TRIBO FORTE #192 – CREPIOCA, JEJUM E DIABETES TIPO 2

Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!

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Neste Podcast:

  •   Respondemos perguntas da comunidade;
  •   Novo ensaio clínico randomizado com pessoas com síndrome metabólica e diabetes;

Escute e passe adiante!!

Saúde é importante!

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Abaixo eu coloco alguns dos resultados enviados pra mim por pessoas que estão seguindo as fases do Código Emagrecer De Vez, o novo programa de emagrecimento de 3 fases que é o mais poderoso da atualidade para se emagrecer de vez e montar um estilo de vida alimentar sensacional para a vida inteira.

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Referências

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Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá, bom dia! Boa tarde pra você! Bem vindo ao episódio aqui número 192 do podcast da Tribo forte. Como você já sabe, sua dose semanal de nutrição baseada em ciência. Hoje a gente vai responder umas duas perguntas da comunidade que pode ser d seu interesse também. Depois a gente vai te contar sobre um novo ensaio clínico randomizado que mostra uns resultados bastante legais em pessoas com síndrome metabólica e diabetes em particular. Então vai ser interessante a gente bater esse papo aí. Dr. Souto, como é que vai por aí, tudo bem?

Dr. Souto: Tudo bem Rodrigo! Boa tarde, boa tarde aos ouvintes!

Rodrigo Polesso: É isso pessoal! Por que a gente não aquece com uma pergunta da comunidade? Quem perguntou foi a Luciana Souza Pinto, lá no Youtube. Ela perguntou o seguinte; vai pra você Dr. Souto, direto, quero ouvir o seu take nisso aí. Ela perguntou: “Olá, eu tomo um medicamento pela manhã, isso quebraria o meu jejum? Machucaria o estômago?”. Perguntas assim eu já recebi várias Dr. Souto, o pessoal tem dúvida se remédio quebra o jejum. Eu acho que o pessoal tá com problemas de prioridades. O que você pode dizer pra eles?

Dr. Souto: Eu vou repetir aqui uma coisa que eu já falei várias vezes. O jejum tem várias definições, vamos imaginar que você tenha definido, por motivo sei lá, espirituais, religiosos… que o seu jejum precisa ser a abstinência de qualquer coisa pela boca, ta certo? Bom, nesse caso talvez até água quebrasse o seu jejum. Mas isso aí é por que? Por que alguém estabeleceu uma regra arbitrária nesse sentido. Qual é o objetivo desse jejum? Essa é a grande pergunta. O objetivo do jejum é saúde, melhorar a resistência a insulina, permitir que o corpo use um pouco do glicogênio e da gordura que estão acumulados? Porque a gente passa a maior parte do tempo se alimentando normalmente, aí você faz uma pause para que o corpo possa reciclar as organelas velhas da célula, fazer autofagia. Se o objetivo é esse, obviamente a água não vai fazer diferença. E uma quantidade irrisória de nutrientes também não. Tá certo? Então é importante que a pessoa defina… o objetivo é ter pureza? É conseguir mostrar que eu consigo não botar nada na boca? Ou o objetivo é resultado? Se  objetivo é resultado pense comigo ouvinte… se você pegar 1 grama de açúcar, 1 grama de açúcar é um pequeno cubinho de açúcar. Sabe aquele açúcar em cubinhos? Você pode ter 1 cubinho que pese 1 grama. Aquilo é 100% açúcar. Se você comer 1 cubinho de açúcar em 24 horas, isso quebra o jejum? Na minha opinião não. Por que? Porque você vai estar diluindo aquilo ali não apenas num corpo inteiro aí de 70 ou 80 quilos, ou seja, vai ter quase nada daquilo depois de diluído, é uma quantidade muito pequena. Mas você também vai estar diluindo aqueles nutrientes, aquelas calorias, e o seu efeito hormonal dentro de um período de 24 horas. Você não vai ta comendo um cubinho de açúcar… se você comer 1 cubinho de açúcar a cada 10 minutos obviamente isso quebra o jejum. Vocês entendem o que eu quero dizer? Então que diferença faz tomar 1 comprimido? E o comprimido vai ter lá o remédio, e aí tem alguns componentes inertes e tal, que vão compor o formato, o tamanho da pílula do comprimido. E claro que alguns componentes são digeríveis. Pode ser um pouquinho de amido, um pouquinho de gelatina. Pode ser esse tipo de coisa tá? E que diferença vai fazer, você vai ta tomando um comprimido do tamanho de um biscoito? Não, você não ta tomando um comprimido do tamanho de uma ameixa. Ele é uma coisa minúscula. Então, a não ser, repito, que você pertença a uma religião específica, cujo sacerdote diga que se você consumir um comprimido você estará quebrando aquele jejum ritual e religioso que você está fazendo, e que as regras tão definidas num determinado livro sagrado que você segue… se a questão é resultado, pelo amor de Deus, é evidente que uma quantidade pequena de nutrientes não vai ter nenhum impacto, não vai ter nenhum efeito, certo?

Rodrigo Polesso: Certíssimo, certíssimo! Um ponto importante, eu acho que a resposta é pertinente… totalmente pertinente… só quero agregar de outro ângulo aqui, uma pergunta importante eu acho que seria saber qual o medicamento que ela tá tomando né? Porque, assim, de forma geral, o que você falou concordo plenamente, não precisa se preocupar a respeito disso. A gente sabe que tem alguns medicamentos que sim, eles acabam impactando até, enfim, não de forma positiva, parede do estômago, inclusive é sugerido que você tome com bastante água, etc, etc… mas as vezes pode ser um medicamento por causa de um problema de saúde que você tem que pode ser solucionado antes com uma mera alteração na qualidade da alimentação, antes de você pensar em jejum. O problema do jejum é que o pessoal descobre que existe essa coisa, que na verdade sempre existiu, sempre digo que antes de comida existia jejum já. Então é mais antigo que a própria comida. Mas o pessoal descobre a “dieta do jejum” e acaba achando que é a solução para tudo. Só que um corpo que está doente, não sei se é o caso dela, se o medicamento dela é pra algum problema metabólico, mas um corpo que está doente e com uma alimentação que ainda está errada, vai ter muita dificuldade de jejuar de forma tranquila, vai ser muito difícil fazer isso. Então tem pessoas que tomam medicamentos pra alguma coisa, talvez diabetes, qualquer coisa, quando uma alteração qualitativa da alimentação poderia tornar o uso desse medicamento, com acompanhamento profissional claro, tornar esse uso obsoleto. E você não precisa utilizar mais. Depois você pode fazer jejum sem tomar um remédio. Eu acho que o objetivo de todo mundo seria, quando possível óbvio, tentar se livrar de todos remédios possíveis, e isso a gente faz com a qualidade da alimentação. O jejum pode ser legal, mas eu acho que o jejum não pode vir antes desses problemas. Então claro, tem vários tipos de pessoas, vários tipos de medicamentos, vários tipos de condição de saúde. Mas eu acho que, enfim, agregue pra quem pensa se isso se aplica a sua realidade ou não.

Dr. Souto: É, então, pegando por esse lado, claro que o consumo de determinados medicamentos em jejum pode não ser o ideal. Vamos pegar um exemplo bem característico; metformina glifage, remédio pra diabetes. Quando consumido em jejum ele provoca mais sintomas gastrointestinais, ele pode ta associado com diarreia, certo? Mas ele continua não quebrando o jejum, que foi a pergunta dela. Então alguns medicamentos sim, são melhor tolerados junto com alimentação. E aí você vai discutir com seu profissional de saúde. E muitas vezes também trata-se de uma questão de experiência. Todo mundo que trata pacientes com diabetes conhece gente que tem diarreia com glifage a ponto de ter que substituir por outros remédios. E tem pessoas que tomam glifage 2 gramas por dia, 2 gramas e meio e não sentem nada. Mas é que a pergunta, xyz quebra o jejum? Sempre me deixa um pouco ansioso, porque no fundo eu digo, cara você ta fazendo jejum por que exatamente? Se é por exemplo, ah, eu quero facilitar o meu emagrecimento. Então fala sério, mesmo que você tivesse consumindo uma bolota de 1 grama de açúcar, bom, mesmo que o corpo tivesse uma eficiência de 100%, e não tem, uma eficiência de 100% em converter a totalidade daquele açúcar em gordura você engordaria quanto? 1 grama. Acontece que você tá em jejum, e teu corpo usa 2 mil calorias só pra se manter vivo em jejum. Então aquele 1 grama que fornece 4 calorias, bom ao invés de você ter o equivalente a um déficit de 2 mil caloria, vai ter 1996 calorias de déficit. Que diferença faz isso, tá certo? Vamos pensar de forma racional, salvo se a definição de jejum tenha sido imposta por um concurso em específico. Se você tá lá num reality show, nesse reality show diz que não pode botar nada na boca, nem um comprimido. Bom, aí você tá quebrando o que? As regras do reality show no qual você ta participando. Agora, se o objetivo é saúde, que diferença vai fazer as calorias de um caldo de ossos, as calorias de um comprimido, as calorias de uma limonada?

Rodrigo Polesso: Certo, certo. No contexto de uma coisa maior. E aí vai um último aviso sobre isso. Cuidado com auto sabotagem. Quando você começa “ah, então um cubinho de açúcar, eu acho que já me ajudaria a me sentir melhor”, daí você faz isso uma vez no dia, aí 3 dias depois ta comendo meio pote de mel em jejum…

Dr. Souto: Ah, não, com certeza… veja bem, eu dei o exemplo do cubinho de açúcar pra ser enfático no sentido de demonstrar que um comprimido que tem muito menos carboidrato que um cubo de açúcar, se até um cubo de açúcar, 1 só, no contexto de 24 horas, não seria relevante, obviamente não é o comprimido que vai ser. Mas eu não to sugerindo que as pessoas comece a usar. Bem lembrado Rodrigo!

Rodrigo Polesso: De forma alguma!! Exatamente! Não se engane, não passe a perna em você mesmo, jejum é a abstinência de comida. Bom, a segunda pergunta é uma coisa que o pessoal pergunta pra c… toda vez que eu faço alguma live ou alguma coisa assim. Vou mandar a pergunta pra você de novo, depois eu tento compartilhar… a pergunta é a seguinte: “qual a sua opinião sobre a crepioca?”. Crepioca, em contexto, bom, eu nunca fiz e não sabia exatamente o que que era. Aí fui dar uma olhadinha na receita, só pra gente poder falar um pouco mais. Que é basicamente 1 ovo, misturado com 2 colheres de coma de tapioca, e mais queijo e temperinho, enfim… mas aparentemente é uma coisa muito muito comum no Brasil. E quando eu falo de tapioca, que é amido e não sei o que, daí o pessoal pergunta; “ah, mas e a crepioca, essa pode né?”. Porque tem várias pessoas aí, supostamente de influencers, Dr. Souto, na internet que propões bastante essa questão. Então qual que é a tua opinião nessa questão da crepioca?

Dr. Souto: Olha só, nós estamos pensando numa abordagem low carb, baixo carboidrato. Crepioca é feita com tapioca. Tapioca é o que? Tapioca vem daonde pessoal? De onde é extraído esse pó branco? Tapioca é o amido extraído da mandioca, ok? Deixa eu repetir com calma, é o amido retirado da mandioca. Então se é amido ele vai ser convertido em glicose. Se você misturou ele com queijo e temperinhos ele não deixa de ser amido, ele não deixa de ser glicose tá certo?

Rodrigo Polesso: Nem se pintar de verde vira alface né?

Dr. Souto: Exatamente. Então a diferença se você vai comer um sanduíche com duas fatias de pão, e queijo no meio, ou se você vai comer queijo com o amido da mandioca, que é a tapioca, misturado, a diferença é o seguinte, você ta tirando o amido de plantas distintas. Isso aí me lembra quando o espanto que muitas pessoas tem, quando eu em consulta assim, digo olha, suco de fruta é o mesmo que açúcar. Aí a pessoa diz assim, mas como? Aí eu digo… e muitas pessoas dizem: olha, no supermercado eu compro só aquele suco de uva integral, natural, sem a adição de açúcar… e aí a minha brincadeira que eu faço é: quando você para na beira da estrada, e tem aquele quiosquezinho que tão vendendo caldo de cana, se a pessoa escrevesse ali “caldo de cana sem adição de açúcar”, ela não estaria mentindo. Porque ela não adicionou açúcar a mais além da cana. Aí a pessoa diz, ah, mas tudo bem, é caldo de cana né doutor? Pessoal, a concentração de açúcar de um caldo de cana é praticamente a mesma que a concentração de açúcar de um suco concentrado. Não muda. E aí vem o ponto que eu queria chegar, o açúcar, a molécula sacarose é a mesma, não importa de que planta venha, se veio da uva ou se veio da cana não muda a molécula. Aliás, no Brasil a gente costuma obter o açúcar da cana de açúcar, por uma questão climática, que a cana de açúcar cresce bem. Na Europa frequentemente é da beterraba. Não é essa beterraba roxa, que essa aí não tem muita, é uma beterraba branca e doce que eles criam na Europa. E nos Estados Unidos, por exemplo, a maior parte do açúcar é obtido através do milho, por um método enzimático, que faz aquele xarope de frutose de milho de alta frutose. Vocês entenderam que não importa a planta? Interessa a molécula, se vai ser feito pela planta A ou pela planta B não vai fazer diferença. Bom, a mesma coisa vale no amido pessoas. Se o amido é de milho, que é maisena, se o amido é de trigo, que é farinha de trigo, se o amido é do arroz, que é a farinha de arroz, ou se o amido é da mandioca, que é da tapioca ou polvilho, é amido, é a mesma molécula. Então não passa a ter características mágicas emagrecedoras porque veio de uma planta e não de outra.

Rodrigo Polesso: Certo. O benefício da crepioca sobre a tapioca é que você adiciona nutrição. Você adiciona o ovo. A tapioca é puro amido, não é fonte de nutrição, é fonte de energia. E a crepioca então adicona o ovo que é uma fonte de nutrição sim. Agora, se eu tivesse que escolher entre comer uma crepioca todo dia, ou comer um sanduíche no café da manhã, eu comeria todo dia a crepioca, obviamente. Porque a gente sabe que a tapioca, como o Dr. Souto falou, é puro amido, só que esse puro amido tende a ser uma coisa muito bem reconhecida pelo corpo, tende a não ser inflamatório, não carregar anti nutrientes, enfim, não ter tanto problema assim. Agora, lembre-se também do que a gente sempre fala, contexto, se você é uma pessoa acima do peso, com metabolismo enroscado, quer perder peso, diabetes, qualquer amido, qualquer açúcar vai ser um problema pra você. Então nesse caso tem que ser mais xiita a respeito dessa restrição. Agora, uma pessoa que está nos eu peso, tá se exercitando, ta saudável, metabolicamente ativa e funcionando bem, po, um amido que vem duma mandioca, duma batata doce, dum arroz, tende a não ser problema, são alimentos que o corpo sabe processar muito bem. E tenha em mente que é uma fonte de energia, então você tem que usar essa energia, você não pode ficar aí sobrando energia, não tem milagre, vai sendo estocado aí no corpo. Então, em termos assim de metabolização, e de efeito inflamatório, digamos, eu não vejo problema, particularmente, na questão da crepioca, e eu acho uma vantagem a crepioca sobre a tapioca, porque ao menos tem o ovo que é um negócio que adiciona. Mas lembre-se que a metade desse prato é energia, e só um pequeno detalhe aí é o ovo que adiciona um pouco de nutrição. E tenha em mente o impacto insulínico que isso pode causar.

Dr. Souto: Mas eu concordo em gênero, número e grau. É que, como você disse, contexto, #contexto… a pessoa ta querendo perder peso e querendo usar low carb como uma estratégia para perda de peso, bom, low carb, baixo carboidrato em inglês. Amido é amido, é carboidrato, então obviamente que crepioca é uma coisa que não vai ajudar. Agora uma pessoa metabolicamente saudável, que ta no peso, que faz atividade física, não vejo nenhum problema, assim como não veria nenhum problema em comer uma banana, em comer uma batata doce, em comer arroz. Agora sim, mesmo pra pessoas saudáveis a gente pede que evite alimentos altamente processados, refinados, então sim eu sugiro evitar açúcar, eu sugiro evitar farinha de trigo, farinha de centeio, tá certo? Farinha inflamatórias… então fique nas frutas e raízes, nesse contexto crepioca é raiz né, amido de raiz… então concordo, depende do contexto. Mas como a pergunta dela se eu bem me lembro estava voltada para emagrecimento…

Rodrigo Polesso: Não, ela só perguntou qual era a opinião sobre a crepioca…

Dr. Souto: Ah, qual é a opinião? Então tá, a opinião é essa, depende do objetivo. É que a gente vê muitas vezes pessoas que alegam estar conduzindo os seus pacientes no caminho de uma dieta pobre em carboidratos e substituem o trigo pela tapioca. E sim, eu sei que trigo tem glúten e tapioca não tem, e aí para as pessoas que tem sensibilidade ao glúten isso pode ser um problema. Mas em termos de carboidratos vamos lembrar, é a mesma coisa né…

Rodrigo Polesso: É, mesma coisa… por isso que eu gosto, eu sempre comento do guarda-chuva da Alimentação Forte, que daí você coloca low carb sob esse guarda-chuva, que basicamente significa, que o fundamento da filosofia do estilo de vida da Alimentação Forte são o que? Justamente o que o Dr. Souto falou; alimentos que não processados, ou minimamente processados, que estão aí na natureza desde sempre, que são naturalmente saborosos, naturalmente nutritivos, não são inflamatórios. Então quando você encaixa o low carb embaixo desse guarda-chuva de conceito da Alimentação Forte você garante, você tem uma qualidade legal na sua alimentação. Porque vamos combinar, é muito possível, e comum ate, as pessoas seguirem cetogenica, seguirem low carb, sem esse guarda-chuva, digamos assim, de comida de verdade. E acabam seguindo de forma errada. Graxa da bicicleta é low carb também, você pode comer, ele fecharia dentro de low carb, só que é uma coisa que vai atrapalhar o teu corpo. Então lembre-se, é bom manter o fundamento de comida de verdade, e por isso que eu chame de guarda-chuva de Alimentação Forte. Porque o fundamento dela é justamente esses alimentos não processados, naturais e naturalmente nutritivos e saborosos também. E as coisas, tem a faca e o queijo na mão digamos assim. Bom, vamos falar um pouco de ciência então… saiu um novo ensaio clínico randomizado agora, que analisou os efeitos de uma dieta mais baixa em carboidratos, e mais altar em proteínas em pacientes com diabetes tipo 2, e peso estável em comparação a dieta tradicional usada no tratamento para diabetes tá? Todas refeições desse estudo foram fornecidas pelo próprio estudo, que durou 6 semanas. Note também que ambas as dietas foram isocalóricas, ou seja, as duas dietas tiveram a mesma quantidade de calorias e a intenção do pessoal era manter o peso estável dessas pessoas. Foram 28 pessoas diabéticas tipo 2 que foram acompanhadas ao longo de 6 semanas. A dieta chamada low carb nesse estudo continha 30% de carboidratos, então era uma dieta digamos low carb mas mais generosa em carboidratos, poderia ser menos que isso. E em contrapartida a dieta padrão para diabetes é 50% carboidratos. A deita low carb utilizada 30% de proteína versus 17% de proteínas da dieta padrão para diabetes, e por fim gorduras na low carb 40% e 33% na dieta padrão para diabetes. Então interessante né… No final os resultados que esse estudo colheu foram os seguintes; o principal desfecho que eles analisaram foi o que a gente chama de hemoglobina glicada, que é uma média de glicose no sangue ao longo dos 3 últimos meses mais ou menos, que é um ótimo indicador da sua situação de pré diabetes ou não diabetes, ou diabetes já desenvolvida né?!! E o que a gente viu então nesse estudo, foi que esse marcador foi o principal marcador medido pelo estudo, caiu incríveis 6,2 pontos no grupo low carb, em contrapartida 0,75 pontos no grupo tradicional. Comparando, independente do que significa o ponto, compare 6,2 com 0,75. Então a melhora foi bastante significativa. Outra coisa que achei significativa que achei também foi a questão da gordura no fígado, que caiu 2.4% no grupo low carb, versus o aumento de 0.2% no outro grupo. E a gordura do pâncreas também caiu 1.5 na low carb e aumentou em 0.5 no outro grupo. Lembrando, as duas dietas basicamente se diferiram em qualidade, foi uma mudança qualitativa entre as dietas, onde se manteve basicamente igual a questão calórica, pra evitar que os benefícios não seriam por causa de uma perda de peso somente, a intenção era manter o peso do pessoal. Então veja que uma alteração pequena, qualitativa na verdade, porque essa low carb poderia ter sido um pouco mais low carb, mas mesmo com essa pequena alteração a gente conseguiu resultados  bastante notórios e vantajosos do lado da low carb em pessoas que precisam esse tipo de mudança que são essas pessoas diabetes tipo 2. É mais uma evidência eu acho num estudo bem controlado que cai nessa pilha parruda que a gente já tem em prol da low carb em tratamento de diabetes né?

Dr. Souto: É mais um, e sempre que chega, chega mais um e a mensagem é sempre a mesma né?! Tem vários pontos que você chamou a atenção aí que eu gostaria de pontuar de novo pra quem ta nos ouvindo. O primeiro é que o estudo fez questão de diferenciar o efeito da composição da dieta, em termos de macronutrientes, do efeito do emagrecimento. Porque uma crítica nos estudos antigos de diabetes e low carb era o seguinte… porque é engraçado né, quando é pra criticar a low carb o pessoal diz assim; que não emagrece, que só perde água e tal. Aí quando mostra num estudo pra diabetes que low carb é muito superior eles diz assim: tá, mas é superior porque emagrece. Tá, emagrece ou não emagrece? Mas tá bem, então obviamente todo mundo sabe que low carb emagrece, e isso é um fator de confusão. Porque a gente sabe que a perda de peso por si só provoca melhora do diabetes. Então esse estudo o que fez? Como você falou, eles forneceram a totalidade das refeições das pessoas pela duração do estudo que foi 12 semanas…

Rodrigo Polesso: 6… acho que foi 6 não foi?

Dr. Souto: 6 semanas… então eles controlaram durante a intervenção toda. E vejam, uma intervenção curta é mais impressionante aí dos efeitos como são significativos numa intervenção bem curta. Então eles forneceram a totalidade das refeições pra garantir que as calorias fossem as mesmas. E que o grupo low carb não emagrecesse. Porque pro grupo low carb não emagrecer você tem que cuidar, tem que fazer… desculpa, dei um soluço. Então esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é; houve uma melhora nos parâmetros principais, não só na hemoglobina glicada, mas também da gordura no fígado, ou seja, resistência a insulina, síndrome metabólica começaram a melhorar com uma dieta que era apenas um pouco low carb. Mas eu quero chamar a atenção ao seguinte, a dieta do grupo controle, a dieta padrão, vocês sabem que dieta era a dieta padrão? A dieta padrão é a dieta oficial da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes. Então como é possível que sempre que se compara a dieta oficial das instituições para o diabetes, seja a associação americana do diabetes, seja associação europeia para o estudo do diabetes, as dietas de comparação, aquelas que tão sempre sendo testadas são sempre melhores que a dieta que tem diabetes no nome.

Rodrigo Polesso: É difícil acreditar que a intenção não é manter um quadro de doenças…

Dr. Souto: Sim, é difícil, porque como você mostrou ali não apenas o grupo low carb melhorou os parâmetros, mas o grupo que fazia a dieta orientada pela associação do diabetes piorou em 6 semanas. Vocês entendem pessoal? É porque a alimentação da associação europeia para o estudo do diabetes tem 50% de carboidratos. Seria mais ou menos como eu fornecer uma alimentação com pão para pacientes celíacos oferecido pela associação da doença celíaca. Ou sei lá, oferecer uma dieta com frutos do mar para associação a pessoas alérgicas a frutos do mar…

Rodrigo Polesso: Vodka para os alcoólicos anônimos.

Dr. Souto: Isso, vamos fazer vodka para os alcoólicos anônimos. Então uma associação de uma doença, no caso diabetes, que é definida por intolerância a carboidratos, e dar 50% de carboidratos para as pessoas, só pode estar querendo que elas piorem. Assim, é simples assim… é mais um estudo, não e o primeiro, não é o único. É mais um estudo. E vocês reparem que as modificações podem ser discretas, leves como proposto aqui. Claro, existe uma meta-análise, nós já comentamos sobre ela vários episódios atrás, que pegou todos os ensaios clínicos randomizados de low carb e diabetes e mostrou que há uma relação dose resposta. Quanto mais low carb, mas resultado, maior a queda da hemoglobina glicada. Mas enfim, daqui a pouco se tem um paciente que não ta pronto pra fazer uma alimentação tão restrita… simplesmente não seguir as diretrizes oficiais já faz uma grande diferença.

Rodrigo Polesso: Aham, acho que esse é o ponto. É assustador se a gente for pensar, como pode um negócio desses… você falou da associação europeia, mas não é diferente na associação brasileira e também na americana né?

Dr. Souto: Não, uma copia a outra né… na realidade o mundo infelizmente, desde a segunda guerra mundial, vem copiando as diretrizes americanas pra tudo. Muda um pouquinho o percentual, a americana fala em 55%, a europeia fala em 50%. Quando vai falar lá das diretrizes, das estatinas, os americanos falam em 7,5%, os ingleses falam em 10% de risco para manar tomar o remédio. Mas no fundo o mundo copia os Estados Unidos, e os Estados Unidos, no que diz respeito especificamente a nutrição, consegue ser uma zona completamente livre de evidências, e gera um efeito dominó de ausência de evidências no mundo. Inclusive na organização mundial de saúde, que também copia os americanos. Então é um negócio que lembra aquele conto do “rei tá nu”. Aí algum dia alguém diz assim; nossa, todo mundo dizendo nossa como é bonita a roupa do rei. Aí um menininho grita “mas pessoal, o rei tá nu”. Aí todo mundo se dá conta que ele ta nu. É o que a gente gostaria que acontecesse que as pessoas vissem, sim, várias organizações mundiais pregam mais ou menos a mesma coisa. E elas pregam porque elas todas copiam as organizações americanas que conseguiram trocar os pés pelas mãos como nunca na história da humanidade. E assim, essa é uma questão só de opinião? Não! O artigo nós vamos botar o link aqui. Pega o artigo original e leia pra você ler. Não há equívoco de que o grupo que comeu menos carboidrato teve resultado melhor. Não é uma questão de opinião, não é o Souto e o Polesso que acham que eles tão certos e a associação europeia está errada. A associação europeia está indo contra os achados dos experimentos. Seria como se… uma historinha que eu também já comentei com vocês aqui; durante toda a idade média pessoal acreditava que os escritos de Aristóteles eram infalíveis, no que diz respeito a filosofia e ciência. E o Aristóteles, uma das coisas que ele errou bem feio, é que ele achava que corpos mais pesados cairiam mais rápido. Então se eu tenho uma bola de ferro e eu tenho uma outra bola que pesa o dobro, bom, se ela pesa o dobro ela vai cair duas vezes mais rápido. E precisou chegar lá no século 16 para que experimentalistas como Galileu pegassem e fizessem os experimentos, derrubassem as bolas e vissem; não, cara, realmente não importa o peso, todas caem na mesma velocidade. Agora vocês imaginam o que a associação do diabetes está fazendo é; ela joga as duas bolas e elas caem na mesma velocidade e ela diz “não, as bolas estão erradas, quem estava certo era Aristóteles”. O mundo está errado, os experimentos científicos está errado, certo tá que o diabético tem que se entupir de carboidrato, porque afinal é o que a gente sempre disse e a gente é infalível.

Rodrigo Polesso: É, infelizmente eles tão cuidando dos interesses próprios, porque sem diabetes não existe associação do diabetes. Então, aquele conflito de interesse básico aí nessa questão toda. Não sei, cada um tem sua opinião sobre isso, mas é um negócio bastante difícil de aceitar. Agora, enquanto pessoas ficam patinando, pessoas que não conhecem a Tribo Forte, não conhecem o nosso trabalho, ficam patinando nas garras desses terríveis vilões, outras pessoas tem a nossa ajuda também, acabam fazendo suas pesquisas por si só, como o caso de hoje, muito legal, do Jean, ele mandou uma foto do antes e depois, ele perdeu 46,6 quilos, impressionante a foto… ele tava com 120,6 quilos na foto de antes, e agora tá com 74 kg, na frente do espelho, sem camisa, fazendo “muque”, cara, excepcional, quero deixar os parabéns pro Jean aqui. Ele fez acontecer, parabéns mesmo!! Seguindo uma Alimentação Forte mais low carb, e ele fez isso seguindo as informações que nós disseminamos gratuitamente em todos os canais. Fica aí a prova, quem quer colocar a cabeça pra baixo, se dar ao trabalho de estudar, tem informação aí, a gente tem quase 200 podcasts, tem mais de 200 vídeos no Youtube, enfim, tem informação de sobra pra vocês olharem, se você ta disposto a fazer o trabalho em nome da sua saúde. E claro, eu sempre ofereço, se você quer o passo a passo, tem o meu método rápido e fácil de fazer, você pode seguir o programa Código Emagrecer De Vez, que ensina justamente isso, e aplicar a Alimentação Forte para emagrecimento. É só você entrar em codigoemagrecerdevez.com.br . A questão é, não tem desculpa para não melhorar, e atingir o objetivo que você quer. Então parabéns pro Jean! Beleza! Dr. Souto, o que você veio a degustar na sua última refeição aí?

Dr. Souto: Na última refeição eu degustei berinjelas recheadas gratinadas, recheadas com carne…

Rodrigo Polesso: Você que fez né?

Dr. Souto: Não, não foi eu que fiz, hahahaha

Rodrigo Polesso: Hahaha… soou complicado falei com certeza não foi você que fez…

Dr. Souto: Mas olha só, não seria difícil. Vamos combinar… fazer uma carne moída na panela, é só refogar botar a cebolinha, um troço assim, tempero. E aí aquilo aí e pegar a berinjela, abrir no meio, botar a carne moída em cima, botar um queijo, botar no forno. Então não foi eu que fiz, mas assim, eu suponho que eu saberia fazer, talvez não ficaria tão bom. Então, berinjela recheada com carne, gratinada com queijo e além disso mais alguns bifinhos, pois eu estava com vontade de comer mais carne, porque afinal eu não me preocupo com o planeta, só que não…

Rodrigo Polesso: Hahaha… na verdade você come carne porque você se preocupa com o planeta.

Dr. Souto: Exatamente! Porque eu sei que aquilo ali foram animais movidos a energia solar e a água da chuva que transformaram o CO2 da atmosfera em coisas deliciosas para eu comer.

Rodrigo Polesso: É verdade, ciclo da vida, a gente faz parte dela. Eu comi peixe… eu tava vendo, não sei se é verdade, não cheguei a pesquisar, mas eu vi alguém falando que peixes não sentem dor. Será que isso é verdade? Já ouviu falar sobre isso?

Dr. Souto: Eu acho que é uma baita balela, mas enfim, antes ele do que eu…

Rodrigo Polesso: Pois é, é estranho, eu tava pensando assim… algum instinto de sobrevivência ele deve ter, algum alarme né?

Dr. Souto: Com certeza eles sentem dor…

Rodrigo Polesso: Pois é… não sei porque alguém falou. Talvez analisaram o cérebro dele e viram que a zona da dor é diferente, não sei…

Dr. Souto: A pergunta que você deve se fazer… eu também gostaria que eles não sentissem, eu gostaria de acreditar nisso. Se você não comer o peixe, você acha que ele vai morrer sem dor no mar? Se você não pescar ele… é isso que as pessoas tem que pensar Rodrigo, e aí eu me espanto, que o pessoal não se toca. Assim, tá, então você pensou assim; “olha, eu não quero que o peixe sofra, eu não vou pescar o peixe”. Como você acha que ele vai morrer?

Rodrigo Polesso: Mordido pouco a pouco…

Dr. Souto: Porque o peixe maior vai comer ele pô… então assim, é, a vida é assim. Você na realidade não está evitando… o peixe, quando ele morrer não terá a opção de ser sedado, receber uma morfina, e morrer em paz cercado de seus peixinhos, dos seus alevinos, dos seus peixinhos, que vão estar ali cantando pra ele, celebrando junto de um peixinho padre, esperando que o peixinho morra. Assim, se você não comer o peixe, alguém vai comer ele. E talvez vai comer a dentadas, que comecem pelo rabo e vão comendo aos poucos enquanto ele está vivo. De modo que assim, a sorte do peixe talvez é ser pescado e ter uma morte rápida.

Rodrigo Polesso: É verdade. Não só o peixe viu pessoasl

Dr. Souto: Não só o peixe. Então, a não ser que vocês realmente tenham a ilusão de que peixes morrem em paz meditando, cercado de seus familiares… peixes, eu quero dizer animais em geral, tipo, todo bicho que o ser humano não comer não será imortal. E a morte dele tem alta chance de ser bem desagradável e, bem pior do que a que ele teria, se um ser humano o consumisse. Sinto em dizer que a gente evoluiu em um planeta onde o que acontece, os animais tem um instinto de sobrevivência, parte desse instinto é moldado pelo fato de que o ser vivo em questão tem aversão ao sofrimento. Então tudo o que o leva pra morte tende a ser algo sofrido. É por isso que os bichos tentam viver. Nesse sentido sim, seria melhor se assim, o mundo tivesse sido desenhado por um ser benevolente, que prefere que nenhum ser tenha que sofrer para que outros vivam. Só que, pessoal, não é bem assim, vamos estudar biologia, darwinismo, evolução… então já que não é assim eu concordo com as pessoas que dizem o ser humano que é racional, que tem noções de moral e de ética, deve tentar diminuir a quantidade de sofrimento no mundo. E a gente faz isso matando o bicho rápido. E não deixando o bicho ser predado e mordido por outros, porque ele será sim, predado e mordido por outros se você não o comer. A não ser que você faça aquela solução maravilhosa que ouvi uma vez de um filósofo do veganismo que disse que no fundo o que deveria ser feito é exterminar todos animais do mundo, pra acabar com o sofrimento do planeta terra. Então, não apenas acabar com os seres humanos, mas acabar com todos animais. Porque se você acabar com os seres humanos claro que uns animais vão continuar comendo outros. Aliás esses dias eu acho que a gente trocou ali no grupo de whatsapp da Tribo Forte né Rodrigo uma mensagem comentando que uma autoridade vegana na Europa, eu acho que na Alemanha, comemorou a morte de um leão que tinha 23 anos no zoológico, porque era um carnívoro a menos no mundo.

Rodrigo Polesso: Hahaha… peraí, mas veganismo não é gostar dos animais? Como assim? Que conflito é esse?

Dr. Souto: É, então assim, a medida que as pessoas começam a pensar e levar as últimas consequências o que seu pensamento produz, ele vai produzir um genocídio, porque eu teria que, se eu quisesse levar a ponta as últimas consequências eu tenho que exterminar todos os sentient beings, os seres que sentem. Aí você diz assim, mas eu vou exterminar só os leões. Ta e aí o que vai acontecer com a população de herbívoros lá no serengueti? Não vai proliferar em excesso e aí comer todo capim e aí morrer de fome? E aí eles não vão sofrer também? Ah, então a solução é; eu extermino todos leões e vou esterilizar com anticoncepcionais toda… quanto mais você vai pensando vai ficando mais bizarro e não realista a coisa. Deixa um leão comer o bovino, o búfalo, deixa o homem pescar o peixe. E a gente tenta assim melhorar as condições. Eu sou completamente a favor de batalhar pelo bem estar animal. Eu acho que o ideal é as galinhas serem criadas soltas, não ficarem num gaiola. Eu acho que o gado deve ser criado a pasto. E depois quando tiver aquele período final da engorda, ele também possa ter um local onde ele possa caminhar, ele não precisa estar confinado num espacinho, como é nos Estados Unidos, naqueles, naquelas fábricas de bois, aqui, como a gene já falou naquele episódio, quem de vocês não ouviu vai escutar lá com a doutora Ana Flávia, que explica que mesmo o gado no confinamento, esse confinamento é um curral onde ele pode caminhar, tá certo? E é um período de poucos meses no final da vida dele. Ele passa praticamente a vida dele solto, comendo capim, pegando um solzinho. Então é por isso aí que a gente tem que lutar, e não por coisas absurdas que vão acabar com a ecologia do planeta e a saúde humana.

Rodrigo Polesso: É, exatamente. Isso me fez lembrar de um episódio do South Park, que os caras estão defendendo o veganismo, que o veganismo, direitos dos animais… ó, que legal, muito lindo… daí eles são fazendeiros e tem um monte vacas na fazenda deles e descobrem que p##, caramba, vacas são causadoras do aquecimento global, porque elas ficam peidando CO2, não sei o que… o que eles fazem? Vão a noite lá, quando ninguém tá vendo, vão lá e matam todas as vacas. Hahaha!!

Dr. Souto: Hahaha…

Rodrigo Polesso: Então você vê, é o mesmo conflito, dissonância cognitiva, duas coisas que não podem estar ao mesmo tempo presentes. Eu adoro a vaca, mas a vaca causa aquecimento global, então como é que eu resolvo isso?

Dr. Souto: Na galeria onde eu tenho o meu consultório, abriu agora uma loja de sapatos veganos. Num primeiro momento eu fiquei pensando “mas quem come sapato né?”. Aí depois eu me dei conta, não, claro não é isso… eles não tem nenhum produto de couro ali né? Então é tudo feito a base de derivados de petróleo.

Rodrigo Polesso: E petróleo é vegano?!!

Dr. Souto: Exato. A minha pergunta aqui são várias… a primeira é a seguinte; petróleo não é feito de animais inclusive, sei lá, dinossauros mortos?

Rodrigo Polesso: É suco de animal…

Dr. Souto: Então primeiro, vamos lá né pessoal, petróleo é feito de plantas e animais mortos a milhões de anos atrás, então não é vegano. E a segunda coisa é a seguinte; quer dizer que o aquecimento global e o uso de matérias petroquímicas e a contaminação do mundo com micropláticos e o uso de matérias que não são biodegradáveis tudo isso é ruim. Mas quando é pra fazer um troço de sapato vegano aí é bom?!!! Então assim, vamos pensar, a gente tá querendo que as vacas não existam mais porque elas liberam metano. Mas eu posso liberar uma quantidade absurda de metano, oriunda do gás natural, que é a matéria prima para fazer produtos petroquímicos que vão dar origem a esse sapato vegano, aí a preocupação ecológica com o meio ambiente desaparece. É aquilo que eu sempre falo, eu vou continuar sempre falando aqui, o argumento vai mudando porque no fundo esses argumentos são falsos. O que as pessoas querem é o seguinte; as pessoas bem intencionadas tem pena dos bichinhos, mas que tá por trás disso quer desovar matéria prima. Então a indústria petroquímica achou uma forma de vender sapato de plástico com uma nova roupagem, porque agora ele é vegano, então eu posso cobrar mais por uma coisa de segunda linha. Da mesma forma a indústria alimentícia quer vender alimentos ultra processados, baseados em matéria prima barata, em soja, etc. E tu dá uma nova roupagem ali, mostrando assim, olha, é vegano, estou contribuindo pro ambiente e tal. E uma massa de pessoas bem intencionadas, mas que são inocentes úteis por ter pena dos bichinhos, acreditam nessas coisas, e a pessoas aí usam argumentos que vão mudando cada vez. Se você acusa que o problema é o pum da vaca, daí a pessoa diz assim não, então o problema é o excesso de água. Você acusa que é água da chuva. Aí o problema muda pra não, faz mal pra saúde porque tem o tmao. Aí você diz que o tmao ta presente no peixe e nas plantas. Aí não, o problema mudou porque tem gordura saturada. Então porque os argumentos mudam? Porque eles são argumentos a doc, são feitos depois, porque o motivo real é desovar matéria prima barata e convencer inocentes úteis. E os inocentes úteis são inocentes mesmo, são pessoas que tem as melhores da intenções, tem pena dos bichinhos. Eu também tenho pena dos bichinhos, mas o problema é o seguinte, se você não comer o bichinho ele vai ser comido igual. Não existe alternativa para os bichinhos, que não seja ser comido.

Rodrigo Polesso: É, verdade. Hoje eu coloquei uns peixes brancos na manteiga, uma coisa deliciosa, muito bom. E outra, vale o lembrete também, tem muito vegetariano que acha que peixe é vegetal, não é tá pessoal? Peixe é um animal de fato, você pode ver, tem olhos, boca e tal. Tem uns que tem dente tá? Peixe não é vegetal, então não tem porque… se você come peixe e é vegetariano, só não come carne vermelha se é questão de gosto. Mas por questão ideológica vai conversar pra outro lado, porque não vai colar isso aí. Bom, siga a gente no Instagram, siga @jcsouto , procure meu nome lá @rodrigopolesso, to lá também, também ablc.org.br . Tem um monte de recurso que você pode se apoiar pra seguir em frente com esse estilo de vida aí. Maravilha, Dr. Souto, obrigado por mais esse papo divertido aí, a gente se fala na próxima semana de novo.

Dr. Souto: Obrigado! Obrigado a todos vocês! Até a próxima!