Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!
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Neste podcast:
- Querem tornar desnutrição algo obrigatório em Nova Iorque;
- Meta-análise sobre consumo de proteínas;
- Asneira publicada na Veja sobre longevidade;
Escute e passe adiante!!?
Saúde é importante!
OBS: O podcast está disponível no iTunes, no Spotify e também no emagrecerdevez.com e triboforte.com.br
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Ouça o Episódio De Hoje:
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Caso de Sucesso do Dia
Referências
Artigo no NY1 Sobre Segundas-Feiras Sem Carne
A Iniciativa Meatless Monday Mostra no Seu Site Oficial Os Patrocinadores e Parceiros
Revisão Sistemática e Meta-análise Publicada no Final de 2018 no Jornal Nutrients
Asneira Publicada na Revista Veja Sobre Longevidade
Transcrição do Episódio
Rodrigo Polesso: Olá, olá! Bem-vindo para você. Bem-vindo aqui a mais um episódio semanal da Tribo Forte. Este é o episódio número 158 da sua dose semanal de saúde baseada em evidências. Vou dar as boas-vindas ao Dr. Souto. Dr. Souto, como que está aí? Está aquecido para o episódio de hoje?
Dr. Souto: Prontinho. Bom dia. Bom dia aos ouvintes.
Rodrigo Polesso: Maravilha. A gente está com 158 episódios e até hoje a gente não tomou vergonha na cara de fazer uma vinheta bacana para esse episódio. Mas acho que o pessoal não quer curtir música, quer curtir informação. Então a gente começa de cara com informação. E hoje, pessoal, a gente precisa falar de um assunto grave. Um assunto grave que vem crescendo ao longo dos anos e está cada vez mais ganhando espaço. Enfim, as consequências disso podem ser muito graves. Então, salve-se quem puder. Salve-se quem puder. Eles querem tornar desnutrição algo obrigatório em todas as escolhas públicas da cidade de Nova Iorque implantando as chamadas “segundas-feiras sem carne”. Segundo um artigo que saiu no New York One, e também foi ecoado em várias mídias como Fox News, NBC, no Huffpost. Segunda-feira sem carne. Se você é de São Paulo, você deve ter ouvido falar nesse tipo de coisa já porque essa onda está pegando não só nos Estados Unidos, mas pegando no mundo inteiro. essa medida em Nova Iorque já vem sendo executada há um tempo já em 15 escolas do Brooklyn. Agora ela irá passar na última parte do ano… Agora no outono da América do Norte para todas as escolas de Nova Iorque. O presidente do distrito do Brooklyn, o Eric Adams, reporta ele mesmo que deve a sua transformação pessoal a uma alimentação baseada em plantas. Então, a gente pode imaginar que ele vai ser um bom propulsor dessa mesma ideia. O prefeito em si de Nova Iorque, o Bill de Blasio… Ele diz que não é vegetariano em si, mas olha só… Ele está rodeado deles. Então, a gente vê… A influência está em todo lugar. Então, salve-se quem puder, pessoal. Uma alimentação pode em nutrientes justamente na fase de crescimento das crianças no colégio, na escola… Isso é abismal tendo em vista toda evidência que a gente tem. Lembre-se que a gente falou recentemente do EAT-Lancet, que a é a suposta dieta da saúde planetária? Era uma agenda vegana colocada no formato de algo que parece ser sério. E foi mundo afora. Foi uma iniciativa de mundo afora, patrocinada por bilionários e também gigantes da indústria. Não estou dizendo que eles são a causa ou que estão infiltrados nisso, mas os tentáculos mal nutridos dessas organizações veganas estão influenciando cada vez mais pessoas indefesas. Esse é o problema. Como a gente estava falando com o Dr. Souto antes de começar até, eu também concordo com ele. Eu não acho que seja uma conspiração de uma única organização, mas é uma sinergia que está acontecendo no mundo nessa direção. Nas escolas eles estão usando as segundas-feiras sem carne, inclusive, para divulgar propaganda anti-carne baseada em má ciência e simplesmente coisas inventadas. Por exemplo, instruindo as crianças que ao deixar de comer uma porção de carne por dia e comer ao invés uma porção de tofu, você corta o risco de diabetes em 15%. Isso é mentira, isso é ridículo. E ninguém vai para a cadeia. Essas crianças irão ser influenciadas por mentiras que beneficiam somente interesses industriais e não a saúde de ninguém. Além disso, a iniciativa Meatless Monday (que é “segunda-feira sem carne”) no seu site oficial, que é o MeatlessMonday.com, mostra todos os patrocinadores e parceiros. E é claro que tem um monte de empresa alimentícia lá de grãos, de vegetais e afins… Patrocinando, claro, porque são muito interessados nisso. Então, salve se quem puder. As crianças não conseguem se salvar por si só, né, pessoal? Então, olha só. Dr. Souto, a gente está de fronte a essa calamidade aí onde mais uma vez o governo quer colocar o dedo dele e deixar uma coisa standard… Deixar uma coisa obrigatória… E impor, enfim, nas escolas, de uma cidade como Nova Iorque, que as crianças não tenham a opção de carne nas segundas-feiras. O que vem depois disso?
Dr. Souto: Pois é, Rodrigo. Já são vários episódios do podcast que a gente tem comentado isso. Está começando a virar um assunto recorrente aqui. Mas está começando a virar um assunto recorrente porque isso está pegando forte e, como você disse, do ponto de vista ideológico. Deixou de ser uma discussão fundamentalmente científica e está se tornando uma dessas unanimidades burras. Sabe aquela história assim… toda unanimidade tende a ser burra? Essa é definitivamente uma delas. Eu quando ouço assim “segunda-feira sem carne”, para mim isso é tão bizarro como se nós estabelecêssemos a segunda-feira sem exercício. É proibido fazer qualquer atividade física na segunda-feira.
Rodrigo Polesso: Ou a terça-feira do fumo, onde todo mundo tem que fumar.
Dr. Souto: Então… O grande problema é a retirada da escolha e a questão de que vai se transformando… O ato de comer aquilo que o ser humano evoluiu para comer em algo socialmente inaceitável. Vamos fazer um exercício de pensamento. Imagina essas crianças que frequentam a escola em Nova Iorque e que… Enfim… Têm hábitos alimentares normais em casa. Comem uma dieta onívora. Aí se um dia uma criança dessas leva carne na escola para comer… Leva um sanduíche com presunto… Daqui a pouco os outros vão dizer, “Olha só! Ele come carne! Ele está comendo carne na segunda-feira!” Vai ter bullying. Vai ter bullying. E vejam bem… A mensagem nítida ali é… Nós vamos fazer a segunda-feira sem carne, mas obviamente o bom para o planeta e para sua saúde é que fosse a semana inteira, a vida inteira sem carne. É isso que está sendo proposto. Então, aquela criança que levar para a escola carne em outros dias, ela também tende a sofrer bullying. Vocês entendem? Então, está se criando um ambiente… É muito complicado. Realmente é complicado porque a pessoa que quer mudar seu estilo de vida alimentar, largar a tranqueira, largar os alimentos processados, parar de comer tanto sanduíche, biscoito, salgadinho… Lembrando que tudo isso pode na segunda-feira sem carne… Segunda-feira sem carne eu posso comer sorvete, eu posso comer batata frita, eu posso levar salgadinho, eu posso comer Cheetos, eu posso comer pizza, desde que, Deus o livre, não tenha presunto na minha pizza. Porque a farinha da massa não tem problema. Se for uma pizza doce é melhor ainda, porque é garantido que é sem nada animal. Imagina uma pessoa que quer fazer essa mudança. Ela já está lutando contra o quê? Contra os seus instintos. Contra o vício do carboidrato. Todo mundo que está nos ouvindo aqui sabe que… Abrir mão do açúcar não é muito fácil. Abrir mão dos carboidratos… Da mistura do amido com açúcar… É difícil. E aí a pessoa se insere num contexto onde passa a ser socialmente inaceitável comer aquilo que ela deveria estar comendo. Vamos tentar pensar fora da alimentação e pegar o exemplo do cigarro, nosso preferido. Imagina o seguinte. A pessoa que fuma já tem uma dificuldade grande para largar o vício da nicotina. Não é fácil. Agora imagina que ao invés de ter esses incentivos para parar de fumar que nós temos… Hoje em dia é proibido fumar em quase tudo que é lugar… A carteira de cigarro tem aquelas fotos horríveis… E as pessoas não aceitam… A pessoa tem que ir para a rua fumar. Aquela coisa toda. Imagina se fosse o contrário. Imagina uma distopia na qual quem não fumasse fosse discriminado como era lá nos anos 40 e 50. O rapaz que não fumava era considerado maricas. Então, a dificuldade que é para alguém que quer parar de fumar se fosse num mundo onde só se estimula que se fume. Pois essa é a situação que a gente vive na alimentação. As pessoas tentando largar os alimentos processados, a tranqueira e tal… E no entanto esse movimento do Meatless Monday basicamente está dizendo para as pessoas… Tragam biscoito, tragam salgadinho, tragam lanche… E você será mais saudável e estará contribuindo com a saúde do planeta.
Rodrigo Polesso: E será mais legal e aceito socialmente.
Dr. Souto: Então… Eu realmente não tenho muito otimismo nesse momento. Eu acho que o mundo está caminhando para uma coisa muito ruim do ponto de vista de saúde, de saúde pública. E o que a gente está assistindo… Quando hoje a gente fala se referindo aos anos 70 e 80… E dizendo que ali houve um grande equívoco no qual a gordura saturada foi acusada como a mãe de todos os males e os carboidratos foram exonerados e isso está por trás de muito do desastre que a gente vive hoje de obesidade, síndrome metabólica e diabetes. A gente olha para trás e diz, “Esse pessoal pisou na bola.” Bom, agora, daqui a 40 anos, eu acho que o pessoal vai estar olhando para trás para um desastre muito maior que vai estar lá em 2040, 2050 e dizendo assim, “Olha só como era insidiosa a coisa lá nos anos 2000, no início dos anos 2000.” Quando na realidade a indústria adotou uma estratégia muito mais esperta do que nos anos 70 e 80. Nos anos 70 e 80 era a gordura faz mal, então vamos comer macarrão e biscoito integral. Agora não. Agora é: se você comer carne, você está destruindo o planeta. Logo, logo a água do oceano vai subir tanto que vai invadir as áreas costeiras e a culpa é porque você comeu um filé! Então, deixa de ser uma questão de responsabilidade individual e passa a ser uma questão de responsabilidade coletiva. Claro que está tudo errado. Eu acho, Rodrigo… Eu acho que nós temos que pensar nisso. Pegar um bom entrevistado sobre o assunto e trazer aqui. Eu tenho evitado de atacar esse assunto por exemplo no meu blog porque eu não me sinto tecnicamente competente para abordar essa questão do quão errado está esse argumento de que a criação de animais é que está por trás do aquecimento global. Eu e você, a gente lê um monte de estudos mostrando que isso daí é uma grande balela. Mas, enfim, não é a minha especialidade. Então, eu acho que daqui a pouco nós vamos ter que trazer alguém aqui para até orientar nossos ouvintes nesse sentido. Mas aquilo que nos cabe… A mim e a você aqui… A parte de saúde, estilo de vida, alimentação… O que eu vejo é um desastre se aproximando da humanidade.
Rodrigo Polesso: É terrível. E outra… Tem muita gente que vem seguindo a dieta vegana há muito tempo… A vegana que seria o extremo disso aí… Nos olhos do pessoal de Nova Iorque deve ser o elixir da longa vida. Mas, enfim… Estão caindo como mangas maduras de árvore. Tem gente ex-vegana vindo à tona aí… Mudando a vida, se curando ao retomar o consumo de alimentos animais. E outra… Qual é o incentivo para essas crianças… De viver uma vida onde elas têm que evitar os alimentos que instintivamente elas são atraídas a comer… A carne, os animais e etc. Então, é muito triste essa situação. Tem mais sobre isso, pessoal. Antes, para dar um break, vamos contar o caso de sucesso de hoje, Dr. Souto, que é sensacional. Quem mandou foi a Cida. Ela mandou a foto de antes e depois. Vai estar no artigo do episódio. Cada episódio tem seu artigo com a transcrição completa. Você pode ler, você pode procurar, pode fazer suas referências. É só você entrar em EmagrecerDeVez.com. Todos os episódios estão lá dentro. Lá tem também a foto do caso de sucesso. A Cida mandou para a gente. Ela falou, “Rodrigo, sou de São Paulo, tenho 57 anos e emagreci (pasmem) 60 quilos. Gratidão.” 60 quilos! Se você ver a foto de antes e depois dela, você fica louco. Que coisa sensacional. E te digo… Não foi seguindo a política das escolas de Nova Iorque que ela fez isso não. Foi seguindo a alimentação forte baseada em ciência. Transformação real para a vida inteira. Se você quer seguir o passo a passo, quer minha ajuda para isso… Eu bolei um programa chamado Código Emagrecer de Vez que você pode seguir passo a passo. É só você entrar CodigoEmagrecerDeVez.com.br e você pode fazer parte. Bom… A gente vai voltar essa questão que eu falei da Meatless Mondays, mas enquanto os vilões da segunda sem carne ensinam as crianças que a maioria dos americanos come uma vez e meia mais proteínas do que o necessário… A gente tem uma revisão sistemática e metanálise publicada recente agora no… Na verdade, no final de 2018, no jornal Nutrients que concluiu que… “Nossos achados mostram que um alto consumo de proteína é inversamente proporcional à fragilidade em adultos mais velhos. Ou seja, menor consumo de proteína, que é o que o governo está tentando ensinar as crianças, gera mais problemas, mais fragilidade e fraqueza em pessoas mais velhas e mais proteína, maior robustez. Proteína a gente sabe que é o macronutriente mais poderoso e essencial de todos para a vida humana na minha opinião. Ele é tão importante que a natureza nos ensinou a sermos naturalmente atraídos a alimentos que são ricos em proteínas. Coincidentemente, os alimentos mais ricos em proteínas de qualidade também são os mais nutritivos ao ser humano e também são os mais saborosos. Pense em churrasco, peixe, frutos do mar, queijo e etc. Por toda evolução a gente teve dificuldade em encontrar fontes de proteína de qualidade em abundância. A gente acabou comendo plantas, grãos e etc. para conseguir ingerir energia o suficiente. Agora que a gente tem a boa oferta de proteínas, eles querem nos forçar a abrir mão disso e focar no consumo dos alimentos menos nutritivos da face da Terra. É o fim da picada. Então, olha só… Isso que eu falei, Dr. Souto, de substituir a carne por tofu, que diminui o risco de diabetes… Está no mesmo panfleto lá que você viu também no Twitter do Meatless Monday… Falando para as crianças que o americano come uma vez e meia a mais… Em excesso… Proteína do que deveria. E daí tem estudos como esse que eu acabei de falar que mostram que longevidade e robustez estão vinculadas, associadas a mais consumo protéico. E não é esse o único estudo, a gente tem vários estudos nesse sentido. Então, mais uma vez a gente vê que não é baseado em evidência e coisas redondamente erradas estão sendo passadas para as crianças.
Dr. Souto: Sabe o que está acontecendo? É aquela coisa de quando a ideologia pauta as conclusões. Então como a ideologia do pessoal é de que carne faz mal, de que não se deve consumir animais, então vamos pensar assim… Vamos começar a atacar as vantagens do consumo de carne. Então, já que eu considero que não se deve consumir animais… Poxa vida, mas animais são uma excelente fonte de proteínas… Bom, então vamos dizer que proteína faz mal para não comer carne. Então, a ideologia está influenciando de tal forma essas pessoas, esses pesquisadores, que o pessoal tenta identificar as vantagens do consumo de carne e transformar essas vantagens em desvantagens. Então, a coisa está muito possuída por ideologia. Se realmente fosse verdade que boa parte das pessoas está consumindo mais proteína do que o mínimo necessário, isso deveria ser um motivo de festejar. É basicamente a mesma coisa que dizer… Mais da metade das pessoas está fazendo mais exercício do que seria o mínimo necessário. Mas que coisa boa! O dado oposto e real daquilo que eles citam ali é que cerca de metade dos americanos… imagino que aqui deva ser pior… está consumindo menos proteína do que esse mínimo necessário. E esse mínimo necessário é bem mínimo. Esse 0,8 grama por quilo de peso que o RDA de proteína estabelece é o mínimo para não perder massa magra. É quantidade mínima para evitar a deficiência, o catabolismo. Que uma parte das pessoas esteja consumindo mais do que isso é um espetáculo. Outra coisa… Tem uma palavrinha mágica que você falou aí, que é proteína de qualidade. O que acontece é assim… A gente tem que martelar um pouco esse assunto porque quem não estuda nutrição daqui a pouco não sabe. Existe uma coisa muito importante na alimentação em geral, que é a biodisponibilidade. O quanto que aquilo que a gente come vai ser absorvido efetivamente e utilizado pelo organismo. Isso vale muito para minerais, por exemplo. A gente já falou no podcast. Não custa repetir. A pessoa diz assim, “Como que eu vou obter ferro sem comer feijão?” Pessoal, feijão é uma fonte ruim de ferro. Aí a pessoa vai dizer, “Mas como assim?” Sim, é ruim. Olha só, se eu pegar e comer pregos… Prego tem ferro para caramba, mas não é uma boa fonte de ferro porque o ferro do prego é pouco biodisponível. O prego, como vocês bem sabem, sai do outro lado igualzinho ao jeito que ele entra. Muito poucos átomos de ferro vão ser removidos da superfície do prego e absorvidos pelo nosso intestino. Então, mesmo um troço que é 100% ferro como um prego não é uma boa fonte de ferro. O que importa é o quanto que nosso corpo absorve. Pois bem… O nosso corpo absorve mais ou menos 2% do ferro presente no feijão. Mas ele absorve mais ou menos 20% do ferro presente na carne. Bom… Questão da proteína. Muitas vezes as tabelas que tem por aí da quantidade de proteína presente nos alimentos… Eles não pesquisaram proteína, eles pesquisam nitrogênio. Bom… Por quê? Porque o nitrogênio está fundamentalmente presente nos aminoácidos, que são as coisas que compõem as proteínas. Só que as plantas têm uma série de compostos nitrogenados não protéicos. Então, quando a gente olha lá… O feijão tem mais ou menos uma quantidade parecida de proteína do que a carne… Isso não é verdade. Se a gente pegar o conteúdo de nitrogênio da carne… Eu posso estar errando um pouco os números, mas não muito… É algo em torno de 70… Desculpa, 90%, 95% do nitrogênio que a gente mede na carne é proteína na forma de aminoácidos. Agora, se eu pegar o nitrogênio do feijão, não dá 60%. É 50 e poucos porcento… É nitrogênio presente em aminoácidos. O resto é nitrogênio presente em outros compostos que o corpo humano não é capaz de usar. Então, tem muito menos proteína ali do que tem na carne, muito embora nominalmente a quantidade de nitrogênio nos dois seja a mesma. Mas tem mais… Como dizem aqueles infocomerciais… Mas tem mais! Esses aminoácidos das plantas frequentemente são incompletos. Quer dizer, é difícil eu ter uma proteína completa numa determinada planta. Sim, todo nutricionista que trabalha com dieta vegetariana sabe que é possível fazer isso fazendo uma combinação de diferentes vegetais. Então, a pessoa mistura o arroz com o feijão, com a ervilha, com não sei o quê… Aí juntando tudo aquilo eu posso até ter uma proteína completa às custas de uma tonelada de amido.
Rodrigo Polesso: Exatamente.
Dr. Souto: Porque eu estou diluindo essa proteína num monte de energia desnecessária, o que é péssimo para uma população que é pré-diabética, cada vez mais obesa e tal. Então, é muito pequeno o detalhe. O resumo da história é o seguinte. Se eu tiver uma pessoa que come carne ela praticamente não tem muito como errar em termos nutricionais. Agora, se eu tiver uma pessoa que não come carne, tem mil e uma formas de fazer errado.
Rodrigo Polesso: Exatamente. Só é possível no mundo de hoje essa combinação de vegetais e legumes para tentar conseguir uma proteína completa. E tem mais, como você falou. Ainda nessas plantas tem os inibidores… Os antinutrientes que vão proibir a absorção de muitas proteínas que estão. Por exemplo, a soja… Porque o vegetariano fala que a soja é uma fonte completa de proteínas… É o caramba a quatro. Até 50% das proteínas e dos aminoácidos da soja você não consegue absorver. Isso sem contar nos disruptores endócrinos que vêm de presente para você quando você come essa porcaria. Aí vem o governo dizer que tofu em vez de carne diminui o diabetes em 15%. É de se chorar. Ele te dá hipotiroidismo, não tem problema. Isso ninguém precisa falar para você. Olha só, para acabar o show de hoje, mais uma asneira publicada… Adivinha onde? Publicada na Veja. Não é nem de propósito que a gente está pegando isso. Se você ouviu o episódio passado, deve ter visto que a Veja deu um show de incompetência nas suas matérias. Mas ela também ataca novamente com suas extrapolações e interpretações erradas das informações. Eu não sei que diabo está acontecendo, mas parece que tem alguém lá dentro… Como a gente estava falando, Dr. Souto, que tem muita raiva de low carb e quer a todo custo… Enfim, a custo da própria racionalidade atacar essa filosofia. Dessa vez ela publicou uma matéria com a seguinte manchete. “Carboidrato: o segredo de uma ilha japonesa para a longevidade.”
Dr. Souto: Eu vi isso.
Rodrigo Polesso: Essa ilha em questão são os okinawas. Eu falei dos okinawas na palestra que eu deu no ano passado na Tribo Forte. Aliás, quem quer assistir todas as palestras… Palestra do Dr. Souto, minha palestra, palestra dos outros médicos, nutricionistas… Todos os 13 eventos completos… Acessa aí TriboForte.com.br. Você pode ver lá dentro. O ponto é: os okinawas têm sua alimentação baseada em batata, folhas, legumes com quantidades menores de carne, porco e peixe. Não é porque eles não gostam, é porque eles não têm o suficiente. O maior ponto é que o consumo de produtos industrializados era quase nulo até recentemente na ilha de Okinawa. É uma dieta baseada em alimentos de verdade e baixa em toxinas. Isso combinado com o estilo de vida do campo é responsável pela longevidade e saúde. Não é quantidade de carboidratos que eles comem em si. Tanto que eles eram o povo mais longevo antigamente, hoje em dia já não são os mais longevos por causa dessa penetração de alimentos industriais. Nós temos bons exemplos de populações igualmente saudáveis e longevas que comem o inverso, por exemplo, basicamente todas suas calorias de gordura e proteínas… E quase nada de carboidrato. O segredo está em manter uma dieta baixa em toxinas. E isso é impossível consumindo-se altas quantidades de carboidratos do mundo moderno como grãos refinados, farinhas, óleos vegetais e etc. Se o carboidrato fosse realmente o segredo para a longevidade, eu acho que os americanos, os mexicanos e os novos chineses seriam as pessoas mais longevas e em forma do planeta. A gente sabe que não é. Então, mais uma vez, dr. Souto… O pessoal tende a esquecer essa questão toda de estilo de vida de baixa toxina, alimentos de verdade… E focar no ponto de que o carboidrato é o segredo da longevidade dos okinawas. Temos que falar sobre isso.
Dr. Souto: Bom, a primeira coisa é o seguinte. Os japoneses de uma forma geral são um povo bastante longevo. Parece haver sim também um componente genético nisso, inclusive. Então, há uma mistura ali de um componente genético, étnico também com essa questão comportamental. Okinawa é uma ilha do arquipélago e lá os moradores de Okinawa tem uma expectativa de vida um pouco mais longa do que a do resto do japão, que já é longa. Então, o pessoal tenta identificar quais os motivos. Sim, a maior parte das calorias que se consome em Okinawa são carboidratos e a maior parte vem de batata doce. Agora, é muito extremo eu chegar e dizer… bom, é por isso que eles vivem mais. Porque a maior parte das calorias dos americanos também vêm de carboidrato. E na verdade eles estão declinando sua expectativa de vida, porque estão ficando obesos e diabéticos. Então, eu acho que não é o carboidrato que é a questão aí. A questão é… Como você disse, eles têm um estilo de vida muito ligado à natureza. São comunidades pequenas. Maioria são pescadores. Tem um alto nível de suporte social. São pessoas que têm vínculos familiares e sociais muito intensos e isso parece ter um impacto muito grande. Um nível de estresse baixo. Uma sociedade pouco modernizada. E uma coisa curiosa. Em todo Japão se consome uma quantidade relativamente pequena de carne. Mas o local do Japão que consome mais carne é Okinawa. Então, Okinawa consome mais carne de porco especificamente do que o resto do Japão. Então, eu poderia, se eu quiser, fazer a manchete ao contrário. Porco: o segredo da longevidade de Okinawa.
Rodrigo Polesso: Exatamente.
Dr. Souto: Ninguém sabe o segredo da longevidade de Okinawa, porque provavelmente não existe o segredo da longevidade de Okinawa. É um conjunto. É todo um contexto. O interessante dessa história toda é a manchete. Porque a manchete diz assim: “Carboidrato: o segredo…” Não estou com ela aberta na minha frente, mas me lembro que era uma coisa… “Carboidrato: o segredo da longevidade de Okinawa”. Mas a reportagem em si é uma reportagem traduzida da BBC. É uma reportagem boa e é uma reportagem que fala tudo isso que estamos falando do suporte social e comunitário e familiar… Do estilo de vida… De uma alimentação composta basicamente de alimentos não processados e minimamente processados e in natura. Tudo isso está na reportagem. Então, eles basicamente estão pegando qualquer coisa e colocando uma manchete porque eles sabem que a maior parte das pessoas só leem a manchete. Uma manchete pró vegetarianismo e contra low carb. É basicamente isso que uma certa editoria da Veja tem feito sistematicamente nos últimos tempos. Então, a reportagem original… Quem quiser ler a reportagem até o fim, vocês vão ver que a ênfase da reportagem não é carboidrato. A ênfase da reportagem é no estilo de vida, numa alimentação que é mais natural, na questão dos alimentos menos processados e tal. A coisa vai por aí. Na questão da comunidade e tal. Mas sim, é mencionado lá pelas tantas que eles consomem basicamente… A base da dieta deles é batata doce e tal. Isso não é o conteúdo… Texto da reportagem na BBC não permite fazer uma manchete “Carboidrato: o segredo da longevidade me Okinawa”. Então, a minha impressão é assim… Que a gente já atingiu uma massa crítica dentro da imprensa, do público, dos políticos, das pessoas influentes e poderosas… Que chegaram à conclusão de que reduzir o consumo de animais na dieta é salvação do planeta e da saúde. E uma vez que esse ponto crítico tenha sido atingido, vai ficar cada vez mais difícil a mensagem. Então, vocês que nos seguem aí… É bom estar por dentro da literatura… Estar lendo os artigos… Estar escutando o podcast… Porque vai vir contra-ataques de todos os lados. Nós estamos entrando numa fase do século XXI em que o espírito do tempo, o zeitgeist, é vegano.
Rodrigo Polesso: É uma era negra, infelizmente. Ai meu Deus do céu.
Dr. Souto: E eu acho que aquilo que eu falei mais no início do podcast vai acontecer. Em 2050 nós vamos estar olhando para trás e vamos estar dizendo assim… Nossa, a saúde piorou tanto. Lembra que maravilha quando era apenas 10% da população que era diabética e apenas dois terços da população eram obesos e tinham sobrepeso? Hoje nós temos 60% da população diabética e 99,5% da população obesa e com sobrepeso. Puxa vida! Será que não foi aquele negócio de quando a gente começou a dizer que tinha comer basicamente biscoito recheado, Cheetos e pão porque era para salvar o planeta e a saúde, porque não tinha carne?
Rodrigo Polesso: E plantas… Uma aceleração do efeito estufa, enfim… Tudo errado… Como a gente podia estar tão errado assim.
Dr. Souto: E aí nós vamos levar mais quantas décadas para consertar isso? E claro, sempre lembrando que as mesmas cabecinhas que conseguem imaginar que a vaca produz CO2 em vez de simplesmente reciclar o CO2… São as cabecinhas que não entendem que precisa de CO2 extraído de petróleo para gerar os insumos para fazer a tal carne de laboratório.
Rodrigo Polesso: Que a gente falou no episódio passado, inclusive.
Dr. Souto: Ou para fazer alimentos processados. Ou a indústria movida a vento… Energia solar que move a grande indústria?
Rodrigo Polesso: É isso aí. Tem que parar de ser ingênuo.
Dr. Souto: A energia solar move sabe o quê? As vacas. Vacas são movidas à energia solar.
Rodrigo Polesso: As vacas, nós, as plantas.
Dr. Souto: Aliás, um negócio bem interessante para quem gosta de estudar uma coisa diferente… Estudar a fisiologia da digestão dos ruminantes. Ruminantes são bichos fantásticos.
Rodrigo Polesso: Incrível.
Dr. Souto: Eles transformam coisas que o ser humano não é capaz de comer… Celulose, capim e tal em comida da melhor qualidade para nós e nos dão presente de volta fertilização do solo. Aquele negócio que eu estava falando no nitrogênio que não está na proteína… Bom, se eu, ser humano, comer uma planta que tem um nitrogênio que não está na forma de proteína, esse nitrogênio eu não consigo usar. Ele vai ser eliminado nas fezes. agora, o ruminante pega esse nitrogênio e transforma ele em bife. É um negócio fantástico. Porque, na realidade, o que é o “rúmen” do ruminante? É uma grande gigantesca fazenda com trilhões de bactérias que o ruminante cultiva essas bactérias. E essas bactérias dão de volta para ele, ruminante, todas essas maravilhas. Eles extraem o nitrogênio não protéico das proteínas e transformam ele em aminoácidos… Que o rumiante extrai aqueles aminoácidos do rúmen e transforma em carne. Tudo isso com energia solar. Altíssima eficiência. Simplesmente reciclando – repito – reciclando o CO2 atmosférico porque o CO2 que ruminante bota para fora é o mesmo que o capim quando crescer de novo cai extrair da atmosfera e botar para dentro. Como sempre foi durante todo ciclo da vida desde que a vida começou nesse planeta. Mas não, com certeza é melhor uma fábrica para fazer nossa comida porque isso deve ser melhor para o ambiente e para a saúde.
Rodrigo Polesso: É, tofu continua sendo melhor. Bom… A gente está gravando isso antes do almoço, mas se você sabe o que você vai degustar no almoço, pode compartilhar. Se não, o que comeu na janta. Não sei, fica à sua escolha.
Dr. Souto: Mas hoje eu fiz uma omelete já.
Rodrigo Polesso: Você tomou café da manhã, né?
Dr. Souto: Sim. Foi uma omelete assim… Hoje não é segunda-feira. Então hoje podia. Eu peguei um bacon em cubinhos. O negócio é o seguinte, pessoal. Deixa eu explicar uma coisa para aqueles que não estão acostumados com o bacon. Não dá para poder numa frigideira super quente. Não é para queimar o bacon. Deixa ela numa temperatura mais fraquinha para ir derretendo. Depois que derreteu e largou a gordurinha ali, aí a gente pega aqueles ovos que a gente deu uma misturinha prévia com temperinho e tal… E larga ali em cima. Nossa! A pergunta do almoço… Eu não sei nem se vou almoçar.
Rodrigo Polesso: Outra coisa. Vale um alerta. Se você é uma pessoa que não gosta de sabor, não faça isso.
Dr. Souto: Sim. Não faça isso.
Rodrigo Polesso: Se você tem aversão a sabor, não faça essa questão do bacon.
Dr. Souto: A gente com essa questão do bacon também economiza em velas perfumadas na casa. O perfume já vem incluso.
Rodrigo Polesso: Essa é boa. Eu já comprei aqui… Eu estou em Lisboa agora. Estou surpreso com a quantidade de coisas… De alimentos de verdade no sentido de queijos com leite cru… Queijo de cabra, de ovelha. Tenho achado com grande facilidade. E presuntos de verdade. Peixe salgados. Carne de todos os tipos. Comprei um bife outro dia daqui, uma delícia. Comprei agora duas ripas de costelas de porco que eu vou fazer agora logo depois desse podcast. Vou colocar sal e pimenta, enrolar no papel alumínio, botar isso no forno e aí a vizinhança via ouvir gritos de prazer na hora do almoço vindo daqui de casa. De novo, vale o alerta. Se você não gosta de sabor, não coma costelinha de porco.
Dr. Souto: Rodrigo, você conhece aí em Portugal, já experimentou queijo da Serra da Estrela?
Rodrigo Polesso: Não. Vou até guardar… É especial?
Dr. Souto: Por favor. Ele é um queijo de ovelha que o interior é mole. Ele tem uma casca durinha por fora e o interior é mole como se fosse um fondue de queijo natural.
Rodrigo Polesso: Meu Jesus. Queijo da Serra da Estrela. Vou tentar ver no mercado depois.
Dr. Souto: Ele não é muito barato, mas ele vale o preço… Centavos de euro por grama de sabor. Está valendo a pena.
Rodrigo Polesso: Com certeza. Se tem uma coisa que não dá para economizar é no que está nutrindo a gente. Se essa nutrição vier com sabor ainda, pelo amor de Deus. Vai gastar dinheiro em quê? Em tofu? Em plano de celular? Pelo amor de Deus. Então é isso. Acho que a gente vai degustar isso aí, porque não é segunda. Se fosse segunda a gente tinha que pegar o tofuzinho e colocar uns dois quilos de molho em cima para tentar ficar com gosto bom.
Dr. Souto: E o molho para dar gosto bom no tofu teria que ter bastante açúcar, né?
Rodrigo Polesso: Bastante açúcar, óleo vegetal, essas coisas que a gente sabe que são boas para o planeta.
Dr. Souto: Sim, todas coisas muito boas para o planeta.
Rodrigo Polesso: Pessoal, siga a gente no Instagram. Vamos fechar esse círculo positivo. Me siga lá no Instagram. Coloca @rodrigopolesso lá. Dr. Souto, @jcsouto. Tem a ABLC também: @ablc.org.br. Entre na Tribo Forte: TriboForte.com.br. Enfim, não tem desculpa para ficar de fora. E passe à frente essa mensagem. Passe a indicação do podcast. É tudo gratuito. Informação de graça semanalmente aqui para instruir as pessoas e ajudar levar o mundo para frente, apesar desses percalços que a gente sempre tem por aí. Dr. Souto, obrigado pela sua atenção. A gente se fala no próximo episódio semana que vemm
Dr. Souto: Obrigado. Um abraço, pessoal. Até a próxima!