Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!
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No Episódio De Hoje:
Hoje o nosso papo gira em torno de alguns pontos sobre os quais muita gente têm bastante dúvidas:
- Probióticos, prebióticos, amido resistente, etc. O que são? Pra que servem? Como tirar proveito?
- Um perfil detalhado sobre bacon e suas maravilhas. Você ainda tem medo dele?
- Uma bizarrice que foi aprovada para tratar pessoas obesas…
- E mais…
Ouça o Episódio De Hoje:
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Abaixo eu coloco alguns dos resultados enviados pra mim por pessoas que estão seguindo as fases do Código Emagrecer De Vez, o novo programa de emagrecimento de 3 fases que é o mais poderoso da atualidade para se emagrecer de vez e montar um estilo de vida alimentar sensacional para a vida inteira.
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Referências do episódio
Matéria sobre o Código Emagrecer De Vez no jornal “O Tempo”
Estudo mostrando que não há relação entre gordura saturada e doenças cardíacas
Estudo mostrando que colesterol na comida não afeta colesterol no sangue
Estudo mostrando que ingestão de sal em pessoas normais não aumenta pressão
Artigo sobre o dispositivo “bizarro” para tratar pessoas obesas
Transcrição Completa Do Episódio
Rodrigo Polesso: Você está ouvindo o podcast oficial da Tribo Forte, com o Rodrigo Polesso e o Dr. Carlos Souto. Assuntos como emagrecimento, saúde, alimentação e estilo de vida são tratados de forma imparcial doa a quem doer. Para se tornar um membro da Tribo Forte, entre em TriboForte.com.br. Olá, bem-vindo a mais um episódio do podcast da Tribo Forte. O episódio de hoje é o número 17. Essa semana batemos o recorde diário de audiência. Foi muito bacana. É muito legal ver que esse movimento está pegando tanta força. Estamos cravados em primeiro lugar como podcast mais ouvido no Brasil na categoria saúde. De vez em quando também aparecemos no TOP 10 como podcast mais ouvido do país, disputando com o pessoal do entretenimento e outros assuntos. Isso mostra como a população está se interessando cada vez mais por saúde. Esse movimento já começou e já passou do ponto de voltar para trás. É muito legal ter você aqui comigo e com o Dr. Souto – e às vezes com convidados para falarmos sobre saúde e mostrando os estudos que estão saindo na mídia para você se atualizar sobre tudo isso. Hoje cobriremos principalmente os seguintes assuntos: bacon (para a alegria de muitas pessoas) e discutiremos sobre os probióticos, prebióticos e amido resistente. O pessoal tem bastante dúvidas sobre isso. Vamos falar disso numa forma simples. Comentaremos também sobre uma invenção bizarra para pessoas obesas que foi recentemente aprovada. Seria um sinal dos novos tempos? Antes vou pular para uma pergunta da comunidade que tem a ver com bacon. Temos umas novidades grandes vindo por aí. Esse movimento da Tribo Forte está ganhando força, então estamos planejando um evento ao vivo este ano. Vai ser uma reunião do pessoal interessado em saúde, boa forma e estilo de vida. Vai ser um grande marco nacional. Estou mexendo os pauzinhos para organizar tudo isso. Podem ficar tranquilos que vou avisar todo mundo na hora certa, mas vai acontecer um encontro ao vivo um encontro da Tribo Forte, com o pessoal paleo, low-carb… todos reunidos em nome de um grande benefício comum – saúde, boa forma e estilo de vida. Para ser avisado sobre qualquer novidade desse assunto, certifique-se de colocar seu email no EmagrecerDeVez.com porque eu mando emails avisando sobre esse tipo de coisa. Para quem é Membro VIP da Tribo Forte, temos um novo fórum que foi colocado no ar agora. Ele está bastante legal, moderno e robusto. Vocês já podem entrar e começar a interagir lá dentro. Outra novidade do portal Tribo Forte é que estamos colocando artigos diários traduzidos de grandes referências mundiais – essa é uma base de informação super valiosa para você que é Membro VIP. Outra coisa é que estamos começando a pegar força na mídia. O jornal O Tempo (o segundo maior jornal de Minas Gerais) publicou uma matéria sobre o Código Emagrecer de Vez. Ele chamou a atenção por estar mudando a vida de tanta gente. Vou colocar um link com a matéria aqui embaixo. A matéria está muito legal. Parabéns pela matéria e parabéns para o jornal que fez uma matéria que mostra o oposto do que o paradigma vigente costuma pregar. Esse é um veículo bastante respeitado e foi muito legal ver esse tipo de informação lá. Vou deixar o link no post desse podcast número 17. Essa foi uma introdução rápida. Dr. Souto, como você está? Você está disposto a continuar nadando contra a maré com força total?
Dr. Souto: Cada vez mais, Rodrigo. Boa tarde e boa tarde aos ouvintes.
Rodrigo Polesso: Boa tarde a todos. Dr. Souto, falarei sobre um assunto agora que é uma grande paixão do pessoal paleo, low-carb e minha (e tenho certeza que sua também): bacon. O que me inspirou a falar disso foi a pergunta do Guilherme Camargo. Ele postou na página de Facebook do Emagrecer de Vez: “Boa noite, pessoal. Eu gostaria de saber sobre o bacon. Faz mal ou faz bem?” Eu percebi uma oportunidade quando vi essa pergunta. Em vez de responder somente se faz mal ou bem, eu quero falar sobre o bacon no geral. Toda as vezes que alguém perguntar sobre o bacon, podemos referenciar esse podcast. O bacon é uma carne curada. Ela é processada. Na maioria das vezes, é feito de carne de porco, mas também existe bacon de peru e etc. O tipo de alimentação que o porco tem afeta o perfil lipídico do bacon – isso acontece com todo o tipo de carne. Porcos alimentados com soja e milho produzirão gorduras com maiores concentrações de Omega-6 – que sabemos que é um tipo de gordura pró-imflamatória. Isso é diferente de um porco que se alimenta da dieta natural de um porco. Como eu disse, a carne do bacon é curada. Esse processo serve principalmente para preservar essa carne. O bacon geralmente é curado numa solução de sal, nitrato, temperos e às vezes açúcar. Às vezes ele também é defumado depois disso. O sal faz com que o bacon se torne um ambiente menos propício para as bactérias. Os nitratos também ajudam a matar essas bactérias em excesso, além de ajudar a manter a cor avermelhada do bacon. O tipo de preparo e o tipo de ingredientes usados da cura de bacon variam bastante de produtor para produtor e de marca para marca – então não existe uma forma única padronizada de se fazer bacon. Na alimentação forte, falamos que gorduras não são inimigas, mas sim nossas amigas. 50% das gorduras no bacon são monoinsaturadas e grande parte dessas são ácidos oleicos, que é a mesma gordura contida no azeite de oliva. 40% da gordura é gordura saturada acompanhada por uma quantidade descente de colesterol – mas se você ainda tem medo disso, vou deixar no post do podcast dois estudos. Um mostra que gorduras saturadas não são maléficas e que o colesterol ingerido na alimentação não tem impacto no colesterol do sangue. Adoramos o fato de que o bacon tem gordura saturada e colesterol. Os 10% restantes da gordura do bacon, dependendo do que o animal comeu, são polinsaturada – que são do tipo Omega-6. Elas são pró-inflamatórias em excesso, assim como óleos vegetais. Se você já está retirando da sua alimentação óleos vegetais ricos em Omega-6, não tem problema nenhum. O Omega-6 só é danoso em excesso, quando existe um desiquilíbrio entre ele e o Omega-3, que é anti-inflamatório. Para quem já segue uma alimentação forte, esses 10% estão ótimos. Muitas pessoas podem argumentar que o bacon tem muito sal e isso faz mal. Vimos que o processo de cura tem muito sal, mas a ingestão de sal não impacto na pressão sanguínea de pessoas normais conforme um estudo que deixo aqui embaixo para quem quiser ver. Falamos também sobre sal no episódio passado, então você pode voltar e escutar também. Portanto, nenhum problema até agora. Outra questão do bacon é a questão dos nitratos, nitritos e nitrosamina, que são usados no bacon para o processo de cura. É importante se entender que nitratos não são artificiais. Eles estão disponíveis nos nossos corpos em boas quantidades. A maior fonte de nitratos são legumes e vegetais. A nossa saliva também contém uma concentração boa de nitratos. É uma coisa natural que já existe no corpo. Outra questão é que o calor do cozimento pode transformar os nitratos em componentes maléficos chamados de nitrosamina. No entanto, muitos processos de cura de bacon adicionam vitamina C para evitar que essa transformação aconteça. Os possíveis malefícios são abafados pelos óbvios benefícios do alimento. Além disso, esses nitratos são convertidos em óxido nítrico, que é associado com uma melhora no sistema imunológico e saúde cardiovascular. Se você ainda assim tem medo e prefere um bacon sem nitratos, isso é possível de ser achado se você procurar. As marcas diferem no processo de produção do bacon. Dê preferência ao bacon feito usando o método tradicional de cura, com o menor número de ingredientes artificiais o possível. Se possível, também compre um bacon feito de animais que se alimentam de uma dieta natural a eles e não soja e milho. Eu adoro bacon. Ele faz parte do meu estilo de vida alimentar. Ele também é sugerido nas três fases do Programa Código Emagrecer de Vez – ele faz parte de uma alimentação forte. Dr. Souto, o que você acha do bacon?
Dr. Souto: Sobrou muito pouco para mim. Vou concordar com a maior parte e fazer um apanhado para nossos ouvintes. Os principais motivos pelos quais as pessoas não querem comer bacon não são motivos válidos. A gordura do bacon não é o problema – já conversamos sobre isso. A gordura faz parte de uma dieta de baixo carboidrato, fornece energia e não causa doença cardiovascular – isso já está bem demonstrado. O sódio do bacon não é o problema. Nós já vimos que numa dieta de baixo carboidrato o sódio ajuda a evitar que a pessoa tenha dor de cabeça, queda de pressão – especialmente nas primeiras duas semanas de adaptação. Os nitritos estão presentes em quantidade muito maior em certos vegetais. Se não me engano o aspargo tem 200 vezes mais nitrito do que o bacon, mas ninguém acha que aspargos fazem mal para a saúde. O que seria um argumento válido para não se comer um monte de bacon é que ele é um alimento processado. De fato existem uma série de estudos que sugerem que o consumo diário de mais de 50 gramas de carne processada (bacon, salame, salsicha) aumentaria o risco de câncer de cólon. Mas aumenta em menos de 1% em quem passa uma vida inteira comendo mais de 50 gramas de carne processada todos os dias. Então, se você quiser usar uns pedacinhos de bacon numa omelete ou colocar o bacon como parte de uma receita, ele se encaixa perfeitamente. Podemos usar uma escala de alimentos que fazem mal (açúcar, farinha refinada), alimentos que são neutros (bacon e alimentos que fazem bem (vegetais foliosos, peixe, frutos do mar). O bacon não consumido para aumentar a saúde e sim por ser uma delícia.
Rodrigo Polesso: Quando o pessoal faz uma associação entre carnes processadas e incidência de câncer, a gente vê que “carnes processadas” é um termo bem genérico. Eles incluem bacon no meio de salsichas, salames e outras carnes que podem ser bem mais processadas que o bacon.
Dr. Souto: É verdade. Com certeza as pessoas que consomem um monte de carne processadas nesses estudos não estão consumindo um bacon artesanal curado com produtos naturais e defumado com fumaça de verdade. Muitos bacons que encontramos disponíveis nos supermercados leva uma coisa chamada “fumaça líquida”, que eu tenho medo de pensar o que seja – ainda assim eu como.
Rodrigo Polesso: Que coisa bizarra. O pessoal que tem medo do bacon pode tirar suas próprias conclusões. Dr. Souto, o que é esse equipamento que foi aprovado para esvaziar parte do estômago depois de comer? Ele foi aprovado pelo FDA para pessoas obesas poderem esvaziar o excesso de comida que elas ingeriram depois da refeição. Ela é basicamente uma torneira que você coloca no estômago para poder esvaziar até um terço do que você comeu depois do almoço, no vaso. O que é isso, Dr. Souto?
Dr. Souto: Isso é algo tão bizarro que quando eu vi essa notícia a primeira coisa que eu pensei é que era piada. No Brasil nós temos o sensacionalista (aquele jornal online de piadas), no Estados Unidos tem o Onion. As manchetes desses jornais de piada parecem sérias, mas são piadas. Eu achei que era uma notícia do Onion. Eu jamais pensaria que o FDA aprovaria uma torneira para ser colocada no estômago da pessoa para que a pessoa possa esvaziar no vaso depois de comer. Quando eu postei isso no Facebook, uma séria de pessoas manifestaram o mesmo espanto que nós manifestamos aqui: “Como é possível o FDA ter aprovado isso?” O meu argumento é que dentro do paradigma vigente essa torneira faz sentido. O paradigma vigente diz que as pessoas engordam porque comem calorias demais e gastam calorias de menos – ou seja, elas engordam porque são preguiçosas e gulosas. Então, se a pessoa não tem força de vontade e caráter para comer pouco (que é o paradigma vigente), é só botar uma torneira no estômago. Aí sim, as pessoas poderiam “viver essa falha de caráter” de não conseguir controlar o apetite, mas depois é só abrir uma torneira e tirar o excesso. É o mesmo paradigma que faz com que faça sentido a pessoa tomar Xenical, por exemplo. Esse é um remédio que faz com que a pessoa perca 30% da gordura que a pessoa come na alimentação (sai direto nas fezes). Então, nesse caso as pessoas colocam uma torneira em outro lugar e têm uma diarreia depois da alimentação. Esse também é o mesmo tipo de raciocínio que faz as pessoas usarem sibutramina e outros moderadores de apetite. “Se o problema é gula em excesso, ela teria que tomar um remédio que controle essa gula”. Então, o que é grotesco, na verdade, é o paradigma vigente – a torneira é simplesmente uma consequência lógica de um paradigma falido e errôneo.
Rodrigo Polesso: Vale a pena a gente ressaltar que não é qualquer pessoa que consegue comprar esse equipamento. O artigo diz que ele será usado por pessoas em estado crítico (obesas). Existe uma chave de segurança nesse equipamento. Primeiramente, a pessoa precisa mastigar a comida muito bem – se tiver algo sólido, a comida ficaria presa na mangueira. Então, isso incentiva a pessoa a comer devagar e a mastigar bastante. Quando esse equipamento é instalado em você (como se fosse um ciborgue), você pode usar ele 3 vezes por dia por até 6 semanas. Depois desse período ele para de funcionar e você tem que trocar uma peça dele. Então, não é algo fácil que você compra em qualquer lugar e pode usar a vida inteira. Existem algumas coisas que evitam que isso caia em mãos erradas. Você consegue esvaziar até 1 terço do que você comeu. Como a mangueira fica na parte de cima do estômago, somente com ele cheio você conseguirá esvaziar o excesso. Isso tudo só faz sentido se acreditarmos no paradigma atual. Como paradigma atual é bizarro, isso não deixa de ser igualmente bizarro.
Dr. Souto: Sim, porque o paradigma correto é outro. O paradigma correto é: “não botar fora o que estou comendo porque o que estou comendo é bom para mim. Me nutri e faz bem para a alma e para o corpo.” Então, queremos que esses nutrientes sejam utilizados para manter minha massa magra, construir minha massa muscular, fornecer minerais e vitaminas para o corpo, além de calorias. Se forem alimentos que mantém minha insulina baixa, eu não vou ter tendência de armazená-los como gordura. Com isso, eu acabo sentindo menos fome e naturalmente acabo comendo menos. Então, não preciso de uma torneira bizarra colocada na minha barriga para resolver um problema que seria uma falha de caráter, mas que não é uma falha de caráter, e sim de informação.
Rodrigo Polesso: Se precisássemos de uma mangueira no estômago, a evolução teria tomado conta disso. Todo mundo teria uma mangueira saindo do estômago.
Dr. Souto: Exatamente. Por que todos os bichos na natureza não têm uma mangueira no estômago? Curiosamente, mesmo assim, eles se mantêm em forma.
Rodrigo Polesso: Já que falamos em comidas nutritivas, vamos falar no que comemos no almoço. Acabei de comer meu almoço (agora são três da tarde). Eu até mandei a foto da minha frigideira para o Dr. Souto. Eram vários bifes de fígado na manteiga. Para acompanhar eu fiz aspargos, que são muito comuns na primavera aqui. Estou bem satisfeito agora.
Dr. Souto: Eu acredito. No meu caso foi um lombinho de porco feito no forno, salada e couve refogada. Eu adoro couve refogada. Quando acreditamos que a gordura faz mal (e deve ser eliminada nas fezes pelo Xenical ou através de uma torneira pelo estômago) é complicado. Mas quando acreditamos que a gordura na dieta não tem problema, isso faz com que consumemos uma quantidade muito maior de vegetais, porque eles ficam deliciosos. Uma couve refogada na manteiga com pedaços de bacon é ótimo. Quando o bacon é saudável? Quando ele te faz comer mais couve!
Rodrigo Polesso: Quando você bate a couve no liquidificador, ele vira arroz de couve.
Dr. Souto: De couve-flor?
Rodrigo Polesso: De couve-flor, isso. Você pode fazê-la na manteiga, refogada. Eu normalmente faço com fatias de bacon. Uso a própria gordura no bacon na frigideira. Eu faço a couve-flor com manteiga e sal e derramo aquele “líquido dos deuses” que ficou na frigideira por cima. Não tem ninguém no planeta que vai me dizer que não gosta de legumes desse jeito.
Dr. Souto: É claro. O problema é quando o sujeito acredita que não pode comer gordura e come algo que tem gosto de capim.
Rodrigo Polesso: Exato. Eu acho que esse tópico que falaremos agora é de interesse de muita gente. Muitas pessoas têm dúvidas sobre probióticos e prebióticos. Vou falar a definição de cada um deles e depois podemos falar dos benefícios e etc. Os probióticos são alimentos que levam para o corpo uma colônia de bactérias – iogurte, kefir, Yakult. O prebióticos são alimentos para as bactérias – ou seja, comida que damos para as bactérias do nosso corpo. O amido resistente é um tipo de prebiótico porque ele será digerido somente no nosso intestino por essas bactérias. Dr. Souto, agora vamos falar o porquê da importância de probióticos e prebióticos.
Dr. Souto: Esse é um assunto fascinante, mas é importante deixar claro que se sabe muito pouco sobre isso. Eu fiz faculdade há mais de 20 anos e não se ensinava nada sobre isso. As bactérias que tinham no nosso intestino eram vistas como inimigas. Eram bactérias que iriam causar uma apendicite, uma diverticulite, uma peritonite, uma infecção urinária. Elas eram vistas como coisas que deviam ser mortas com antibióticos. Temos uma interdependência com a flora intestinal e esse microbioma é muito importante para a digestão da comida que comemos. Muitas patologias causam alterações no microbioma – algumas que nem imaginávamos que tinham relação. Ele realmente é fundamental. Como sabemos muito pouco, não podemos dizer “consuma o probiótico X que isso vai melhorar sua tireoide” ou “consuma o probiótico Y para melhorar sua gripe”. Estamos muito longe de ter esse tipo de granularidade. O kefir, que é uma colônia de cerca de 100 espécies diferentes de bactérias benéficas. Ele pode ser feito no leite ou às vezes no açúcar. O kefir, quando é ingerido, ajuda a estabelecer uma flora intestinal mais rica. O consumo de probióticos na forma de alimentos fermentados é indiscutivelmente bom. Mas o consumo de probióticos como suplemento eu acho que ainda está engatinhando.
Rodrigo Polesso: Concordo plenamente.
Dr. Souto: Os ensaios clínicos randomizados ainda não estão maduros sobre esse assunto.
Rodrigo Polesso: Esse foi um assunto bastante falado no Paleo f(x). Esse assunto da flora intestinal não é novo, mas está ganhando atenção. Os médicos de lá tinham muito ódio em relação aos antibióticos em relação à flora intestinal. O uso de antibióticos pode impactar negativamente na flora intestinal por muito tempo. O uso de antibióticos por crianças pode afetar a saúde delas ao longo da vida inteira.
Dr. Souto: Existem muitos estudos que sugerem que o uso de antibióticos na infância aumenta o risco de obesidade na vida adulta. Ficaram famosos estudos onde a transferência da flora intestinal por transplante fecal de animais obesos para animais magros fazem com que esses animais magros ganhem peso mesmo sem mudar sua dieta.
Rodrigo Polesso: Nos Estados Unidos isso relativamente comum.
Dr. Souto: Só que nos Estados Unidos a indicação aprovada pela FDA é a colite pseudomembranosa, que é uma doença que acontece quando se usa antibióticos demais, a flora intestinal é destruída e a bactéria clostridium difficile coloniza. Essa bactéria coloniza o intestino e pode ser fatal em alguns casos. Os tratamentos são muito limitados e às vezes a doenças recidiva depois do tratamento. O melhor tratamento é o transplante fecal, que é feito através de doação de algum parente próximo (filho, marido e etc.). O pessoal descobriu, ao estudar esses casos de transplante fecal em adultos, que isso também é válido em humanos. Eventualmente, uma pessoa que tem asma e colite pseudomembranosa e precisou receber um transplante de fezes de uma pessoa que não tem asma, acaba descobrindo que a asma desapareceu. São coisas muito incríveis, mas ainda estão numa fase muito inicial, pois não existe ensaio clínico randomizado sobre isso. Não dá para saber se a asma realmente desapareceu ou se isso é um efeito placebo – mas é muito interessante. Existiu um estudo piloto feito em humanos com diabete tipo-2 que receberam transplante de fezes de pessoas que eram metabolicamente saudáveis e houve melhora da diabetes e dos parâmetros de resistência à insulina por alguns meses, mas com o passar do tempo aqui foi se revertendo à situação anterior; provavelmente porque eles continuavam comendo o que havia determinado aquela flora ruim. Nossa dieta é muito importante em definir o tipo de flora intestinal que nós temos.
Rodrigo Polesso: Independentemente de não termos essa granularidade específica que você citou, o que é claro é a importância que isso tem em todos os ramos do corpo. Precisamos enxergar o corpo como um sistema onde cada detalhe é conectado com milhares de outros detalhes. Assim, conseguimos entender como a flora intestinal impacta em todo o resto. Quantitativamente falando, somos muito mais bactérias do que ser humano. Somos carregados por bactérias e precisamos cuidar desse pessoal todo. Tem gente que fala que a flora intestinal é o segundo cérebro… vai que no futuro se descobre que ela é tão importante que é na verdade o primeiro cérebro? A importância é espetacular.
Dr. Souto: Sim. Você falou sobre probióticos e prebióticos. Eu particularmente acho que os prebióticos são ainda mais importantes. Muitas das bactérias que consumimos em alimentos acabam morrendo no ambiente ácido do estômago. Não são muitos probióticos que chegam até o intestino grosso. No entanto, os prebióticos (fibras solúveis), que são capazes de alimentar seletivamente uma flora saudável e não alimentar a flora patológica, são muito importantes em moldar essa flora intestinal. Você ouviu alguma coisa no Paleo (f)x sobre prebióticos?
Rodrigo Polesso: Não falaram especificamente sobre isso, mas sim sobre flora intestinal e antibióticos. Mas eles falaram sobre o cuidado geral com a flora intestinal. O que você tem a dizer sobre o amido resistente, Dr. Souto?
Dr. Souto: O amido resistente é um assunto que vale a pena ser discutido aqui porque causa muita confusão. Eu sinto um pouco de culpa por isso, porque na época que esse assunto estava quente na blogoesfera paleo, meus posts parecem que geraram mais confusão. O amido nada mais é do que um polímero de glicose. De uma forma geral, uma pessoa que quer perder peso e controlar a síndrome metabólica precisa reduzir o amido. Consumir amido é a mesma coisa que consumir glicose, então isso aumenta a glicose e a insulina, aumentando também todos os problemas que isso acarreta. No entanto, o amido resistente resiste à digestão. Embora ele seja amido, ele terá um impacto mínimo no que diz respeito à glicose e insulina. Então para que serve o amido resistente? Ele é um prebiótico, ou seja, ele alimenta a flora intestinal. Como o amido resistente passa intacto pelo estômago e pelo intestino delgado, ele servirá como adubo para esse microbioma intestinal. Esse é um tipo de amido que poderia ser consumido. Ele é encontrado em vários alimentos de origem vegetal, especialmente quando esses alimentos são consumidos crus. Há cerca de dois anos atrás houve um certo entusiasmo com esse assunto quando um blogueiro low-carb chamado Nicolei escreveu uma série de posts e linkou uma série de assuntos interessantes. Uma das fontes mais ricas de amidos resistentes é a fécula de batata crua. Se nós assarmos uma batata, ela se torna amido comum. Se alguém quiser aumentar loucamente sua glicose, é só fazer uma batata assada e comê-la pura. A fécula é o amido da batata. Ele vem na forma de pó e pode substituir a farinha para se fazer um pão sem glúten – mas daí é amido normal, não amido resistente, pois ele será aquecido no forno. Mas vamos supor que a pessoa consuma essa fécula de batata crua, sem ter aquecido – isso será amido resistente puro. Essa é uma forma de suplementar essa fibra prebiótica para nossa flora intestinal. Quais seriam as vantagens? Além de nutrir a flora intestinal, isso pode ajudar na constipação. Ao nutrir uma flora intestinal, a constipação pode melhorar. Qual seria o problema? Uma quantidade muito grande de amido resistente dá muitos gases. Esses gases ocorrem porque esses amidos não foram digeridos pelo nosso organismo, mas será fermentado pelas bactérias do intestino, o que gera gases. Então, sempre é interessante começar com quantidades pequenas. Se uma pessoa for começar com a fécula de batata, ela pode comer uma colher de chá num iogurte ou num copo d’água. Depois de estar usando isso por uns dias, ela pode aumentar para uma colher de sobremesa. Se a pessoa usar 4 colheres de sopa como o Nicolei propunha, provavelmente ela terá cólicas horríveis. A flora intestinal precisa se habituar para isso. Além disso, existe um tipo de amido resistente que se forma quando a gente resfria uma batata. Vamos supor que eu aqueça uma batata para fazer um purê – isso deixa somente amido comum ali, sem amido resistente. Mas se eu resfriar esse purê na geladeira de um dia para o outro e reaquecer esse purê no outro dia, uma parte do amido se transformará em amido resistente novamente. Mas é somente um pequeno percentual. A grande maioria da batata que foi aquecida será amido comum para o resto da vida. Então, resfriar uma batata assada para comê-la de novo no outro dia para consumir amido resistente é uma estratégia que só é válida para as pessoas que não estão fazendo uma restrição de carboidrato na dieta. Se a pessoa está na fase 3 do Código Emagrecer de Vez, já perdeu peso, está só mantendo e gosta de comer batata. Essa pessoa quer comer a batata e obter o benefício do amido resistente. Ela pode assar a batata, resfria-la e reaquece-la no outro dia para ter uma quantidade pequena de amido resistente que será boa para o intestino. Essa batata elevará a glicemia e insulina, mas se a pessoa não tem pré-diabetes e excesso de peso, ela pode comer uma batata se quiser. A tática de resfriar um alimento e aquecer de novo para formar amido resistente não torna o alimento low-carb. Se eu fizer arroz da forma tradicional, congelá-lo e reaquece-lo, ele terá um pouco de amido resistente, que será bom para meu intestino. Mas o arroz será high-carb, elevará minha glicemia e minha insulina. Não existe arroz ou batata low-carb. O que existe é fécula de batata crua que passa a ser low-carb porque nunca foi aquecida e é praticamente 100% amido resistente.
Rodrigo Polesso: É importante frisar que batata crua não faz necessariamente bem.
Dr. Souto: A batata é da família solanaceae. Ela pode ter uma quantidade um pouco maior de uma toxina, especialmente quando fica exposta à luz. No supermercado eles deixam as batatas bem limpas e de baixo de uma lâmpada bem forte, para parecerem bonitas. Às vezes a batata fica verde – isso não significa que ela não esteja madura. Isso significa que ela está exposta à luz e começa a querer germinar. Quando isso acontece, ela produz uma toxina que pode fazer mal. Se alguém quiser fazer esse experimento de suplementar amido resistente, o mais seguro é usar a fécula de batata crua em pequenas quantidades, aos poucos. Mas nem todo mundo se dá bem com isso. Esse assunto de flora intestinal é complexo. Dependendo do seu caso, a fécula de batata crua pode melhorar ou piorar sua flora intestinal.
Rodrigo Polesso: Você vai alimentar o que já está lá.
Dr. Souto: Exatamente. É um tipo de experimento que cada um pode fazer se achar necessário. Mas aqueles que comem bastante matéria vegetal já estarão consumindo amidos resistentes quando comem vegetais crus na salada. Eu não penso que a suplementação seja para todo mundo. Ela pode ser útil para quem está fazendo uma dieta de muito baixo carboidrato, como a cetogênica. É uma das poucas formas de alimentar a flora intestinal sem consumir uma quantidade de amido comum que fosse liquidar a dieta cetogênica. A pessoa na dieta cetogênica tem que consumir menos de 30 gramas de carboidrato por dia, mas com essa quantidade a flora intestinal fica sem amidos resistentes. Aí a pessoa pode usar fécula de batata crua ou banana verde. Essa estratégia pode ser usada para tocar uma dieta cetogênica sem danificar sua flora intestinal. Esses são “biohacks”, de certa forma. Não temos grandes níveis de evidência ou ensaios clínicos randomizados sobre isso.
Rodrigo Polesso: Resumindo: probióticos é quando ingerimos alimentos que contém colônias de bactérias como kefir, iogurte e produtos fermentados no geral. Prebiótico é o adubo dessas bactérias, ou seja o alimento para essas bactérias do intestino, como a fécula de batata crua e a banana verde. Mas não conclusão sobre esse assunto. Sabemos que é uma coisa muito importante e é foco de bastante estudos no momento. Espero que tenha solucionado bastante dúvidas que as pessoas possam ter a respeito disso. Se sua prioridade é emagrecer e manter seu peso ideal para sempre, sugerimos que você siga o Código Emagrecer de Vez, que é baseado na ciência que disponibilizamos aqui. É só você digitar CodigoEmagrecerDeVez.com.br para ver como ele funciona. Nós continuamos colocando uma nova receita por dia no portal da Tribo Forte, além dos artigos traduzidos com informações privilegiadas. É só entrar na TriboForte.com.br para se tornar um Membro VIP. Já vou adiantar que o pessoal que faz parte do Código e da Tribo terão grandes benefícios com essa novidade que falei no começo – um evento ao vivo que faremos de dois dias esse ano ainda reunindo o pessoal de saúde, boa forma e estilo de vida. Espero que esse evento marque o início de uma coisa muito bacana no Brasil. Obrigado pela nossa conversa, Dr. Souto. Acho que foi bastante útil e nos falamos na próxima terça-feira.
Dr. Souto: Isso aí. Boa semana e até terça que vem.