola, etc… qual o problema desses óleos? O problema desses óleos é que eles são óleos muito pobres do ponto de vista nutricional. Ou seja, eles são basicamente só a gordura. Eles não tem fito nutrientes, eles não tem polifenóis, eles também não tem gosto. E esses óleos são muito ricos em gorduras poli insaturadas. Gorduras especialmente do tipo ômega 6, que alguns estudos sugerem que tão relacionados com inflamação. Outra coisa talvez pior é o seguinte, óleos que são muito poli insaturados, que são o caso desses que citei, quando eles são aquecidos, e quando são expostos a luz e ao oxigênio, eles oxidam com facilidade e geram compostos tóxicos que vão aumentar o estresse oxidativo das membranas. Das células do corpo, eles se integram nas membranas das células. E acontece que esses óleos são usados justamente, na maioria das vezes, pra cozinhar. Óleos culinários, pra aquecer…
Rodrigo Polesso: Até porque não tem gosto como você disse, pra usar eles cru
Dr. Souto: Exatamente. Bom, ela perguntou para as saladas… você pode usar numa salada o azeite de oliva, que sempre é uma boa opção, ele tem sabor. E ele tem fito nutrientes, ele tem polifenóis, que há uma série de estudos que sugerem que são benéficos. Estudos de mecanismo, é bem claro, mas tem aí os estudos de dieta mediterrânea, na qual parece que um dos benefícios principais é o uso desse tipo e óleo. Tem o Lionheart Study, por exemplo, é um estudo que mostrou uma redução na mortalidade cardiovascular, é um estudo randomizado. Comparando o grupo controle com o grupo que fez mediterrânea, e o colesterol nos dois grupos foi exatamente o mesmo. Ou seja, não foi redução de colesterol que fez reduzir a mortalidade, o que foi foi a mudança para uma dieta rica em ômega 3, por causa do consumo de peixes e frutos do mar, e uma dieta com mais azeite de oliva. Como ouve várias modificações a gente não tem como saber qual dessas coisas foi determinante. Mas obviamente mal não parece fazer. E do ponto de vista culinário gorduras saturadas são mais estáveis do que gorduras insaturadas. Então que que a gente quer dizer com estáveis? Elas não vão oxidas, não vão sofrer essas modificações que eu falei pelo oxigênio, pela temperatura com tanta facilidade. Por isso que se usa tanto pra cozinhar, óleo de coco, manteiga, banha… são gorduras que são estáveis e que aguentam bem a temperatura do cozimento.
Rodrigo Polesso: É, bacana, acho que muita gente já sabe disso. A gente fala sempre do azeite de oliva, do óleo de coco. Tem também, algumas pessoas vão perguntar, o azeite de dendê, que é bem alto em gorduras saturadas também. É mais comum no nordeste, em inglês chama o palm oil. Então, muita resistência a respeito da questão, óleo de dendê, não sei o que… mas tudo em. Eu, particularmente, tento escolher sempre uma gordura que seja de origem animal, porque a gente sabe que dessa forma não vai ter nenhum problema de fito químicos e etc. Mas o azeite de oliva, parece ser uma ótima opção, que vem sendo usado a milhares de anos. Mas em assados, por exemplo, por que não qualquer gordura animal? Como a gente fazia… a nossa bisavó fazia, com banha de porco. Hoje em dia a gente encontra outras gorduras, de vaca, de boi, gordura de pato é muito comum de se cozinha na ásia, banha de porco é possível de se encontrar no mercado. E manteiga, por que não? Manteiga de sempre lá também, uma boa ghee, a ghee que é uma manteiga clarificada, que você pode aquecer mais. E por que não também usar essas coisas na salada? Pode ser uma boa também. Mas eu acho que o azeite de oliva, essas gorduras animais todas pode ser sempre uma boa opção né? Ah, alguém me falou que recentemente, não sei se você viu isso Dr. Souto, parece que teve uma análise do mercado de azeite de oliva, e eu acho que 30 marcas foram retiradas das prateleiras porque eles estavam adulterando o azeite de oliva. Era basicamente um pouco de azeite de oliva pra dar um gostinho e o resto era tipo óleo vegetal. Não sei se você chegou a ver isso, então tem que ter cuidado.
Dr. Souto: Tem que ter cuidado. Aqui no Brasil é sempre interessante dar uma olhada, você botar no Google azeite de oliva proteste. Vai ver, periodicamente a proteste testa as marcas e coloca o ranking dos melhores, do melhor custo benefício. Daqueles que são genuínos mas não são tão caros. Então, a gente tem que se cuidar, isso aí vale pra gasolina que a gente bota no carro, vale pro azeite de oliva também.
Rodrigo Polesso: Com certeza, com certeza. Maravilha!
Dr. Souto: Agora banha eu acho que ninguém vai adulterar. Essa é uma das vantagens né?! Porque assim, o que que acontece? Vamos pensar, o frigorífico ele ou bota no lixo aquela banha lá, ou bota fora, e aí é um problema do ponto de vista ambiental. Como é que vai botar? Não pode botar no rio, não pode enterrar. Então, pra eles, não há porque adulterar um produto que já é barato, e banha de porco é bem barato. Então, se você ta preocupado com adulteração, eu acho que o produto que tem a menor chance de ser adulterado é a banha de porco. Porque não há um motivo ou incentivo econômico pra adulteração, qualquer modificação que você fosse fazer ali provavelmente aumentaria o custo ao invés de diminuir.
Rodrigo Polesso: É, esse é um bom ponto. E o contrário, do outro lado da moeda, um dos alimentos que tem que ter mais atenção acho que é a manteiga no mercado, se você ver a manteiga olhe bem o rótulo. Porque ta cheio de margarina aí disfarçada de manteiga. Inclusive, acho que no Brasil não tem, mas nos Estados Unidos tem aquela não acredito que não é manteiga, o nome da margarina é não acredito que isso não é manteiga. É tão parecido com manteiga mas não é manteiga. Então se tiver óleo vegetal, tiver mais de 3 ingredientes, muito cuidado viu, tão tentando te enganar…
Dr. Souto: É, a gente de vez em quando vê aí no supermercado manteiga light. Manteiga light é uma manteiga que está diluída em óleo vegetal, então diz ali tem 50% menos de calorias ou algo assim. Então tem que ficar de olho, rótulo é um negócio que tem muita pegadinha. Porque as vezes se brinca, entre aspas, até com o tamanho da letra da fonte. Então aparece daqui a pouco ali manteiga bem grande, aí você vai ler tem uma letra miúda, assim, sei lá, produto misto de manteiga, bem grande, com óleo vegetal bem pequenininho. Ou então se usa esses coisas tipo light, aí entre parênteses em letra miúda contém 50% de óleo vegetal. Então rótulo é assim, sempre você tem que ta esperto pensando que você não sabe se quem ta do outro lado ta tentando te enganar ou não.
Rodrigo Polesso: É, fica muito esperto. Bem, a gente ta gravando esse podcast de manhã cedo, então sobre o que foi degustado na última refeição, escolha uma refeição de ontem Dr. Souto, ontem foi domingo, o que você degustou aí?
Dr. Souto: Ah, de ontem? Ontem eu fui no restaurante e comi um entrecot, que rapidamente está se tornando meu corte de carne preferido. É um entrecot feito numa grelha argentina. E, já que era um restaurante argentino, também um pimentão recheado com queijo provolone. Em cima dele a gente bota aquele temperinho chimichurri, e não precisa mais nada.
Rodrigo Polesso: É bom demais! Nossa! Bom demais! Eu fui na churrascaria ontem, churrascaria aqui, até tava falando com meus pais, que eu to em Curitiba ainda, na churrascaria o pessoal vem com espeto toda hora, a cada 30 segundos, ou vem oferecer… Nossa, a quantidade de macarrão e polenta ofereceram não foi brincadeira não. Acho que a mesma quantidade de carne eles ofereceram dessas coisas. Mas, eles vem com aquele espeto na mesa e aí senhor, aceita? Daí, eu tipo, pensei, nossa, esse tipo de coisa, se a gente for pensar em idade média, era só reis, ou só antigamente imperadores, tinham acesso a coisas desse tipo. E você ta sentado numa mesa e vim gente com espeto aceita senhor um pedaço disso? E hoje em dia uma coisa que a gente tem como comum, a gente esquece que esse tipo de privilégio, no mundo de antigamente nunca existiu. Só existiu pra realmente pra imperadores. Comida sempre foi disputada, principalmente carnes. Inclusive no contexto moderno da sociedade, esse tipo de rodízio de carnes não existe em muitos outros países, a não ser o Brasil. Então a gente tem muita sorte de ter essa quantidade generosa, é um privilégio muito grande poder ter acesso a tudo isso. E ao mesmo tempo a gente vive num mundo onde estão empurrando pra gente brócolis ao invés. Hahaha… É meio triste, eu me sinto meio ingrato ao não valorizar esse grane privilégio que a gente tem de ter acesso a isso tudo né?
Dr. Souto: É incrível né?!! Agora você também falou que o pessoal oferece quase tanta massa quanto a carne. Mas aí é estratégia de negócio né?! Sempre tem alguém que não pensa direito, e acaba comendo aquilo ali e quando começa chegar carne a pessoa não ta mais com fome.
Rodrigo Polesso: A lasanha 4 queijos que ele vem entregar sempre.
Dr. Souto: É, aí o restaurante economizou um bom dinheiro. Mas isso aí até um buffet bem organizado usa essa estratégia. O pessoal começa o que, com as saladas, depois tem uns legumes cozidos, a carne boa mesmo tá la no fim do buffet quando você já ocupou o espaço do prato. E claro, é a quilo né, é por quilo, então você vai pagar proporcionalmente mais caro por um monte de vegetais, que pesam embora não sejam tão densos do ponto de vista nutricional…
Rodrigo Polesso: Molhados né?
Dr. Souto: Molhados, cheios de água. Então sempre quando a gente vai fazer esse tipo de coisa, rodízio de churrasco, buffet, tem que dar uma pensadinha antes, que que, como é que eu vou otimizar a nutrição com esse dinheirinho que eu vou gastar?
Rodrigo Polesso: É, eu falei na Tribo Forte pra você ser um pouco mais egoísta a respeito do seu prato, e garantir um pouco a tua nutrição antes dos complementos. E a nutrição vem no final do buffet. E a nutrição vem no final do buffet, então, o pessoal vai te olhar estranho se você começar pelo fim do buffet, mas seria a forma correta de fazer, você garante a sua nutrição, ou seja, sua fonte de nutrição, proteínas, etc. Depois você complemente com suas folhas, legumes, o que você quiser né… mas como o Dr. Souto falou, não é feito dessa forma. Então, se acostume talvez se a pessoa te olhar um pouco estranho, se você fazer uma Alimentação Forte um pouco mais maximizada, com menos complementos, por que daí o pessoal fala, p*** me***, essa cara aí me deu prejuízo né, tomara que os outros sigam a estratégia que a gente ta querendo que eles sigam. Enfim, é isso pessoal, obrigado pela atenção de vocês, siga a gente no Instagram lá, siga @rodrigopolesso lá, siga o Dr. Souto é @jcsouto e também ablc ablc.org.br . E a gente vai se falando aqui, no próximo episódio na semana que vem. Obrigado Dr. Souto, um abraço e até o próximo.
Dr. Souto: Obrigado! Até o próximo!