TRIBO FORTE #015 – MITOS E VERDADES SOBRE O CONSUMO DE SAL, SIBUTRAMINA, LÍQUIDOS E MAIS

Tribo Forte PodcastBem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!

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No Episódio De Hoje:

Iremos bater um papo sobre:

  • Consumo de SAL na alimentação. Faz mal? Aumenta pressão? Quem está em risco e quem não está? Fatos por trás dos mitos.
  • Resposta a pergunta da comunidade: O que achamos sobre remédios para emagrecer, como sibutramina.
  • Resposta a pergunta da comunidade: É prejudicial tomar líquidos durante a refeição?
  • Resposta a pergunta da comunidade: Quais as sugestões para quem quer ganhar peso ao invés de perder?
  • E ainda teremos, claro, os quadros “Alimento do dia” e “o que voce comeu no almoço passado”.
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 Ouça o Episódio De Hoje:

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Veja Estes Resultados REAIS Abaixo:

Logo-Banner-quadrado1Abaixo eu coloco alguns dos resultados enviados pra mim por pessoas que estão seguindo as fases do Código Emagrecer De Vez, o novo programa de emagrecimento de 3 fases que é o mais poderoso da atualidade para se emagrecer de vez e montar um estilo de vida alimentar sensacional para a vida inteira.

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Referências do episódio

 

Receita da Pizza Low carb do Emagrecer De Vez

Estudo sobre o consumo de sal

Transcrição Completa Do Episódio

Rodrigo Polesso: Você está ouvindo o podcast oficial da Tribo Forte, com o Rodrigo Polesso e o Dr. Carlos Souto. Assuntos como emagrecimento, saúde, alimentação e estilo de vida são tratados de forma imparcial doa a quem doer. Para se tornar um membro da Tribo Forte, entre em TriboForte.com.br. Olá, bem-vindo ao episódio número 15 do podcast oficial da Tribo Forte. É um grande prazer estar aqui novamente para um bate-papo com você. Lembrando que novos episódios são postados às terças-feiras de manhã, que já virou o dia semanal da saúde. O episódio de hoje será um pouco diferente do tradicional, porque teríamos uma convidada muito especial para participar conosco, mas que por motivos de força maior não pôde participar. Porém, ela estará conosco no futuro, quando todos puderem participar. Então fique ligado, porque você nunca sabe quando aparecerá uma coisa especial nesse podcast. Nesse podcast de hoje faremos várias perguntas e respostas da comunidade, o que será bastante interessante. E também focaremos em algo muito antigo na nutrição, que é o consumo de sal – o que é verdade, o que é “achismo”, o que ainda não sabemos sobre o assunto… será que é melhor cortar o sal? Será que é melhor aumentar? Quais são os riscos? Mencionaremos um estudo recente sobre isso e bateremos um papo sobre esse assunto que é bastante polêmico. O Projeto Tribo Forte basicamente se resume em três palavras: saúde, boa forma e estilo de vida. Esses são os três grandes valores sobre os quais o Projeto Tribo Forte está embasado. Acabei de voltar do evento Paleo f(x), que é o maior evento ao vivo de dieta paleo, feito em Austin, no Texas. Ele se alinha perfeitamente com o que falamos aqui sobre estilo de vida. Tudo o que falamos aqui vai muito além do emagrecimento e da boa forma física. Isso fica bastante claro nesse episódio e nesse evento também. Lá vemos que o objetivo geral é construir um objetivo de vida, modificando como as pessoas vivem. Inclusive, eu postei alguns vídeos ao vivo na página do Emagrecer de Vez no Facebook. Quero fazer isso mais seguido para passar essas ideias e fortalecer essa questão de “estilo de vida” acima de tudo. O emagrecimento, a saúde e a boa forma é a ponta do iceberg. O que está embaixo é a maneira através da qual vivemos. Outro tópico grande que foi fortalecido com minha passagem pelo Paleo f(x) é a questão da importância dos profissionais de saúde de se atualizarem constantemente. O evento reuniu os médicos e especialistas que são os tops em suas áreas, e nem eles sabem de maneira conclusiva o que é certo ou errado em muitos tópicos. Muitas coisas ainda estão sendo estudadas. Imagine um profissional hoje em dia que só conta com o que aprendeu na universidade e não se esforça continuamente para se atualizar diariamente. Imagine a qualidade das recomendações que esse profissional vai te passar sendo que o topo do conhecimento mundial ainda não está cristalizado. Por isso, temos que tentar escolher e peneirar bem as pessoas nas quais confiamos no ramo da saúde. É importante exigirmos muito desses profissionais. Se valorizamos o mecânico que cuida do nosso carro, precisamos valorizar o mecânico da nossa saúde. É crucial que esse profissional se atualize, porque no ramo da nutrição saem coisas nossas diariamente. É impressionante como essa ciência carrega tanta polêmica e tanta falta de evidência. Mesmo assim, várias diretrizes são feitas por aí. Dr. Souto, eu sei que você se atualiza todos os dias. É um hobby – ficar ligado no que sai sobre nutrição. Temos esse força interior de querer disseminar o que sai de mais novo na nutrição. Nunca diremos que “a verdade é essa e não tem mais o que falar.” Temos que realmente ficar por cima do conhecimento, já que ele se modifica a cada dia. Qual é a importância de um profissional da saúde de ficar varejando o conhecimento que sai todos os dias para conseguir dar a melhor recomendação possível para seus pacientes e para o pessoal da Tribo Forte?

Dr. Souto: Bom dia, Rodrigo. Bom dia aos ouvintes. É muito importante a questão da atualização. Especialmente na medicina e nas ciências da saúde. Isso é verdade há muito tempo. Quando eu era um estudante de medicina, meu pai (que é médico), me dizia: “os livros são interessantes para consultar algum conhecimento consolidado.” Ele também dizia: “compre os livros da faculdade em inglês desde o primeiro ano.” Se eu fosse comprar o livro em português ele já estaria em torno de 5 anos defasado, porque era o tempo que ele levava para ser traduzido na época. Se havia uma quinta edição de um livro em inglês, em português esse livro estaria na quarta edição. Isso é algo muito importante para todo profissional de saúde. A língua oficial da saúde (queira ou não) é o inglês. Você esteve no Paleo f(x), que é nos Estados Unidos, mas vários dos palestrantes não eram americanos, correto?

Rodrigo Polesso: Sim.

Dr. Souto: Tinham palestrantes do mundo inteiro. Mas o sujeito que era da Suécia, não iria falar sueco no Paleo f(x), e sim inglês. O sujeito que vinha de qualquer outro país e iria fazer uma apresentação nessa conferência internacional não falava em sua língua e tinha uma tradução simultânea – ele falava em inglês. Essa é a língua da ciência. Um profissional de saúde que não domine o inglês tem um grande problema no que diz respeito à atualização. Esse é o primeiro ponto. A segunda coisa, que eu também aprendi com meu pai, há mais de 20 anos atrás, é que o livro (apesar de poder ter conhecimentos consolidados) pode estar defasado, então é preciso estudar através das revistas médicas. Na época isso não era uma coisa tão simples. Você precisava fazer uma assinatura de revistas que vinham por correio internacional, chegando alguns meses atrasadas no Brasil. Era uma coisa cara, pois a assinatura era em dólar. Hoje em dia é muito mais fácil – nós temos tudo disponível na internet. Os resumos das revistas estão disponíveis para quem quiser ler. Antes eram necessárias pesquisas médicas feitas através de uma ida à biblioteca da faculdade de medicina (agendada com a bibliotecária) para solicitar as cópias dos artigos que vinham de São Paulo… hoje em dia qualquer um pode fazer uma pesquisa no PubMed através de um smartphone. É muito “mimimi” alguém achar que não precisa se atualizar e que pode se basear naquilo que ela aprendeu na faculdade. A atualização é absolutamente fundamental. Na área da nutrição, existe um fenômeno estranho: uma imunidade às evidências. Existem diretrizes que já deveriam estar sepultadas, assim como o que era divulgado na época em que se achava que cigarro não fazia mal e que se usavam medicamentos que hoje não se usam mais. As coisas mudam muito na ciência da saúde, mas na nutrição não! As diretrizes que já foram absolutamente superadas no que diz respeito ao consumo de gordura e consumo de carboidratos permanecem sendo utilizadas por profissionais hoje em dia. A única explicação é que o pessoal não está vendo as revistas médicas e não domina o inglês – não consigo ver outra explicação para isso.

Rodrigo Polesso: Até mesmo as pessoas que estão dispostas a nadar contra a correnteza, fazem isso com receio. Elas sabem a força que a correnteza tem. Imagine um médico que percebe que o que ele está dizendo por 30 anos está errado e quer se rebelar numa comunidade médica já estabelecida numa cidade… é uma dificuldade muito grande para ele virar na contramão e ir na direção oposta, como aconteceu com o Dr. Yudkin. Apesar dele ser uma pessoa extremamente respeitada, ele começou a falar uma coisa muito diferente da maioria e foi sepultado pelos companheiros.

Dr. Souto: Sair da zona de conforto é sempre difícil. Ninguém será punido por estar seguindo as diretrizes oficiais. Mas quando a pessoa sai daquilo, ela correrá o risco de ter que dar explicações. No entanto, o que me espanta na área da nutrição, é o fato das diretrizes terem parado no tempo. Em tratamento de câncer, as diretrizes vão mudando todos os anos para refletir os últimos estudos – é considerado uma coisa boa que as diretrizes mudem que o novo estudo mostre que uma coisa que era feita não era a melhor. Isso é considerado uma coisa boa e progressista dentro da área do câncer. Mas na área da nutrição, um estudo com milhares de pessoas, prospectivo e randomizado, que sepulte um item de uma diretriz antiga, é criticado – dizem que o “estudo não vale porque a diretriz não pode ser mudada”. É uma atitude semirreligiosa. É uma coisa que a gente esperaria talvez do Vaticano, não do Conselho de Nutrição ou de Endocrinologistas.

Rodrigo Polesso: Imagine quantas coisas aconteceram por causa dessas diretrizes iniciais que não foram embasadas em ciência nenhuma. Imagine o pessoal falando “o que temos falado para vocês há 40 anos, que causou a morte de milhões de pessoas no mundo, está errado. Desculpe-nos. Vamos começar a sugerir uma coisa completamente oposta.” Acho muito difícil deles falarem isso, até mesmo por causa das forças da própria indústria. É uma coisa muito difícil, mas acho que vão começar a mudar devagar, para que a impressão de que eles estavam errados não fique tão clara.

Dr. Souto: É difícil, mas pessoas já fizeram coisas muito mais difíceis do que isso. O governo alemão admitiu o holocausto. As pessoas têm que poder admitir os erros do passado para poder olhar para frente. Eu sei que não é fácil, mas pode ser feita. Normalmente é feita sem fanfarra. Novas diretrizes saem onde coisas que antes constavam agora são omitidas. Ou seja, eles não pedem desculpas, só mudam sem dar explicação. Mas até isso seria uma evolução.

Rodrigo Polesso: Eu gostaria de sugerir um vídeo muito bom do John Oliver sobre ciência. Ele fala como a ciência é utilizada hoje na mídia. Vou colocar o link embaixo do podcast no EmagrecerDeVez.com. Recomendo que todos vejam esse vídeo. É um papo muito legal que o John Oliver fez sobre como ciência é utilizada de forma errada na mídia hoje.

Dr. Souto: Eu peguei o link para ver, mas não vi ainda.

Rodrigo Polesso: É excelente. Agora permita-me compartilhar alguns dos motivos pelos quais a gente faz o que a gente faz. Eu gostaria de ler o feedback de duas pessoas que postaram na comunidade. A Débora Rodriguez Gartner diz o seguinte: “Eu gostaria de agradecer o Emagrecer de Vez por ter aumentado a minha autoestima. Eu emagreci 26 quilos graças às dicas. Na primeira semana foram 5 quilos e fui emagrecendo aos pouco ao longo do ano. Atingi um peso hoje que nunca havia atingido com nenhuma dieta anterior, sem ter o efeito sanfona. Aos que estão começando, desejo força, fé, saúde e vitórias.” Parabéns, Débora por esses 26 quilos. A ponta do iceberg são os 6 quilos, mas o resto da sua vida que se modifica é o verdadeiro valor de uma modificação alimentar. O Don Júnior fala o seguinte: “Rodrigo, conheci seu trabalho recentemente. Sou psicólogo clínico e atuo também na área de emagrecimento e recomendo aos meus pacientes o Programa Emagrecer de Vez. O que me deixa mais feliz, além da sua competência, a do Dr. Souto e de toda Tribo Forte, é que vocês têm uma atitude sincera, compromisso com a verdade científica e seguem sempre em busca do melhor conhecimento para compartilhar conosco. Assim vocês ajudam a disseminar os valores de uma cultura de paz, que é uma direção que também sigo no meu trabalho diário. Parabéns mesmo e continuem nesse excelente caminho.” Esse tipo de comentário é o que nos faz continuar em frente, nadando contra a maré para mostrar para a maior quantidade de pessoas o caminho da verdade. Nós sabemos que esse tipo de coisa acaba impactando de uma forma ou de outra a vida das pessoas de forma diferente. Acreditamos no efeito bola de neve – pessoas que tiveram resultados bons irão disseminar esse conhecimento para mais pessoas. Dessa forma, a semente da mudança começa a transformar o cenário nacional.

Dr. Souto: Todos os dias apareçam essas coisas lá no blog. Às vezes nos surpreendemos com resultados tão significativos, sendo que é basicamente uma interação online. É um grande poder que a informação correta pode ter nas vidas das pessoas. Às vezes eu mesmo penso em uma coisa meio negativista: as diretrizes nem são tão importantes assim, porque no fundo a maioria das pessoas não segue diretriz nenhuma. Mas o fato é que existem algumas pessoas que querem mudar e, para essas, ter uma diretriz correta faz toda a diferença.

Rodrigo Polesso: Antes da gente partir para o tópico do sal, temos uma pergunta da comunidade. O Dr. Souto falou que na semana passada três pessoas perguntaram para ele a respeito disso. A pergunta é: “Posso beber líquidos junto com a comida?”

Dr. Souto: Eu achava que isso pertencia ao folclore da minha infância. Eu não imagina que no século 21 isso seria uma questão digna de nota. É interessante explorar esse mito. Antes de procurar algo que negue um determinado mito, a primeira coisa que temos que procurar é algo que dê suporte ao mito. Às vezes é difícil negar algo sem ter uma evidência que dê suporte. Eu recomendo que todos leiam o livro do Carl Sagan chamado “Demon-Haunted World”. Ele dá o seguinte exemplo: “Imagine que existe um dragão embaixo da minha cama.” Alguém pode dizer: “Estou olhando embaixo da cama e não vejo dragão nenhum.” Aí eu digo: “Sim, mas ele é dragão invisível.” Aí a pessoa diz: “Então vamos botar a farinha no chã para ver as pegadas dele.” Aí eu digo: “Mas ele é invisível e flutua.” Então, é impossível provar que não existe um dragão; a questão é mostrar a evidência de que ele existe. Eu procurei no PubMed e não tem artigos mostrado que comer líquidos não faz mal para a digestão, mas também não tem nenhum mostrando que faça. Então, quando pesquisamos isso só encontramos sites de pessoas que estão dando opiniões – mas às vezes são médicos que estão dando as opiniões. Mas aí voltamos à questão da falácia da autoridade. O fato do sujeito ser médico ou não, não é o que torna algo verdade. O que importa é o nível de evidência do que ele falou. Por acaso existe um estudo no qual se pegou um número de pessoas, dividiu em 2 grupos, um grupo bebeu água durante a alimentação ou não e depois se viu o resultado? Não. Reza a lenda que se nós consumirmos líquido junto com a alimentação, esse líquido vai diluir o ácido do estômago e graças a isso a digestão vai ser prejudicada. O fato é que o papel do estômago na digestão é secundário – tanto é que o estômago pode ser retirado em quase sua totalidade nunca cirurgia bariátrica, e as pessoas continuam digerindo os alimentos. Na verdade, o papel do ácido do estômago não é tanto na digestão. O papel fundamental do ácido do estômago é esterilizar (matar as bactérias) a comida. Tanto que os herbívoros têm um pH neutro no seu estômago, já que eles comem capim e precisam ter bactérias que ajudem a digerir a celulose – se o estômago fosse ácido, essas bactérias não conseguiram viver lá. Já os carnívoros, que durante a evolução vão comer carcaças (e outras coisas altamente contaminadas), têm que ter um estômago altamente ácido para matar a maior parte dos microrganismos e bactérias. Essa é a grande função da acidez do estômago. Na realidade, quando bebemos líquido, e esse líquido chega no duodeno (que é a porção inicial do intestino delgado), a maior parte será imediatamente absorvida (antes mesmo dos alimentos). Do duodeno para baixo que o grosso da digestão ocorre. Não há um motivo racional para nós acharmos que isso é um problema. Eu acho que é importante que as pessoas não fiquem tão preocupadas com folclores alimentares. Quem de nós não cresceu ouvindo que não podia misturar o alimento A com o alimento B (melancia com leite, por exemplo)? Eu realmente espero que a maioria das pessoas se dê conta que a maioria dessas coisas são folclore. Não existem evidências científicas que deem base para isso. Alimentar-se deve ser uma coisa prazerosa. Se a pessoa gosta de beber junto com os alimentos, que beba. Se ela não gosta de beber junto com os alimentos, não beba. Não sei o que você acha, Rodrigo. Eu não vejo nenhuma diferença.

Rodrigo Polesso: Concordo plenamente. Sua explicação sobre o ácido ataca diretamente uma das principais bases desse mito. Se a gente não devesse beber enquanto comemos, a gente sentiria aversão à água. A natureza não é burra. Fomos desenvolvidos ao longo de milhões de anos. Tenho certeza que se beber durante a refeição fosse algo ruim para o ser humano, a gente sentiria aversão à água enquanto comemos.

Dr. Souto: Esse é um argumento perfeito. Vamos explicar como ocorre a seleção natural. Imagine que beber durante a alimentação fosse algo muito ruim para sua nutrição. Então, aqueles seres humanos que têm uma tendência genética a sentir sede durante a alimentação iriam paulatinamente deixar menos descendentes do que aqueles que têm aversão a beber durante a alimentação. Depois de 2,5 milhões de anos de evolução humana, todos nós teríamos aversão a beber durante a alimentação.

Rodrigo Polesso: Eu sinto vontade de beber durante a refeição. As pessoas que se preocupam com esse folclore (não comer manga com leite ou líquidos com refeição) é a mesma pessoa que fuma um cigarro ou come um brownie na panificadora. Elas ficam se bitolando nesses detalhes que não sabemos se quer se é verdade ou mentira, mas acabam dando um tiro no pé com coisas que sabemos que fazem mal. Antes de partirmos para uma otimização de estilo de vida tão detalhado, vamos dar um passo para trás, olhar o que estamos fazendo e tentar combater as principais coisas obviamente erradas na alimentação. Agora quero falar da questão do sal, Dr. Souto. Vou ler um resumo rápido desse estudo que foi publicado em Hamilton, em Ontario, na Universidade de McMaster. Eu passei de carro ontem na frente e nem sabia que era uma universidade importante. O estudo diz: “Uma análise envolvendo mais de 130.000 pessoas de 49 países adicionou ao corpo de evidências que uma ingestão de baixo sódio pode ser danosa à saúde – mas a aceitação disso está muito longe de ser universal. Comparada à uma ingestão média de sal (de 3 a 6 gramas por dia) uma ingestão baixa de sal (menos de 3 gramas por dia) foi associada com o aumento de risco cardiovascular e morte, o paciente tendo hipertensão ou não. Em contraste, uma ingestão elevada de sal foi associada com o aumento de problemas somente nas pessoas que são hipertensas, de acordo com o investigador desse estudo, que é o Dr. Andrew Mente. Ele fala o seguinte: “A mensagem que diz que a população inteira deve reduzir o consumo de sal é provavelmente errada. A gente precisa simplesmente identificar os indivíduos que têm hipertensão e também consomem sal de maneira exagerada e sugerir para essas pessoas que comecem uma ingestão moderada de sal. Esse seria a maneira ideal de se tratar esse problema. Notando que somente 10% da população tem hipertensão e consumo de sal alto ao mesmo tempo.” Essa análise é associativa, não é causa e efeito. Hoje em dia todo mundo escuta que sal causa o aumento da pressão. Mas o que essa análise diz é que o consumo baixo de sal foi associado com o aumento de problemas cardiovasculares independente da pessoa ser hipertensa ou não. Além disso, foi visto que o alto consumo de sal foi associado com problemas cardíacos somente nas pessoas que já eram hipertensas. Tenho certeza que o Dr. Souto trata todos os dias com essa questão de sal. Acho que é legal focar nisso para colocar mais razão nesse tópico. Dr. Souto, o que você tem a dizer sobre esse assunto?

Dr. Souto: Esse assunto não é novo. Em julho de 2013, eu escrevi sobre isso no blog. Já nessa época a questão era que o CDC (Centro de Controle de Doenças) chegou à conclusão que as diretrizes sobre sal estavam erradas. No entanto, existem vários órgãos de saúde que se contradizem. O CDC acha isso, mas a Associação Americana de Cardiologia continua achando que o sal deva ser super restrito. Baseado em estudos como essa análise que você citou e outros estudos que já existiam em 2013 de que a restrição excessiva do sódio pode ser pior do que não restringir o sódio. Isso é muito comum em medicina – as coisas têm uma curva em “J”. Não é que quanto mais baixa uma coisa, melhor. O correto é: muito alto é ruim, baixar um pouco é bom, mas baixar demais também é ruim. Se nós deixarmos as pessoas consumirem a quantidade de sódio que o paladar delas guia, a quantidade será ideal dentro do que determina essa última análise. O problema do excesso do consumo de sódio vem fundamentalmente dos alimentos processados. Nos alimentos processados, muitas vezes o gosto se perde no processamento e tem que ser reintroduzido. Então, são introduzidos sabores artificiais, realçadores de sabor, sal e açúcar em grande quantidade. Se você somente sal em grande quantidade, a pessoa iria achar salgado demais e não iria ficar bom. Mas quando é sal e açúcar, um cancela o efeito do outro e ambos realçam o sabor. Isso é muito utilizado em molhos prontos, condimentos, refrigerantes, salgadinhos… Quando as pessoas consomem poucos alimentos processados (como nas alimentações forte, paleo, low-carb sugerem), elas consomem menos sódio. Mas a comida dessas pessoas não é sem gosto, já que se colocar sal a gosto estará numa média saudável. Qual é a evidência de que o sódio seja realmente um grande causador de problemas? É uma evidência muito frágil. Como essa análise deixou bem claro, em pessoas que não são hipertensas, não há benefício. Então, sugerir para toda população que restrinja severamente o sódio seria como restringir o consumo de lactose para todos, embora exista um subgrupo de pessoas que sejam intolerantes à lactose. Eu tenho que sugerir para as pessoas que são intolerantes à lactose, que evitem lactose. Mas por que eu iria sugerir isso para pessoas que não são intolerantes? A ideia de que restringir o sódio na população como um todo vá ser benéfico é que “não vai fazer mais para os que não são hipertensos e vai ajudar os que são hipertensos.” Mas acontece que já existia em 2013 evidências de que restringir demais o sal aumenta a mortalidade, inclusive nos hipertensos. Então, a ideia de substituir o sal por temperos para conseguir comer a comida sem gosto… não tem evidência para suportar isso. Existe um subgrupo de pessoas hipertensas que são chamados de “salt sensitive” (sensíveis ao sal). Esse é um subgrupo que, ao restringir o sal, a gente percebe uma queda significativa da pressão arterial. Quando eles voltam a comer mais sal, há uma subida significativa da pressão. Não precisa de nenhuma alta tecnologia para medir isso. Basta ter um aparelho de pressão ou uma farmácia que mede a pressão. Então, é só passar alguns dias restringindo severamente o sal e medir a pressão. Depois, passe uns dias comendo sal normalmente e meça a pressa novamente. Se você tiver uma diferença importante entre essas duas medidas, talvez seja interessante medir o sal. Mas para a maioria das pessoas isso não é verdade. Esse artigo saiu do The Lancet, se não me engano – é uma revista extremamente importante. Se eu tivesse que citar revistar médicas de maior impacto, seriam: Science, Nature, Lancet e New England Journal of Medicine. Um artigo do Lancet tem muita repercussão. Vou aproveitar e ler alguns trechos daquilo que eu traduzi em 2013 de um artigo de 2011. “Esta semana, uma metanálise de sete estudos envolvendo um total de 6250 pessoas publicada no American Journal of Hypertension não encontrou nenhuma evidência forte de que cortar o sal reduza o risco de ataques cardíacos, derrames ou morte em pessoas com pressão normal ou alta. Em maio, pesquisadores europeus, no Journal of the American Medical Association (JAMA), relataram que quanto menos sódio as pessoas excretavam na sua urina (uma excelente medida de seu consumo de sal) – maior era o seu risco de morrer do coração.” Esse estudo que o Rodrigo citou para vocês, com 130 mil pacientes também usou o sódio excretado na urina como critério. Quando damos questionários para as pessoas, é muito subjetivo. As pessoas não vão saber responder “quantos gramas de sal consumiram ontem?” Então, questionário é muito subjetivo. Mas quando medimos a quantidade de sal eliminado na urina, obviamente isso refletirá a quantidade de sal que a pessoa consumiu. Já em 2011 as evidências eram equívocas. Dá onde vem a ideia de que o sódio é um problema? Vou ler para vocês. “O medo do sal surgiu há mais de um século. Em 1904 médicos franceses relataram que 6 de seus pacientes hipertensos – um risco conhecido para doença cardíaca – gostavam de sal. O receio aumentou muito na década de 1970, quando Lewis Dahl…” – esse sujeito, Lewis Dahl, está para hipertensão como o Ancel Keys está para gordura saturada. Esse sujeito é o culpado por você estar comendo comida sem gosto. Ele é o culpado de não ter saleiro nas mesas dos restaurantes. Ele alegou possuir “evidências científicas inequívocas de que o sal causava hipertensão”: Será que ele utilizou um estudo clínico randomizado? Não, ele induziu pressão alta em ratos. A história do colesterol aumentar com a gordura saturada veio de cientistas alimentarem coelhos com colesterol. Coelhos são vegetarianos – eles não comem colesterol! Seria a mesma coisa que alimentar pessoas com capim e essas pessoas terem problemas de saúde… Eu chegaria a conclusão que o capim faz mal para o coelho. Não! Faz mal para a pessoa. Então o Lewis Dahl, nos anos 70, induziu pressão alta em ratos alimentando-os com o que equivaleria a meio quilo de sódio por dia para um humano. Hoje, um americano médio consome cerca de 3,4g de sódio, ou 8,5g de sal, por dia. “Dahl também descobriu tendências populacionais que continuam a ser citadas como se fossem fortes evidências. Pessoas vivendo em países com alto consumo de sal – como o Japão – também tendiam a ter pressão alta e derrames. Mas, como um artigo indicou anos depois no American Journal of Hypertension, os cientistas não tiveram muita sorte ao procurar tais associações quando comparavam o consumo de sódio entre pessoas dentro de uma mesma população, o que sugeria que a genética ou outros fatores pudessem ser os culpados.” Ou seja, sim, os japoneses consomem bastante sal e têm bastante hipertensão. Mas dentro do Japão, aqueles que consomem mais sal não tem menos problema do que aqueles que consomem menos sal dentro do Japão. Então, podem ter outras diferenças. Essas informações são de um artigo de 2011 que eu traduzi em 2013. Passaram-se 5 anos e ainda estamos tirando o saleiro da mesa. O correto seria dizer para as pessoas diminuírem os alimentos processados, que tem uma quantidade de sal que seu paladar normalmente não aceitaria, mas como está no alimento falso, a gente acaba enganado e acaba comendo mais sal do que nosso paladar permitiria. Então, tirar os alimentos processados é uma boa. E, aquele pequeno percentual da população que, além de ser hipertenso é sensível ao sal, pode fazer uma redução voluntária da quantidade de sal que consomem. Mas hoje em dia temos pessoas escolhendo marca de água mineral porque uma marca de água tem miligramas a mais de sódio do que a outra marca. A miligrama é a milésima parte do grama. Então, 50 miligramas de sódio em uma garrafa e outra marca com 80 miligramas de sódio… são milésimos de grama. Estamos falando de 3,4 gramas de sódio por dia – 3.400 miligramas. Então, se a pessoa consumir uma garrafa d’água e consumir 50 miligramas a mais por causa disso… não vamos nos preocupar com bobagem. Ou seja, a pessoa está preocupada com a marca da água mineral, mas come batata frita. Então, ela come algo que é frito em óleos poli-insaturados, super tóxicos e oxidados e com vários gramas de sal.

Rodrigo Polesso: Às vezes as pessoas são hipertensas porque têm uma alimentação desse tipo. Então, você pode estar consumindo uma quantidade de sal incrivelmente alta porque não consegue nem sentir mais o sal. Quando você tem um prato de comida de verdade, você coloca o sal de acordo com o seu gosto. Algumas pessoas colocam mais e outras colocam menos. Nosso corpo nos dará pistas de quanto sal quer comer. Eu gosto de sal – talvez a quantidade de sal que eu coloque na minha comida seja um pouco demais para outras pessoas. O problema é quando ele vem disfarçado nos alimentos processados. Em refrigerantes, tomamos o sal sem perceber, já que a bebia é doce por causa do açúcar. O problema nesse caso não seria o sal, mas sim o veículo onde ele está inserido, que são os alimentos processados refinados. O sal é importante. O cavalo precisa de sal. Outros animais também buscam o sal. Na primeira fase do Código Emagrecer de Vez, que tem uma alimentação low-carb, recomendamos uma ingestão um pouco maior de sal, já que a pessoa começa a eliminar bastante água nesse período. Então, o sal é necessário – um sal na sua forma natural junto com sua alimentação forte. Precisamos alinhar nosso consumo de sal com nossa própria vontade. É legal a gente perceber que a base científica é muito fraca. Basicamente, não existe ensaios randomizados que prove causa e efeito. Vimos que a ingestão baixa de sal pode ser tão perigosa quanto a ingestão alta para as pessoas que já têm hipertensão. Todos que espalham esse mito têm que analisar o que embasa isso aí. Vimos que não tem base, como o Dr. Souto falou. É importante a gente saber de onde esses mitos vêm. É como se fosse indiscutível que sal faz mal. Mas quando se analisa a origem disso, vemos que a origem é muito fraca.

Dr. Souto: No entanto, a Associação Americana de Cardiologia se manifestou dizendo que eles não vão mudar de opinião e que continuam defendendo que o sódio deva ser restrito a esses níveis super baixos. De modo que, mesmo a evidência de alto nível pareça não ser suficiente para convencer órgãos a mudar de direção.

Rodrigo Polesso: E isso lida com a coisa mais importante para o ser humano, que é forma como ele vive. É ridículo esse tipo de coisa. Tenho uma pergunta da Leka Vasques, Dr. Souto: “Rodrigo, me diga uma coisa. Posso aliar a mudança de vida que você propõe junto com o remédio que a doutora disse que vou ter que beber por bastante tempo que é sibutramina?” A sibutramina não foi proibida?

Dr. Souto: Pois é. A sibutramina age diminuindo o apetite. É uma droga que ainda está disponível para ser comprada sob prescrição médica. Mas o grande problema dessa pergunta é que estamos partindo do paradigma errado. O paradigma correto que nós defendemos é que o que determina o quando que você vai comer é o grau de saciedade que você tem. Se você come uma alimentação que lhe deixa sem fome, já que você se nutriu adequadamente, com gorduras boas, proteínas, baixa em carboidratos refinados, estimula pouco a sua insulina… então você não precisa passar fome para comer pouco. Se você tem que passar fome para comer pouco, aí faz sentido usar uma medicação como a sibutramina que vai diminuir sua fome. Mas a fome está lá porque você não está comendo uma alimentação adequada que vai particionar as calorias não para armazenamento. Como a gente sempre diz, se você consumir muito carboidratos processados (que aumentam muito sua glicose), isso manterá sua insulina sempre alta, dirigindo as calorias preferencialmente para o armazenamento. Em seguida, você estará com fome novamente. Se você parte do pressuposto de que tudo que conta são calorias, você vai acreditar que precisará usar a sibutramina. Se a sibutramina tivesse poucos efeitos colaterais, fosse uma medicação sem maiores riscos e tivesse uma eficácia prolongada no longo prazo, estaria OK. Mas na verdade, é uma medicação que tem riscos cardiovasculares; tem feitos do tipo boca seca, dificuldade para dormir, taquicardia. Além disso, o uso continuado dela não leva a uma perda de peso duradoura. Então, é mais uma intervenção focada primariamente nas calorias ao invés de se focar na qualidade dos alimentos e mais uma intervenção que no longo prazo não dá certo. De intervenções que dão certo no curto prazo o caminho para o inferno está cheio. Então, se uma pessoa está fazendo uma alimentação adequada (tirando os carboidratos refinados e consumindo boas gorduras) e ainda assim tem compulsão alimentar, eventualmente, eu aceito que um profissional de saúde com experiência no uso desse tipo de medicação orientasse que um paciente use uma medicação supressora do apetite por um curto período de tempo para tentar manejar a compulsão. Mas seria um caso muito específico. Caso contrário, seria simplesmente uma forma medicamentosa de cometer o mesmo erro que as diretrizes nutricionais atuais já cometem – ou seja, a ideia de que tem que simplesmente intervir nas calorias. Ao invés de se focar primariamente nas calorias, vamos nos focar primeiramente na saciedade que é fornecida pela comida de verdade.

Rodrigo Polesso: Sem contar esses efeitos colaterais de todos os medicamentos que a gente simplesmente não sabe quais serão dentro de 10 ou 20 anos. Essa droga já está no mercado e já existem vários estudos com resultados consistentemente negativos. Mas ninguém sabe os reais efeitos colaterais do medicamento ao longo de 20 ou 30 anos. É uma química. Não se colhe sibutramina da árvore – a natureza não cria isso. Isso vai ter um impacto no organismo. Nosso corpo é todo interconectado. Por que arriscar ao longo de tempo se podemos fazer uma alteração na base de tudo? Assim você pode melhorar não só a questão do peso como todo o resto. No caso da pergunta da Leka, vale ela investigar a mudança de vida dela, já que ela perguntou se pode alinhar a mudança de vida com o remédio. A ideia é justamente que você faça essa mudança de vida para evitar o uso do remédio. Agora vamos para a última pergunta de hoje. A Karine Rodrigues Ferreira perguntou: “Rodrigo, estou fazendo o Código Emagrecer de Vez e já perdi 3.3 quilos. Mas estou aqui para perguntar o que você pessoa que quer ganhar peso deve fazer?” Ela já está conseguindo perder o peso que quer. Mas ela deve ter um amigo ou alguém na família que tem dificuldade em ganhar peso. Sabemos que nossa forma física não reflete nossa saúde. Existem pessoas magras (em forma) com vários problemas de saúde. Existem até jogadores de futebol que morrem de ataque cardíaco, mas que estão em perfeita forma física. Mas para ganhar peso, não tem segredo nenhum. Não vou encher minha barriga de sobremesa para ganhar peso. Você deve ganhar peso naturalmente. Uma alimentação forte é ótima para perder peso e para ganhar peso naturalmente. Então, na minha opinião, você pode adaptar uma alimentação forte inserindo algumas coisas. Primeiramente você tem que se certificar de que está emocionalmente OK – ou seja, você não está comendo pouco por causa de um problema psicológico. Sabemos que nossa condição emocional afeta diretamente como comemos. Se você está deprimido você pode tanto comer menos quanto comer mais. Depois, foque na qualidade dos alimentos. Você pode começar a adicionar carboidratos de qualidade, como arroz, batata-doce e mandioca, se certificando de que está comendo uma quantidade suficiente com sua fome. Essa é a melhor tacada para ganhar peso naturalmente sem denigrir nossa saúde. Não devemos tentar ganhar peso pagando o preço que é ter problemas de saúde. Então, a melhor tacada é adaptar uma alimentação forte para tentar ganhar peso naturalmente, com saúde. Dr. Souto, muitas pessoas te perguntam como ganhar peso?

Dr. Souto: De fato, aparecem várias pessoas no blog perguntando sobre ganho de peso. A maioria das pessoas que procuram seu site ou meu blog estão procurando perder peso, mas o contrário também acontece. Primeiramente que 70% do peso é determinado geneticamente. Isso se vê em estudos feitos com gêmeos idênticos que são criados em famílias separadas. Gêmeos idênticos (que, portanto, tem os mesmo genes) que estão em ambientes distintos mostram que existe uma parte que é determinada pelo ambiente, mas 70% é determinado geneticamente. Uma vez eu escrevi no meu blog uma alegoria que usarei aqui sobre as raças de cães. Os galgos são cães bem magros com pernas longas, com costelas aparecendo e com uma barriga chupada para dentro. Ele é um cão de corrida geneticamente selecionado por várias gerações para ser rápido e leve. Se fosse um ser humano, seria um corredor de maratona. O outro cão que usei para comparação foi o basset, que é baixo, gordo, com orelhas cumpridas. Não precisa ser um expert para dizer que esses cães têm tanta diferença de composição corporal não tanto pelo estilo de vida, mas pela genética. Eu uso essa alegoria para argumentar o seguinte: se eu alimentar um galgo com comidas ruins do ser humano (biscoito, pão), ele não será um galgo tão magro quanto aqueles criados para corrida, mas nunca será um cão obeso da forma que um basset tende a ficar. Mesmo que um basset seja colocado para fazer esportes, e tenha uma alimentação adequada, ele não será obeso, mas não será magro como um galgo. A raça dele simplesmente não é assim. Podemos transferir essa alegoria para pessoas. Existem pessoas que realmente têm uma tendência a engordar. Essas pessoas conseguem controlar o peso, não vão ficar diabéticas e não vão ter síndrome metabólica se comerem uma alimentação adequada que não seja rica em carboidratos processados, mas isso não significa que vão ficar naquela magreza da modelo da capa da revista.

Rodrigo Polesso: É bem importante frisarmos essa parte. A pré-disposição para o ganho de peso é fortemente genética e a ciência mostra isso claramente. Isso não significa que você inevitavelmente será obeso. O seu peso ideal será regulado acima da pessoa que é naturalmente magra. Você de forma alguma se tornará diabético, hipertenso e terá problemas cardiovasculares com alimentação correta. Você será pré-disposto a ganhar mais gordura, mas não é pré-disposto a ter toda essa síndrome metabólica causa por essa alimentação.

Dr. Souto: Exato. Mas o oposto é verdadeiro. A pessoa que é naturalmente super magra tem dificuldade em ganhar peso e talvez nunca consiga ganhar o peso que gostaria de ganhar. Assim como a pessoa que tem mais peso talvez nunca consiga ficar tão magra como gostaria. Isso faz parte da vida. Por isso que eu usei na minha postagem o exemplo das raças de cães. O basset não precisa ser obeso – ele pode ser magro par a raça dele. Mas ele nunca será tão magro como a raça magra. Mas o inverso é verdadeiro. Um galdo nunca será tão forte quanto um pitbull. A raça dele não permite isso. A genética de uma dessas pessoas longilíneas, super magras (como aqueles quenianos que estão no pelotão de frente das maratonas), nunca tão o corpo do Mike Tyson. Simplesmente isso não está na genética delas. Elas podem tentar comer mais calorias. Não faz sentido fazer uma dieta de muito baixo carboidrato para esse tipo corporal, mas também não faz sentido ficar comendo lixo. Então, coma carboidratos paleo, como frutas e raízes (mandioca, batata-doce, tapioca, batata) – comidas de verdade. Sabemos que os carboidratos favorecem o ganho de peso, então para essas pessoas isso pode ser uma boa. Mas essas pessoas não estão isentas de ficarem doentes, diabéticas e com gordura no fígado se ficarem comendo doces, açúcares e carboidratos processados.

Rodrigo Polesso: A forma física é somente a ponta do iceberg. O que nós vemos do lado de fora não tem nada a ver com o que está acontecendo dentro.

Dr. Souto: Assim como nós não temos uma fórmula mágica para uma pessoa que tem tendência genética à obesidade para ficar super magra, nós também não temos a fórmula mágica para uma pessoa super magra ficar mais forte do que ela é. Evidentemente a musculação é importante. O consumo adequado de proteína para dar suporte ao crescimento do músculo é importante. Mas assim como quem está com dificuldade de perder, para quem quer ganhar, 70% é genético – então, existe um limite no que conseguimos fazer naturalmente (sem drogas) para mudar essa situação.

Rodrigo Polesso: Acho que a chave é fazermos o melhor que pudermos dentro do nosso perfil genético. O papel e o dever de cada pessoa é ser o melhor que ela pode ser. Temos que fazer o possível para que nosso corpo possa se desenvolver da melhor forma dentro das limitações. Cada pessoa é diferente, mas podemos fazer o melhor que pudermos. Vamos para a parte que falamos sobre o que comemos no almoço passado. Eu comi algo que postei há dois anos atrás no canal do Emagrecer de Vez do YouTube, que é a pizza low-carb do Emagrecer de Vez. Colocarei um link para ela no podcast. Vocês também podem procurar “pizza low-carb” no YouTube do Emagrecer de Vez. A massa dessa pizza é feita de couve-flor. Eu tinha esquecido do quão gostosa essa pizza é. É muito bom saber que podemos comer uma pizza com total paz mental. Estaremos ajudando nosso corpo e metabolismo e não dando um tiro no pé. Essa massa é feita de couve-flor batida no processador ou liquidificador. Ela vira um farelo. Você pode misturar com queijo e ovos para botar no forno. Ela fica muito interessante. É claro que não fica uma coisa consistente como uma massa de trigo, mas fica muito saborosa. Vale a muito a pensa fazer. Quero que a maior quantidade de pessoas possível faça essa pizza de couve-flor. Acho que vocês vão se surpreender como o sabor. Você pode comer isso mais de uma vez por semana, pois é low-carb e vai te beneficiar. Vou colocar o link embaixo do podcast. Se quiser procurar no YouTube, procure pizza low-carb Emagrecer de Vez e você vai achar a receita que eu fiz em vídeo há mais de dois anos atrás. É bastante interessante. Dr. Souto, o que você comeu no almoço passado?

Dr. Souto: Ontem eu comi fora. Comi peixe e frango grelhados. Quando eu como uma alimentação baixa em gordura como essa, eu sei que no meio da tarde vou ficar com fome. Então, depois que cheguei em casa eu misturei manteiga de amendoim com um pouco de xilitol e comi de sobremesa. Essa era a gordura que faltava para ficar com fome somente à noite.

Rodrigo Polesso: Nós percebemos que uma alimentação baixa em gordura peca muito na saciedade. Nos tempos escuros do passado, quando eu comia de três em três horas, usando uma alimentação extremamente baixa em gordura (peito de frango, brócolis, com sal e arroz integral). O gosto é parecido de isopor com sal. Graças a Deus estamos na situação que estamos hoje. Esse episódio ficou longo e espero que tenha sido muito interessante para vocês. Se você quiser se juntar ao movimento de saúde, boa forma e estilo de vida, que começou há pouco tempo, mas está crescendo muito, torne-se um Membro VIP da Tribo Forte. A taxa é mensal e simbólica. Ela ajuda a patrocinar nosso trabalho semanal. Você terá vários benefícios. A Patrícia Ayres, estudante de nutrição (Rainha do low-carb), está participando diariamente da Tribo Forte colocando receitas bacanas diariamente. São coisas muito legais que você tem que ter acesso. Vá em TriboForte.com.br e se junte a esse movimento de saúde, boa forma e estilo de vida. Você vai ser muito grato por ter feito isso. Se seu objetivo é emagrecer dez, perdendo peso para viver melhor, sugerimos que você entre no Programa Código Emagrecer de Vez. Ele reflete o melhor da ciência do momento. Ele é um método estruturado, passo a passo, de três fases para que você implemente uma alimentação forte e correta. Isso te dará energia, disposição e aquela boa forma que você sempre quis. Para isso, digite no seu navegador CodigoEmagrecerDeVez.com.br. Todas as informações estarão lá para você. Vamos te abraçar como membro da família. O pessoal que está seguindo Código Emagrecer de Vez está tendo resultados incríveis. O nosso trabalho é ajudar vocês em tempo integral. Dr. Souto, obrigado por mais uma participação. A gente se fala na próxima terça-feira com mais um episódio inédito.

Dr. Souto: Obrigado. Um abraço e até semana que vem.

Rodrigo Polesso: Até lá.

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