TRIBO FORTE #152 – NOVO LIVRO, PROBLEMAS COM O PF BRASILEIRO E NOVAS DIRETRIZES ALIMENTARES

Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!

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Neste podcast:

  • Qual o problema com o PF brasileiro, reportado pela mídia…
  • Novas diretrizes alimentares oficiais do governo do Canadá…
  • Novo livro do Rodrigo Polesso!!

Escute e passe adiante!!?

Saúde é importante!

OBS: O podcast está disponível no iTunes, no Spotify e também no emagrecerdevez.com e triboforte.com.br

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Ouça o Episódio De Hoje:

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Caso de Sucesso do Dia

margareth

 

 

Referências

Artigo no G1 Sobre o PF Brasileiro

 

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá, amigos e amigas da Tribo Forte! Bem-vindos a mais um episódio, o número 152. a gente está aqui semanalmente ajudando você a melhorar o seu estilo de vida saudável, ficar alerta sobre as balelas que tem por aí sobre saúde, emagrecimento, nutrição, no geral. Eu fico feliz com a tua audiência aqui semanalmente! Hoje a gente vai falar sobre um problema com o PF brasileiro, o prato feito brasileiro, um problema que foi reportado pela mídia. Vamos comentar sobre isso. Além disso, saíram novas diretrizes alimentares oficiais do Governo do Canadá. Será que finalmente elas estão alinhadas com a melhor ciência vigente? A gente vai ver isso. E é bom a gente conhecer, apesar de ser em outro país, porque isso acaba influenciando outras diretrizes e até os nossos hábitos também no Brasil. É bom saber o caminho que as coisas estão indo, não é, pessoal? Deixa eu dar as boas vindas ao dr. Souto nesse novo episódio. Dr. Souto, como está por aí?

Dr. Souto: Tudo bem. Boa tarde e boa tarde aos ouvintes.

Rodrigo Polesso: Isso aí, pessoal! PF brasileiro e novas diretrizes alimentares, vocês precisam saber dessas coisas. Primeiro deixa eu dar um alerta aqui. O meu novo livro está sendo lançado agora! Se você não sabia, eu estava na surdina há um bom tempo escrevendo um livro novo. E esse livro agora vai ser publicado em todas as livrarias do país. O nome do livro é Este Não É Mais Um Livro de Dieta. O título, novamente é Este Não É Mais Um Livro de Dieta, é um novo libertador estilo de vida alimentar para saúde e boa forma que derruba o conceito de dieta. A causa por trás é realmente derrubar com ciência, com hábitos práticos no dia a dia, como é que você pode se munir, como você pode evitar fazer dieta pelo resto da sua vida e ainda assim manter a melhor forma e a melhor saúde que você merece. Você pode encontrar o livro no site oficial, que é EsteNaoEMaisUmLivroDeDieta.com.br ou também você pode achar na sua livraria de preferência, na Amazon, na Saraiva, Livraria Curitiba, onde você quiser. Então fica o meu convite para você levar para casa, receber em casa esse livro. Vai ser bacana saber o seu feedback depois postando nas mídias sociais.

Dr. Souto: Maravilha!

Rodrigo Polesso: Vamos fazer tudo o que é possível para tentar espalhar essa mensagem. Enfim, pessoal, então depois de 152 episódios, vocês podem ver que muitas coisas se repetem aqui e muitas coisas tendem a não mudar. O caso de hoje é o seguinte: as novas diretrizes alimentares do Canadá que foram recém publicadas pelo governo. E toda vez que eu vejo o governo falando de alimentação, me dá arrepios, aquela pontada no rim, pessoal! Então, no site da publicação dessas diretrizes, para você conhecer o que elas são, eles dizem que elas foram feitas basicamente para aprender a comer de forma saudável. Ótimo, todo mundo concorda com isso. Eles dizem também que as diretrizes foram baseadas no melhor corpo de evidências científicas disponíveis no momento. Que legal! Será que é verdade? A gente vai ver isso já. Eles dizem também que foram feitas com o objetivo de instruir a população a comer de forma saudável, ter um bem estar geral nutricional e também apoiar melhoras no ambiente alimentar do Canadá. Eu não sei se isso é codinome para ajudar a indústria alimentícia no Canadá, mas enfim, eles colocaram isso nas diretrizes. O que eles dizem aqui? Tem duas guidelines, duas seções de diretrizes. Primeiro, o que a gente deve comer? Eles dizem o seguinte: comidas nutritivas, alimentos nutritivos devem ser a fundação base, devem ser a base de um hábito alimentar saudável. Ótimo, a gente concorda. E aí começam a listar o que deve ser comido. Primeiro vegetais, segundo frutas, terceiro grãos integrais e quarto comidas proteicas, alimentos proteicos. Esses devem serem comidos (vegetais, frutas, grãos integrais e proteínas) devem ser comidos com regularidade. Grãos integrais… Está aí, pessoal, o começo do problema. Só que nessa mesma linha que eles sugerem que você consuma alimentos de fonte proteica, eles dizem que dentre os alimentos de fonte proteica as pessoas devem consumir proteínas de plantas mais seguido. Olha só, um alerta! Comece a perceber a direção subliminar, nem tão subliminar assim, mas enfim, que essas diretrizes estão puxando a população. Eles estão dizendo aqui em uma das linhas mais importantes das diretrizes, que você precisa começar a comer proteína de plantas mais seguido. Aí eles listam fontes de proteína que você pode dar preferência. Vamos lá! A primeira fonte de proteína que eles listam é leguminosas, ou seja, feijão, ervilha, lentilha. A segunda nozes. Terceira fonte: sementes. A quarta fonte, se segure na cadeira, tofu. A quinta, pior que a quarta ainda, bebida de soja fortificada. E a sexta, por misericórdia, é peixe. Depois vem camarão, etc, depois vem ovos, frango. Aí depois vem carne vermelha magra, leite com baixa gordura, iogurte com baixa gordura, kefir com baixa gordura e queijos de baixa gordura e baixo sódio. Pessoal, olha quanta asneira reunida em um só parágrafo. Então eles dizem: coma proteína mais seguido (isso a gente concorda), coma proteína de planta mais seguido. Por quê? As evidências não dizem isso. E outra, as plantas nem de longe são as melhores fontes de proteína, porque tem baixa biodisponibilidade e também tendem a não serem completas. No caso da soja, por exemplo, apesar de ter proteína completa, digamos assim, ela vem cheia de antinutrientes que faz com que previna a absorção de até 50% dos aminoácidos, proteínas da soja. Então, dr. Souto, olha só eles listam para as pessoas as melhores fontes de proteína e a primeira, a segunda, a terceira, a quarta e a quinta opções são leguminosas, nozes, sementes, tofu e bebida de soja fortificada. Sendo que médicos sugerem para mulheres grávidas, por exemplo, que não consumam leite de soja. O que a gente pode dizer só sobre esse parágrafo, dessa asneira da proteína e também desse medo da gordura em recomendar tudo com pouca gordura?

Dr. Souto: Pois é, assim, ele nitidamente é um documento mais ideológico do que científico.

Rodrigo Polesso: Apesar do que eles dizem.

Dr. Souto: Apesar do que eles dizem! Porque na realidade o que está por trás disso é a ideologia de que devemos seguir uma dieta vegetariana. Então eles não estão ainda nas diretrizes de 2019 propondo isso, eles vão deixar para as próximas. Nas próximas eles vão dizer: olha, não deve comer nada de animais. Se o critério fosse científico, se eu vou recomendar proteína, eu vou recomendar… Porque vamos fazer um exercício, arroz tem proteína? Tem. Arroz tem proteína. É bem pouquinho, quase nada. Não sei quantos por cento, que seja 2% de proteína, o resto é tudo amido. Mas se eu quiser eu digo: pode consumir arroz pela proteína. Por que eu não faço isso? Porque a pessoa teria que comer uma tonelada de arroz para conseguir obter uma quantidade mínima de proteína, que é uma quantidade de proteína ainda por cima incompleta, porque o arroz não tem todos os aminoácidos que a gente precisa. Então, se eu vou recomendar proteína, por que eu não escolho um alimento que seja uma proteína completa, uma proteína de fácil absorção, de fácil biodisponibilidade e uma proteína que possa ser consumida ao custo de pouca energia (ou seja eu não precise comer um monte de calorias na forma de carboidrato para obter aquela quantidade de energia)? Bom, eu acabei de descrever um animal. Se eu comer um peixe, se eu comer uma carne, se eu comer um frango, se eu comer ovos, eu estou comendo bastante proteína em uma boa relação caloria – proteínas, uma boa relação proteína – energia, e de alta qualidade, com todos os aminoácidos, uma proteína completa. Sim, chama atenção que eu vou primeiro sugerir… Porque, veja bem, feijão tem proteína? Tem. Mas ela não é completa, a biodisponibilidade não é completa e eu preciso consumir muito mais calorias na forma de carboidrato para atingir uma quantidade razoável de proteína do que eu poderia comendo peixe, por exemplo, ou comendo ovos. Então, ele não é um documento de cunho científico. Ele é um documento de cunho ideológico, os autores já partiram da conclusão. Qual é a conclusão? Não é para comer animais. E aí vamos escrever o documento dessa forma. Eu faço uma comparação, é mais ou menos como em um vestibular, em um ENEM, que o aluno tenha a seguinte tarefa, tem um enunciado e digamos que o enunciado é o seguinte: carne faz mal. Partindo desse enunciado redija diretrizes nutricionais.

Rodrigo Polesso: Exato! Não é contestando se é verdade ou não, é: assumindo que é verdade, justifique.

Dr. Souto: É, assumindo que é verdade, justifique. É complicado.

Rodrigo Polesso: É lamentável! E antes da gente continuar a segunda parte gigantesca da crítica, que é a questão da gordura, deixa eu só ler o resto da diretriz para a gente poder falar dessa questão. Como eu já falei eles, sugerem que tudo seja comido com baixa gordura. Mas eles falam o seguinte nas entrelinhas: a intenção não é reduzir a quantidade total de gordura na dieta, ao invés, reduzir a ingestão de gordura saturada enquanto encorajando o consumo de gordura não saturada, no caso outras gorduras. Eles falam que as comidas, os alimentos que contenham mais gordura saturada devem perder espaço para os alimentos que contenham mais gorduras de outros tipos. Eles falam também que a água deve ser a bebida de escolha, isso a gente concorda plenamente. E na segunda diretriz aqui eles falam que comidas processadas e preparadas, bebidas que têm excesso de sódio, açúcares e gorduras saturadas, não são compatíveis com hábitos alimentares saudáveis e não devem ser consumidas regularmente. Eles têm também um resumo total das diretrizes que eu vou ler agora para você. Eles falam o seguinte: Faça do seu hábito diário comer de forma saudável. Aí eles falam: coma bastante vegetais e frutas, grãos integrais e proteínas. De novo, eles fala para você escolher proteínas mais seguido de plantas, depois eles falam para você escolher comidas com gorduras saudáveis ao invés de gorduras saturadas. Bom, se fosse baseado em ciência a gente saberia plenamente que gorduras saturadas estão inclusas na categoria saudável, mas tudo bem, eles têm medo ainda. Eles falam para limitar o alto consumo de comidas processadas, a gente sabe disso já. Eles falam que se você escolher esse tipo de comida, coma menos, em menores quantidades. Também falam para você preparar as suas refeições e lanches com ingredientes que não possuam sal adicionado, açúcar ou gordura saturada de novo. Falam para você escolher boas opções alimentares quando você estiver comendo fora de casa. O problema é que esse tipo de diretriz geral é um problema, não é, pessoal? Se você considerar que o que eles estão recomendando é saudável, você está em uma grande armadilha. Então, eles falarem para você comer saudável fora de casa pode significar coisas diferentes para diferentes pessoas. Depois ele resume de novo, falando que água deve ser a bebida da sua escolha, eles falam para você substituir bebidas açucaradas por água. E eu gostei que eles disseram que suco de fruta inclui nessa categoria de bebidas açucaradas, então não importa se é natural, se é da maçã benzida pelas virgens do Alasca, não importa. Ainda assim é bebida açucarada. Eles falam para você começar a utilizar os rótulos dos alimentos, a gente também concorda. E também, por último, essa frase bacana, eles falam para você ficar ciente de que o marketing da indústria alimentícia pode influenciar as suas escolhas. A gente sabe muito bem disso, não é, pessoal? A gente vem falando disso há muito tempo. Então duas grandes coisas aqui. Três, na verdade. Primeiro: as diretrizes estão claramente puxando para uma dieta vegetariana e isso claramente não está alinhado com a ciência. Segundo: a gente acabou de falar com o dr. Souto aqui, inclusive, das sugestões de alimentos de proteínas de plantas. Eles estão muito equivocados nessa sugestão, já que as plantas são as piores fontes de proteínas. E terceiro, que é o que a gente pode falar um pouco mais agora, dr. Souto, é aquela velha história que está ficando chata, já saiu de moda, de falar mal das gorduras, de alimentos animais com gorduras e principalmente agora da gordura saturada, sendo que não tem evidência nenhuma que ela causa problema. Então, sei lá… mais do mesmo, não é?

Dr. Souto: Pois é, por onde começar? Vamos começar pelos laticínios e pelas gorduras saturadas. Primeiro nós temos, quero crer, cerca de 12 metanálises tratando do assunto de gordura saturada e risco de doenças, risco de morte, risco de doença cardiovascular. E praticamente todas elas chegam à conclusão que a gordura saturada é ou neutra, ou em algumas situações até benéfica para a saúde. Não existem estudos, não existem metanálises que tenham concluído que o consumo de gordura saturada aumenta o risco de mortalidade geral. Não tem isso. Então, está ficando chato e démodé ficar falando que é necessário reduzir a gordura saturada, porque o motivo para fazer isso é basicamente por tradição. Vamos dizer, nós erramos nos anos 70, mas queremos continuar errando. Quando se trata de laticínios, aí o furo é mais em baixo. Porque as metanálises todas indicam o oposto, na realidade. Indicam que a gordura dos laticínios é benéfica. E o consumo de laticínios está associado com risco menor de sobrepeso, com risco menor de diabetes, mas isso é verdade quando os laticínios são integrais, quando eles têm a sua gordura presente. Lembrando que o único grupo alimentar, o único grupo de alimentos nos quais a gordura saturada predomina é justamente os laticínios. Porque ao contrário do que você escuta, ao contrário do que o seu nutricionista diz, a maior parte da gordura da carne é insaturada, a maior parte da gordura da banha de porco é insaturada, a maior parte da gordura do ovo é insaturada, a maior parte da gordura do bacon é insaturada. O único grupo alimentar que tem mais gordura saturada do que instaurada são os laticínios. Todos os estudos mostram que a gordura dos laticínios protege contra doenças. E que se nós formos consumir laticínios, eles devem ser consumidos integrais. E isso é uma coisa sabida e publicada e repetida. Se vocês buscarem nos 151 podcasts anteriores aqui, vocês vão encontrar vários nos quais nós citamos e comentamos estudos que saíram naquela semana, que foram publicados, que foram repercutidos dizendo exatamente isso. Por isso que a gente tem que falar: ele é um documento ideológico e não científico. Partimos do pressuposto que a gordura saturada não pode ser consumida. É um pressuposto, é religioso. Na realidade assim, se levou tábuas, ou pedras para cima do morro e aí Deus abriu as nuvens, enviou um raio e escreveu as suas leis: gordura saturada faz mal. E uma vez partindo dessa lei nós temos que simplesmente justificar, encontrar artigos, dos poucos que chegam a essa conclusão, observacionais, epidemiológicos. Porque quando nós vamos ver o conjunto da literatura, mesmo os observacionais no que diz respeito a laticínios, o consenso é: a gordura dos laticínios faz bem para a saúde, diminui o risco de diabetes e diminui o risco de sobrepeso. Então, é espantoso que diretrizes atualizadas, publicadas em 2019 tenham uma asneira desse tamanho. Tem que chamar pelo nome, Rodrigo. É asneira mesmo.

Rodrigo Polesso: É asneira. Falando em laticínios… Um exemplo que eu sempre cito quando as pessoas falam mal de gordura saturada, que eu acho que para mim é cabal… Tipo um argumento cabal… Eu nem investigaria a partir daí… É a questão do leite materno. Grande parte da gordura do leite materno… Que é laticínio, né, pessoal? É de gordura saturada. Daí a gente se pergunta: será que a mãe natureza ao longo de milhões e milhões de anos iria colocar um veneno dentro do único alimento de um novo ser humano, de um bebê? Será que isso se justificaria, pessoal? Será que faz o mínimo de sentido achar que gordura saturada faz mal e estaria no leite materno para alimentar uma criança sendo que ela conta inteiramente nesse alimento? É de coçar a cabeça. Como é que pode?

Dr. Souto: É um perfeito argumento. Quer dizer… Ou deveria sair óleo vegetal na mama da mãe

Rodrigo Polesso: Óleo de soja, leite de soja.

Dr. Souto: Ou então é de se supor que depois de tantos milhões de anos o corpo humano esteja adaptado a justamente aquele tipo de gordura. Mas, enfim, o fato é… quando tudo converge, quando os ensaios clínicos randomizados mostram que o consumo de laticínios gordos não é ruim no perfil lipídico, quando os estudos observacionais mostram que há uma diminuição do risco de diabetes e de sobrepeso, quando as metanálises indicam a mesma coisa, quando o raciocínio evolutivo (esse que você falou) do leite materno indica… Quando tudo aponta… Somente uma negação de natureza quase religiosa é capaz de justificar que isso esteja numa nova diretriz. Onde eles acertam? Eles acertam em recomendar o consumo de água. Eles acertam em recomendar contra o consumo de sucos de fruta, que é basicamente consumo de açúcar. E eles acertam quando eles chamam atenção para cuidar no que diz respeito à publicidade da indústria alimentícia. E isso eles copiaram direto das diretrizes brasileiras. Eles podiam ter feito um trabalho muito melhor se eles simplesmente tivessem copiado a totalidade das diretrizes brasileiras que recomendam parar com essa bobagem de ficar falando de nutrientes, de mais gordura saturada, menos gordura saturada e focar em alimentos não-processados ou minimamente processados e evitar alimentos processados ou ultraprocessados. E simplesmente fazendo isso a gente conseguiria beneficiar a maior parte da população. Agora, falando na maior parte da população, talvez vocês lembrem que alguns episódios atrás acho que o Rodrigo mesmo trouxe essa informação de uma notícia que tinha saído… Que na população apenas 12% podem ser considerados metabolicamente saudáveis hoje em dia. Então, 88% da população ou é diabética ou é pré-diabética ou tem síndrome metabólica ou tem gordura no fígado ou tem gordura visceral. Nós vivemos num mundo em 2019 em que quase 90% da população tem disfunção metabólica de algum tipo. Então, para estas pessoas eu recomendar uma alimentação baseada em grãos, que é o que essa diretriz está fazendo, é um desastre. Quando a gente trata de saúde pública, a gente trata daquilo que nós vamos recomendar para a maioria da população. Bom, a maioria da população não é saudável. A maioria da população não tolera essa quantidade de mais de 50% de carboidratos refinados. Ah, mas são grãos integrais! Faz me rir, né? Grãos integrais não são grãos integrais. Como assim? É, pessoal. Grãos integrais hoje… Se você comprar farinha de trigo integral ali no supermercado eles pegaram a farinha refinada branca pulverizada… Amido puro… Pegaram um pouco da casca que sobrou do rejeito do refino e misturaram de novo. Eles não são grãos moídos grossos onde o gérmen de trigo, o amido e a casca estão presentes, simplesmente partidos, não. Aquilo foi altamente refinado e depois um pouco de sujeira do refino foi misturado de novo para dizer que é integral. Então, é isso que nós vamos mandar para 88% da população que já tem sobrepeso ou obesidade ou diabetes ou pré-diabetes? Fala sério! Então, para uma população que é predominantemente doente, o que que nós temos que recomendar? Uma diminuição nessa carga de carboidratos e que os carboidratos que vão ser consumidos sejam minimamente processados, ou seja, de preferência, frutas e raízes, se o sujeito ainda não for diabético. Agora, mandar comer pão… Mandar comer biscoito… O que é isso?

Rodrigo Polesso: Isso é um absurdo. Eles estão sugerindo que você foque nos alimentos menos nutritivos que a gente tem disponível, né, pessoal? Só por causa dessa crença irracional de que alimentos de fonte animal não são legais. E esse medo da gordura saturada que vem dos alimentos animais também. Então, é um problema de religião como você disse, não de evidência científica, porque a evidência científica está disponível. Enfim, a gente vê que as coisas não estão mudando como a gente gostaria, pessoal.  Mas você não precisa seguir diretriz nenhuma se você não quiser. A saúde é sua e você tem liberdade de fazer o que você quiser.

Dr. Souto: As coisas se movem de forma glacial. Quem quiser ver o copo meio cheio ao invés de meio vazio, pensa assim… Bom, pelo menos eles não estão mais mandando reduzir as gorduras como um todo. Porque até a diretriz anterior do Canadá tinha que cuidar da quantidade total de gordura. Pelo menos isso eles tiraram. Não estão mais mandando cortar o colesterol da dieta, porque isso é uma grande asneira. Se sabe desde os anos 50 que o colesterol da dieta não afeta o colesterol do sangue. Então, não estão mais. Estão mandando cuidar o açúcar. Estão cuidando o suco de fruta. Estão recomendando beber água. Enfim… Já foi pior. Mas é que… Num mundo onde a cada ano aumenta o número de obesos, onde a cada ano aumenta o número de diabéticos, onde a cada ano aumenta o número de gente com síndrome metabólica, é angustiante, porque essas diretrizes agora vão valer por no mínimo 5 anos.

Rodrigo Polesso: Exatamente.

Dr. Souto: Então, são 5 anos perdidos.

Rodrigo Polesso: Salve-se quem puder. Agora, se você quer ver o que acontece quando você não segue essas diretrizes, mas sim segue a ciência, quem vem mostrar para a gente é o caso de sucesso de hoje, antes da gente falar do PF brasileiro. Quem mandou para a gente, voluntariamente como sempre, foi a Margarete Randes. Ela falou, “Feliz demais! Hoje estou completando 6 meses do Código Emagrecer de Vez, de muitas mudanças, de muita felicidade. Super adaptada e focada em ajudar outras pessoas.” Ela eliminou 17,6 quilos. Eu sempre digo… É muito legal ver quando as pessoas emagrecem quando querem emagrecer e depois começam a tentar influenciar positivamente outras pessoas a atingirem os mesmos resultados. Obrigado, Margarete. Parabéns por essa iniciativa também. E se você que está ouvindo quer seguir o programa Código Emagrecer de Vez… Ele é para pessoas que estão priorizando emagrecimento através de uma alimentação forte focada em emagrecimento com hábitos comprovados pela ciência.

Dr. Souto: Rodrigo, a proteína dela veio do feijão ou do tofu?

Rodrigo Polesso: Pois é. Acho que os resultados não seriam esses se tivesse vindo daí. O que teria vindo daí seriam gases só, não nutrição.

Dr. Souto: Gases e um monte de carboidratos para atingir a mesma quantidade de proteína que ela atingiu, com muito menos comida.

Rodrigo Polesso: Exato. Seria uma forma burra de se nutrir, em outras palavras. Enfim, se você tem interesse de seguir o programa, pessoal, entra aí em CodigoEmagrecerDeVez.com.br e veja a apresentação lá. Maravilha! Vamos lá, PF brasileiro. Saiu no G1… Saiu no G1. “’Prato feito’ brasileiro tem tamanho exagerado e excesso de calorias. Essa é uma das conclusões de estudo internacional que analisou valor calórico de refeições vendidas por restaurantes populares de seis países, publicada no British Medical Journal em dezembro. As análises mostraram que uma refeição brasileira, sem bebida e sobremesa, contém em torno de 1200 kcal — sendo que quatro opções analisadas tinham mais de 1600. O serviço de saúde pública da Inglaterra, recomenda que um homem adulto ingira 2500 kcal por dia e uma mulher adulta 2000 kcal.” Aliás, na minha opinião, se um homem médio e uma mulher média do dia a dia comer essa quantidade de calorias recomendada por dia, dos alimentos que também são recomendados pelos governos, eles inevitavelmente iriam engordar. Na verdade eles estão engordando já. É meio óbvio de ver isso, pessoal. Bom, seguindo…  Segundo as nutricionistas entrevistadas nesse artigo, os pratos contém muito arroz e pouca salada. E carne… é muito gordurosa. Ela sugere que os pratos sejam reduzidos e, claro, como todo mundo já sabe, reduzido em gorduras também e mais generosos em legumes e folhas. Eu quero falar que no Brasil a gente tem uma coisa muito bacana que é o conceito de buffet por quilo. Isso é sinônimo de liberdade alimentar. Quando você tem conhecimento do que é uma alimentação, por exemplo, isso é um parque de diversões. Você escolhe exatamente aquilo que vai maximizar a densidade nutricional do seu prato e você pode até esquecer calorias nesse sentido. E você vai embora feliz, se sentindo bem. A moral da história é que prato feito, no geral, é bom quando é feito por você somente, né, pessoal? Novamente, vamos lá, Dr. Souto. Problemas grandes da alimentação do brasileiro. Novamente, aquela coisa chata, aquela coisa de sempre… Ah, é muito calórico… Ah, estou comendo gordura demais. Pelo amor de Deus. Vamos lá. Estamos com preguiça, mas vamos comentar sobre isso.

Dr. Souto: É, da preguiça mesmo. Basicamente, elas estão cometendo aí os pecados capitais da nutrição. Motivo pelo qual a maioria das vezes as coisas são dão erradas dentro dessa abordagem tradicional, que é se focar demais em calorias e demais em gorduras. Porque, na realidade, o que realmente importa, o que vai determinar se a pessoa vai comer demais ou não é a saciedade. Esse é o foco. Saciedade. Porque, veja bem, se não existisse o fenômeno da saciedade, todo mundo comeria até sei lá, parar de comer pela dor do estômago cheio demais… porque está doendo, ânsia de vômito, sei lá. Não, as pessoas param de comer quando a fome cessa. De vez em quando sim, é pela dor e tal, quando é carboidrato refinado. Então, assim, pizza o pessoal come até ficar com dor. Mas, assim, duvido que a maioria das pessoas coma salmão até ficar com dor. A pessoa come, serve mais uma vez… Poxa, matou a fome, encerrou. Como nós temos um termostato para a temperatura do corpo, a gente tem um “comidostato” que é a saciedade. O nosso comidostato. Então, o que nós temos que ir atrás é quais são as coisas que dão mais saciedade. E as coisas que dão mais saciedade é justamente o que elas querem tirar no prato, que é a proteína acompanhada de gordura. Então, uma proteína bem magrinha não dá a mesma saciedade do que se essa proteína tiver um pouco mais de gordura. Está bem, não precisa ser 90% gordura e 10% proteína porque daí também não adianta. Mas por que a carne não pode ter um pouquinho de gordura? Ela vai ficar mais saborosa e vai ficar mais saciante. Mas eu respondo, é porque elas seguem a religião, aquela que a gente mencionou há pouco. A religião que diz que a gordura faz mal porque sim. Porque Moisés recebeu essa revelação em cima do morro. Foi impresso por um raio nas tábuas. Então, tirando isso, pessoal, não teria porque. E a questão do muito arroz… Bom, concordo também. Mas elas estão querendo que diminua a quantidade de arroz pelas calorias. Eu estou querendo diminuir a quantidade de arroz porque o arroz é nutricionalmente uma opção ruim. Uma coisa importante, muito importante… O Rodrigo fala no livro dele… Esse que vocês vão comprar… Este Não É Um Livro de Dieta… E está lá, densidade nutricional. Se eu pegar o arroz, o arroz é o oposto da densidade nutricional. O arroz é basicamente amido. Lembrando, amido é um polímero de glicose. É um monte de moléculas de glicose de mãos dadas. A gente chama de amido. Amido e xarope de glicose… A única diferença é que um é doce e o outro não é. Mas é a mesma coisa. Então, arroz é amido, água e bom… É só. Tem traços de outras coisas. Então, sim, comer glicose pura não o ideal se você não é um beija-flor ou uma formiga dessas de cozinha. A gente foi feito para comer outro tipo de nutrição. O foco deve ser densidade nutricional. Ou seja, proteínas, boas gorduras, vitaminas, minerais. Isso nós vamos obter numa dieta que é rica em produtos de origem animal, carnes peixes, aves, ovos e vegetais de baixo amido. Vegetais de baixo amido têm uma densidade nutricional elevada, porque embora eles não sejam, por exemplo, ricos em proteínas… Se você pegar um brócolis, ele não é rico em proteína, mas ele não tem praticamente caloria nenhuma. Então, aquilo ali são minerais, fibras grátis, digamos assim, porque não tem um custo calórico. A pior coisa para comer é justamente o quê? Carboidratos refinados, carboidratos nutricionalmente pouco densos. E a gordura… Bem, se fosse gordura pura, eu concordaria. Então, assim, comer um tablete de manteiga puro tem densidade nutricional baixa. Por esse motivo a gente não festeja muito aqui no nosso podcast essa história do bulletproof coffee, de botar um monte de manteiga e óleo no café, porque aquilo também não tem densidade nutricional. Botar uma colherinha de nata ali para dar um gosto, ok. Mas o que que tem densidade nutricional? É justamente a coisa que elas estão achando que tem que diminuir no prato. Bom, o arroz a gente concorda. Só que assim… Se diminuir o arroz e diminuir a carne e só deixar salada, bom, está bem, vai ser nutricionalmente denso, mas não vai ter o quê? A saciedade, né?

Rodrigo Polesso: Não vai ser nutricionalmente significante.

Dr. Souto: É. Não vai ter a saciedade. As duas únicas coisas com as quais elas precisam realmente se preocupar, que é saciedade e densidade nutricional estão absolutamente fora do radar. Estão preocupadas com gordura saturada, que a ciência mostra que é irrelevante. E estão preocupadas com…

Rodrigo Polesso: Calorias.

Dr. Souto: Calorias, que, bem, se essas calorias forem nutricionalmente densas, essas calorias vão servir para dar saciedade, porque não se enganem, não existe sociedade sem calorias. Porque se fosse assim, era simples: papel picado ou serragem. Eu pego, vamos dizer 200 gramas de serragem ou de papel picado, misturo com água, faço um mingualzinho, como aquilo ali. Não vai ocupar espaço no estômago? Porque que isso não dá saciedade? Não dá saciedade porque o corpo não é burro. Ele detecta que aquilo conteúdo calórico nenhum e continua com fome. Então, se a gente quiser matar a fome, tem que ter calorias sim. Agora, não basta ter calorias, porque arroz puro tem calorias, mas não tem nutrição. Então, o corpo busca aquilo que a gente tem que dar para ele. Uma combinação de calorias com densidade nutricional. Tem um belo nome para isso: bife com ovo.

Rodrigo Polesso: Bife com ovo, exatamente. Uma grande verdade que se você aceitar você se liberta é que a quantidade da alimentação é secundária à qualidade. Quando você foca na qualidade da alimentação, ou seja, na densidade nutricional, a quantidade toma conta de si própria porque justamente você tem os sensores de saciedade para te guiar, assim como sempre foi na face da Terra. Hoje essa burrice generalizada que está tornando isso tudo difícil, né, pessoal? A gente precisa pensar menos nesse sentido e voltar ao básico. E a gente fica feliz que você está aqui acompanhando a gente. E para inspirar também, a gente pode compartilhar o que que foi degustado na última refeição agora do dia. Eu estou curioso para saber se o Dr. Souto seguiu essas novas diretrizes do PF ou se você seguiu as novas diretrizes do Canadá para montar o seu almoço, então compartilha com a gente.

Dr. Souto: Pois é, eu acho que eu pequei tanto no que diz respeito às recomendações para o PF como no diz respeito às diretrizes do Canadá, porque eu comi strogonoff de carne. Então, não só era carne vermelha… Carne… Mas ainda por cima tinha laticínio gordo, que era o creme de leite do strogonoff.

Rodrigo Polesso: Uma bomba.

Dr. Souto: Mas eu comi com arroz de couve-flor. Tem que esperar terminar a frase. Arroz de couve-flor. Aquela receitinha maravilhosa. Quem quiser dá uma olhada lá na Tribo Forte, ensina como fazer. Era um arroz com couve-flor com uns pedacinhos de cenoura, uns pedacinhos de cebola. Fica uma delícia e serve justamente para essas coisas que têm molho, que a gente sente falta para ter alguma coisa para recolher o molho, né? Mas não precisa ser a coisa mais nutricionalmente indesejável do mundo, que é arroz branco. Faz um arrozinho de couve-flor. O arroz de couve-flor também não é assim super nutricionalmente denso, mas pelo menos ele não tem calorias, né? Ele não tem carboidrato. Ele não tem glicose. Então, ele acaba tendo uma densidade nutricional maior porque a densidade nutricional, como qualquer densidade… Vamos dizer… Tem o conjunto dos nutrientes em cima e no denominador nós temos as calorias. Bem, como couve-flor praticamente não tem calorias, então a densidade nutricional do arroz de couve-flor é muito melhor do que a densidade nutricional do arroz comum, que é praticamente zero, porque é um monte de glicose, um monte de calorias e nenhum nutriente. Então, se for para usar arroz, fica a dica: arroz de couve flor. Strogonoff com arroz de couve-flor. Comi bem para caramba.

Rodrigo Polesso: Imagino. Uma delícia. Gostoso para caramba. Eu também peguei pesado na heresia hoje no almoço. Na verdade, em partes, porque eu comi peixe, uma tilápia local da Costa Rica. Uma delícia. Eu não tinha soja, infelizmente, então tive que pegar minhas proteínas do peixe, fazer o quê. E também um bife. Um surf and turf da vida. Então, um baita de um filé de peixe, um baita de um bife também, que aí vai contra também as diretrizes, que pena. E de sobremesa um queijo de cabra que também vai contra as diretrizes, porque ele é integral. Então, realmente, é heresia. Eu fico muito feliz em ser um herege. Vou levantar essa bandeira pelo resto da vida. E é isso, pessoal. Olha só. Siga a gente no Instagram. Siga a gente lá: @rodrigopolesso, o Souto é @jcsouto. Também tem a ABLC, que é @ablc.org.br. Você pode seguir lá. Você também tem o que mais para te ajudar? Você tem a Tribo Forte. Tem mais de 200 e poucas receitas lá dentro. Entra em TriboForte.com.br. E tem como eu falei no começo do vídeo… Do podcast… Também o meu novo livro que está saindo nas livrarias. Ou seja, livro, preço baratinho, você carrega na cabeceira, lê, passa para um amigo. O nome é Este Não É Mais Um Livro de Dieta. É só procurar aí onde você quiser no site EsteNaoEMaisUmLivroDeDieta.com.br. Ou se você preferir na sua livraria de preferência. Então, não faltam recursos para você se munir, se proteger e viver como você merece viver. Beleza? Dr. Souto, acho que é isso. A gente fecha esse podcast. A gente se fala semana que vem como sempre. Fica um abraço para todo mundo aí e para você também.

Dr. Souto: Beleza. Obrigado. Um abraço e até semana que vem.