TRIBO FORTE #185 – LASCOU TUDO! DIETA ALTA EM GORDURAS É RUIM PARA O CÉREBRO

Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!

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Neste episódio:

  • Jejum intermitente;
  • Mais balelas divulgadas por aí;

Escute e passe adiante!!

Saúde é importante!

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Abaixo eu coloco alguns dos resultados enviados pra mim por pessoas que estão seguindo as fases do Código Emagrecer De Vez, o novo programa de emagrecimento de 3 fases que é o mais poderoso da atualidade para se emagrecer de vez e montar um estilo de vida alimentar sensacional para a vida inteira.

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Caso de Sucesso do Dia

Referências

Artigo no Cell Sobre Jejum Intermitente

Estudo Sobre Dieta Alta em Gorduras e o Cérebro

Estudo com Ratos

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá pra você! Bom dia! Bem vindo ao episódio número 185 do podcast da Tribo Forte. A sua dose semanal de saúde, estilo de vida, emagrecimento e saúde, baseado em evidência. E hoje, olha só, pessoal, lascou tudo, ferrou. Dessa vez ferrou de vez, porque dieta alta em gordura é ruim para o cérebro, e demora só 3 dias para uma coisa muito terrível aconteça. É isso que tá dizendo aí na mídia… a gente vai explicar pra você. Então será que dessa vez ferrou? Quantas vezes a gente começou o podcast dizendo isso? Quantas vezes… bom, a gente vai falar sobre isso. Vai ser um assunto bacana pa vocês entenderem não só esse caso em específico, mas também poder usar meio que essa perspectiva cética pra você poder questionar por si só outras coisas que vão sair no futuro, e com certeza elas vão sair no futuro né? Antes, um aquecimento, vo fala um pouquinho sobre jejum intermitente aqui, pra gente bater nosso papo de hoje. Dr. Souto bem vindo ao podcast de hoje, tudo bem?!

Dr. Souto: Tudo bem! Boa tarde Rodrigo e boa tarde aos ouvintes!

Rodrigo Polesso: Vamos começar numa nota alta aqui, vamos começar com uma notícia boa, eu imagino, nada que a gente não saiba. Mas enfim, é um estudo, é um ensaio clínico randomizado, atual, que foi publicado no jornal Cell a poucos dias atrás, e concluiu que jejum intermitente em dias alternados, ele promove diminuição de alguns marcadores de idade. Ele promove redução da gordura corporal, que não é milagre de se entender porque, mas particularmente a gordura visceral. E também que é seguro de se praticar por vários meses. O protocolo de jejum intermitente que eles estudaram, foi basicamente você comer o quanto você quiser em dias alternados. Ou da forma como eles fizeram nesse estudo em particular, você come digamos o quanto você quiser e o que você quiser na segunda de manhã, na primeira parte do dia, e depois você só comeria de novo na terça a tarde. Aí depois você come tudo de novo que quiser na quarta de manhã e depois só na quinta a tarde você voltaria a comer. De forma prática, isso da um intervalo de mais ou menos 36 horas em dias alternados, pra você ter uma ideia. Eu particularmente não recomendo jejum intermitente assim como estilo de vida, simplesmente porque não precisa complicar tanto assim, se restringir tanto assim digamos para estilo de vida e os benefícios, mas é a maneira que eles fizeram no estudo pra tentar, enfim, um protocolo mais longo e intenso semanalmente durante 6 meses eles fizeram. Então eles fizeram isso aí e concluíram que é seguro, não tem problema nenhum, o pessoal perdeu peso, teve diminuição dos marcadores de idade, e tudo que eles falam “ah nossa, previne o envelhecimento”. Né Dr. Souto… Meio contraditório porque o pessoal que ta atacando low carb fala que low carb emagrece…

Dr. Souto: Envelhece

Rodrigo Polesso: E a forma mais fácil de você fazer jejum intermitente é tipicamente fazendo low carb. Então é uma coisa assim que vem só corroborar essa questão do jejum intermitente, que eu acho que os benefícios não são segredo pra ninguém. Mas ainda assim claro tem gente dizendo todo tipo de coisa a respeito dessa prática também…

Dr. Souto: É, porque as pessoas dizem todo tipo de coisa porque dizer qualquer um pode. Mas é incrível porque todos os estudos sobre jejum intermitente que eu já vi todos eles mostram benefícios. É difícil a gente ter alguma coisa que seja estudada que uniformemente mostre benefícios. Então no máximo, quando alguém quer dizer assim “não é bom” as pessoas dizem assim “não é melhor do que a restrição calórica”. Bom, se não é melhor é porque é tão bom quanto.  Então, digamos, a gente tem estudo sobre jejum mostrando benefícios muito interessantes como esse. Tem estudos sobre jejum mostrando que o benefício é equivalente ao de uma restrição calórica crônica. Mas nós nunca vimos, eu não vi, estudo sobre jejum intermitente que tenha mostrado malefícios. E as pessoas tem a língua solta pra chegar e dizer “olha, faz mal”. A alegação mais bizarra que eu já ouvi sobre jejum intermitente é que ele engorda…

Rodrigo Polesso: Sim, essa eu já ouvi também, haha

Dr. Souto: Porque assim, realmente nesse universo, talvez tenha outros, tem pessoas que pensam que tem universos paralelos onde as leis da física são distintas do nosso. Nesse nosso existe uma coisa chamada lei da conservação da energia. Então, quer dizer, se você não come, é difícil imaginar que você engordar.

Rodrigo Polesso: É

Dr. Souto: Aí diz assimMas é que quando você comer você vai comer muito mais… pessoal, vamos pensar, se uma pessoa come em média 2 mil calorias, e ela não como num dia, no outro dia ela vai ter que comer 5 mil pra engordar, porque se ela comer 4 mil no outro dia, e isso não acontece, a gente sabe que a compensação no dia que a pessoa come é muito menor, é em torno de 400 calorias. Mas digamos que ela comesse 10 vezes mais, ainda assim ficaria em equilíbrio termodinâmico, eu precisaria comer 5 mil calorias. Então as pessoas dizem coisas e é incrível, e dizem na imprensa, e gente usando avental branco pega e diz cada coisa. Então, o diferencial né pessoal, que você ouvem aqui na Tribo Forte, é assim, o Rodrigo ta falando do estudo que tem a referência bibliográfica, vai ta aqui no link do podcast, quem quiser clica lá e vê o estudo. E é o ensaio clínico randomizado em humanos, é alto nível de evidência. No ser humano, randomizado, diferente de coisa que a gente vai falar mais tarde.

Rodrigo Polesso: Exato, bem dito! E na verdade, bom, eu to me segurando, vamos começar a diversão aqui direto. Porque olha só pessoal, vocês sabem que balela sobre nutrição é uma coisa que acontece todo dia, ta na mídia toda hora aí né?!! E o pessoal fala sem filtro, fala sem piedade, não coloca referência, né, agora quando essas besteira são ecoadas por organizações que supostamente deveriam ser reputáveis e sérias, e são organizações da área, a coisa fica um pouco mais séria e a gente precisa se manifestar um pouco em relação a isso especificamente. E agora, foi o caso da Abeso, de se pronunciar, a Abeso é a Associação Brasileira Para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. Ou seja, estudo está no nome da própria associação. Então é lógico, que é óbvio que eles sabem diferenciar níveis de evidência científica e um bom estudo de um mal estudo, e vão passar informação boa para a população, correto? Bom, no Instagram deles dessa semana eles postaram uma imagem grande com ovos e bacon, e o seguinte texto: “basta 3 dias para afetar o cérebro”. Falei nossa né, aí o texto que eles colocaram é o seguinte: “dietas cheias de alimentos gordurosos inflamam o hipotálamo, neurocientista da universidade de Yale, nos Estados Unidos, demonstraram que dietas pouco saudáveis, carregadas de carboidratos simples e principalmente gorduras saturadas, promovem inflamações na região cerebral do hipotálamo. Quando havia muitas fontes de gordura no prato, no prato kkkk… vocês já vão entender porque eu dei risada. Quando havia muitas fontes de gordura no prato a inflamação dos neurônios dessa área não levou mais do que 3 dias para aparecer. O estudo foi realizado em animais, vamos deixar bem claro, mas para os autores ele dá uma pista muito válida de como alguns tipos de alimentos escolhemos consumir pode afetar a saúde no ponto de vista neurológico, e isso por sua vez desequilibrar todos mecanismos de controle do nosso metabolismo. Olha só, primeiro, se o estudo foi feito em ratos por que a imagem tem ovos e bacon? Ratos são americanos talvez?? Hehe… o medo gera atenção pessoal, a gente sabe, o medo gera atenção, então a apelação já começa com a imagem e com essa manchete que demora 3 dias para afetar o cérebro. Agora, o que eu ia falar aqui? Ah… eu achei engraçado, que eu fui no Instagram, e não é só nós ta pessoal, aqui tem bastante gente que escuta a gente, pessoal ta desenvolvendo um senso crítico, cético. E tem uma nutricionista que postou uma mensagem lá no Instagram da Abeso, ela falou o seguinte: “Sem ser solicitada, porém já dando uma sugestão, vocês fazem um trabalho muito bacana aqui no Instagram, e pra não deixar a peteca cair, eu acho que tem que ser colocado no título que era um estudo com animais, e isso teria feito a diferença. Pois para o leigo que já vive atormentado pelo terrorismo nutricional, uma imagem assim não ajuda. Sei que vocês são 10”. Aí a Abeso respondeu o seguinte: “Valeu! Agora experimente colocar ‘estudo com animais’ e veja se o tamanho final do título fica bom no Instagram. É difícil, fica imenso. Essa é uma rede social de outra natureza e fazemos o melhor possível para dar conteúdo aqui, mas claro, obrigado”. Eu não me segurei Dr. Souto, eu respondi o seguinte pra eles: “Rato não come ovo com bacon e a dieta usada no estudo em ratos não foi ovo e bacon e equivalente em humanos também não seria ovo com bacon. No entanto eu entendo que sensacionalismo gera mais atenção realmente nessa rede social dessa outra natureza e que um limite cosmético de tamanho de título, de fato, justifica meias verdades. Lamentável a falta de destreza científica de uma organização que se preza por estudar de fato as evidências”. Enfim, não responderam isso. Não responderam mas ta afim, ta aqui nesse podcast ta documentado. E agora, a partir de agora, Dr. Souto a gente vai começar a falar sobre esse estudo e o pessoal vai descobrir porque um absurdo desse acontece e porque não deveria acontecer. E só pra relembrar, eles postaram uma imagem, no Instagram com ovos e bacon, falaram que demora 3 dias para afetar o cérebro. E mencionaram só no meio, curtinho, no meio da informação  aqui que foi feito em animais, porém os condutores do estudo acham que isso possa pista, não sei do que…

Dr. Souto: E Rodrigo, sabe que como ele colocaram a manchete e não colocaram a referência bibliográfica. Só colocaram que era na revista Cell Metabolism. Bom, então eu entrei na Cell Metabolism em busca do artigo e aí a primeira coisa que encontro em destaque na Cell Metabolism é o estudo que nós referimos antes, o ensaio clínico randomizado em humanos sob jejum intermitente. Então, a primeira coisa que me chama atenção e causa espécie é que a revista tinha um estudo espetacular, um estado clínico randomizado em humanos e a Abeso não falou sobre esse estudo. Foram falar sobre um estudo obscuro em roedores ta certo? Então, por que? Porque o estudo em roedores falava a favor da postura ideológica deles de que gordura faz mal, ou de ser contra low carb. Enquanto que o estudo do jejum intermitente, bem esse ia contra a postura ideológica da Abeso, que diz que tem que comer de 3 em 3 horas e tal. Então a mesma revista que eles citavam pra dizer olha, saiu na Cell Metabolism, pois bem, eu graças a Abeso fui abrir a Cell Metabolism e descobri um ensaio clínico randomizado em humanos sensacional. Então, poxa vida, se você tivesse que destacar alguma coisa, teria sido aquele estudo e não esse. E a segunda coisa foi assim, cara, deixa eu ver como que eles deram ovos e bacon para esses animais? Eu pensei assim, será que foi o bacon bem picadinho? Que a boquinha do rato é bem pequeninha.

Rodrigo Polesso: Dr. Souto

Dr. Souto: Hã?

Rodrigo Polesso: Deixa eu falar aqui do, da introdução do estudo, do título dele, a gente já entra na parte da dieta também, eu sei que é divertido… vamos lá. Pessoal, o título do estudo é o seguinte? UCP2 Microglial media a inflamação e obesidade induzida por uma alimentação alta em gorduras. Esse é o nome do estudo. Do título a gente tira o seguinte já, é um estudo mecanístico que estão avaliando o impacto desse ucp2 que é uma proteína microglial no cérebro, etc… e ainda a gente tira outra coisa, que aparentemente omitir as coisas não é a mesma coisa que mentir, no meio científico. Ainda que seja omissão de algo crucial né? Do que eu to falando? Bom, eles dizem aí alimentação alta em gorduras no titulo, mas na verdade, olha o que o estudo diz no texto: em uma dieta para induzir a obesidade o consumo de uma dieta alta em gordura e alta em carboidrato induz todas essas inflamações que eles tão falando em até 3 dias após o começo dessa dieta. Então outra coisa aparentemente ok de se omitir no título, é o pequeno detalhe que o estudo foi feito em ratos, que não está obvio assim. Agora então Dr. Souto, em termos de dieta, porque a gente não vê então essa dieta alta em gordura e alta em carboidrato, que é altamente inflamatória, obviamente né, será que foi como você disse ovos e bacon como a imagem da Abeso mostrou? Ou será que foram panquecas com manteiga, ou será que foram coisas muito piores do que isso? Diga lá a sua primeira impressão.

Dr. Souto: Bom, pessoal, então assim, isso que o Rodrigo falou, foi a primeira coisa que me espécie, eu li o título falava em dieta alta em gordura, mas já no início do texto do estudo falava alto em gordura e carboidratos. Bom, isso é diferente né? Alto em gordura poderia ser um salmão. Alto em gordura e carboidrato poderia ser um churros ou milk shake. Ok? Salmão é a mesma coisa que churros? Milk shake é a mesma coisa que ovos? Porque ovo é alto em gordura mas é baixo em carboidrato. Churros é alto em gordura e carboidrato. Essa é uma diferença que não é um pequeno detalhe, essa diferença é a diferença entre a saúde e a doença. Entre a obesidade e o peso normal, é uma diferença bizarra para se omitir do título do texto. Bom, primeira coisa… a segunda coisa é o que deram de comida? Então a gente vai no material e métodos, o que nessa revista específica, na Cell Metabolism, eles descrevem, tem a introdução aí depois eles dão os resultados, depois eles dão a discussão, e lá no final tem os métodos. Aí nos métodos esta esmiuçado tudo tudo tudo… cada reagente químico que foi usado pra fazer os exames e etc… e aí a dieta, essa engordativa, era uma dieta chamada D12451. Que não me diz muita coisa né? Então botei no Google… Rodent diet, dieta para roedores D12451. E aí vem a formulação da dieta. Então a tal dieta de alta gordura, eu não sei porque o total deu 858 gramas, ao invés de ser normalizado pra 100 gramas. Mas sabendo isso, anotem aí pessoal, pega um papelzinho e escreve agora: de gordura teve 177 gramas de banha, num total de 858. E mais 25 gramas de óleo de soja. Então foi uma mistura de 177 gramas de banha e 25 gramas de óleo de soja. Agora, tinha 176 gramas de açúcar, sacarose, açúcar de mesa, fino granulado, mais 100 gramas de maltodextrina , mais 72 gramas de amido de milho. Vocês anotaram? E viram que tem mais carboidratos do que gordura nessa dieta.

Rodrigo Polesso: E não é qualquer carboidrato e qualquer gordura.

Dr. Souto: Sim, não é assim… o carboidrato aqui não é farinha de banana verde, o carboidrato aqui não é batata doce, o carboidrato aqui não ameixa, o carboidrato é sacarose fina e granulada, maltodextrina, e amido de milho, maisena. Que é uma comida típica dos ratos, eles normalmente comem isso na natureza. O objetivo dessa dieta é engordar. Então dois comentários que eu gostaria de fazer. O Primeiro é o seguinte, dietas de alta gordura e com baixo carboidrato produzem perda de peso em humanos. E o que o estudo tava tentando ver era qual era o mecanismo bioquímico, em nível da mitocôndria, que media o ganho de peso. Pois bem, isso não é relevante pra dietas de alta gordura e baixo carboidrato em humanos, porque em humanos dietas de alta gordura e baixo carboidrato produz perda de peso, está certo? Então a manchete da Abeso está completamente errada. Porque se eles tão querendo dizer das mudanças que ocorrem nos neurônios, na glia do hipotálamo, quando um animal engorda, bem, no ser humano o que acontece com uma dieta de alta gordura e baixo carboidrato, é perda de peso, portanto provavelmente você desinflama o seu hipotálamo, certo?

Rodrigo Polesso: Certísimo!

Dr. Souto: Então sinto muito, se o roedor engorda com dieta de alta gordura, é um problema do roedor. Se você for um veterinário e quiser desinflamar o hipotálamo do roedor talvez você não devesse dar banha com óleo de soja, misturado com açúcar, maltodextrina e maisena para o seu roedor. Agora, não vi ovo com bacon nessa dieta, e é uma dieta lixo… então, deixa eu me acalmar, fala você um pouquinho Rodrigo…

Rodrigo Polesso: Olha só, então se você for um veterinário, ou se você for um roedor ou um rato ouvindo aqui, preste bastante atenção. O resto do pessoal ai é só por diversão mesmo. Mas um ponto muito importante também dessa dieta bizarra, feita pra induzir a obesidade em ratos, é o seguinte: as proteínas. As proteínas foram basicamente caseína com umas outras porcarias pequeninhas. Agora, interessante, caseína, proteína do leite, caseína da vaca, tudo bem. Agora um detalhe importante a se notar aqui pessoal, ratos, eles evitam naturalmente o consumo de caseína. Isso foi demonstrado por exemplo em um estudo justamente sobre isso, publicado em 2007, no jornal de comportamento fisiológico. Eles verificaram que os ratos evitam fortemente, exatamente isso que eles disseram, que os ratos evitam fortemente uma comida que é rica em caseína. Ou seja, você acha que entupir eles de caseína vai também proporcionar a inflamação de alguma coisa no corpo, sendo que é uma coisa que eles naturalmente evitam? Provavelmente sim né?! Isso só adicionando ao carboidrato, e adicionando a gordura que você falou. Então se o ser humano comesse a mesma coisa, acho que ele teria a morte súbita. Então os ratos, enfim, só engordaram. Mas sabe o que é mais interessante, o mais incrível ainda é que mesmo sendo uma dieta desse tipo que a gente acabou de falar pra vocês, não tem nada a ver com arroz,  com ovo e bacon. Altamente refinada e tóxica para ratos, o estudo falha miseravelmente em mostrar significância assim mesmo pessoal. Olha o que eles escrevem, dá até dó de ver, eu tava olhando o gráfico e eu falei não, não é possível, deixa eu ler a legenda do gráfico. Eles falam ó: “nós achamos que 3 dias após a alimentação nessa dieta, isso induz um significante e transiente aumento dessa ucp2, que é um rna, que não sei o que, que eles estão estudando, esse mecanismo… comparado a dieta normal do rato tá? Agora, essa alteração foi restaurada a níveis similares ao controle no caso, aos 7 dias de alimentação nesse dieta alta em gordura, e depois diminuiu mais ainda em 8 semanas nessa dieta alta em gordura. Ah, e outra coisa que eles analisaram, as citocinas pró inflamatórias, que eles mediram também, outra coisa que eles mediram, né?! E fala também mostrou um significativo aumento na faixa dos 3 dias dessa dieta alta em gordura que eles fizeram né?!! No entanto, esses níves, hehe, se manteram altos nos 7 dias, mas depois, na oitava semana todos esses marcadores foram restaurados a níveis similares do grupo controle. Similarmente, outro ainda ó, terceiro marcador aqui que eles mediram, cx3cr1, o marcador de micro guia aqui, também aumentou no começo, 3 7 dias, e depois foi restaurado ao nível padrão comparado ao grupo controle, as 8 semanas. Ainda, eles estudaram mitocôndrias como o Dr. Souto falou. Todos esses marcadores vem das mitocôndrias, e falaram basicamente a mesma coisa, eles acharam que comparando aí o grupo controle que comeu a raçãozinha de rato lá, o grupo de comeu essa toxina, em 3 dias de novo mostrou significante diminuição no tamanho das mitocôndrias. O aumento no número de mitocôndrias. Enquanto nenhuma diferença foi vista em outro aspecto aqui. Aí eles escrevem: “Interessantemente depois de 7 dias ou 8 semanas nessa dieta tóxica, o número e o tamanho das mitocôndrias não foi significativamente diferente do que grupo controle”. Kkkkkkk… Ai meu Deus do céu… eles conseguiram falhar…

Dr. Souto: Por onde começar?

Rodrigo Polesso: Por onde começar?!! E olha, eles começam depois de… aí depois não… o interessante é isso, você vai ler no estudo, e depois deles falharam ao mostrar qualquer diferença no longo prazo, mesmo com essa toxina incrível, que eu fiquei surpreso com isso, o que eles começam a fazer? O que todo bom cientista de rato faz, você começa a mutilar geneticamente os ratos, pra ver se você consegue algum resultado que justifique o dinheiro tempo e dinheiro investido no estudo. E isso é patético, ou seja, eles começam a desativar genes e desativar outras coisas, pra ver será que o rato vai morrer se desativar isso, será que vai ativar… então nas limitações do estudo, eles escrevem que o estudo sim tem limitações, nossa né?!! Aí eles escrevem o seguinte: o modelo animal estudado aqui, apresenta, os animais utilizados no estudo apresentam uma deleção seletiva do ucp2 em toda micróglia do cérebro, e não somente nas localizadas no hipotálamo. Ahhhh… Enfim pessoal, então, deixa eu reiterar basicamente a conclusão do estudo aqui, em outras palavras… no começo eu disse se você for um rato pode ser útil pra você se for um veterinário pra você. Mas eu vou fazer uma correção… se você for um rato com uma deleção seletiva de ucp2 em todo seu cérebro, presta atenção nesse estudo, entenda que se você comer demais de coisas extremamente inflamatórias, impossíveis de encontrar naturalmente no seu habitat, e as quais você automaticamente e naturalmente evita, cuidado, você pode inflamar um pouco o seu cérebro. Mas não se preocupe tanto, porque mesmo assim se você continuar com essa maluquice tudo volta ao normal em 8 semanas. Basicamente isso que o estudo conclui. E gerou ainda a imagem da … Fala aí Dr. Souto, eu já…

Dr. Souto: Assim ó, vamos colocar em perspectiva algumas coisas… primeiro um camundongo vive em média 24 meses. Os recordistas do Guiness dos camundongos vivem 48 meses. É o tempo de vida médio de um camundongo é de 2 anos. Significa que 1 dia para um camundongo é mais ou menos 40 dias para os humanos tá? De modo que se você fala que 3 dias leva para provocar alguma coisa no animal significaria que um ser humano teria que comer esse milk shake por 4 meses, ok? Pra provocar uma inflamação. Então não, não é 3 dias, é errado, é mentira aquela manchete.

Rodrigo Polesso: Boa boa…

Dr. Souto: É o primeiro fato tá? Segunda coisa; eu usei milk shake aqui porque é um belo exemplo. Imagina que eu faço um estudo científico que eu vou ter 2 grupos tá de pessoas. Um grupo controle que vai se alimentar normalmente e outro grupo que vai tomar milk shake todos os dias. E ao final de um certo tempo eu meço alguns marcadores metabólicos e descubro que o grupo do milk shake teve uma piora nos seus marcadores metabólicos, e a minha conclusão: gordura faz mal.

Rodrigo Polesso: Hehe, exato.

Dr. Souto: Sim, milk shake tem gordura, mas milk shake tem açúcar. Então se eu dou milk shake eu posso concluir que gordura faz mal? Não, eu posso concluir que milk shake faz mal, que gordura com açúcar faz mal. Que é o que esse estudo testou, ele testou…

Rodrigo Polesso: E outra, como se tivesse dado milk shake a pessoas intolerantes a lactose.

Dr. Souto: É, exato. E por fim tem esse achado sensacional que você salientou, que depois de um tempo voltou ao normal. Ou seja, talvez eu devesse salientar que se é pra comer milk shake que você coma por muito tempo. E aí tem que fazer o equivalente, saber que 1 dia pra um camundongo é 40 dias, se você comer milk shake por alguns anos…

Rodrigo Polesso: 8 semanas, imagina, anos…

Dr. Souto: Que isso é anos pra um camundongo. Aí, quem sabe, a inflamação no hipotálamo… ou seja, é um monte de bobagem. Repito, na mesma revista tinha um ensaio clínico randomizado em seres humanos. Que foi ignorado pela entidade que deu destaque pra esse estudo. Veja bem, eu acho legal estudar mecanismos, eu acho que a culpa não é dos autores ali. A culpa é de quem fez essa notícia né?! Porque essa proteína ela é proteína desacopladora. Olha que interessante. Proteína desacopladora é o seguinte, vamos falar um pouquinho de bioquímica, por que não né? Esse aqui é um podcast pra gente inteligente. A mitocôndria, a organela na célula que gera energia, como é que ela faz isso? Você oxida os produtos tanto da metabolização da glicose como das gorduras, e isso aí vai gerando elétrons de alta energia. E aí a mitocôndria cria um gradiente eletroquímico. Que é semelhante ao que ocorre numa pilha, na bateria, aquela que você compra pra botar no aparelho. A bataria tem um gradiente eletroquímico, graças a isso ela gera uma corrente elétrica. Então na mitocôndria ela tem uma membrana e entre dum lado da membrana e do outro tem uma diferença de carga. E aí através desse gradiente os prótons correm ali e giram uma proteinazinha que vai sintetizar atp. Pois bem, o que a proteína desacopladora faz é desacoplar esse fluxo dos elétrons da geração de atp. Ela faz um furo nessa membrana de modo que os prótons possam correr e equalizar aquele gradiente dum lado e do outro sem gerar atp. Quando é que a célula usa isso? Quando ela tem uma sobrecarga energética maior do que ela é capaz de usar. Então ela faz esses ciclos fúteis e isso aí dissipa calor de modo a proteger a célula da toxidade do excesso de energia. Então, sim, o que eles demonstraram é que esse excesso de energia tem a ver com ativação dessa proteína, e isso aí ocorrendo hipotálamo pode gerar inflamação, e esse é um mecanismo que pode estar atrás de alguma coisa… eu acho legal estudar esses mecanismos, eu não tenho nada contra, eu acho que a ciência avança cada vez que você elucida as coisas…

Rodrigo Polesso: Em contexto né?

Dr. Souto: Mas é no contexto. Foi dado uma dieta ali cujo objetivo declarado do fabricante da dieta é ser uma dieta obesogênica. Essa dieta tem mais ou menos a mesma proporção da dieta que engorda os norte-americanos. Uma dieta que predomina em carboidratos, e que também tem bastante gordura. Ora, se você tem bastante de ambos, você tem uma sobrecarga energética que a célula não consegue lidar. É por isso que os seres humanos engorda, é por isso que os camundongos engordam. Isso não tem nada a ver com ovos com bacon. Se você pegar um ser humano e fizer uma dieta que tem carnes, peixes, ovos, bacon, vegetais, mas é pobre em carboidratos, açúcar, amido e farinhas, esse ser humano vai emagrecer, a sobrecarga energética das mitocôndrias dele vai diminuir. Ele vai usar menos dessa proteína desacopldora, ele vai ter menos inflamação no corpo inteiro. Ok? Então eles pegaram um estudo, que é um estudo de mecanismo bem feitinho, pra estabelecer o mecanismo, que é um estudo que usou uma dieta que foi feita pra engordar animais. Aí pegaram e botaram uma manchete com uma foto falando de gordura no prato, falando de gente, falando em 3 dias, falando em ovo e bacon… vocês entendem o bizarro dessa comparação?

Rodrigo Polesso: Mas Dr. Souto, Dr. Souto! Vamos também entender o lado deles né? O título fica muito grande no Instagram.

Dr. Souto: Ah tá Rodrigo, desculpa cara, eu não me dei conta. O Instagram do Emagrecer De Vez, o meu, o da ABLC, também passa mentindo porque o título ficaria muito longo né?

Rodrigo Polesso: Pessoal, vocês podem entrar no instagram da Abeso lá e dizer a sua opinião sincera pra eles. E aliás, você pode até postar, se várias pessoas postarem o link desse podcast, eles vão poder ter conhecimento também da asneira que eles fizeram. E da próxima vez que eles forem postar coisas assim, eles vão saber que tem gente como nós por trás, como você que ta ouvindo aqui, que não vão cair nesse conto do vigário, e vão ver que a reputação deles está sendo manchada a cada falta de responsabilidade que eles postam como essa daí. Afinal, milhares de pessoas são impactadas.

Dr. Souto: Uma das manifestações que a Abeso fez pra algum comentário que deram lá no Instagram deles foi o seguinte: “ah, então tá, vocês está aí dizendo que o pessoal da Yale não tem autoridade pra falar sobre essas coisas”. Então eles passaram a usar o que? A falácia da autoridade. Se foi em Yale está certo. Bom, primeiro Yale pode falar bobagem. Segundo, quem falou bobagem não foi Yale. Yale demonstrou nesse estudo que uma dieta obesogênica cheia de açúcar, farinha e maltodextrina misturado com banha de porco e óleo de soja, para camundongos, ao fazer com que esses camundongos engordem, e seres humanos emagrecem em dieta com mais gordura e baixo carboidrato. Mas aí era uma dieta com alta gordura e alto carboidrato, que engorda qualquer mamífero, que ao engordarem os animais ficam doentes e tem inflamação no hipotálamo. Yale não falou em ovo e bacon…

Rodrigo Polesso: Exato.

Dr. Souto: E se falou em algum pre release deles sobre ovo e bacon, Yale, mesmo sendo Yale está errado. O que define se você está certo ou errado é a qualidade das suas referências bibliográficas e medicina e práticas de saúde baseadas em evidência. Na qual existe uma hierarquia da evidência, hierarquia essa que opinião pessoal, estudo em animais e estudos observacionais está lá embaixo. Ensaio clínico randomizado está lá em cima. Vamo fazer um joguinho? Quantos ensaios clínicos randomizados em humanos mostram piora ou ganho de peso com uma dieta de baixo carboidrato e alta gordura? Quantos?

Rodrigo Polesso: Nenhum.

Dr. Souto: Nenhum.

Rodrigo Polesso: Hehhe… É uma evidência muito forte né pessoal? Se comer um hambúrguer ou milk shake dentro de Yale e comer o mesmo milk shake no Brasil engorda diferente? Não, engorda a mesma coisa né pessoal?!! Ai meu Deus do céu! E essa coisa não é culpa minha, quem falou foi eles… coisa de criança, coisa infantil. Agora em humanos além disso tudo que você falou, ensaios clínicos publicados, testemunhos etc, tem a questão do dia a dia, de pessoas verdadeiras, reais. Pessoas, não roedores, que vem mostrar pra gente resultados incríveis que eles tiveram. Ao fazer o que? Uma dieta anti inflamatória, que é o que? Tipicamente mais alta em gorduras e mais baixa em carboidratos refinados. E coisas como essas de hoje acontecem. Que a Edjane fala aqui… quanto que ela perdeu de peso? Ela perdeu 41 kg. Ela mandou a foto aqui do antes e depois dela. 41 kg. Ela falou obrigado, obrigado mesmo. Ela falou, comprei o seu livro, continuo seguindo suas dicas. Por isso não é uma dieta, é um estilo de vida. Exatamente…

Dr. Souto: 41 kg. E aí vai ver que o hipotálamo dela ta pior agora do que tava antes.

Rodrigo Polesso: Pois é, pelo humor dela aqui parece que o hipotálamos tá muito bem obrigado. Muito bem obrigado.

Dr. Souto: Contra fatos não tem argumentos.

Rodrigo Polesso: Exato. Parece que se você não se intoxica o hipotálamo não inflama, que é uma coisa difícil de entender. Impressionante. Pessoal, se vocês querem seguir passo a passo eu recomendo aqui um programa de emagrecimento baseado em evidência, eu convido você a entrar no Código Emagrecer De Vez, é só entrar em codigoemagrecerdevez.com.br lá e dar uma olhadinha se isso te interessar. Mas beleza, isso pessoal, expandam esse tipo de pensamento crítico, esse tipo de análise para as próximas balelas que vão acontecer amanhã, depois de amanhã, semana que vem… e sintam-se a vontade com essa liberdade de expressão que a gente tem hoje em dia, de manifestar isso nas mídias de quem gera esse tipo de informação danosa. Dr. Souto, você quer compartilhar o que você degustou na sua última refeição?

Dr. Souto: Ah, então Rodrigo, a última refeição foi farta. Porque foi um buffet a quilo aqui em São Paulo, eu atendo aqui semana sim semana não. E aí que que a gente vai comer low carb no buffet a quilo? Nossa, é tanta coisa que tem que escolher o que botar no prato porque não cabe tudo. Então olha lá, eu coloquei um queijo coalho, coloquei um pedacinho de picanha, coloquei um pouquinho de salada, coloquei um pedacinho de queijo, coloquei também ainda, deixa eu me lembrar, ah sim, tinha um filezinho de hambúrguer com um queijo em cima. Então foi uma refeição mista aí com coisas diferentes, animais e alguns vegetais.

Rodrigo Polesso: Ah, muito bom. Eu sempre digo que buffets assim no Brasil é muito comum, ter buffet, mais que outros países. E esse é um prato cheio, literalmente, para quem tem qualquer tipo de filosofia alimentar, você vai lá e escolhe exatamente o que você quiser. Só o problema é se você gosta muito de carne e o pessoal fala que você vai ter que pagar mais. Seu prato só tem carne. Sacanagem isso! Quão mesquinho o pessoal consegue ser né pessoal? Ah, só se fala de coisa, enfim, buffet complicado… mas em casa hoje tinha, quase nada em casa. Tinha um salmão defumado ali naquele envelopinho, você compra pronto no mercado o salmão defumado. Você abre o envelope e pode comer direto. Eu fiz isso aí com uns ovos mexidos, pronto, foi isso minha refeição. Tranquilo, prático, demorou 5 minutos cozinhando, muito rápido. Então você tem uma flexibilidade incrível de possibilidades. Pessoal, siga os instagrans bons aí, tá? Parem de seguir esse pessoal que espalha balela. Siga os instagrans bons, siga lá @rodrigopolesso , ou @jcsouto , e também a ablc.org.br . Siga esses canais bons, que a gente tenta sempre compartilhar o quanto antes possível informação pra rebater essas balelas que são ditas por aí. A gente faz o nosso melhor aqui mas somos formiguinhas perto do poder dessa agenda toda que ta por trás aí. Mas a gente continua em frente sempre. E por favor passe a frente esse podcast também, diga para os amigos e tal, pra eles poderem salvar eles também dessa teia de aranha desgramada que ta acontecendo no mundo da nutrição hoje em dia né? Dr. Souto, isso aí, obrigado pela sua atenção, obrigado a todo mundo pela atenção aí, a gente se fala no próximo episódio da Tribo Forte.

Dr. Souto: Obrigado, obrigado pessoal, até a próxima!